sexta-feira, setembro 04, 2015

Jóia Rara

De repente, um surdo
Tuumm, tum, tuumm, tum
Nessa hora não há peito algum
Em lugar nenhum
Que não o sinta bater
Que não o faça tremer
Nessa hora, um descompasso
Sem sair do tempo
Cada um da seu passo
No apito ou contratempo
Eis que nesse momento, o coração se desdobra, se triplica
Quando ao fundo da quadra
Um garoto repica
A caixa, o repilique
O tamborim segue o pique
Tão pequeno e imponente
Mostra-se tão presente
É cara de pau, sai na frente
Faz seu xaveco, sua bossa mais quente
E quentes ficam o sangue, as cordas e palhetas
Em notas velozes de infinitas facetas
Todo esse cenário no palco começou na calçada
Nota por nota, letra por letra
Seguindo a diretriz, o enredo que diz
Se é pra falar de dança, dancemos
Faça com que nos lembremos
Que a melodia preencha a quadra
E cante numa voz
Que a preciosidade sejamos nós
Em cores e luz, vermelhas, azuis
Enquanto o estandarte gira, conduz
Por uma hora e cinco mais apuração
A cada 10, a vibração
uma única sensação
Única, rara e especial
Como a jóia que nos representa
Preta, como nossa essência
Coloridas pela festa
E antes que ela se acabe
E aí, a quarta cinza que resta
Nosso respeitado manto
Vai lutar tanto
Vai gingar, dançar
E levar esse canto
Mais do que aos corações
Às cordas e percussões
Para o grito tão preso
Da Vila Madalena, onde voce verá que vale a pena
Sermos Pérola Negra
enfim campeões

Bora fazê um rolê

"Aê tio, dá a bolsa!"
Não,  não era um assalto. Era um amigo falando pro outro.
Deixa que eu levo a mochila
O outro: "fica de boa,  ta tranquilo"
O primeiro replica: "bora pa praia dia 15 e 16?"
- agora de agosto?
- isso, no próximo mês. Duzentão por cabeça. Tudo certo,  tio. Casa alugada."
- Vou ver umas "parada" e te aviso, mas que praia que vai?
- Praia Grande
- Mas "Praia Grande é grande demais". Casa da hora, com piscina?
- bem loka, vê se cê vai
Aê tio, tem até wi fi
Na praia, em casa com piscina, provavelmente, umas mina, e os cara pensando na rede. E nem é a de varanda, daquelas trançadas pra balançar
O cara viaja, pega estrada, paga pedágio pra ver o mar. Para em frente dele e só pensa em navegar... na Internet.

terça-feira, agosto 11, 2015

Auto-confronto

As pessoas se confrontam
Só por pensar diferente
Por vezes nem se questionam
Se vale a pena bater de frente
E o pior de tudo isso
É que nem sempre é coerente

Mas o campo de batalha
Um esconderijo virtual
Quase nunca é cara a cara
Mas se espalha num viral
É vazio de argumentos
E sobre o tema mais banal

É notícia imbecil
É gente idiota
Que cai sem fazer força
Na mais frágil lorota
Sobre subcelebridades
Aí já deu minha cota

E as pessoas querem briga
Seja lá pelo que for
Se não concorda é inimiga
Vou xingar e por terror
Vou humilhar, fazer intriga
Pois tenho que me impor

Enquanto a gente se mata
Sem precisar de ajuda
Alguém sentado dá risada
De nossa ingenuidade burra
De crer que somos racionais
Sequer somos criatura
Nós só queremos discutir
Sem a mínima estrutura

sexta-feira, julho 24, 2015

Dia do Escritor

E neste dia 25 de julho se comemora o Dia do Escritor
Seja ele da poesia, da prosa, do romance, do terror
A leitura de um livro não é só uma passagem
Por páginas e palavras frias
Tem sorrisos, paixões, emoções e agonia
Tem tanta coisa contida
Tem versos nos pássaros, nas flores ou no chão da avenida
O que nunca saberemos, de fato
É se a vida quem faz um livro ou se o livro escreve a vida

quarta-feira, julho 22, 2015

Contido

O movimento dos lábios é lento
A língua umedece as palavras
A fartura e o traço que os desenham
E por mais que os meus se contenham
Eles parecem me convidar
A calar os versos que venham

E sem palavras, só penso
Imagino, viajo
Sem sair do lugar
Inclusive meu olhar
Fixados naquele seco salivar
E por mais molhado que seja o desejo
O que vem antes é deserto

O que antecede o beijo
É boca seca e olhar trocado
É prazer represado
Som rouco, nada suave
Tal qual pedras batendo
Se chocando, rangendo
Somos nós, nos segurando, nos contendo

Mas o ditado popular
Fala da água a pressionar
Se a barreira romper
Mergulho sem temer
Nos riscos da correnteza
Pra confirmar minha certeza
E molhar-me por prazer

domingo, junho 28, 2015

Os poemas que perdi

Os poemas que perdi
Em rascunhos rabiscados
Em memórias eletrônicas, virtuais
Esses já são passado
Esses não voltam mais

A poesia é o instante
Inspiração que flutua
Por vezes, me arrebata
Outras levo a jangada
Coadjuvante ou quem atua

Faço os dois papéis
E foram tantos que perdi
Fora os que eu não imprimi
Mas até os que voaram
Por ocasiões, deletaram
Fazem parte de mim

Não os verei à frente
Mas à frente tem tanta poesia
Não as que escrevi um dia
Tem outras tão presentes
Que hei de vê-las
Olhando as calçadas
Não as estrelas

Não é que não haja poesia na lua.
Pode até haver vida por lá
Mas a minha inspiração é na rua
Por onde eu consigo andar
E foi pelo chão que perdi alguns versos
Não no território lunar
Sendo assim, meus poemas
Passados e futuros
Estão nos dilemas
Livres ou entre muros
Com os passos no chão duro
Que eu posso encontrar

sexta-feira, maio 08, 2015

Sorriso da manhã

Ônibus lotado.  Temperatura já quente pela lotação. Fora faz frio. Devido ao calor, ja tirei o casaco e o carrego desconfortável no braço, pelo aperto, pela bolsa que trago também e pela mão esquerda que abre o livro que leio (Jugo Suave - Ricardo Ap. Dias) Sigo ali no canto com a musculatura doendo pela inércia. Uma moça branca em minha frente tenta abrir a janela do meu lado. Percebo o esforço e com certa facilidade,  pego o puxador e de forma bruta escancaro a janela. Mostrei firmeza nesse simples gesto. A moça que não me chamaria atenção no dia a dia, virou-se a mim, sem nenhuma palavra e sorriu como se dissesse obrigado.  Que sorriso simpático.  Se ela sorriu só por eu ter aberto a janela,  imagina se conversássemos... a propósito, se nos falássemos mais,  talvez fôssemos uma sociedade mais feliz

(in)Consciência

Conversando esses dias com um jovem aspirante a filósofo, discutimos superficialmente o existencialismo. E em pressupostos, ele colocou o morador de rua como alguém que foi excluído da sociedade, espirrado mesmo. Propus refletirmos sobre a chance de aquela realidade ser opção.  Sempre haverá uma plena consciência em meio a um mundo paralelo. Para ir a este lugar, não são aviões nem carros que nos levam. E na luz da ideia e do sol, amanhecia. E a moradora de rua pergunta ao grupo: hoje e feriado? O outro responde: É. Dia do Trabalho. Ela: nem sabia. Essa foi minha ida pela manhã.  Na volta, a moça magra tal qual usuária passeava com um cão na coleira e reclamou do vizinho de calçada sobre qualquer agressão contra outro pobre cachorrinho que circulava sem coleira. Ela passou o dia do trabalho olhando o movimento, sem nem saber que dia era.

quarta-feira, abril 29, 2015

Trilhos nos braços

Ao mesmo tempo que me fascina o fluxo das manhãs, 
sinto-me como parte de uma boiada, 
sendo tocada pelos apitos dos trens 
e ruídos das escadas rolantes

Entre os pontos mais fascinantes 
está a diversidade de fluxos
Não apenas as plataformas, 
com ida e volta 
São infinitas variantes

Uns indo amar, talvez com pressa. 
Outros, voltando cansados de amar ou labutar
Há os que encontramos com ar de quem vai; 
outros de quem vem, seja no ônibus, metrô ou trem, 
(como esse, sentido Osasco, em que estou)

E eu ainda vou. Vou com o sol e volto sem ele
(que saudade do horário de verão)
Eu vou com um livro, olhos atentos e sempre aberto à poesia que 
"está no ar, ao alcance de qualquer um" (como escreveu Ricardo Dias). 


Nessa intersecção de destinos, cruzamos de tudo um pouco. 
Tinha até um cara,  de camisa,  calça social, com seus 50 e alguma coisa, 
e ele carregava, embalados em papel branco, dois braços de guitarra Dolphin (novinhos)

Como vejo poesia em quase tudo, fiquei pensando quanta história futura ele carregava ali
Quanto som, quanto bem aqueles dois singelos braços fariam a alguém, que faça o som ou o ouça.  
E quantas horas cada músico leva pra aprender a tocar guitarra. 

Que os dedos percorram mais linhas/ cordas que o trem que eu peguei outro dia, 
com uma placa que datava 1997.
Quanta história e quanta poesia ele já carregou... caberia em um solo de guitarra?

terça-feira, abril 28, 2015

Três pontos

Manhã comum como qualquer outra
Sol porém nem frio nem calor de arder logo cedo
Contudo, é apenas mais um dia
Rotina
E como gosto de transporte público...
Todo mundo estranha
Mas vejo no aperto tanta história que a curiosidade me fascina
Assim como a beleza feminina e sua variedade
A primeira a entrar foi uma negra escultural, cada curva do corpo desenhada à mão.
A pele chegava a brilhar, assim como os lábios, também desenhados, 
contornados em um tom mais escuro que a pele. 
Não sei seu nome, mas tem 'cara' de Regina. A primeira a entrar e a primeira a sair. 
A blusa branca a contrastar, calça vermelha a colorir.


Uns 3 pontos depois, desceu uma jovem estudante. 
Mochila nas costas,  com quem por vezes já pouco conversei, se bem me lembro, de nome Bianca. 
Deve ter seus 19. Jovem, rosto inocente e com jeito de guerreira. 
Deve trabalhar, estudar, levar no peito a canseira. 
Desceu, acho que hoje sem me ver por aqui.


E mais alguns pontos depois, desceu a que estava em minha frente. 
E nessa altura do percurso, o sol entrava pela janela e nela brilhava. 
No sorriso bonito,  nos olhos amarelados como o sol que nasce,  
nos cabelos cacheados nesta manhã sem vento que o balançasse
Usava tênis, calça colorida e uma mochila cinza estourando de tão cheia
Pela roupa parecia ir à academia, mas pela maquiagem, não.
Bem feita como quem vai ao trabalho ou a uma importante reunião.
A moça era bonita, talvez entre seus 28 e 32. Parecia tranquila e feliz. 
É bom ver gente assim. E logo depois deu sinal e saiu. 
O nome Não sei talvez Renata, Fernanda ou Marilia. 
As três partiram, eu segui com um livro de poemas
e inspirado, por agora, pelo menos, esqueci os problemas 
e os dilemas que em vez de inspiração têm me trazido agonia.
Mas não da tempo pra isso desci do ônibus, peguei trem, metrô e assim continua o dia.  
E ainda são 8h13 da manhã...

quarta-feira, abril 22, 2015

Foi real?

Ela tem um quê que eu não sei explicar
Misteriosa que só ela
talvez ela nem exista
seja coisa da minha imaginação
mas penso que não
a minha não é tão fértil a ponto de desenhá-la como a vejo
como em sonhos passados, me esbaldei com desejo
não pode ser real
como dizem por aí: é muita areia pro meu caminhãozinho
mas como imaginar é permitido, quero acreditar que foi real
era tanto fluido...
corporal, espiritual, sentimental, carnal
era poesia pura, essências além do normal
eram olhos que me encaravam sem a doçura de amor,
tinha tudo menos ternura
Como disse, era poesia pura,
porém aguda, ofensiva, direta sem meneios
era pra frente pro ataque
e quando me atacou como presa fácil fui ao chão
sem acreditar no que sentia
nem havia bebido pra delirar tanto e viajar para aquele novo mundo
Tudo parecia novidade, tanto que nem soube direito o que fazer e assim aquele dia ganhou novos ares
apresentou um novo limite ao céu, que eu sequer conhecia
E a cada manhã que abre o próximo dia, visito meus sonhos,
Lá está o manto negro, misterioso, de silhueta definida,
para colocar em questão:
toda vez que te vejo é mais um sonho
ou o sonho ideal ganhou vida?

quinta-feira, março 19, 2015

O Camisa 10

E tava lá o camisa 10
Brasil no verde e amarelo
Bem preto no branco
Mexendo em papéis
Buscando um farelo

Revirando lixo
Camisa manchada
Suja e suando
Depois de algum bicho
Cata o resto do nada
Comemorando

E a sujeira no manto pirata
Deveria estar na original
Ao apito final, ainda intacta
Não sabe o valor de um real

Nem quanto vale um quilo de vida
Ou um tanto de horas
De interminável corrida
Em busca de sobras

E quanto vale ser reciclável
Coisas e pessoas
Achar no lixo a tal rotina
Ser, por essência, renovável
Ser via de fluxo intenso, e não esquina

terça-feira, janeiro 13, 2015

Já aviso


Já aviso

Minha poesia não é curta

Pois, curto não é meu pensamento

É profundo, vasto

Variado no sentimento

Por tristeza ou contentamento

E assim como aqueles avisos

O ministério disso e daquilo adverte

Minha poesia nem sempre agrada

Seu estado às vezes converte

Se feliz, embarcar, pode encontrar dor

Se a solidão te acompanhar, pode achar amor

Faço apenas o convite

Deixe-se embarcar

No balanço da marola

No sopro do ar

Minha poesia é assim

No caminho é que se descobre

Onde a gente pode chegar

Se é que chegar é o fim.

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Dias Tristes

Nos dias tristes
Nada tristes são as rimas
Elas vêm
Ricas, abundantes
Chorosas, contínuas
Para a poesia, é a essência
Alma e versos se atinam
É a escrita sem ciência
Onde beleza e dor combinam

domingo, janeiro 11, 2015

Tô aí


Não é de propósito, nem opcional, é o que sinto, contra minha vontade, contra meu poder de reação nos dias de baixa. É algo que vem de dentro pra fora, mas, algo como a sensação de um problema no meu funcionamento. Não é descaso ou qualquer outra situação de desprezo ou o clássico “to nem aí”. Tô aí, cá, lá, aqui, e, por vezes, queria simplesmente não estar, não ser, muito menos existir.

Luz que Repousa


Quando a luz apaga

E o travesseiro aguarda o repouso

Nem sempre ele vem

 

Um turbilhão não se acalma

E num golpe do sono

Apago também

 

Sem ter qualquer certeza

Que correu tudo bem

A alma voa indefesa

E a seca de uma enorme represa

Vira um louco porém

 

Minha loucura

Minha falta de paz

Nessa conjuntura

Fico mais incapaz

 

De acender a luz

E o interruptor

É o que me conduz

Não interrompe a dor

 

E o meu total desconforto

Quando a luz apaga

Me acende a questão

Será que estou morto

Ou terei mais um dia

E em qual condição

sábado, janeiro 10, 2015

Folha de agenda


Numa folha de agenda

Encontro barreiras

Não das horas e dias

Mas, das linhas frias

Finas e firmes

Que impõem limites

Por vezes bons

Pra fugir dos convites

A viagens em vão

Há quem contrarie

Com argumentos de liberdade

Mas a mais pura verdade

É que a inspiração

Te leva aonde queira

E por maior que seja a fronteira

Ela inexiste no abstrato

Neste mesmo que relato

Que as linhas se aproximam

Do metrô, de um caderno, da agenda

E antes que os versos comprimam

Faço apelo a que eles se exprimam

E que os limites jamais os oprimam

Se expressem, por vezes imprimam

No rodapé de cada folha

Reticências

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Acordamos


Lentamente, inconsciente, acordamos

Levantamos

Pra não atrasar

Paloma, Artur e eu

E nem bem sol nasceu

Ouvi: abraço no papai

E assim aconteceu

E assim a hora esvai

Não lentamente como acordamos

Parece que das seis às sete

Cada minuto compete
Pra ser mais veloz

E parece pular os segundos

E antes de partir pr’outros mundos

Despertos ou de sonhos

Por vezes profundos

Preciso acordar

Levantar

Pena que pra isso

Tive que largar aquele abraço

Dar outros passos

E ao fim do dia, recebê-lo de novo

Pra confortar-me o cansaço

E antes que a noite me desfaça

Te beijo te abraço

E é uma pena que a hora passa

É o único lamento que faço

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Resiste ao tempo

Será que o amor resiste ao tempo?
E também às circunstâncias
Em mim, é forte o sentimento
Resistente às distâncias

Em quilômetros e história
Pelo passado, pelas estradas
Não apenas na memória
Na certeza das vidas cruzadas

Não à toa, por coincidência
Nos encontramos e nos amamos
E que o mundo tenha influência
Pra acontecer o que esperamos

Mas não nos basta esperar
Precisamos manter nossa união
Sei que vamos superar
A presente condição

Você pode confiar
Vive aqui no coração
Não te esqueço um momento
Você e mais do que paixão
É meu amor, minha razão

Comentário sobre o ataque ao Charlie Hebdo

Absurda qualquer ação que fira o direito à liberdade de imprensa. Inescrupuloso o ataque à redação do Charlie Hebdo com a morte de importantíssimos cartunistas. Como jornalista, me senti na obrigação de comentar o ocorrido. Jamais vou defender e justificar qualquer violência, ainda mais contra "operários da minha classe". No entanto, no jornalismo, aprendi algo muito importante: ter responsabilidade. Muitas matérias, textos, conteúdos que produzimos poderia ser muito menos frio, caso o construíssemos (com base, em primeiro lugar) com criatividade, ironias, entre outros artifícios que cada mídia proporciona.

Porém, assim como temos o direito de nos expressarmos, temos o dever de mensurar as possíveis consequências. Não serei irresponsável, por exemplo de pegar uma câmera e me embrenhar nas mais quentes bocas do tráfico com a cara e com a coragem para mostrar o que acontece. Assim como nem a polícia o faz, mas deveria. Isso é omissão? Pode ser, mas, é responsabilidade. No caso do Brasil, não vivo em um país seguro que permita esta condição.

Responsabilidade é algo tão raro hoje. Algo que ficou para trás diante da necessidade de um grande furo de reportagem, de uma exclusiva, enfim... Como disse e reafirmo: absurdo e nojento o ataque à revista francesa, porém o fanatismo religioso não apresentou nesta ofensiva sua primeira forma de reação. Aliás, duvido muito que, no mundo, até hoje, algo tenha causado mais mortes que a fé. Contraditório isso, não acha? Adoro jornais bem humorados, criativos e com boas sacadas, porém, assim como no semanário francês, os jornalistas daqui também pensam (ou deveriam) nas prováveis retaliações a cada letra digitada, por mais engraçada que seja. A criatividade nunca deveria ser punida, mas é. A realidade é essa. Aí vai da responsabilidade de cada um se topa o embate ou não.

Mas, voltando ao Charlie Hebdo. Condenável o ato, que investiguem e punam os terroristas e que um dia tenhamos a liberdade não só de imprensa, mas, a liberdade de sairmos tranquilos, a liberdade de termos um mundo com capacidade de ser livre, ou seja, com educação, alimentos, moradia, lazer, cultura, saúde e, acima de tudo, responsabilidade.

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Voe, poesia

Que tal se inspirar?
Deixar o que puder sentir
Enfim te guiar

Que tal poder voar
Basta só se permitir
Vá pras nuvens flutuar

É lindo quando o vento sopra a favor
Só que esse movimento
sem o puro fundamento
Perde essência de compor

E não deve ser à toa
Que a rima assim floresça
Não importa aonde for

Se aprisioná-la lhe atordoa
Deixe então que ela aconteça
E voe igual pólen de flor