quinta-feira, março 04, 2010

Você fala português?

Merrmão, a parada ta sinistra
Traduzindo:
A coisa está esquisita
Mas há quem desacredita
Em toda essa diversidade
Nessa linguagem de variedade
Que muda de cidade em cidade
E isso é a cara do Brasil,
Onde bomba de encher bola
Pode se chamar ventil
Onde um pãozinho de padaria
Comprado pela guria
Pode ter outro nome
Que soa até como baixaria
Onde jogo, pelada, porfia,
São um jogo de futebol
Um Brasil de expressões
Criadas aos borbotões
São milhares, milhões
Varia com as regiões
Passar mal pode variar
O nome a se chamar,
Juca, Hugo ou Raul
Vai do Norte ao Sul
Será que você sabe
O que é de caju em caju?
De vêiz em vêiz, no mineirês,
De vez em quando pro paulistano
Essas inúmeras mudanças
Vão até no nome de crianças
Garoto, guri ou piá

O gostoso é viajar
Conhecer e explorar
E ver que até abreviar
Pode se tornar
Uma forma de gerar
Um novo jeito de falar

Se isso é bom, nem sei
Tem axé, oxente, meu rei
Por falar em oxente
A criatividade é coisa da gente
Um povo bem humorado
Mas, não seja arengueiro,
não me deixe aperreado
Vamos á tradução:
Não procure confusão
E não me deixe irritado
Gírias são o que mais tem
Todos sabem o que é trem
Em Minas, é tudo o que veem
Um carro, um treco, um bem
E se for desmaiar,
Ter ou dar uma bilora,
Espero que não seja agora
Ainda tem muito a falar
Imagina se fosse pra escrever
Tudo que costumamos dizer
Lembrando que o sotaque
Também influencia
Filho, corre lá na pulperia
Traga umas dez bonecas
Bergamota e aipim,
E vai rapidim,
Não seja um bago mole,
Tem que ser espertim
Passado na casca do alho,
É assim lá no Maranhão,
Compreendeu a lição?
Vamos à explicação:
Filho, corre na vendinha,
De milho, traz dez espigas,
Mandioca e mexericas,
Assim ficou moleza
E o rapidim é de vereda
Ih, esqueci, traz Fátima azul
Fátima serve para pintar
E as mãos embelezar
Mamãe vai ficar um tutu
Uma belezura, um chuchu
Mulher feia é pacuçu

Mas em terra tão gigante,
Tão diversa e importante
A linguagem é mutante
Curiosa, interessante
Analisar toda a estrutura
É viagem, mó loucura
Tudo isso é literatura
Seja Cordel, ou qualquer formato
Complicado é pagar pato
Mico ou qualquer outro animal
Tem que ser bicho cacau
Traduzindo: ser o tal
Mas, como não dá pra esgotar
O que ainda vamos criar
Deixa pra lá, é só se conformar
Nossa língua portuguesa
É complexa e tem riqueza
Sampa, Belzonte, Fortaleza
E pode ter certeza
Que não dá pra transcrever
Tudo o que usamos dizer
Basta prestar atenção
No povo gaúcho e no Maranhão
Na linguagem da nação
No sentido da expressão,
Mas cuidado com a região
Dependendo do que falar
Pode até ser palavrão

Você diz a mesma coisa
De uma forma, duas ou três
Se parar para pensar
Será que eu falo português?

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