segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Haiti

Demorei pra falar do Haiti
Mas pensei, refleti
E por fim, escrevi
Para assistirmos miséria
Não preciso fugir daqui
Nem visitar a Nigéria
Uma cidade em ruínas
Onde comida vale ouro
Milagres, ações divinas
Os salvam do matadouro
Tal como jaula e presa
Nesse caso, indefesa
A causa nem sempre a mesma
Terra chacoalha fortaleza
A via se torna represa
E a TV reprisa... reprisa...
Lá e cá, pode filmar
E claro, se desesperar
Pra você não inundar
Ponha bóia no seu lar
Reze e torça pra boiar

Enquanto o porto está morto
O príncipe espanca o plebeu
Esse arroz é meu! É meu!
Ações e canções para ajudar
Milhões vão arrecadar
Reconstruir, recomeçar
Mas fico a me questionar:
O Haiti sempre existiu
Só agora que tudo caiu
Que fomos olhar pra lá?
Só agora nos comovemos?
Antes não percebemos
Quantos de nós morremos
Nem notamos, nem sofremos
E não por tremer terrenos
No Haiti ou qualquer canto
Pode implorar ao santo
Para não chegar aqui
Esse é o nosso temor
De sofrermos desse pavor

Mas o Brasil já balançou
Não na alegria do gol
E olha que por aqui
O abalo foi bem levinho
E que parem por aí
Nem compare ao Haiti

Além de torcer pra cessarem
Terremotos se dissiparem
Temos que pedir ajuda
Senão, nada muda
Irmãos se vão aos milhares
Às toneladas, aos pares
Perdi a conta
Nem sei quantos mil
Perderam a felicidade
A nossa paz, tranqüilidade
E nossa solidariedade
Reformará a cidade
Mas não teremos saudade
Nem lembraremos mais tarde
O Haiti se abalou e ruiu
Apesar de tanta dificuldade
Podem contar com o Brasil

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Carnaval

Que porre é o carnaval
A festa do bacanal
Pra mim, é tudo igual
Curtir carnaval?
Nem a pau...
Fico até mal
Nem é pela questão moral
Não sou mais um moralista
Mas, tô fora dessa pista
Não dá pra correr
Não dá pra escapar
É difícil ver TV
E rádio escutar
Não sei o que tem de legal
Nessa época de carnaval
Ser quem você não é
Na sua vida normal
Cara se fantasia de mulher
Paga mico, é um mane
E foge da vida real
Mascara-se de falsidade
E usa o traje de covarde
E como um pierrot
Ou melhor, como um palhaço
Veste-se de coragem
E sob toda essa plumagem
Sabe tirar vantagem
E culpa o lado selvagem
Aflorado pela festança
Sabe entrar na dança
E até fazer criança
Que de nada tem culpa
Em novembro começa a luta
Pela dura sobrevivência
Ato da sua sapiência
E claro, muuuuuuuuuita inteligência
Mas, voltando à festa do povo,
(Cá pra nós, nada de novo)
Só o hit do momento
Que apaga o sofrimento
E finge estar tudo bem
Pula, bebe e fala amém

Depois, não há de reclamar
Que a vida está dureza
Esqueça, pense na beleza
Do carro da escola
Do país da bola
Só nisso mesmo
Esse é o nosso enredo
A evolução que dá medo
De destruir a harmonia
E o que vier pela frente
Desmascarar a fantasia
De encharcar a alegoria
Sem falar que o dia a dia
Que a nossa vida dá samba
Mas a letra só protesta
O clima não é de festa
É um samba canção
Melodia de violão
No bom estilo chorão
E bateria é trovão
Raio, inundação
Mas, CAI NO SAMBA, nação!!!

Nada contra o samba
O amo mais que tudo
Bem baixinho, quase mudo
Violão, cavaquinho
Pandeiro e surdo
Admiro a ação social
Que esses grêmios de carnaval
Têm na sociedade
Ensaio, aula, atividade
Com crianças da proximidade
Unem garra e vontade
Em prol da comunidade
Festas e mais ações
Para arrecadações
Para manter-se e sobreviver
Mas a questão a se fazer
É por que sobra pra essa escola
o que a outra não fez?

Pode ser um incentivo
Ou até ser o motivo
A questão fundamental
Já que a ação governamental
Só colabora com carnaval

Poderia ter só o social
E não esse festival
O prostíbulo mundial

Alô povo festeiro
Quando chega fevereiro
Iria até pro estrangeiro
Dá vergonha de ser brasileiro...

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Não é um qualquer José

Zeca: apelido de qualquer José
No caso, de um tal Jessé
Será que sabem quem é?
É o atual malandro,
nada tem de mané
Pois é,
Tu ta morando “ondé”?
Apesar do apelido
Ter um tom pejorativo
Ele altera esse sentido
O Pagodinho é diferente,
Envolvente, malandro, decente
O cantor da nossa gente
No partido ou no dolente
Com a voz da boemia
Melancólico ou alegria
Enfim, samba, poesia
Tem o dom, a maestria
É o samba em pessoa
E uma imagem muito boa
No Brasil, seu cantar ecoa
E à raiz, seu samba coroa
Impõe estilo em seu cantar
Sabe o samba entoar
Fazer o peito emocionar
Põe o povo pra sambar
Homenagens, sempre vai ter
Tenho algo mais a dizer
Não sei o que posso fazer
Mas queremos te agradecer
Por seu samba com respeito
Inconfundível, não tem jeito
Ser brasileiro é um conceito
E renegá-lo é um despeito
Tem seu copo sempre ao lado
Amarelinho, suado
Show e palco iluminado
Faz o elo ao passado
Zeca é unanimidade
Intérprete da realidade
Ô Iaiá, como é louca a saudade
Mais que um bamba
É o samba, a Verdade

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Inspiração

É bem maluca a ideia de escrever
Tem dias que transbordam
Em outros, nada pra dizer
Tem palavras que sufocam
E o silêncio faz sofrer
Agradeço minha visão
Nem tudo consigo ver
O que consigo perceber
Pra mim é inspiração
Pra falar de qualquer tema
Pra cantar qualquer canção
Declamar qualquer poema
Transcrever uma ilusão
Palavras são frias
Objetivas, diretas
Às vezes no dia a dia
Não usamos as corretas
Preferimos o sentido claro
Definição do dicionário
Mas palavras são escritas
Bem ou mal ditas
Podem ser feias ou bonitas
Depende da interpretação
Do seu ângulo de visão
Como você vê um olhar?
Pelo brilho ou pela cor?
Como vê a vida passar?
Com amor ou com pesar?
Pense, reveja a situação
O seu modo de observar
O seu grau de percepção
E terá o que contar
Aos berros ou calado
Só não quero ser cerceado
De poder me expressar
Nem preciso verbalizar
Só preciso escrever
Até pra desabafar
O que vejo ao meu lado
Impossível é esconder
Mais difícil é descrever
O que é amar ou ser amado
Ou então o sentimento
De inspiração estar tomado