sexta-feira, fevereiro 12, 2021
Olha, me desculpa...
quarta-feira, fevereiro 10, 2021
Você está no Presente?
Eu vivi muitos anos no tal saudosismo. Tudo isso que estou contando acontece dentro da minha cabeça, não é uma coisa de vivências, no mundo externo, visível a todos. É tudo aqui dentro. Parei! Parei mesmo. Não é fala emocionada de um dia qualquer. É fazer de um dia qualquer interessante o bastante pra ter o que falar com emoção. Hoje, eu não quero mais. Hoje, eu quero isso pra sempre. Sim, tudo hoje. Hoje mesmo. Dá pra gente acordar num dia qualquer, como hoje amanheceu com sol e falar: nisso eu quero ponto final. Nisso, eu quero reticências. E assim como o sol que clareou o dia às 6 da manhã, agora, 6h06 da tarde, ele ainda está lá, mas, totalmente escondido pelas nuvens escuras que já dão tom noturno aqui, na Zona Oeste de São Paulo e também, na minha querida Osasco, como informou um amigo poucos minutos atrás. Chove forte aqui, chove forte em Oz, chove forte em muitos olhos todos os dias.
As cidades alagam. Os travesseiros também. Corações flutuam. E quando o seu flutuar, você saberá de fato para que margem do rio irá. São muitas correntezas, o tempo todo. Mas, o remo está na sua mão e, por mais que a água tenha a sua força, você pode escolher se vai se permitir nadar, se molhar, se vai remar de cima da canoa ou se vai só ficar admirando a água passando com a correnteza.
Já fui mais contemplativo. Vi tanta água correr e eu seco, na beira, hoje, mergulho. Não imaginei que mergulharia novamente disposto a encarar a correnteza.
segunda-feira, fevereiro 08, 2021
Desisto... e tudo bem!
E é tão bom quando isso acontece
Não, não falo que é pra ser frouxo, sem revide
É só que às vezes não vale mesmo o estresse
A gente com tempo ganha maturidade
Que não é só o tempo que traz
É a vivência que dá essa liberdade
De só se afastar de quem nos tira a paz
Julgamentos sempre nos cercarão
Isso, te garanto, é inevitável
Mas, o poder que damos à opinião
Esse pode ser bem mutável
Quantas vezes nos magoamos por adjetivos
Que nem pedimos e recebemos
Administramos com nossas dores e crivos
E seguimos. Caminhemos!
A treta é sempre sobre tamanho e quantia
Tamanho dos óculos, da cabeça, do nariz
Quanto a gente se importa com o que o outro diz
quantia de coragem pra beijar qualquer gosto
Qualquer gênero ou letra que houver
E impede que a identidade se revele
Alguns preferem ocultá-las
Pra evitar a dor da rejeição que fere
Quando não se encaixa em si
É preciso reformar
Nosso espaço, que é o mundo
Ninguém virá medir
Onde eu devo me encaixar
Ou me delimitar o fundo
Pode ser que não dê pé
Farei dar
Megulhadas, braçadas, respiradas
Puxo todo ar que em meu peito couber
Mas, não deixarei sufocar
Pela água ou pelas paredes que me desenham em volta
O que me desdenham, isso que não tem volta
Tem revolta
E tem uma porta que quando se bate de fora
Tem aquele seu mundo em frente
E se você não o afronta e o desafora
Ele te encaixa milimetricamente
Dali em diante, nem tente.
Sim, a gente tenta, e vai na caruda
Mas a desistência também pode ser positiva
Um amor que com tempo muda
Deixa muda a relação, nada mais ativa
Permite que, jovem, a gente se iluda
Com toda a garra combativa
Mas, a vida te desperta e te imputa
Trilhas por onde sobreviva
São nesses caminhos que se abrem
Que antes a gente nem cogitava
Que nossos 'eus' se definem onde cabem
Onde faltam espaços, mesmo que nem internamente sabem
Onde se começa e onde se acaba
O que não acaba é o nosso espaço
Não importa onde comece
Ninguém me define,
Por mais que desenhe ou escreva meus traços
Nenhuma fórmula que se conhece
Mesmo que com expressões se combine
Os verbos, adjetivos, os sujeitos
Em Humanos, nem tudo são resultados
Entre os incertos, são todos aceitos
sábado, fevereiro 06, 2021
Sexta é foda!
Data propensa à animação
À expectativa
de um final de noite que o tesão
Encontrasse uma pele lasciva
Naquela intenção
Da musculatura ativa
Rija no confronto à passiva
Era depois de um banho quente
Que ele já vestido a esperava
E enquanto ele, de bruços, lia
Não viu que, perfumada, ela chegava
Ela sem nenhuma gentileza,
Mas com toda energia
Nesse instante atacava
Ele, claro, nem um pouco defendia
Permitia pois lhe amava
Era então um corpo em brasa
Que acendia o outro, ambiente
O carvão aos poucos foi pegando
Nem gel nem álcool presentes
Só alma e peles se esfregando
Não iria aos finalmentes
Era o que ele estava pensando...
Eram dias como os que tem todo mês
Mas daquela vez, ela queria
Ele achou que em sua boca saciaria o prazer
E ambos se lambuzariam
Mas, ela escancara, 'e aí não vai meter?'
Ele nem esperava o que ela pedia
Achou que em seus lábios se acabaria
Mas haveria ainda mais a fazer
Era o momento que ela se ajeitava, se posicionava
Para o seu membro receber
Enquanto ele penetrava
Demonstrava seu desejo
Numa foda que nem teve beijo
Eles deixaram acontecer
Eram carnes vermelhas em fogo alto
Eram estocadas firmes e apertos
Eram gemidos tímidos sem estardalhaço
Rosto de encontro aos travesseiros
Era um cenário propício como a sexta
Um abajour de cada lado
De apagar puxando a cordinha
Era uma cama que caberia folgado
Mais uns dois casais numa orgia
Ainda bem que eram mudos os criados
Pra não contar nossa putaria
O livro de Chico e os óculos ficaram do lado
A câmera apontava pro teto e o celular não nos via
Nem deu tempo de deixar marcado
Dobrado a orelha na página que lia
Só deu tempo de ambos terem gozado
E na manhã seguinte,
ele transformar em poesia.
terça-feira, fevereiro 02, 2021
Meu Doce Brasil
Esse país é uma doçura
O problema é a fatura
E aquela criatura
E de fratura
Na conta pública
Exposta, posta, reposta
Só a resposta que é impura
Ou puramente suja
Aqui, o leite condensado
Não é só ingrediente
De pudim e rapadura
Ele serve pra mostrar que o presidente
Nessa lata se lambuza
Ah, Moça, quanto você custa?
162 reais a lata,
sem pechincha, sem desculpa
Você pode me distribuir no Exército
Para todos os soldados
Pode me por em fervura
Pode me usar na receita
Pode me usar na suruba
Depois, um chicletinho pra relaxar
Liptus, mentol, pra dar frescor
Afinal, não tenho frescura
Atendo do Planalto à prefeitura
Da democracia à ditadura
Todos apreciam meu sabor
Docinho, saboroso, do início ao fim
Misturo com amendoim
Pagam R$5,45 por uma de mim
Paçoca, soca, soca, soca assim
E pode botar chantilly
É assim que o povo gosta
E juntinho, a gente ri
Ah, num ri não? Ri sim.
Coletiva: a lata de leite condensado
É pra vocês enfiarem na bunda
Aplausos, risos e gritos
Enumero as classes de filhos da puta
Agora, não é mais ministério
É secretaria, e é uma fria cada dia que dura
De querer separar a postura
Não foi um encontro político
Então, vamos excluir o modo crítico nesse caso
Caso, o goleiro Bruno o convidasse
Pra um churrasco num sítio você iria
Pra bater uma bola seria
Se a Richtofen fosse sua fã
E te chamasse pr'um almocinho aleatório
Compareceria?
Não, Sorocaba, não acaba de foder o rolê
Que já ta mais que fodido
Falo dele porque veio se defender
Pois foi atacado, ofendido
Convenhamos, merecido
Não se senta à mesa da ditadura
E finge não sentir a agrura
O refluxo apura
Na boca, secura
O silêncio é o gesto que atura
Não se senta à mesa
De quem não tem defesa
De quem ironiza a morte
Da carne compartilham o corte
Não se senta à mesa e se cala
De quem prefere bala
E não se abala
Com mais de 220 mil perdas
Não se senta à mesa
E se serve da mesma bandeja
Não se compartilha da mesma bebida
Que molha as palavras de um genocida