Com pessoas negras
Outro, camuflado
Traje esverdeado
Deu-se o comando
Aponta! Certeza
É esse o alvo
Fuzil liberado
Fu-zi-la-men-to
Bem separadinho pra ficar claro
Evaldo, morreu; Luciano, morreu
Esposa, amiga e filho, escaparam
Evaldo e Luciano, certa vez, declararam
Que a região era segura, a tal Vila
Militar
O que cada um esqueceu
Que assim como na farda, camuflada
Tem cor que é difícil enxergar
Ou, pensando bem,
é até mais fácil de acertar
O caso virou nacional
O músico, ali mesmo se despediu
Dia 7 de abril, dia do jornalista.
Na cidade e no Estado do Rio,
O que a mídia cobriu
Era cena que já estava prevista
E a população consentiu.
Nessa fase pós-Temer golpista
Essa foi a promessa
Nisso, pelo menos nisso, ninguém mentiu
Foi avisado
E, mesmo assim, o pessoal ficou abismado
Puta que o pariu, viu?!
E eu nem contei o número de disparos
efetuados
Jornais deram capa preta e sangrenta
Exatamente, preta e sangrenta
Vou repetir, preta e sangrenta
Essas duas palavras juntas não parecem
distantes
Soam como complemento
Estamos acostumados o bastante
Pra não estranhar como destoante
elemento
Preta e sangrenta. Tiros? 3 a mais que 80
Que acertaram
E quantos atiraram?
Eram 9 na ação
Mataram o que mexia com canção
E outro que juntava do chão
Papelão e lata
E jogaram na lata na televisão
Comoção foi geral, quase geral
Pelas redes sociais
No Brasil, hoje, a comunicação oficial
Tratou como incidente
O Exército não matou ninguém,
disse o presidente
5 dias depois, 5 dias, minha gente
Luciano, catador, tentou salvar Evaldo
Os outros ocupantes correram procurando
respaldo
No saldo, a morte brutal
E o show do pai, Davi não verá
O que Davi viu, não se apagará
No futuro, não cobre dever cívico e moral
Não é essa imagem que ele trará
O que ele pode trazer a Evaldo Rosa
Fu-zi-la-do pelas Forças Armadas do
Brasil
É somente a rosa e a dor que sentiu
Seja 2 de novembro, Finados,
ou então, sem feriado,
7 de abril.