sexta-feira, dezembro 09, 2016

Como de Costume! (02)

Esse título "Como de Costume" vai render novas publicações frequentemente. Esse texto Em Prosa é mais no tom de reflexão, a proposta para um debate que, invariavelmente, precisa da sua opinião.

OPINIÃO PÚBLICA x MÍDIA

Uma antiga campanha publicitária propunha o questionamento: Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?

...

Seguindo essa máxima, a minha reflexão é essa: a mídia reproduz o que o público gosta ou o público gosta daquilo porque é o que a mídia reproduz?

Sinceramente, aposto na 2ª fórmula. O povo brasileiro gosta muito de televisão por ser um veículo (digamos) mais fácil em questão de acesso, de assimilação de conteúdo, pois reúne imagem, som e mais que isso, a credibilidade dos transmissores desta informação, seja uma notícia, seja uma propaganda de remédio.

Dessa forma, acredito que ela é muito mais o modelo que o público segue do que a máxima de que ela mostra o que o povo pede. Basta ver que reproduzimos bordões, estilos no visual que copiam personagens até espelhados em pessoas comuns (não-famosas), no entanto, remodeladas de acordo com pesquisas de marketing que identificam todas as características que seriam simpáticas à aceitação popular.

Além dos bordões e da moda, a mídia define o comportamento da população em relação aos seus interesses. Ela mostra de forma legal o que a ela agrada e com a credibilidade adquirida, a população reproduz aquele mantra. E rebaixa o conteúdo desfavorável a ela para que a aceitação também seja diminuída perante o público.

Quando trabalhei em rádio, atendendo ouvintes e tudo mais, pude constatar algo muito interessante. Primeiro, darei a frase, depois detalho a explicação. "O povo gosta do que ele lembra". Se em determinado dia eu tocava uma canção do Cazuza, Biquíni Cavadão ou Titãs, ou qualquer outra banda de rock nacional dos anos 80, que não fazia muito o estilo do programa (variado, porém predominantemente sertanejo) era praticamente certa a participação de outro ouvinte no mesmo dia ou no dia seguinte pedindo Legião Urbana, Capital Inicial, Ira. Logo, a pessoa conhece, gosta daquele som, mas, como não ouve, não se lembrava. O mesmo acontecia com trilhas de novela. Acabava o último capítulo, no dia seguinte, a música que estava nas mais pedidas, caía bruscamente ou nem entrava mais na relação dos pedidos de ouvintes.

Quer outro exemplo? Vá em algum barzinho que toca MPB ao vivo, pop rock ou até alguma roda de samba. Perceba o que é tocado nesses ambientes, quantas pessoas conhecem o repertório executado e cantam junto e comparem com o que ouve-se no rádio e na tv. Nos palcos por aí, o pessoal destaca muitas músicas que não tocam nas mais pedidas das emissoras, mas, a galera canta, conhece e gosta. Estranho, não é?

Quando me referi ao comportamento, que tal analisarmos por essa vertente?

Hoje, devido às redes sociais e a conexão direta entre espectador e artista/ emissora, temos uma geração que tudo quer comentar, opinar, analisar. A opinião tem que ser livre mesmo, mas, chegamos ao estágio que tamanha abertura a essa conexão sem intermediários deu a todos o "direito" de sair por aí descendo a lenha, sem qualquer receio ou discernimento sobre ser capaz de sair julgando e, principalmente, atacando isso ou aquilo.

Na minha humilde cabecinha, muito me conflita a participação definitiva do público para escolher, por exemplo, os ganhadores dos programas de cantores. Que o voto fosse mais um, com determinado peso, ok; mas, ser o único fator de decisão é, no mínimo, confuso. A população ouve, se encanta, por determinado candidato e é desse público que vai depender o futuro sucesso dele, porém, só faria sentido se nessas disputas, ele já mostrasse trabalhos autorais, e, nesse contexto, o povo escolhesse, no geral, o que mais lhe agrada (voz, estilo, música, carisma...). Mas, isso não seria interessante como atração pra TV. Agora, como apresentação de canções já conhecidas, a avaliação de quem executou melhor a música, deveria ser feita por quem tem capacidade para fazê-la, ou seja, alguém minimamente capacitado pra tal missão.

Outro exemplo: esse, na minha concepção, o mais bizarro de todos. Programa de comida. Ahn?! O cara na casa dele julga, participa escolhendo qual cozinhou melhor? PUTAQUEOPARIU! O cara não está sentindo o cheiro, o gosto, assistiu, de forma bem editada, o preparo. E vai lá na internet... e JULGA. Esse, de todos, é o que eu acredito ser o mais estranho.

Outra votação que fica nas mãos do povo, que vota sem ter entendimento algum de todo o processo são as Eleições para vereadores e deputados. Essa tem que continuar com o povo sempre, porém que tal pensarmos na complexidade de seu formato? As contas dos quocientes necessários para ganhar A ou B de partido X ou Y não é pra qualquer um. Então, a gente vai lá no dia da eleição, digita os números do cara, vota, sem nem saber como funciona a contagem se ele ganha ou não a partir do momento que fecham as urnas. É um tanto maluco dizermos que um candidato com 10 mil votos, por exemplo não seja eleito e outro com 5 ou 4 mil vençam. A lei eleitoral tem suas regras estabelecidas e todos entraram pro jogo sabendo, no entanto, é fato que determinado candidato que bateu os 10 mil votos na urna tem, na cidade, muito mais representatividade que outro que alcançou 3 mil. Porém, os de 3 ou 6 ou 7 mil entra e o outro, não.

Resumidamente: com o acesso a opinar sobre tudo e em todas as áreas e ocasiões, estamos criando uma geração de opinião. Sem embasamento, mas, de opinião. E vai contrariar essa opinião pra ver. Tudo isso nada mais é do que um costume que vamos criando e hoje, a qualquer nova polêmica no facebook, vixi, o bicho pega. Todo mundo corneta. E corneta forte.

Falando em corneta, lembrei de buzina. Olha outro costume que temos: a pressa. Farol vermelho, vamos todos parando. Abriu, o carro da frente não saiu? Tome buzina! Bãããããããã!!! Essa até eu me incluo no grupo dos buzineiros de plantão. Não sou fã de dirigir. Mas, hoje, em mais um momento de reflexão, no trânsito, ao volante, percebi minha costumeira reação. Nada lógica, porém, habitual. Porém, quebrei o costume. Parei atrás de um veículo que queria virar à esquerda, mesmo estando na faixa direita da via, exclusiva para quem pretendia a conversão para aquele lado. Eu, naturalmente, buzinaria, sem temor. Por 1 segundo, parei e pensei que aquele barulho incomodaria muito mais a mim que a ele; nesse mesmo segundo que tirei os olhos da buzina e retomei à frente, notei que a placa do automóvel era de Curitiba - Paraná. Logo, pensei que ele poderia estar perdido ou desconhecer que quela faixa que ocupava atrapalharia quem pretendia seguir na mão contrária a dele. Enfim, tal parada atrás daquele carro (sou péssimo com nomes de carros) não tomou 30 segundos do meu dia que não mudaram em nada minha rotina. Mas, nesse pequeno intervalo, o veículo atrás de mim, sem temor como eu naturalmente agiria: Bããããããããã! Sem dó.

Por fim, tive que ouvir aquele barulho desagradável pra manhã de qualquer pessoa; isso não mudou nada ele conseguir a conversão pretendida segundos antes ou depois; a buzina do carro atrás de mim não criou asas no carro da frente para que ele voasse e eu e esse de trás passássemos; assim que esse carro curitibano passou, eu passei, o de trás passou, mas, eu nem reparei o destino e vida que segue. Sigo quebrando minhas atitudes que considero "Como de costume".

quinta-feira, dezembro 08, 2016

Vixi, Osasco

Vixi, quanta polícia
Osasco é notícia
De novo no impresso
Não teve sucesso
Tamanha imperícia
Nenhum réu confesso

Vixi, é tanta viatura
Pra caber a alma pura
Dos que não sabem a razão
Da condução para a prisão
Bateu na porta o canadura
Com mandado e camburão

Vixi, é a Rota aí na frente
Ainda nem escovei o dente
Cedinho abriu a caça
Aos legisladores da Casa
Quem tava aqui, já tá no pente
Explica aí o seu fantasma

Vixi, tá "os jornalista e os fardado"
O galo mal tinha cantado
Se perguntado: EU NADA SEI.
"São abusado" esses da lei
Mas, agora, engaiolado
Vou explicar que eu não roubei

Vixi, esse MP é arbitrário
Dizer que eu leso o erário
Ao contrário, sou funcionário do povo
Foi vereador e o prefeito novo
Todo mundo procurado
Povo alienado, feito de bobo

Vixi, "os homi ta aí, a casa caiu"
Destaque na mídia de todo Brasil
Foi logo 15 dos 21
21: vereadores e milhões que sumiu
Quem tá 'lá fora', também viu
Sabe o que é pior? Espanto nenhum
O povo chancela, até bate panela
Mas, no fundo, no fundo, é nesse que vota
Querendo um algum

quinta-feira, dezembro 01, 2016

Ser Contra o Aborto

Você pode ser contra o aborto
Só não abortar
Só não vem com esse papo torto
Que a vida quer preservar
Gabriel, o Pensador, já ousou cantar
Pátria que me pariu
Essa letra já bem definiu
E foi lá em 97 que o disco saiu
E ainda hoje se faz enquete
19 anos, até maioridade atingiu
E no topo do ranking, o Brasil compete
Nada de FIFA, nem CBF
Mortalidade infantil
Abortos mal feitos, mãe não resistiu

Se a vida é o tema em debate
Tem mulher que quer; e essa vida?
Cai na clandestinidade
Mesmo dona de si, é um ato covarde
Fosse então, mais precavida
Essa mulher vai lá pra grade?
Como assassina ela é tida?

Você pode ser contra o aborto
Mas, coerência, amiguinho
Não diga: bandido bom é morto
Também é vida em desalinho
Não queira mandar no corpo
Cada qual sabe o caminho
Em qual pressão está envolto
Pois, cada um sofre sozinho

Aí, ok, vamos partir do seu princípio
Que uma vida não se assassina
Nasce enfim o tal menino ou menina
Tendo essa mãe, ou não, auxílio
Do pai que mete o pé e sai de fina
Deixou-a frágil; no colo, um filho
Em baixo da ponte, na beira do trilho
E nesse crime, qual lei assina?

Aconteceu, foi sem prevenção
Pensasse, não agisse no tesão
Não usou preservativo
Nenhum método contraceptivo
Ou qualquer outra situação
Mas, sem fazer qualquer juízo
Vamos ver o que é preciso
Se for o caso, adoção
Mas, não fica na ilusão
Que quem vai pro orfanato
É igual televisão
Chiquitita não é relato

Aí cê é contra quem aborta
A saúde da mãe não importa
Que vai fazer na boca de porco

Aí cê é contra que adota
Se um casal gay bate na porta
É mau exemplo pro garoto

Aí é mimimi, uma revolta
É um lixo, não se comporta
O que fazer com esse estorvo?

Ih, esse aí não desentorta
Não pôs os méritos à prova
Prova de fogo e ele morto

Com a bênção geral

O merecido e tardio aborto.

Retorno Notório


Ao mesmo tempo que tudo parece revirado
Que tudo está voltando ao passado
E isso muito me desanima
Vejo que ganha espaço a rima
Quem está na classe que domina
Surta se eleva nossa autoestima

Ocupando espaços, posições
Chegando algo da periferia
Pra quem sempre a preteria
Nas mais diversas situações

Na TV, por exemplo, só porcaria
Mas, hoje tem até filosofia
Tem debates de opiniões
E as novas gerações
Da comunicação veloz e vazia
Não entendem as lições
Saem dando sentenças e visões
Cuja causa sequer conhecia

Bate o martelo, está julgado
Com tanto julgamento atravessado
Não dá tempo de reflexão
Então, mesmo com tanta informação
Com o controle na mão,
Você ter opção
Parecemos zumbis teleguiados
Por celulares controlados

Nas redes sociais, professores se destacam
Karnal, Clóvis, Pondé, Cortella disparam
Os views em cada guia ou janela
Não tanto quanto à telenovela
Nem aqueles hits padrões
Mas, colocam no foco da tela
Raciocínio, argumentações

Não imunes, são atacados
Por juízes supremos da rede
Pois se sentiram contrariados
Pra eles, define-se tudo em dois lados
O deles e os errados
Entre nós, uma parede.

Intransponível muro
Tal qual o sonho americano
Criamos um no convívio humano
Já que eu nada aturo
Quero aqui ficar seguro
Aqui nem me misturo

E com tanta barreira
Tem quem anda de bigorna e marreta
Pra quebrar trincheira
Cruzar fronteira
Com sangue na veia
Contar essas treta
Com microfone e caneta
Tinta no papel, preferencialmente preta

Tem cara bom demais na versada
Está mais que em alta na parada
A galera nova está ligada
Mas, de que adianta só ouvir
Decorar e repetir
Sem pensar e entender nada?

Tem que sacar a jogada
A rima bem casada
Do Braulio Bessa em seu cordel
Fabio Brazza, improvisa com moral
No samba, fez escola, o Martinho da Vila Isabel
No rap, Racionais, verso preciso sem igual
Trilha sonora do gueto, honroso papel
Voltando a tal da batucada
O Xande que foi revelação
Toca e versa com pegada

E tem os feras da nova geração
Emicida monstruoso nas batalhas
Trucida uns sem mostrar falhas
Tem o Projota que agita multidão
Sabe usar as palavras normais
Sem versos formais, nada banais
E com rimas leais

Então, tendo filosofia
Rap, samba e poesia
É, no mínimo, contraditório
Nosso retorno notório
Ao que já superamos um dia
Em tempos não tão lá atrás
Sem sair de casa, a atitude voraz
Desafiar o mundo, pregar ideais
Isso me apraz
Eu vou fundo, no meu sofá imundo
Guerrear pra defender minha paz.

quarta-feira, novembro 30, 2016

O Silêncio que Gritava

foto: https://goo.gl/9UHgN2


No silêncio do luto
Da madrugada
Gasto enxuto
Na calada
No sono do justo
PEC aprovada


Pra alunos, repressão
Pra saúde, redução
Pra eles, permissão
Pros amigos, condição


Pro povo, contenção
E na base da agressão
É nossa lei, nossa razão
O nosso voto, proteção

E agora, corte aprovado
Era preciso limite
Onde se viu tanto gasto?
Qual conta admite?
Vamos cortar de qual lado?
O que não nos prejudique, claro!

Como Jucá havia dito
Temer era o favorito
Pra firmar o tal pacto
Todo mundo estava aflito
Com o avançar da Lava Jato
Se era fato ou era mito
Pareceu roteiro escrito
O maldito foi exato

Êita talento de vidência
Seria sorte ou competência?
Que enquanto o país chorava
A Câmara sem clemência
O povo contrariava
Apagava a evidência
Tomaram a providência
No tom que a panela soava

Luto em Verde e Branco

 

Verde e branco
Verde do campo
Branco da paz

Cores do manto
Dores num tanto
Que nenhum dos cantos
Gira o tempo pra trás

Pra não ir à La Paz
Burocracias continentais
Restou só o pranto
Lágrimas demais

A história se faz
Em verde e branco
Verde esperança
E o branco?

À noite, escureceu
No fatal barranco
Ficou preto, de luto
A esperança morreu

Torcidas comoveu
Um por um, cada escudo
Alvinegro, tricolor, rubro negro
Azuis chamados de celeste
Irônico mundo

Cada símbolo cedeu
As cores tradicionais
Pra que o verde fosse mais

Que o verde do campo
E o branco da paz
Mais que a cor do gramado

Rivais do mesmo lado
Corações apaixonados,
Atados por um nó

A compaixão pela dor
Sem hino, sem gritos, sem cor
Um minuto de silêncio a Chapecó

terça-feira, novembro 29, 2016

Triste fim, Chapecoense



Estarrecido
Com a fragilidade da vida
Aborrecido
Com a triste partida

Partida sem volta, só ida
Sem apito inicial
Somente final
Final já perdida

Uma perda sentida
Com apelo nacional
E pelo Nacional,
O de Medellín

Onde deu-se o fim
De todo um plantel
Num sonho real
Decisão internacional

E todo um país chora
E pelo mundo afora
Já deu no jornal

Foi embora jogador
Treinador, repórter, tripulação, narrador
Comentarista
Mas, a nós, como comentar
Tragédia como essa nunca vista?

É um sofrimento incondizente
Tantos jovens rumo à batalha
Em busca da conquista

Isso machuca a gente
Que nem torce pro time
Mas, se põe na dor de um parente
Do sobrevivente

É uma perda que deprime
O peito comprime
E nos põe a pensar
Na fragilidade da alegria
Do grandioso momento
Que a Chape vivia
E como vivia!

Um histórico contentamento
Num sopro do tempo
Acidente violento

Domingo mesmo estavam aqui
Se organizaram pra partir
Tinha uma escala a seguir
Após em campo, ver a festa palmeirense

Baldeariam em território boliviano
O voo saiu
Representando o Brasil
No torneio sulamericano

O destino a Deus pertence
E assim decidiu
Quase no aeroporto colombiano
Ninguém perde, ninguém vence

Tamanha dor nos atingiu
O avião caiu
Com o esquadrão catarinense

E ficou assim a decisão
Triste fim, Chapecoense
O luto que é o campeão

segunda-feira, novembro 28, 2016

Evolução Corruptível

Dizem aí que tudo evolui
A corrupção não se exclui
Pra essa máxima contribui
O tal cidadão de bem se inclui
Sem ele, o esquema não flui
No poder, ele influi

Esse que agora chegou lá
Resultou do projeto de alcançar
Sem a índole mudar
O que fazia antes, se assemelha ao que fará
Se era do bem, manterá
Era enrolado em mutreta? Continuará

A diferença é que agora é elegível
A nota fria imperceptível
Se torna, digamos assim, acessível
Assessorado no criminal e cível
É a evolução do corruptível
É o mesmo ladrão, noutra esfera e nível

quinta-feira, novembro 24, 2016

Penumbra


Penumbra, só uma luz que vem sei lá de onde
Talvez do corredor, talvez uma fresta
Traga a luz da rua, no quarto se esconde
E lá fora, ilumina o escondido e a festa

No quarto, não só a luz se esquiva
Dois corpos sedentos, um busca escuridão
Quer toque, pressão, gozo sem ser vista
O outro quer vê-la em sua perfeição

É perfeito, molhado, quente cada movimento
Intenso, proibido, a tentação recíproca
Feixe de luz, invasor daquele templo
Gemidos sem luz, em vozes uníssonas

Sons que se entendem na mesma linguagem
Olhar nem se faz necessário
Aos poucos, se encaixam, se invadem
Pra amar assim, não tem horário

Tem que ferver a temperatura
Até derramar seus excessos
Ebulição que ninguém segura
Infratores nunca confessos

O que a gente faz é real
E muito melhor que o normal
É pleno em toda a verdade
Entre 4 paredes, liberdade

quarta-feira, novembro 23, 2016

Ah, o torcedor...

Ah, o torcedor...
Torcedor de futebol que eu falo
Eita bicho doido de entender
Parece que apita o juiz, dá um estalo
Pôs o manto, vira outro ser
Não dá pra explicar esse prazer
Uma parada quase doentia
Que conforme o lado que a maré pender
Tem tranquilidade, tensão, raiva, alegria

Quem torce, se retorce, se for preciso
algumas coisas até distorce
Pra parar e ver um joguinho
E por se empenhar pelo time
Não admite que o jogador não se esforce
Nem se anime pra vestir aquele uniforme
Sem qualquer carinho

Como isso é raro hoje em dia
Já basta raça e respeito
Não precisa beijar o escudo no peito
Dispensamos essa hipocrisia
Pra que daqui pouco tempo
Abrace outra torcida, outro gesto ou mania
Beije outra camisa e diz que tanto queria

Mas, com tudo isso, jogador descompromissado
Time em boa fase ou quase rebaixado
O torcedor segue lá... aliado
Firme, forte, na arquibancada, no agito
De olho e palavrão preparado
Contra o cara do apito
Tem coisa que torcedor faz
Que eu quase desacredito

O símbolo do clube tatuado, marcado, eternizado
Certa vez, ouvi uma frase, mas não lembro quem tenha dito
Perguntaram pro torcedor: pra você o que é vida?
A resposta: é o intervalo entre o fim de uma partida
Do meu amado time no gramado
Até a ola rolar de novo, no próximo jogo marcado

Pra alguns, é só fanatismo, 22 atrás da bola
Milionários, sem ir à escola
Um bando de moleque mimado
Supervalorizado
Que pra nós, não é só a pelota que rola
É a alegria de um povo que se esfola
Que às vezes, junta os trocados
E na fila dos estádios
Uns pedem uma quirela, uma esmola

Pra inteirar no ingresso
Então, só mais uma coisa que peço
Paz nos arredores, nas torcidas
Gritem que são os melhores
Mas, poupem vidas
Somos o país do futebol,
a pátria de chuteiras
Mas só tem ordem e progresso
nos dizeres da bandeira

terça-feira, novembro 22, 2016

Amor pra Casar

Solidão,
eu não sei o que dizer pro meu peito
Perdão

Coração
Se trancou nem se abre direito
Aprendeu com a ilusão

Quem se entregou o amor declarou
Pode ter se iludido e sofrido depois
Dizem que amor tem que ser pra valer
Que não é pra sofrer, é pra chuva de arroz

Alianças, o véu, o altar nosso céu
Uma lua de mel pra gozar
Quero andar de mãos dadas, minha namorada
E sempre... sempre vou te amar,

Pois o meu juramento, lá no casamento
Prometo cumprir até os dias finais
Eu te quero só minha a todo momento
O mais lindo exemplo pra outros casais

segunda-feira, novembro 21, 2016

Um Banquinho, um músico, um violão

Um banquinho, um violão
Parece um formato infalível
Nossa MPB, que coisa incrível
Do mundo inteiro, atrai atenção

Mas, esse poema não é de exaltação
à complexidade e beleza musical
E sim, sobre a frustração
De quem toca uma canção
Sem aplausos no final

Sabe aquele cara no fundo do bar
Que tá lá fazendo um sonzinho?
Sozinho. Não a canção do Peninha
Sozinho mesmo. Não ouve ninguém cantar

Ele, seu repertório e quem serve a bebida
Talvez aquela moça, no celular, distraída
Pela tecnologia, a música ali foi preterida
A tal moça nem percebe que a distração
Pra quem dedilha o violão
É mais um ingrediente pra emoção

Não aquela que anima o cantor
Aquela que pode causar até rancor
A ponto do violão ser esquecido
Deixado num canto
Sem canto
Ressentido

Eu quero ver você mandar na razão
Pra mim não é qualquer notícia que abala o coração
Coincidentemente, era esse som do Djavan
Que o cara tocava enquanto eu passava

Será que ele manda na razão
Será que teve essa percepção
Que o que ele cantava tinha tudo a ver

Mesmo sem ninguém pra assistir
Ele insistia em não deixar o coração abalado
Mesmo com o bar esvaziado
Enquanto ele tocava Fato Consumado

Seguiu lá, pela razão, pelo coração
Ensaiado, preparado, arrumado,
sem ninguém que ele tinha convidado

Sem desistir
Ou apenas conseguir
Sem razão, sem coração,
garantir seu trocado.

quarta-feira, novembro 09, 2016

Como de costume! (01)

Hoje, pra sair um pouco do formato poesia e também porque, mais do que a combinação sonora das palavras, pretendo aqui desabafar algumas percepções de como somos educados, não raras vezes, por caminhos quase nada lógicos, humanos, enfim.

A partir daqui, alguns já abandonaram este texto, pois esse papo de humanidade quase que cansa. Perceba isso: nós, humanos, por definição genética e biológica dispensamos nosso diferencial poder perante os outros seres vivos que, segundo a ciência, é ser racional para desumanizarmos cada vez mais nosso dia a dia.

Desumanizamos com o avanço tecnológico e invenção de novas máquinas; desumanizamos, por exemplo, com a retirada de um dos profissionais que mais tem história pra contar no dia a dia: o cobrador, no ônibus. Hoje, o motorista (em alguns casos) cobra e dirige; isso quando a maquininha já não resolve toda a demanda.

Mas, esse texto não é pra falar sobre classes trabalhistas. Voltando a questão da humanização, estamos tentando nos tornar robôs para competirmos com eles, até na atenção de outras pessoas na mais simples conversa. Quem sabe você virando um robô, não fica com o aspecto de ser algo novo tecnologicamente falando e os celulares que desviam e prendem frequentemente a atenção do nosso interlocutor percam espaço para nosso novo perfil robótico?

Assim como no robô, tudo funciona por uma programação. Estamos muito próximos de, infelizmente, concretizarmos nosso processo de desumanizar, ou seja, reduzir a pó nosso diferencial de seres racionais para obedecermos à programação estabelecida pelos pais, TV, escola, igreja.

Tudo é por costume, por tradição. Longe de pregar desrespeito ou a quebra de alguns ritos tradicionalíssimos. Mas, se refletirmos um pouco mais sobre eles, veremos o quanto somos ilógicos em nosso ideal e atos, por que não dizer até incoerentes?

Acumulamos roupas, tralhas, dinheiro, bugigangas das mais variadas ao longo de uma vida. Por quê? Porque assim nos foi ensinado. Desprender-se é muito complicado, porque isso também nos foi ensinado. Em reflexão por esses dias, pensei: por que eu preciso de tantas peças nesse guarda roupas? Ou pior: eu preciso? E isso se estende do guarda-roupas à sapateira, passando pelo cantinho da bagunça, enfim, pela nossa vida.

Não digo aqui pra ter uma mochilinha de mão e embarcar pelo mundo. Mas, quando percebemos esse exagero, a reversão não é só decidir mudar e pronto. É uma reeducação, assim como quem sempre comeu guloseimas e fast-food e, de repente, tem que mudar os hábitos para um cardápio mais saudável, por questões de saúde ou qualquer outro motivo. Mais do que a consequência, o resultado dessa mudança, mais angustiante nessa escala, é a causa, a razão: O COSTUME.

Esses dias, ao ler a postagem de uma amiga no facebook durante a distribuição de marmitas para moradores de rua, refleti: 1) quantos outros amigos vi fazendo isso (inclusive eu)? 2) geralmente, no face, as pessoas postam fotos de baladas, festas, mas, isso, não. 3) (essa foi a que mais me agoniou) acompanhe o raciocino: pensei que meu tempo era escasso para contribuir assim como ela fazia, porém, essa missão era feita em seu horário fora de trabalho, livre. Logo, seria um momento que ela poderia aproveitar para o lazer dela, seja ele qual for; muitas vezes deixamos de fazer algo beneficente porque não queremos nos privar do momento de lazer que nos resta. E não queremos fazer isso por não considerarmos a atividade de ajudar os outros, um lazer; para alguns, é até um fardo.

Então, ignoramos a necessidade do nosso próximo para irmos a qualquer lugar do nosso interesse, pois, esse passeio que fazemos é prioridade em comparação à qualquer iniciativa como a desta minha amiga. Novamente não digo que é preciso abrir mão de tudo, mas, nossa essência foi formada pensando primordialmente no “eu” e, depois, se sobrar tempo, no outro.

E, por costume, fazemos ou deixamos de fazer tanta coisa. Nosso hábito prevalece à reação. O ato de reagir implica em uma resposta a uma ação inicial, porém, por vezes, inúmeras até, somos repetidores de mantras, do que nos disseram, do que nos foi ensinado, do que nos foi passado como o certo, “é assim”, “sempre foi desse jeito”, “sempre funcionou dessa forma”, “num mexe não, deixa como está, tá bom assim”.

Com todo esse contexto, nossa geração, talvez até algumas pra trás e outras pra frente ainda sofrem e sofrerão com nossa forma animal de responder aos estímulos, que responde aos comandos do treinador que, se rolar e fingir de morto, ganha um biscoitinho e, por isso, agiu corretamente. E os filhotes reproduzem a reação.

Outro exemplo claro de atitudes que fazemos por repetição é o de ligar a TV. Habitualmente, muitas pessoas pegam o controle remoto e imediatamente antes de procurar algo que as interesse assistir, procuram a Globo e, depois, começam a zapear, pra cima ou pra baixo. Mas, esse hábito de ir primeiro em determinada emissora, geralmente, a Globo, faz com que isso vire um hábito e às vezes, nem inicia a próxima busca. Estaciona ali mesmo e seja qual for a programação no ar, ali permanece, quase como uma hipnose.

Exemplo disso é a onda de violência que estamos propagando e ao mesmo tempo, lamentando dela ser nossa realidade. É mais do que triste isso. A tal hipnose que citei no parágrafo anterior faz com que nosso hábito bloqueie uma reação natural humana de alguém sem estar sob o efeito da hipnose. Na TV, programas jornalísticos sensacionalistas que têm como principal pauta os casos de criminalidade geram tamanha revolta nas famílias que aos poucos adquirem um potencial de se tornarem os justiceiros e vingadores de todo o mal.
O acúmulo da revolta diária com a violência que invade as casas coloca no cidadão o medo, o preparo para o combate e deixa os nervos mais aflorados para qualquer situação. É natural que o alerta do risco que você vê pela TV por duas ou até mais horas no seu dia te deixe a ponto de enfrentar até o exército americano, se preciso. Você vai se revoltando, se preparando. Não que não precise, mas, se a TV divulgasse mais coisas boas que acontecem, talvez nos ocupássemos mais com isso e talvez, a propagação das coisas ruins diminuiriam também. Acredito muito nisso.

Ainda nesse tema propagação da violência, faço uma pergunta para que reflita antes de seguir a leitura. Quando você chega em casa, depois do trabalho, quer relaxar ou manter a tensão do dia a dia?
...
Se você quer se manter tenso, siga nas programações oferecidas que temos por aí. Se sua resposta foi relaxar, por que para em frente à TV para ver produções (novelas, séries, filmes) em que predominam os momentos tensos, de violência, seja a sexual, física, verbal, racista, sexista, religiosa? Não parece muito condizente com o tradicional discurso generalizado que após o trabalho, buscamos em nosso lar o lazer, o descanso e quem sabe até, a diversão? Quer outro exemplo?

Pare em qualquer barzinho de centro de cidade, de bairro periférico, barzinho de vila, como se diz, e repare no que está passando na TV. Geralmente, crimes nos programas sensacionalistas que falamos há pouco. Responda-me: é lógico você parar para comer algo ou tomar uma gelada pra relaxar com cenas de assassinato explicito? Se sua resposta foi sim, por favor, gostaria de entender melhor essa lógica. Por favor, entre em contato. Se respondeu não, por que fazemos ou não nos posicionamos sobre isso? Não nos incomodamos? É sério isso...

Quando há a acomodação nesses aspectos, implica que aceitamos, pois é costumeiro, não é novidade; o que é mais assustador ainda.

De costume em costume, deixamos a racionalidade em segundo plano. Da lógica do que fazemos ou deixamos de fazer, assistimos ou não, pouco se baseia num fundamento que tenhamos formado sobre aquilo. Com esse texto, não pretendo fazer com que você a partir de agora comece a racionalizar tudo, impor lógica e explicação para o que vai fazer ou escolher. Só proponho a reflexão se realmente pra você faz sentido alguns atos. E mais, se eles condizem com o discurso que fazemos no dia a dia.

Em sequência a estes questionamentos, e após nova reflexão que fiz sobre a onda violenta que invade nossa casa e pior, nossa cabeça, proponho que aponte quais programas assiste e durante a audiência, tente por alguns segundos fechar os olhos e se concentrar no som. A compreensão do que se assiste, para alguns, é visual. Para outros, sonora. Independente de qual sentido você tenha mais apurado, insisto que concentre-se na audição de suas programações favoritas.

Posso apostar que quase na totalidade dessas atrações, vai ouvir gritos, trilhas tensas, pancadas, agressões e tramas que envolvem traições, corrupção, planos de prejudicar ou quem sabe até matar alguém. 

Acredito muito que reproduzimos aquilo que lembramos. Quando trabalhei em rádio, nas ocasiões que tocava, por exemplo, um rock dos anos 80, pouco tradicional na programação, predominantemente sertaneja, era fatal alguns minutos depois ou no dia seguinte, outro ouvinte ligar e pedir alguma outra música do mesmo gênero, da mesma banda ou mesmo estilo. Outro exemplo claro disso são as trilhas de novela que, no dia seguinte após o capítulo final, ninguém mais pedia. 

Então, concentrando-nos na máxima que reproduzimos o que lembramos e se ouvimos e assistimos conteúdos repletos de violência, gritos e pancadas, é isso que assimilamos. E pior, é só isso. E pior ainda: vira nosso costume reações mais agressivas, pois aquilo não soa mais como estupidez ou brutalidade. É normal. E nessa normalidade, implantamos no nosso dia a dia.

Nesse nosso costume, as nossas preferências se adequam a isso que nos é oferecido. Tudo muito veloz, com impacto, com som alto, com tudo que teria as condições para nos irritar e não para ser nossa opção nos momentos de lazer. Não temos paciência com programas em formatos mais documentários, com transições mais lentas de imagem, com cores menos impactantes e vivas. Aquilo soa como chato. O mesmo acontece com emissoras de rádio que têm um perfil, digamos assim, menos agitados, na seleção musical e na locução de sua equipe.

Programas mais informativos, mais focados no conteúdo e menos na velocidade estética exigida, perdem espaço. E com tanta informação jogada pra você, você também perde espaço... pra pensar, pra refletir sobre o que viu. Como não dá tempo, assimila só os gritos, agressões e vida que segue.

O tal do costume se estende também para a música. Além do gosto quase genético, do aprendizado em casa, a molecada aprende a ouvir música nas festinhas da escola, nos aniversários dos colegas, no rádio do carro, em casa, na TV, pelo celular, YouTube... Aí também peço sua atenção à intensidade de tudo o que ouve. Não pelo gênero, mas, pela pressão que recebe esse conteúdo sonoro. O rock pesado e a música erudita podem transitar pelos seus aparelhos sonoros com a mais intensa qualidade para não ser prejudicial e levar a você, acima de tudo, MÚSICA. Já que é pra fazer bem, permita que ela faça. Porém, não se deixe seguir pelo "de costume". Quem é underground (detesto esses termos americanizados), quem prefere músicas diferentes da maioria é quase que, naturalmente, excluído. E nesse grupinho prevalece o som do momento, aí até rimando, cada vez mais barulhento. 

Esse texto, insisto para você que continuou até aqui, não tem a pretensão de ser um adestrador para que você mude todos os seus hábitos; até porque é exatamente esse o contexto: a revolta contra essa nossa forma de fazer tudo "Como de Costume" e seguir às normas e padrões que sei lá quem impôs.


quarta-feira, novembro 02, 2016

Osasco Envolve e Desenvolve


Não é minha cidade natal
Mas, sinto-me até mais acolhido
Aqui, fiz samba, fui em sarau
Divulguei até em capa de jornal
O lançamento do meu livro
Não tenho um só motivo
Discuto até com o nativo
Insiste em só falar mal

Osasco, local de trabalho e passeio
Achei um grupo, meu meio
Onde to sempre em casa
Sem morar aqui
Ainda! Ainda...
Ainda vou conseguir
Mudar pra cá, de vez
Adoro essa terra
Que tem cidade irmã na Itália
E em território japonês

Quem é osasquense, certidão ou coração
E conhece aqui há um tempão
Convive e vê evolução
E numa outra palavra comprida
De-sen-vol-vi-men-to
Parece que o sentimento
É que falta percepção

E com a mesma palavra que remete ao crescimento
Desmembro pra mudar a função
Se usar o prefixo “des” como negação
Traduz-se o zero envolvimento
Sem qualquer ligação
Parece que é assim que a população
Desprendida da cidade
Vê sei lá qual realidade
Ou só uma ideia, ficção

Então, é hora de definição,
Mas, por favor, tenha critério
Fundamente a opinião
Olhe ao seu redor
Seja pé no chão
Não vai à cega, no mistério

Osasco, pra mim, labuta e lazer
Percorro ruas, pedalo e ando
Bastante até
Trago pra cá, tudo o que fazer
Cidade não para de crescer
Fácil de ver
Quase sem pausa pr’um café

Só lamento por aquele que insiste em dizer
Que nada disso vê que não bota fé
Eu aposto e vamos fazer
Mas, tem o espírito-de-porco
A parte ruim? É isso que ele atrai
Só isso que ele quer
Só aponta o defeito

Mas diz que quer o bem, né?

terça-feira, novembro 01, 2016

Abraço Não Dado

Um abraço não dado
Oferecido, não retribuído
Quer algo mais brochante?

Braço esticado
Sincero sorriso
Frieza cortante

Sabe quando você encontra aquela pessoa
que você guarda no coração como alguém especial
Quando vê, dá uma ansiedade daquela 'bem boa'
Vai preparando a canção pro refrão... e destoa
Desafina, sem sorriso, sem abraço, ar de funeral

O humano, menos e menos humano fala de frieza
É tudo provisório, superficial
Olhamos pela tela, a própria natureza
Entristece o abraço devolvido sem presteza
Intimidado, pensará antes de abrir igual

Não escancare o peito
Nem deixe a chave pendurada
Pra uns, ela não vale nada
O laço é desfeito

A tristeza subiu no conceito
Trouxe poesia magoada
Sem porquê, não abraçada
Abraço ofertado, não aceito

segunda-feira, outubro 31, 2016

Mimimi é o C...


Hoje, tem muita gente que acha tudo mimimi
Falar de orgulho negro, orgulho gay é mimimi
Falar de bullying, classe rica e pobre é mimimi
Compensação histórica então: também mimimi

Mimimi é o caralho, mimimi é meu ovo,
Quando falam: “não sou tuas nega”,
Ok, sempre foi dito assim, não tem nada novo
Quando falam, “não sou tuas brancas”
É mimimi, para com isso, chega?!
Expressões dessas são tantas
Resumindo: é um mimimi besta

Esses dias, uma menina negra exibiu um cartaz
Não me vejo, não compro; na frente da loja
Mochilas da Barbie, princesas loirinhas, atrás
Cai na rede, o povo sem dó, vai lá e alopra

Links e fotos pra mochilinhas de macaco
É sério! Não é brincadeira inocente
Já aguentei zueira, não aguenta quem é fraco
Disse aquele honrado valente
Só não ligar, só afeta quem se ofende

Tem que punir igual: crime é crime
Punição sim, nem essa se aplica
Classe, cor, ou orientação define
É mimimi, o valente critica

Vamos fazer o orgulho heterossexual
Os gays fazem essas paradas aí
Querem obrigar todo mundo a ser igual
É babaquice, um puta mimimi

Seu merda, não te matam por gostar do sexo oposto
Seu bosta, não te matam há séculos pela cor do seu rosto
Seu imbecil, não te tratam diferente na escola por ser bolsista
Seus escroto, não é mimimi, é cultura homofóbica e racista

Isso vale pro pobre, pro gay, pro preto
E vale também e muito contra a mulher
Propagam que não há preconceito
Elas recebem 30% menos, isso você quer?

Quer ser parado e já ser visto como suspeito
Sem nem antes ter apresentado o documento
Quer sem qualquer motivo carregar no peito
Um peso histórico de rebaixamento

Não sou tuas nega, a coisa ta preta
Viado, bicha, obra do capeta
Gordo, bola, apelidos sentidos
Mais que o próprio peso, oprimidos
Pela imagem, fé, sexo, pobreza
Pela dor, pelo choro escondido

A tal meritocracia, tratamento igual
Mas, com percursos variados
Branco, com grana, heterossexual
Com escola, comida, trabalho formal
E quem não conseguiu? São uns relaxados!
Eita que aquele valente é um cara esforçado!

É mimimi de vagabundo quem não consegue emprego
Quem não chega onde eu chego, disse o valente
É mimimi desses viado, sempre chamamos de bicha
Não é pra ficar revoltado com a gente

Vixi, na escola já fui muito zuado e superei to aqui
Mas você nunca esteve do outro lado
De falarem do que você é, no tom de ser xingado
Você pode dizer: já fui, mas nem senti
Que bom que pra você foi superado
Muitas lágrimas podem ter rolado
Muita revolta e ódio já foi gerado
Alguns, segurados, outros derramados
Pra você, é só mimimi

quarta-feira, outubro 05, 2016

Pontos de Vista



Por favor, direitista,
Esquerdista, centrista
Não me taxe petista,
Capitalista, comunista
Socialista, fascista
Tenho pontos de vista
Pra alguns, valor à conquista
Pra outros, um tolo altruísta

Cada ideia, um fundamento
Deveria ter base, argumento
Pode ser parcial, posicionamento
Controlado, teleguiado; pra mim, nojento
O problema é o sentimento
De soberano entendimento
É só reprodutivo invento
Do ditador convencimento

Incansavelmente reproduzido
Vira mantra, é repetido
Crente que tem evoluído
Tomou o certo sentido
O fantoche conduzido
É tão bem possuído
Defende o que foi perdido
Do algoz, toma partido

Aí discute quem é o alienado
É o que tá do outro lado
Como se fosse separado
É... até é... o dominado e o abastado
O cheio da grana e poder tá ligado
Precisa de você como aliado
Você vai lá e confirma o esperado
Sela na lomba e chicoteado

quarta-feira, setembro 28, 2016

Lá Na Quebrada

Lá na quebrada, aonde eu colo e o couro come
É na batucada, a galera vai pro funk
E vai madrugada, tem os cara que faz rap
Dá as canetada, e no domingo, bate bola
Aquela, pelada, e logo mais eu falo mais do que tem

Lá na quebrada, passo na tia das marmita,
Quarta é feijoada, tem cada história de vida
Que é barra pesada, e tem orgulho das vitórias,
Lá na quebrada, sai bem cedo e volta tarde
Com noite fechada, busão lotado mó aperto

E toma encoxada, que sem noção esses Mané,
Vai tomar porrada, Sigo correndo contra o tempo
Atraso é mancada, que lá na firma é bate-ponto,
Hora descontada, e faz mó falta pra pagar,
Casinha alugada, vou fazer um bico, vender cerva,

Aqui nas balada, tirar um cachê com meu cavaco,
Em outra quebrada, é a mistura da semana
Que tá assegurada, é tanta treta, mas, a gente,
Tá na pegada, não esmorece o couro é grosso
Aguenta a parada, pra vida estabilizar,

Dar aquela ajeitada, só não esqueça que a urna
Não é privada, pois tem uns cara que nem sabe
O que é a quebrada, te considera só um voto
Gente favelada, vê se te enxerga seu safado,
Que cara lavada...

Naaa queeebraaadaaaa, somos seu melhor refém
Naaa queeebraaadaaaa, somos o que te convém
Naaa queeebraaadaaaa, por nós diz que vai lutar
No fundo só quer dominar

A quebrada

terça-feira, setembro 27, 2016

Manchas do pecado

Só com você, eu sinto bem mais que prazer
E pega fogo, a gente faz acontecer
Tanto desejo que não dá pra disfarçar
Quando te encontro, já começa a esquentar

A gente se encontra, dá um perdido que ninguém pode saber
A gente se encontra, é tão gostoso, é diferente o prazer
Com você é mais, é muito mais, um calor que é sem igual
O lençol nos denuncia, manchas do pecado mais carnal

Só com você, eu sinto bem mais que prazer
E pega fogo, a gente faz acontecer
Tanto desejo que não dá pra disfarçar
Quando te encontro, já começa a esquentar

A gente vai longe, voa na lua, amor sobre natural
A gente se esconde, na sua casa, em qualquer outro local
Só sei dizer que não sei mais, quando eu te vejo me conter
E cada vez eu quero mais, contigo não é só prazer

segunda-feira, setembro 26, 2016

Fé, força e foda

Tem um monte de "fita" na vida da gente
Que umas parecem ser provações
Vêm pra testar a fé, o quanto é crente
Crente não só evangélico, de várias religiões

E quem crê, seja no nome que quiser
Vê em cada treta, uma missão que justifica
Que só acontece porque Deus quer
E nessa hora, foda-se razão e justiça

Mas, a gente supera abusos físicos, morais
E ainda tem a ousadia de sonhar
Supera todos os ultrajes legais
Tomando no cu, ainda quer gozar

Porque a gente é foda e o couro é grosso
As batalhas nos congratulam no final
Depressão que rebaixa ao fundo do poço
Comigo não, surfo na onda em espiral

Espiral de um caderno que desabafei
Contei umas parada, umas barreiras que... já era
Uns B.O. que passei na alta, atropelei
Tem uns que quando vêm, nem pondera

Hoje gozamos na cama e no verso
Dois corpos revoltados se entregam
Vitoriosos, orgasmo denso, silêncio disperso
Repostos, vingativos, com força de novo se esfregam

sexta-feira, setembro 23, 2016

O guardanapo

Esses dias, numa conversa informal
Perguntaram como eu tinha inspiração
Eu disse que vem de forma natural
Mas, também escrevo sob pressão
Sobre alguma obrigação
Ou qualquer sentimento; sei lá, flui normal

E no meio desse papo
Eu disse que escreveria sobre mochila,
telefone, pessoas... ou até um guardanapo
Nessa hora, embarquei na ideia do tal guardanapo

Já pensou quanta história pode haver?
Um guardanapo? Sim, um guardanapo.
Ele pode ser a primeira atitude pra se conhecer
Tá ali, à mão, só pegar e escrever
Um chopp mais tarde, pode ser?

E vamos aqui fazer um trato?
Um guardanapo, você nunca quis ser?
Nem quando aquela mais linda
Dos lábios o aproxima pra poder limpar?
Vai dizer que nessa hora era má ideia
ocupar esse lugar

O guardanapo no colo, na boca,
na lembrança do batom que o manchou
Em todos esses, um coração se confortou
Seja no mais fino pano ou no fino papel
Nunca esteve no meu plano
Discorrer sobre um guardanapo num cordel

Mas... agora... viu que um simples "oi" rabiscado
Pode virar só um papel amassado
Uma história de amor, um amor desprezado...

"Garçom, você pode entregar isso aqui naquela mesa do lado?"

quinta-feira, setembro 22, 2016

Amigos de oposição

Ah, seu Luiz Inácio
Apesar de todo seu sucesso
Acreditar que você tá limpo é difícil
Que em alguma dessas você não é sócio
Ok, vamos protelando e protocolando recurso

Achar um limpinho não é fácil
Disseram que o mais sujo é o Aécio
Mas, vamos empenhar igual sacrifício
Pra não parecer que é só um negócio
Que só serve pra fazer parcial anúncio

Tenho tanto amigo político, apolítico
Crítico, místico, rítmico, cínico, clínico, até mímico
O que não tenho é amigo por causa de partido
Até porque não sou de nenhum

Então, não vai ser por esse motivo,
nem por sentido algum
Que a gente vai ficar tretando
Se um gosta de azul e amarelo
E outro do vermelho e branco
Não é por esse caminho nosso elo

Meus 'parça', como se diz hoje em dia
Vêm da época da escola
Que o assunto era prova
Pr'algumas matérias, cola
O time que torcia
Quando ganhava, alopra
Quando perdia, sofria

Uns gostavam de desenho
Outros dos cálculos complicados
Pras contas, eu precisava mais empenho
Pra arte, eu aprendia cavaco

Mas, era isso que unia a gente
Uns 'campeonatinho' no video game
Um churrasco no rateio
Uns pagode no sol quente
Uns 'teco' de lanche no recreio
Que a gente rachava
Mas não se rachava ao meio
O que hoje se faz por aí
Pensou diferente? Tem que destruir!

Gente, podemos sim divergir
No pen-sa-men-to! No argumento!
Tanta coisa que a gente combina
Futebol, música, a formosura das menina
Vale a pena um rancor que contamina
E guardar ressentimento?

terça-feira, setembro 20, 2016

A gente cresce...

Por que que a gente cresce
E deixamos de gostar de brinquedos
Esquecemos o colo da vovó, da mamãe
Ficamos todo evoluídos, 'cheios de dedos'

Quando a gente olha pra trás
A gente nem se reconhece
Vê esse carinho de mãe
E, às vezes, desmerece

Mas, no fundo, no fundo, temos os mesmos medos
Mudam os nossos segredos
Mudam os nossos desejos
Mas, um sentimento não padece

Não se adoece, somente cresce
O amor mais natural, sem razões
Quando somos um filho, uma filha
Não importam quais são nossas diversões
Bonecas, carrinhos ou carrões

Somos, fomos e seremos sempre um bebezinho
E estaremos amparados a cada trilha
Podemos percorrer infinitas milhas
Quando pequenos, colinho
Quando crescemos, a sombra ao lado no caminho

segunda-feira, setembro 19, 2016

Chegou domingo

Chegou domingo, hoje eu quero farrear
Hoje eu quero batucar
Hoje eu quero bater na mão

Chegou domingo, hoje é dia de pagode
Futebol, a galera explode
Nosso samba é campeão

Um gol, outro gol e a bola não para na televisão
Brasileiro, espanhol, o inglês, da Itália e até o alemão
Domingo, o quintal tá lotado, o samba é nosso esporte
Pra chegar, só a malandragem é que tem que ser forte
E depois um domingo fantástico, o pagode chega ao seu final
Mas, domingo que vem tá aí, vai ferver o quintal

Domingo bem cedo a galera se junta pra bola rolar
Eu sei, a noitada foi boa, no entanto, não posso atrasar
A chuteira já tá esperando, a camisa e o fardamento
O jogo acabamos ganhando, tudo isso foi o aquecimento
O que importa é a outra redonda, a mesinha no canto do bar
Onde a turma se une pós-jogo, prum samba cantar

Beijos de Amor

Quando te vi chegar
Pela primeira vez
Fez a minha vida revirar e eu me perder

Coragem pra me aproximar
Não foi tão fácil assim
É a mais perfeita inspiração que flui em mim

Você virou minha canção, minha razão para sorrir
Eu chego nos lugares, pensando se está por vir
É muita ansiedade quando vem pra me falar
Seus lábios dizem tanto, mas eu quero te calar

(Mergulhar nessa boca, te deixar sem ar)

Nos beijos de amor
Que eu sonho te dar
Mas não tomei coragem de pedir ou te roubar

Me faça um favor
Se for pra negar
Disfarça e deixa tudo como está

Nos beijos de amor
Que eu sonho te dar
Mas não tomei coragem de pedir ou te roubar

Perfume de flor
Encanto no olhar

Um beijo e meu amor te comprovar

Na Pegada

É... na pegada! O swing que agita a galera por toda madrugada
Vai... na levada! Puxe aquela gata sai dançando, ela não fica parada

Gira ela pra lá, pra cá
Faça ao seu balanço rodar
Vai dançar, Vai dançar

Gira ela pra lá, pra cá
Faça ao seu balanço rodar
Vai dançar, Vai dançar

Vem no samba rock malandragem e não mete cão, ÔÔÔ
Vem no estilo Originais, Jorge Benjor, vem negô, ÔÔÔ
Vem que vem gingando no passo, não pode vacilar, AAA
Solta aquele som do Bebeto, Segura a Nega, Segura a Nega

Segura a Nega A A A