sexta-feira, janeiro 24, 2020

Dei a letra

Aguarde até amanhã
Ao amanhecer, algo acontecerá

Brasil bitolado, Bozo bots
Bolsominions, bolsonaristas

Chico, Caetano, comunistas
Claro, criticar Cultura cabe
Cai certinho. Cinema com caras crioulas?

Diversidade? Deixa disso...
Direitos destruídos,
desemprego direto
Deforma, diminuídos

Eu enxergo; e ele? Ele... esquece
Especialista em esconder

Fala forte, firme, finge facilmente
Faz fé, famílias felicitam-no

Garantiu grosserias,
gerou gritarias
Greta? Garotinha...
Galera gostou, gozou...

Hipócritas, humilhação homérica
Humanidade histérica

Idiota idolatrado, ilibado
Índio? Isola, incinera
Imagina isso iluminado
Industrializado, invade

Já julgaram Jesus
justiça, justiceiros, Jair
Juízes jogam

Kilos? (39) Kit gay

Ludibriam, lavam laranjas
Lambem líderes liberais
Lula livre? Livros lembrarão

Mito? Melhor, minions
Molecagem, meninices
manipulam mídas, multidões
multiplicando merdas, mentiras, mamadeiras

Marcham, militam, milícia
Meninos, meninas, morreram
Morte morrida? Morte matada?
Morte matada, militares mataram

Não negaram, nem negociaram
Nasceu negro, nordestino, nortista
Notícia neutra? Nunca
Nazista? Normal

Oportunista. Oportunidade outorgada
Opressor ostenta oitão
Opa! Pá pá pá pá pá pá pá 

Palmos, pesar, partiu
Pro purgatório? Paraíso?
Pouca preocupação
Prescreverá, perceberão
Perde-se... Paraisópolis

Quem? Quais? Quantos? Quantidade, qualquer.
Queixem-se, quem quererá questionar?

Raiva, revólver, razão, ressentimento
Ratifica resolução, rastreou, radar, rajada

Silêncio, sofrimento, sinhô satisfeito
Subiu, subtraiu

Terrorismo trouxe à tona
Tendência, teremos tragédias terríveis
Truculentas, transformaremos tristezas em textos
Tema: tolerância nas trevas do tempo

Unanimidade utópica

Vamos virar, vencer
Valorizar vidas, viver
Violentos vilões vigiam
Vai vacilando

Xucrão xinga, xenófobo, xerife xoxo

Zanga-se, zoneia, zomba

Avisei antes, anoiteceria,
Abutre, asqueroso, asco
Ano abominável acabou

Amanhecerá?

quinta-feira, janeiro 23, 2020

O que é arte?

Dei um Google pra pesquisar
O vocábulo no dicionário
Deu aptidão, dom, habilidade
De exercer algum trabalho
Se tem critério pra ser arte
A inspiração é o primário

Mas, se tem um bicho que transpira
É esse tal de bicho-artista
Artista não é vagabundo, seu presidente
Escuta também, ministro nazista
'Cês' pensa que é fácil fazer verso
E rimá bonito sobre fascista e racista?

Dói pensar em tamanha burrice
Fazer um concurso da arte nacional
"Ou então não será nada"
Nem de longe, vocês tem essa moral
A gente continua fazendo a nossa
E põe nas cordas no sarau

Cola quem faz do barro, cultura
Quem canta, dança, interpreta
Pra vocês, tanto faz, grande bosta
Se acham que a Terra é uma tábua reta
Eu vou exigir profundidade
Pra vocês entenderem poeta?

O que são, não escondem mais
Pior é quem faz "o desavisado"
Não é comigo, então foda-se
O sertanejo industrializado
Do axé ao funk e pagodjé
Like, views, RT, bico calado

Em cima do muro, disfarçando
Olha pra cima, assobia
Dizem aí, cada um faz sua parte
Ao cantor, a cantoria
Ao ator, o personagem
Arte é contramão de covardia

A arte imita a vida
A vida que vive a gente
Dura, mas a gente ainda faz arte
Pra embelezar o que sente
Pra criança que arte é farra
Pinta o 7, adolescente

Grita, pula, quica e faz lelê
Pronto, tem mais um milionário
Fama na rede, Globo e virtual
'Arteiro', você só está no cenário
Figurante, triste papel
Não cabe no meu cordel, nem no vocabulário.

sexta-feira, janeiro 03, 2020

Ele tá certo

“Ele tá certo”, disse a moça loura ao se referir ao homem que dançava deveras empolgado. Ele, com seu terno acinzentado – ou qualquer tonalidade próxima ou variante disso -, careca e de estatura maior que a minha (meus míseros 1,70m), o que não lhe confere grande vantagem. Contudo, a música no espaço de eventos requintado que estávamos, animava mais alguns e aquela cena remetia aos bailes no estilo flashback que já vi na TV e retratados em filmes.

Eu, como amante da música nacional, acabo sendo e me reconhecendo falho nos sons estrangeiros. Logo, não saberei precisar a canção que tocava para ambientá-lo, leitor, naquela cena que em uma fração de segundo, prendeu-me a atenção. E olha que eu apenas passara pela mesa onde estavam. Faça você a trilha sonora.

Por outras vezes transitando pela mansão, a empolgação do homem com idade próxima aos 50 (pouco mais ou pouco menos – a segunda, mais provável, inclusive) era a mesma. Não sei dizer se era a bebida, não sei se comemorava alguma felicidade pessoal, e se fosse isso, o que seria, hein?! Ou simplesmente, o coroa já deu shows por aí algumas décadas atrás e ainda não perdeu o compasso.

A razão, nunca saberemos, mas estávamos numa festa, numa linda festa, num espaço maravilhoso, comida ótima, provavelmente acompanhado por amigos e, mesmo num ambiente de mesas, com todo mundo sentado, ele dançava. Num outro momento ainda ironizou a brincadeira de outro cara com sua careca.

Este que escreve não tem a menor capacidade como dançarino, logo não posso atribuir qualquer nota ou avaliação sobre seus passos, ritmo e outros quesitos. De tudo que registrei nessa cena, foi a prase, pura e simplesmente, que me inspirou. Lembram da loura da primeira frase? Ela e seus 40 anos, talvez um pouco menos, definiu bem: “Ele tá certo”.

quinta-feira, janeiro 02, 2020

Doentes Emocionais

Você tem ido a hospitais?
Senhas, numerais, impessoais
É tanta gente
Mas, doente mesmo, doente,
Pode reparar, predominam os emocionais

Depressão, síndromes, crises variadas
Você e eu estamos nessa lista
O nome demora nas chamadas
Consultas rapidamente encerradas
Encaminha pro especialista

As dores no peito, são de amor
As ortopédicas, do labor
As do coração, de dissabor
As de cabeça, faça um favor
Doses sem moderação
De ouvir o coração
Às vezes, a razão não tem razão

O choro serve como expressão
Uma pergunta o acompanha
O que está sentindo?
Um corpo que muito apanha
Não busca atenção por manha
Pois, sabe que ninguém está ouvindo

quarta-feira, janeiro 01, 2020

Roupa Nova e Sapato Velho


Ano Novo
Despediu-se 2019
Não basta que o look se renove
Pra usar branco na virada
Roupa Nova estreada
Roupa Nova... lembrei de Sapato Velho
Sobre o que a maturidade nos traz
Sobre o que servia tempo atrás
A canção rememora
Aquilo que já foi lindo outrora
Pode aquecer ainda mais
Afinal, temos a tal afetiva memória
Que pode trazer enorme prazer
Nem dá pra dizer do que ela é capaz

Mas, nem tudo que é passado
Pode ser presente,
Tipo os de Natal, embrulhado
Tem presente que é um passado latente
Doente, retrógrado
Olhar pra frente? Não, pro lado, disfarçado
Ignorado, ignorando o tanto de absurdos que aconteceu
Ignorar também é uma posição que escolheu

E sim, você tá ligado
Que o ano ter virado de 19 pra vinte
Só vem te mostrar
Que no ano encerrado
Foi bem revelado com quem você está
E sim, esse com quem você tá junto
Tem um conjunto de escrotices pra carregar
Nem faz questão de ocultar
Aliás, ele tem sim alguns segredos
Visíveis até pra quem não quer enxergar
Os dele, você não quer ver
Nós, você não vê de fato

Você que gritou
A gente que paga o pato
Da gente que faz e lava o prato
Da gente que cozinhou
Na panela que é o retrato
Do som que silenciou
E nos obrigou
A segurar na mão e dizer: não desato
Ninguém solta, segura
Esse ano, sabe quando cê vai no banco e tira extrato?
Vamos listar a fatura
Teríamos tortura
Apoiado, exaltado

Ditadura, tema citado
Abordado, até cogitado
Por um deputado
Filho da puta? Não, do arrombado

Pra virar a década, falta 1
Depois desse, mais 2
Ele e os 3
Ao todo são 4, quatro Bolsonaros

E quem achava naquela musiquinha infantil
Que um elefante incomoda muita gente
Não imaginava Bolsonaro presidente
Dessa porra do Brasil

Sim, porra, sêmen, no sentido mais literal
Machismo, racismo, homofobia, feminicídio, violência armada e/ou sexual

Crianças mortas com bala perdida?
Não! A bala era a menos perdida
Foi inclusive anunciada
A corrupção de combatida
Foi familiarizada, Fa(milícia)rizada

Pra refrescar a lembrança
Um bom suco de laranja
Com bastante vitamina C
C de Caixa 2, C de Cadê o Queiroz?
C de Condomínio com criminosos
C de capitão cuzão
C de Calar o Cinema, a Cultura
C de Cultuar o Ustra
Cultuar o Ustra
C.U.
A propósito, você que de alguma forma, contribuiu
Vai, sem prazer, tomar no cu ou vá pra puta que pariu
Só faz um favor: não diz que relevou o preconceito esse ano e acreditava num plano
Você escolheu um miliciano a um professor
Gás, gasolina, carne, tudo aumentou
E a tudo passou pano

Bom, começou o Ano Novo
Sabe o que restou? Pega aquela mesma panela
Bota só ovo. E aí fritou ou cozinhou?

Fogo baixo, deixa baixo o nível da educação
Com o Sinistro Weintraub, é garantido
Governo laico-cristão
Onde Jesus e armas juntos, faz sentido
Estamos no mesmo sentido, tudo plano
Jesus, se volta a ser humano, tava fudido
Ai, se não voltasse brancão, machão,
Aquele cabelão
Sem essa de pão dividido
Queremos livre mercado,
Se ele volta com esse papo
De tudo compartilhado, dividido por igual
Só esse negócio de cruz que é ultrapassado
Foi 2019; em 18, deu 17
Mas, agora é 38, o calibre, mortal
Com a pena sendo ou não legal
É sem pena, mira na cabecinha e tchau.