sexta-feira, dezembro 17, 2010

Amor, de novo

O amor... tema tão polêmico, tão batido... mas, infinito. Canções, poesias, cartas, lembranças, histórias, declarações... E mesmo assim, muitos ainda duvidam que ele exista de verdade.

- Tá bom, vai. Eu assumo. Já duvidei também.

E quem não blasfemou contra o amor na hora da dor? Quem não o atacou e não se perguntou se amar é realmente bom, enquanto o peito doía por amor?

Olha, não sou nenhum ‘expert’ no assunto, mas recomendo: Ame sempre!

Tem aqueles que acham que amor de verdade só acontece uma vez. Outra bobagem!
- Tá bom, confesso. Também já achei isso. Amar é sentir-se completo e a cada momento em nossa vida, realidades diferentes nos fazem sentir assim: plenos.

Isso significa que não existe amor eterno?

Claro que não! A cada momento, nós somos diferentes e quem amamos também; e essas diferenças nos completarem. Ou não. O que não deixa de ser um amor que nos completa. Amar é muito mais que um momento.

Quem já amou? Ou pensou que amou? Essa segunda pergunta é fundamental. Muitas vezes só sabemos ou percebemos que amamos, na perda, no fim. Amor também é o conforto de um ombro, que recebe cada lágrima, resultados normais da vivência de cada um, ou de cada dois em forma de um.

Deixemos os fins, as dores para trás. Pensemos no amor de hoje. É muito bom, além de amar, aprender a amar. Com o tempo, percebemos que amor ér diferente de paixão, que é diferente do desejo, que é diferente de tantas outras coisas que são partes de um sentimento infinitamente maior.

Com o tempo e com amor, aprendemos também a viver. Por conseqüência, amamos melhor. E amar melhor não é ter uma invejável performance na hora do prazer; e sim, ter prazer contínuo em uma invejável performance de viver o dia a dia.

Amor é um eterno companheirismo enquanto dura, é ma cumplicidade e compaixão ao nosso semelhante ( que não é tão semelhante assim), afinal não amamos seres iguais, o amor acontece quando encontramos em alguém o que não temos, contudo, desejamos, buscamos alguém que tenha o que nos completa. E que esperamos eternidade na sensação de plenitude.

Quando amamos, assim como eu (que já amei antes) usando o aprendizado, as cicatrizes das outras dores, reconhecemos uma parte de nós mesmos que só nos é mostrada com a experiência. Não sou uma “expert” – reafirmo. Aprendi (amando) que esse sentimento vai além das formas idealizadas, dos desenhos, dos moldes, dos modelos que criamos da forma perfeita de amor. Como disse: “Nós criamos”. A forma perfeita do amor está na excitação... do coração. Lembre-se sempre que a cada momento, mudamos nós e nossas preferências. O tempo nos muda e muda quem amamos. Então, ao amar, esqueça quando seu corpo gritar e se expressar em desejos profanos e infiéis, pois o prazer está em saborear a sensação de plenitude de felicidade, de sentirmo-nos completos quando reconhecemos o amor, e não em um prazeroso instante de uma vazia companhia. Como é bom ter reencontrado, reconhecido e aprendido mais do amor com você.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Matar vale uma nota

Foi por acaso, talvez até coincidência, que só achei uma caneta preta (esta que uso para escrever neste caderno agora). Mas, o pior é que até faz sentido. É um risco preto de luto nestas páginas. Poderia escrever em azul, vermelho ou até nesta cor (provavelmente em preto para quem lê por qualquer meio eletrônico também), só que o azul poderia parecer que está tudo realmente azul, tudo bem. E não está. De vermelho, talvez. Violência, sangue.
Enfim, trégua ao assunto da cor da caneta... A vida, além deste tubo escritor, também está preta. Roupa preta. Velas pretas. Dor. Lamento. Luto.
Tudo é motivo. Trânsito, rixas, notas, amor. Amor?! Não. De forma alguma. Amor, não. E notas... de falecimento. Notas tristes, assim como as vermelhas que se tiram na escola. Se as vermelhas são negativas e as azuis, positiva, o que seriam as pretas? Poderia ser a nota da vida, da realidade, inclusive da escuridão que não se vê a um palmo do rosto, o futuro da educação, que deveria ser a primeira atividade do dia, deveria ser o nosso cabeçalho da vida. Não é. “Repete de ano” direto. Nem beira a recuperação. Não será resolvida com uma prova nas férias. E até as provas por aqui... deixa quieto, melhor nem alongar esse papo.
Provas são fraudes criadas para enumerar outra fraude: seu nível, definir quem você é, quantificar seu conhecimento e classificar sua qualidade. E os resultados ou notas, para dizer se você é notável perante os outros. Traduzindo: se você será notável ou o contrário, em tom de ameaça, de ser um despercebido, um Zé Ninguém mesmo. E nessa sequência de fraudes, criamos metas e vale tudo nesta luta. Até matar. E matar vale uma nota.
Pena mesmo que as vermelhas e pretas têm superado as azuis. Nas mais diversas avaliações. Nas escolas, as vermelhas cada vez mais vermelhas, andam escurecendo e formando as cascas nas feridas, cada vez mais comuns; e daqui, do vermelho-sangue para o preto-luto, não vai um bimestre.

Show Perdível

Imperdível show!!!

- Opa, beleza? Vamos ao show esse final de semana?
- Nem vou. Não curto esse som.
- Ah, “vamo aí”. Todo mundo vai...
- Todo mundo quem?
- Ah, todo mundo...
- Beleza, quanto “tá”?
- Faz assim. Eu vou comprar pro pessoal, depois você acerta.
- Fechado.

Quantas vezes você já não foi um dos personagens desse diálogo? E faço outra pergunta: por que pagar (ou não) para ir a um show (?!) de um artista (?!?!?!) que você nem conhece ou gosta?

- Porque vou para me divertir com meus amigos – alguém argumentou.

Nããããooo! Não!
Esse papinho se ouve com frequência com uma justificativa mais esfarrapada ainda: porque nesses shows têm muitas mulheres.

Não! Mil vezes não! Meu ouvido não é pânico e não vou disponibilizar minhas tão preciosas horas de lazer para acompanhar uma atração que, em nada, me atrai.

- Ah, mas é bom sair pra conhecer pessoas diferentes... outro argumento imbecil.

Parou! Se pretendemos conhecer novas pessoas, devemos procurar pessoas que combinem com a gente, que tenha gostos similares aos nossos. É isso o que nos aproxima de alguém, ou não é?

- Por favor, me explique (quem puder):
- O que uma pessoa que gosta de rock, por exemplo, conversaria com alguém em um show
sertanejo? Ah, e vice-versa.

Tem algo muito estranho...
E tem mais: o que dizer de shows que todos (e todos mesmo) acham ruim (ou se envergonham em dizer que gostam) e as bilheterias batem as dezenas de milhares de ingressos vendidos? Ou até esgotados. Impressionante!!!

Se ninguém assume gostar e os shows estão sempre lotados, tem algo muito mais que estranho.

Porra! Show ruim lotado é um forte incentivo para que haja constante manutenção de produções descartáveis e cada vez piores.

Contratantes veem resultado financeiro e se todas essas músicas compostas em um caderninho ao lado da privada forem sempre incentivadas, aplaudidas, cantadas por multidões, lotadas e assistidas por quem não tem atitude para dizer não a essas merdas todas, a tendência e o futuro não são nada animadores. Seja você. Curta o seu estilo. Não se importe com quem vai. O que importa é aonde você vai.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Traficando discussão

Domingão, folgadão, televisão... não é mais um comercial daquela cerveja, não. No último domingo, dia 27, assistimos a um show de ação. Parecia filme mesmo, mas não era? Ou era? A TV, com sua função apenas de informar, pregava seu otimismo, sua versão que a paz estava estabelecida no Rio de Janeiro. E muita gente acreditou. Enquanto assistia ao “Tropa de Elite 3: quem sabe faz ao vivo”, pensava na paz de muitos inocentes que tiveram suas casas invadidas e, sem dúvida alguma, de uma forma nada cordial.

Esse era somente uma das questões que me afligia, enquanto o filme rolava. A cada hora, mais um preso, foram centenas de detidos. Vários deles, chefes. Nossa, quantos chefes tem essa ‘empresa’? Quem encontrou o organograma com a folha salarial e registro em carteira desta organização social? Tinha mais chefe preso que sei lá o quê. Se tudo foi cercado, não temos com o que se preocupar. Caiu a casa. Perdeu playboy. Não de novo.

Está bem, muitos foram presos, parabéns. Mas, os ‘presidentes’ ou qualquer denominação que se refira ao topo desta hierarquia, não. Ou seja, algo deu errado ou eles, os bandidos, do morro, estavam mais preparados que os da polícia. “O apoio da população foi fundamental”. Quantas vezes não ouvi isso?

Pode ser, realmente, que a população abraçou a causa e ficou ao lado dos fardados, mas, será que o mesmo se aplica, invertendo a situação? Será que os ‘aviõezinhos’ do tráfico e seus pequenos ‘fornecedores’ não foram supervalorizados e até ‘promovidos a chefes, gerentes e outros níveis hierarquicamente superiores’ pela câmera? Tem algo estranho...

Primeiro, restabelecemos a paz no Rio. Dois dias depois... É, não foi bem assim, veja bem... Boa vontade e empenho em parecer real o que era apenas um otimismo, uma esperança, não faltaram. Isso é bom para o Brasil, para o brasileiro, para 2014, para 2016, e claro, para o Natal, a festa da paz, que está chegando!

Que paz? A que não temos ou a que pensamos ter? É só nos vestirmos de branco no Reveillón...

Enfim, realmente, tem algo muito estranho... 

Madrugada, ela

Pudera eu ter a mais bela
Que madrugada foi aquela
Depois da lua amarela
Sua voz entrou pela janela

Do meu quarto, pela rua ou viela
No meu ouvido, a mais singela
Serenata sobre ela, só pra ela
Lembrando contos de cinderela

Sem carruagem, à luz de vela
Que veio a lembrança daquela
Da madrugada, somente dela
Que os fios da noite descabela

E faz amanhecer em aquarela
Põe tons em pauta e sobre a tela
Sem controle, sem regra e tabela
Madrugada intensa, pensando nela

À madrugada, ela...

segunda-feira, novembro 29, 2010

Dia

Tal como a paisagem das manhãs
Que invadem o quarto com sol
É acordar e ver você, meu dia
Minha luz, o rastro de melodia

Que se compõe o som da vida
A trilha que incrementa o passo
E motiva ver luz na noite escura
A lua branca recebe pintura

De cores que ainda desconheço
Sabores certamente indescritíveis
Proporcionados com o sol que nasce
É como se um sonho se realizasse

Ao tornar real e estar tão perto
À arte de um quadro incerto
De um poema ou canção,
de inspiração vazia

Tão cheio de traços e versos,
que nenhum sentido faria
Se, pela fresta da janela
Ao abri-la não visse o dia

Socorro!

Socorro!
‘Me ajuda’
Senão eu morro
‘Me salva’ que eu corro
Mas, pra quem devo gritar...

Socorro!
É guerra no Brasil
Confronto armado no Rio
Quem pensa que fugiu
‘Se enganou’
A violência se espalhou
E não tem mais pra quem pedir...

Socorro!
A polícia invadiu
O bandido sumiu
A gente assistiu
E pior: esperançoso
Que vai melhorar
Que vai acabar

E aí se iludiu
E ao começar a novela
Onde o Rio é beleza
E só beleza
Tenho certeza
‘Se’ esquece a tristeza
E esquece de chamar...

Socorro!
E o brado é rouco
Baixo, cansado
Que não se ouve de longe
E o longe nem é tão distante
É de onde não se ouve
A dor exposta tão berrante
É de conde não se move,
Não se comove
Por não ouvir?
Ou por não agir?

Socorro!
Tento mais uma vez
Em vão
Será que alguém vai me ouvir?
Será que alguém quer me ouvir?
Até a próxima eleição...
Será que alguém quer agir?
Será que vão me salvar?
Será que vão escutar?
É barulhento o silêncio
Da nossa corrupção

domingo, novembro 21, 2010

Dela e dele

Há pouco sentia saudades dela
Aquela silhueta esbelta
Cheia de detalhes
E, por dentro, uma infinidade
De inovações, de tonalidades

Ela, que sempre me acompanhou
Ela que, recentemente, me abandonou
E me deixou só

Sem inspiração para usá-la
E só em diversão abusá-la
Só pra se entreter
Pro tempo correr
E eu não perceber
Que a solidão chegou

E, solitária, ficou largada
Porém, muito desejada
Só que não bastava pegá-la
Teria que esfregá-la
Nos dedos, na mão
Para aquecê-la

E usá-la, tê-la
Em sua plenitude
Aproveitar cada segundo
Em sua companhia
Que pode mudar o mundo

Senti saudades dele também
Daquele que a tudo diz amém
Não tem posição, tudo convém
Aceita o lá e cá, o vai e vem

Pois é, ele também esbelto
Ainda mais que ela
Que copia, em diferentes facetas
As mutações, as estações, as situações
Em que vou usá-lo
E dele, abusá-lo

Dele e de tantos outros
E depois jogá-lo fora
E uso outro na mesma hora

Para falar dele
Assim como faço agora
Esse excitante casal
De esbelta silhueta
Falo apenas de papel e caneta

Sorriso luar

Um sorriso
Na escuridão
Um brilho escancarado
De fora a fora
Como se fosse desenhado

Traçado feito à mão
Detalhes em precisão
Era uma boca perfeita
Uma luz só dela

Poderia ser só reflexo
Não! Não teria nexo
Tamanha beleza refletida
Por outra imagem mais bela

Aqueles traços sorrindo
E era o que se via
Em qualquer canto
Nos cantos sorridentes
Que não mostravam dentes

E, mesmo assim, sorriam tanto
Que todos podiam ver
E se encantar, se apaixonar
Preferi escrever

E então dedicar
Esse poema a você
Só a você, que me sorriu nesta noite
Á você, minguante Lua.

Terapia

Voce precisa de terapia?
Eu preciso?
Tem para tanta causa doentia
Tem para tensões e agonia
Várias técnicas curadoras
Fórmulas salvdoras
Mas a cada tratamento
Surge o pensamento
Que é similar a proporção
Entre cada nova criação
Com a sua real função
Tratar o corpo e a razão

Ou seja, a humanidade continua
E a cada dia lá na rua
Vendo a realidade crua
Sem confeitos ou preparo
Quando penso e reparo
Quanto o perigo é claro
E quanto, por ele, pagamos caro
Às vezes, com a vida

Sem dúvida, nos intimida
E nos causa sensações
De conturbações perturbadas
Do corpo, da alma e da mente
Que vão além do corpo presente
Vão além do psicológico
E não parece nada lógico
Sobreviver com pânico e pavor
Com medo, com terror
E não enxergarmos
Quão grande é nosso risco
Nos conformarmos
Se não o faço, não petisco

Mas insisto
Que podemos optar
Por doenças acumular
E com terapias tratar
Ou talvez, se adiantar
Se a paz buscar
E melhor, se encontrar
Menos enfermidades vai ter
Preferiu viver
Outra fórmula de mais um dia
Cabe a você escolher
Entre paz ou terapia...

quinta-feira, novembro 18, 2010

Homo...

... com qualquer teminação (fobia, sexual, sexualidade, sexualismo...)

Acabei de ler sobre a carta assinada pelo reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, chanceler do Mackenzie, em que diz que “pregar contra a prática da homossexualidade não é homofobia” e sobre os protestos de alunos e de associações como a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Tem algo muito estranho...

Por que essas associações e esses alunos ficaram revoltados? Eles querem o quê? Que a igreja apóie? Ou será que se esqueceram que o Mackenzie é uma instituição presbiteriana? Jamais veremos a igreja católica e suas organizações apoiarem práticas como esta tal qual o incentivo ao uso de preservativos. Vai contra os princípios básicos...

Li um comentário sobre a repercussão desse caso e destaco uma pergunta feita por uma estudante: Eles não aceitam este tipo de posicionamento (inclusive religioso) de ser contra a homossexualidade, de incentivar o contrário, por preceitos bíblicos, familiares ou de qualquer proveniência, mas, eles têm o direito de protestar contra atitudes que não estão de acordo com a verdade deles (inclusive contra os ideais cristãos)?

Héteros e homossexuais (de todas as denominações) podem viver em harmonia, sim. A igreja tem seu direito de posicionar-se mediante qualquer situação como organização social e que tem uma representatividade significativa principalmente em um país como o nosso. As associações (refiro-me não somente a este caso) podem ter seu posicionamento também. Cada um tem o seu lado de observar a sua realidade. Ser contra algo não é ter fobia a algo.

Só não queiram obrigar a igreja a aceitar a homossexualidade, porque aí sim, perderia toda a credibilidade enquanto instituição milenar que é. E, reforço minha crítica a protestos neste caso. Homofobia é incentivar a violência contra homossexuais e, certamente, a igreja não o fez nessa carta. E mais: o Mackenzie é, sempre foi, e acredito que sempre será uma universidade ligada à Igreja Presbiteriana. Pedir que eles mudem sua filosofia é como pedir para que deixem de lado a visão cristã. Se você está em um ambiente religioso, você tem que se adequar a ele, e não ele a você. Exigir a concordância do Mackenzie para com esta lei, é como mudar-se para o lado do Aeroporto e reclamar do barulho dos aviões.

Reflita...

segunda-feira, novembro 15, 2010

Elege Eu

Não! 'Tá' errado
Parece engraçado
Até ri mesmo
Mas agora dei raiva
Deu nojo, deu ânsia
Nossa escrota ignorância
Ao que demos relevância
Visto que é hora de votar

E o que era sério
É de gargalhar
Tem puta, filhos dela e o Batoré
Patora da puta que pariu
Querendo mandar no Brasil
Mas o trabalho não sabe qual é
Só quer estar lá
Até o Tiririca é candidato
Como piada, bacana; mas é fato

E o pior: no momento exato
Pode até se eleger
Não reclamemos
Nós que escolhemos
Elegemos
Por quê?
Não sabemos
Nem entendemos política

Mas, a língua é crítica
Mete o pau no eleito
Porque esse é o jeito
Convém, facilita
E quem desacredita
É taxado ignorante

Não! Nesses, não!
Mude essa cambada de 'ladrão'
Pra isso tem eleição
Sera que sabe cada função?
Não, de novo não!
Vota por indução

Então, já que é assim
Na próxima eleição,
vote em mim
Não vote em bandido,
Você não será esquecido
Um agradinho é garantido
E o Brasil... mais 'fudido'

domingo, novembro 14, 2010

Debata com a TV

Agora fodeu de vez
Não que estava bom
Mas agora me preocupei
Também não é que eu não estava...
Estava sim, mas me indignei
Quando vi como controlar
Todo um povo, uma multidão
Uma palavrinha: motivação
Você pode ter opinião

Opine, decida...
Sob a nuvem da alienação
Acredite que pensa
Doce e tola ilusão
Não passa de fantoche
Boneco de manipulação
Futilidades e besteiras
Que preenchem sua consciência
Pois discutem com veemência
Como se fosse relevante
Fato sério, importante
Os debates do televisor
Que causam algum clamor
E acreditamos ter o poder
De pensar e debater
Não. Não temos. Nem teremos.
Pois somos e seremos idiotas,
Mas cremos que crescemos e podemos
Não!
Sempre escondemos
E nos escondemos do que não queremos
Debates nesses "fala" por aí
Servem mais pra iludir

Você pensar que é capaz
De ser cego na crença
Beirando a doença
Fanatismo é conformismo
Pra quem não pensa
Mas a TV compensa
Sua falta de razão
E direciona opinião

Pra acreditar que você tem
Mas acorda! Você não tem
Pra tudo diz amém
E vota pro seu bem
Mas assiste a TV
E acredita no que vê
Isso é, quando entende
O que se passa de verdade
Nem sabe ao certo
Crê que tem capacidade
De pensar e se informar

Mas não dá tempo, tem que orar
E não é bom se informar
Saber em quem votar
De canal mudar e optar
Por se manter onde está
Parado, estagnado
Ou então se movimentar
O controle remoto chutar
O foda-se tocar,
E ter atitude e com sabedoria
Radicalizar

Continuidade

Nos anos 2000, os primeiros 10 anos estão terminando. A família está se acabando. Não quero ser antiquado, mas olhe por esse lado. Há muitos filhos largados, abandonados, menosprezados ou até deixados em um dos lados dos rios e lagos. Lagos ou latas... de lixo!

Século XXI. Não quero ser mais um a cooperar com a loucura. Maluquice pura. Egoísmo demais. Um filho a mais. Símbolo de paz? Isso ficou pra trás. Sobra muito choro e um "aqui jaz". Não me parece tão normal reforçar esse sistema, que não é nada legal. Mas, não tem problema. O maior dilema é datar a cena. A pergunta é quando, e não por que. Por quê? Porque é claro, viemos pra deixar. Deixar o quê? Pra quem? Mas relaxe, tudo bem. Deus vai nos ajudar. O governo também. Tem bolsa e auxílio tudo, mas afirmo e não mudo: tudo o que é dado, não é valorizado, não vem do suado trabalho pesado, vem doado, como esmola pra pesar na sacola do supermercado.

Hoje está legal pra viver? Você que tem que dizer. Se vir um amigo sofrer, o que vai fazer? Socorrer? Pense pra valer. Em meio a crimes banais, passionais, rivais, brutais, fiscais, morais, você quer mais? Quer ver um filho teu revoltado, indignado ou não vê-lo fugir da luta, como canta o hino? Quer uma personalidade bruta, vil, ou um pateta imbecil? Não é só educação. É conscientização. É superlotação. É sua emoção e a desse coração que mal iniciou a respiração, mas tem pulsação, emoção, tensão, razão e por que não mais um boneco da televisão?

Comandados em Ação? Não! Ação Comandada, sem ser questionada, indagada, interpelada por quem não sabe nada, nem que veio ao mundo e por que o colocaram num canto imundo. Não falo do lixo da rua, mas, da cidade inteira. Rios, vias, ar. Pessoas, dinheiro, lar.

Tudo parece uma lixeira, isso sem falar na enorme sujeira que nos cerca, independe para onde você olhar. Não dá pra relutar! É ruim aceitar e não é brincadeira. Por falar em brincadeira, você marionete, vê se para de jogar confete em quem te apunhala a canivete.

O corte é cada vez mais fundo e não é como cirurgia, que tem direito à anestesia ou como um parto cesária para dar à luz outra vida, outra alegria, a quem tanto essa criança esperava. O furo da faca fere firme, forte, fundo. Fixa, puxa e abre da barriga até quase o peito e parece que não tem jeito, é a norma. Entendamos que norma e normal tenham origem na mesma palavra, tudo o que é norma é normal? Por quê? Sei lá se por coincidência, rima com 'igual'. Isso é bom ou mau? Por mais que a métrica poética não favoreça, prefiro as rimas 'anormal', 'ideal', ou até diferente, mesmo que não mereça nomeação condizente.

Hoje, pra resumir a história, quando o passado, a glória, a memória, a honra, a vitória, só não quero redigir mais enredo. O futuro dá medo. E não que se deva fugir dele; ao contrário, o certo é encará-lo, mas, se achamos que algo não será bom, podemos evitá-lo. É direito fugir da norma, mas sempre ronda e põe limites na caminhada, mas outra mão será trilhada. Como o mundo não vai melhorar, não quero ser responsável pela humanidade (?!) continuar... se destruindo sem pensar!

Tem algo estranho... e errado

Em terra de Sarney, de deputado gay, que compra decorativo pro gabinete em forma de cacete e o faz com o seu tutu. Agora que ele morreu, peque o penduricalho, em forma (você sabe de quê) e enfie no baú.

Tem gente tirando de milionário e tudo é com seu salário, bando de otário, que vota no salafrário, que ganha seu honorário com banca de empresário que controla o operário, aumentando seu horário, reduzindo o salário, faturando o seu diário e, sem dúvidas, como já disse, te tirando de otário.

Política é legal, interessante. Políticos é que são uma bosta. Cambada de pilantras que roubam na caruda. Na cara de de pau ou mascarada. Sabe aquelas máscaras usadas como surto da gripe A? Mas, não tem nada. Há de melhorar. Tem que acreditar. 2010 chegou. Vieram as eleições e elegemos o Tiririca. E ainda dizem que pior que "tá", não fica...

Somos poesia

Somos uma poesia
Um conjunto de frases
De ideais e pensamentos
De reações e sentimentos

Versos são os caminhos
Guiam toda nossa vida
Em prosa ou musicado
Somos poema inacabado

domingo, julho 11, 2010

Destino a traçar

Esses dias, ando aflito
Tenso e bem agoniado
Como se tudo fosse o fim
Mas, parceiro, não é assim
Sei que não é infinito
Disso estou convicto
Ainda insisto no planejado
Nem tudo é controlado
Já basta minha vida,
Cada hora e minuto
Que desgasto e não reluto
Por me tornar tão bitolado
Em não perder tempo
Falo de tempo, não de momento
Momento, entendo, é aproveitado
Sentido, gozado
Como se, aí sim, fosse o fim
Mas, reforço, não é assim
Nem tanto lá, nem tanto cá
Não vivemos só prazer
Vivemos para exercer
Papéis para se ver
Não em peças teatrais,
Mas, nas relações sociais,
Nos dias banais
E escolhemos o caminho
Acompanhado ou sozinho
Distante ou pertinho
Tal o vento no moinho
Que a poeira espalha
A cada dia uma batalha
A cada monte, nova forma
Conduzida pelos efeitos
Ventanias, sol e lua
Por falar nela, como estava bela
Quando acordei e a vi
Fininha, minguante
E nesse exato instante
Foi que me dei conta
Do quanto antes o sol desponta
De ansiedade já sofri

terça-feira, junho 29, 2010

É certo ser errado...

Desde pequeno me ensinaram
A ser um menino correto
Meus pais e avós me educaram
Os caminhos do errado e do certo

Mas hoje, vejo o inverso
O certo é sempre punido
Independente do critério
O errado, sempre aplaudido

Na escola, me tiram da sala
Consegui o que eu queria
Comportados ficam na aula
Eu, de boa, na diretoria

Até agüento uma bronquinha
Em casa, ouço um pouco mais
Sempre ouvi que não convinha
Desagradar meus pobres pais

Esse exemplo é só o primeiro
De infinitas incoerências
Que eu, como brasileiro
Arco com as consequências

Para quem comete um crime
Para quem procria a rodo
Criam-se leis para o regime
Que prejudica o resto todo

Quem erra tem benefício
Quem trabalha, se dá mal
Quem se esgota em sacrifício
É quem paga o pato na real

É proibido daqui e dali
Não pode sob pena, reclusão
Não roubei, não matei, não bati
Para mim sobrou punição

Quem trampa e todo dia dá duro
Paga imposto no arroz e de renda
E o destino da verba, obscuro
Não se discute, pagamos a prenda

Criminosos descansam ao sol
Têm quartinho, campo e bola
Escolhi não entrar nesse rol
Sendo assim, a lei me esfola

Nas cobranças financeiras
Socialmente, sou bem cobrado
Para não cometer besteiras
Para não cometer pecado

A sociedade diz que é sacanagem,
O governo sustenta o vagabundo
Leis dão mais poder à pilantragem
O que é certo? Eu me confundo
Sou condenado: de ficha limpa
A um ser imundo...

segunda-feira, junho 28, 2010

Sentimento estranho

Diferente o que senti
Abri a gaveta, azul vesti
Poderia ser amarelo
Ou outra cor da bandeira
Seleção Brasileira
Um sentimento novo
Novo não, de novo
Decidi me juntar ao povo
E torcer pelo Brasil
Confesso, ia na contramão
Por falta de identificação
Pela fraca representação
Real da nação
Pela criticada convocação
Ou até pela escalação

Primo pela coerência
O técnico também
Criticam a sapiência
Capacidade, inteligência
Sempre ficará aquém
Sempre haverá alguém
Pra falar mal, pra falar bem
E não sei de onde vem
Esse sentimento contrário
De torcer pro adversário
Soberanos nesse quesito
E mais ainda, acredito
Seremos mais pra frente
Sendo, mais ainda, coerente
Nacionalista que assumo ser
Como posso torcer
Pro meu país perder?

Desde o tetra, não torcia
Em 98, como eu ria
No penta, nada sentia
2006, que alegria

Resolvi então mudar
Até o Dunga vou apoiar
Engraçado a gente cornetar
O cara ganhou tudo
E ainda vai deixar mudo
Assim como o anão
Muitos faladores de plantão
Pois o Mestre não foi Dengoso
Tantos ficaram Zangados
Deixou o treino misterioso
Nada Feliz, os revoltados
Que perderam a Soneca
Dormiram preocupados
Faltou o Atchim, agora sim
Todos estão citados

Não pretendo me equivocar
Cometer ufanismo imbecil
Em ídolos, vou me inspirar
Nem sempre são do Brasil
Por eles, vamos vibrar
Sentimento maior, doentio
Nosso amor pode representar
A saudade de quando partiu
Pela porta poderá sempre entrar
Foi um símbolo e não fugiu

Clube, time, agremiação
É muito maior a paixão
É a nossa seleção, opção
Razão, amor, emoção

Temos craques noutro país
Alemães e japoneses
Nos co-irmãos, na raiz
Alguns viraram portugueses

Só lamento a debandada
Rumo aos sonhos de criança
Bola leve ou pesada
Faz o gol da esperança
Faz defesas, pedalada
Da torcida, confiança

Será que ainda veremos
Uma Seleção do Brasil?
E não Seleção Brasileira
Craques por quem torcemos
Cada um, com sua bandeira
Aí sim, ostentaremos
No nosso peito, cada estrela

Como o tempo passa...

Esta noite sonhei
Com um dia no passado
E, confesso, acordei
Um tanto emocionado
Daquela tarde, lembrei
Vi o quanto fui errado
Um amor, desprezei
Erro tolo, equivocado

Mas, os anos passaram
Quatro, exatamente
As lembranças voltaram
De um dia tão presente
Os jogos continuaram
A vida seguiu em frente
Confrontos se retomaram
Como a vida é recorrente

Passou, voou, não apagou
Passado nem sempre esquece
Tudo o que o peito carregou
Refletimos o que acontece
Um sentimento que rolou
No coração não padece
Fisicamente, se acabou
Na lembrança, não perece

O passado, revivemos
Conseguimos lembrar
Do prazer que tivemos
Hoje é só lamentar
Um amor, concebemos
Não pode continuar
Um período sofremos
Mas não vou me enganar

Esse erro foi só meu
Sim, assumo, sem temor
Quanto tempo já se deu
Que perdi o seu calor
Pois senti-me no apogeu
Quando tive seu amor
Restou memórias: você e eu
Arrependido, relembro a dor

quinta-feira, junho 24, 2010

Amarelo

Amarelo é ouro
É sol, luz do tesouro
Quando se abre o baú
É a cor que reflete
Ilumina o sorriso
Surpreso do pirata
Ou daquele que descobre
O que tanto procurava
O que vasculha,
O que desbrava

A cor não é só dourada
Pode se fosca, apagada
Mesmo assim, destacada
Viva, incendiada
Também é muito utilizada
Para representar o país,
O calor, nosso fervor
De alegria, de festeiros
Amarelo representa brasileiros
Não só pela seleção
Mas pelo clima tropical
De nossas praias, calorão
Desse país do carnaval

Amarelo é o apagão
Não o branco da memória
É pipocar na missão
É falhar na ação
É temer situação
É não ter reação
É amarelar, omissão

Amarelar pode ser falhar
Acender ou clarear
Parece contrariar
Conforme a forma que usar

Vai do seu critério
Ou o tom do amarelo
Cabe a nós, aproveitar
O amarelo que escolheu
Qual amarelo sou eu?
Qual amarelo vou mostrar?

quarta-feira, junho 23, 2010

O samba vem de lá

O samba vem de lá
De onde a gente é mais “da gente”
Inspiração é mais latente
A poesia é inerente
E o improviso é tão fluente
Só o coração quem compreende

O samba vem de lá
De onde a noite intermitente
Relata o dia de batente
Qualquer problema que enfrente
Ou o amor que está ausente
Dor de saudade tão presente

O samba vem de lá
De onde o som é popular
De lá o canto a ecoar
Desde a tristeza a festejar

O samba vem de lá
E quero aqui representar
Que nosso som vem se expressar
O amor ao samba declarar

Do samba
Que reflete a sociedade
Que transmite a felicidade
Turbilhão de viver na cidade
A lamúria sem choro que invade
Sentimento, lamento, vontade

quarta-feira, junho 16, 2010

Pra frente, Brasil

Enquanto as viaturas forem mais equipadas
Reforçadas, renovadas
Que as ambulâncias ultrapassadas
O Brasil não vai pra frente

Enquanto crianças imploram um pão
Gastamos com fogo, míssel, missão
Somos um pólo de corrupção
Essa porra não vai pra frente

Enquanto a escola for toda fudida
Uma empresa for tão protegida
Sua rua depredada, destruída
Essa bosta não vai pra frente

Enquanto sucessos forem descartáveis
Forem as gostosas insuportáveis
Músicas podres, intragáveis
Essa merda não vai pra frente

Enquanto a lei proteger bandidos da sociedade
E não o contrário, que é a realidade
Forem beneficiados pela maldade
Isso aqui (nem fodendo) vai pra frente

Enquanto paramos tudo por futebol e novela
Participamos e vemos lixo na tela
Pra única merda que você tem (a vida),
você se esconde, fecha a janela

Jamais essa porra toda vai pra frente
Enquanto livros forem coisas mais que antiquadas
Enquanto nossas mentes forem sujas privadas
Enquanto continuarmos a estampar risadas
Que cacete! Não dá pra imaginar que essa terra vá pra frente

Enquanto imperar preconceito de raça ou caráter sexual
Enquanto raciocinarmos o mesmo ou menos que um animal
Enquanto crimes se justificam com problema mental
Vão todos tomar no cú, o Brasil não vai pra frente

Sou desinformado, fiquei sabendo de um tal auxílio presidiário
Alienado que sou, esses filhos da puta ganham mais que o mínimo-salário
E somos nós que pagamos, em outros filhos da puta votamos,
Somos mesmo um bando de otários

E acreditamos que esse país, com tudo isso, ainda vai pra frente
Mas, está melhorando, vamos crer nisso, sou paciente
Vamos lá (só em época de Copa mesmo), vestir verde e amarelo,
Vamos mostrar (só em época de Copa do Mundo mesmo)
que tenho orgulho em ser brasileiro, que torço pelo Brasil
Não deve ser a toa que nossa nacionalidade rima com puteiro
E o país, com puta que pariu

sábado, junho 12, 2010

Namorados

Namorados
Ficantes
Casados
Amantes
Relações interessantes
Um tanto intrigantes
Diferentes de antes
Relações inconstantes
Parceiros variantes
Paixões por instantes
Por corpos excitantes
Cios incessantes

Namorados
Relação rara
Apaixonados
Não só a tara
Envolvimentos mudaram,
Melhor, desestabilizaram
Só os que se apaixonaram
Juntos continuaram
O futuro, idealizaram
Uma família, imaginaram
Não desistiram, conservaram
Bons conceitos, assimilaram

Namorados
Uma união
Amados
No coração
Namoro é reflexo de amar
Não é um simples gostar
É se envolver, se entregar
É de prazer, se acabar
É na tristeza, consolar
Nos problemas, ajudar
Alegrias compartilhar
É parecido com casar

Namorados

Em anel
São casados
Sem papel
Um no outro, acreditamos
E um minuto que passamos
Uma história, eternizamos
Mês a mês presenteamos
As chatices que aturamos
Os prazeres que gozamos
Às vezes que choramos
Porque, acima de tudo,
Nós amamos e nos amamos

quinta-feira, junho 10, 2010

Maduro Futuro

Voz grave e macia
Um tanto madura,
Porém o tempo
Pareceu não passar
A firmeza ainda perdura
Força em cada palavra
Sobriedade no tom
Imagens foram lembradas
Ai que saudade do vô
Ah, como isso é bom

Lembrei de algumas passagens
Momentos ficaram guardados
Em dias, anos passados
Naquela noite, relembrados
Revividos, rememorados
Ao ouvir uma canção
Os parabéns tradicional
Entoar daquele senhor
Meu tio, meu tio-avô
E teve outros parabéns
Diferente do conhecido
Que por nós foi admirado
Por todos foi ouvido
E, de coração, muito aplaudido

Como me deu certa inveja
De toda aquela maturidade
Trocaria fácil pela minha idade
Admiro a experiência
Adquirida pela vivência
Não tem estudo, não há ciência
Que explique, que transmita
Uma idade tão bonita
Reconheço a estranheza
Em preferir a velhice
Ao invés da juventude
Mas a vida traz beleza
Como se o amanhã previsse
Sobra sabedoria na atitude

E com tudo isso
O corpo também acusa
Aponta a ação natural
O efeito do tempo cruel
Dores são algo normal
As marcas, levamos pro céu
Cada marca, uma história
Cada passo, uma lembrança
Cada dia, uma glória
Quando volta a ser criança

Brinca sem tanto pudor
Tem malícia, mas disfarça
Finge que não tem
Por vezes, até acreditamos
Pois disfarça tão bem

Sabe brincar com limite
Sabe não extrapolar
Sabe ser maduro, experiente
Sensível, de admirar

Anos que se passam voando
E memórias se acumulando
E eu, tolo, fico pensando
E eu? Duro até quando?
Essa era teve qualidade
De vida, de épocas louváveis
Outras condenáveis
Mas, dessas se leva o lado bom
A sobrevivência a regimes
Péssimos, tristes ou sublimes
Que, ao resistir, aprendeu
E por mais que sofreu
Conseguiu... Viveu

Ah, como eu queria
Ter visto tantos marcos
Na história desse mundo
Ou só do meu país
Tanto faz
Teria um passado feliz
Por ser um berço, uma raiz
Um ser bastante inspirador
De alguns jovens por aí
Que vezes, ouço repetir
No meu futuro que há de vir
Quero lembrar o vovô
Quero ser como o senhor!

terça-feira, junho 08, 2010

Sub

Subsolo, submerso
Um mar de lixo
Todo lixo que geramos
E como cães, enterramos
Escondemos e continuamos
A produzir mais lixo
Será que só produzir?
Ou até ingerir?
Só que não para por aí

Por conseqüência, aterramos
O futuro deste atual presente
Somos moleque inconsequente
Que não olha pra frente
E com essa atitude
Esse lixo de atitude
Reflito sobre os resíduos
Sobre nossa produção
E sob nossa produção
Fica a sobra da produção

Toneladas nos caminhões
Espalhadas em galões,
Sacolas, garrafões
Quanto desperdício...
Mas é um sacrifício,
Uma tortura, um suplício
Economizar é difícil
Porém, precisamos
O ar que respiramos
Respiramos naquela...
Poluição, cigarro, fumaça
Inspiramos por tabela

A mídia apela
Pede preservação
Campanhas de reciclagem
E ao mesmo tempo,
Poucos segundos, diria
Deixa que escorra pela pia
Toda essa hipocrisia
Desconstrói a teoria
Com o apelo mais forte
Compre, adquira, consuma
Use, descarte
Compre de novo, use, descarte
Produtos lixo,
Frágeis, nada duráveis
Que garante a renovação
O investimento na produção

Contraditório tudo isso
Compre, gaste, use mais
e gere menos lixo
Ao ver o lixo aterrado
Fiquei sufocado
Pelo ar, pelo mau-cheiro
Pelo gás que inspirei
E acredite, me inspirei
Em pensamentos, voei
Aos redores, pensei
Em quem respira aquele ar
Como deve ser?
Deve a boca amargar,
A saliva secar
e sentir o gosto
Da terra, da poeira
E como sonhar sob o pó
E como viver sobre o lixo?
E como ver lixo sobre você?
Apoiando a montanha
De casas, pessoas, famílias
De lixo, de barro, tudo no sub
Sub-terra, sub-casas, sub-vidas
Sub-ar, sub-vivência
Sobre futuro e sonhos
Todos aterrados
Sobre nossa consciência
E estamos parados
Sub-sapiência

terça-feira, junho 01, 2010

Gol da África

Gol, esse é o grito que mais queremos ouvir
Na primeira copa do continente africano
Queremos amigos e parentes reunir
Pra trazermos mais um caneco esse ano

Chaves, grupos, favoritos, classificação
Gols, defesas, esquemas, marcação
Amigos, churrasco, cerveja, vibração
Patriotismo exercido pela Seleção

Vestimos a camisa, a armadura guerreira
Torcemos por craques com a bola no pé
Honramos o país e balançamos bandeira
Vamos rumo ao hexa, agradecendo Pelé

58, 62 e 70
94 foi o tetra, 2002 veio o penta
Na torcida, milhões, uns cento e noventa
O Brasil mete medo em todos que enfrenta

Somos os maiores vencedores, os campeões
A Itália tem quatro, a Alemanha com três
E colecionamos algumas decepções
Nosso maior temor é com aquele francês

Palpites na convocação e no time titular
Não queremos só vitória, queremos golear
Não queremos 1 a 0, um show queremos dar
A estrela do hexa já está pronta pra bordar

Craques campeoníssimos, nossa esperança
No gol, na defesa, no meio e na frente
Tem alguns que vão sob a desconfiança
Tem alguns que a torcida não consente

África do Sul, México, Uruguai e França
Na primeira fase, a anfitriã já dança?
Resta a torcida, com total desconfiança
Que baita azar, desequilíbrio na balança

O título fica na América ou vai pra Europa?
Além de nós, tem a Fúria e os Hermanos
Seria sensacional, histórico pra Copa
Se a taça ficasse com os africanos

O que resta ao mundo é torcer
Pelo fim das guerras, pra paz vencer
Que o passado triste possa esquecer
Pro continente prosperar e aí crescer

segunda-feira, maio 31, 2010

Selva africana

Faltam onze dias pra bola rolar
A Copa do Mundo vai começar
E começa no dia onze
Onze que faltam
Com mais onze
Que é o dia que começa
Somamos vinte e dois
Pronto, só falta o apito
Vuvuzelas e o grito
De gol, de xingamento
De alegria ou de lamento
E na África, de dor
Pelos campos minados
Que explodem carros
E pernas desavisadas
Que depois de amputadas
Não param as peladas
Com bolas inventadas
Com barbante amarradas
E muletas improvisadas

Pensamos no país-sede
A África do Sul
E por falar em sede
Lembro de sede e de fome
Onde a pobreza consome
Violência também se destaca
Quando não se defende, ataca
Guerras e ações terroristas
Aterrorizam os turistas

Solidariedade aos africanos
Às girafas, elefantes e leões
São assim nossas visões
Uma espécie de floresta
Mas a Copa trará festa
Alegria em cada filmagem
A miséria não é paisagem
Vamos mostrar o selvagem
Esse lado é o que fascina
Quando se para e raciocina
Tem que mapear, ter cuidado com a mina
Que mata, assassina
Os inimigos, elimina
Essa seria a sina
De uma nação assustada
Acuada, revoltada
Nesse mês, empolgada
Com a corneta empunhada
Vão fazer uma zuada
Um tanto quanto animada
Só que quando a Copa acabar
O que vai sobrar?

Assisti ao documentário
A bola é para Todos
A solidariedade do futebol
E fiquei pensando
Será que a bola-sol é para todos?
Seu brilho é para todos?
E fiquei me questionando
A alegria de ganhar a bola
Sem nem ter roupa pra vestir
Ter o fardamento da peleja
É possível distinguir
Os de muleta e sem muleta
É triste, tem campinho assim
O futebol é o que importa
Tem craque que nem tem pernas
E teve aquele de perna torta
O futebol é a melhor porta
O caminho de saída
De uma terra destruída
A estrada para a vida
Pra ter sossego e comida
Não muito sossego
O preconceito ainda cerca
O africano, o nego
Mas isso se concerta
É só marcar gol, fazer jus à raça
Que preconceito se esquece e passa
Negro toca música ou joga bola
Seja brasileiro ou de Angola
Ou qualquer grupo de quilombola
Fora isso, isola! Entra de sola
O crime de racismo assola

Copa da África 2010
Dez? Não!
Onze. Uma nação.
E para azar da seleção
Do país anfitrião
Um tabu quebrarão
Na fase de classificação
Virá a eliminação

Campo minado e campo de jogo
Em ambos, precisa poder de fogo
De artilharia e esquema tático
Enquanto há um povo fanático

Disfarçamos, olhamos pro lado
E começo a ficar preocupado
África do Sul, insegurança e fuzil
E a próxima é no Brasil.

sexta-feira, maio 28, 2010

Proposto... Imposto

Começa um novo dia no Congresso
Reuniões, discussões e sanções
De leis, impostos e outras ações
Há interpelações, intervenções
E mentirosos aos montões

E por que não dizer ou se esquecer
De escândalos e mensalões?

Somos bobinhos de tudo, espertalhões
Feito os Três Patetas ou Trapalhões
Pagamos tudo sem reivindicações

Votos daqui, votos dali, imposto
Próximo projeto na ordem do dia
Mais votos daqui, mais votos dali, mais um imposto
Imposto mesmo, sem pedir opiniões
Danem-se as reclamações
Imposto, taxa, cobrança, desprezo,
Mau atendimento, ignorância, estupidez
Tudo isso, todo dia, de uma vez
E pagamos tudo, tudo o que gastarem
Desde viagens aos cartões corporativos
Pagamos passagem e hospedagem
Afinal, seus impostos provisórios se tornam definitivos

Próxima votação do dia:
Comecemos a votar (secreto) de novo
Decisão: mais um imposto pro povo
Pro povo não, no povo
Desculpe, não enxergo os resultados
Nem a aplicação de cada centavo
Por meio ano, sou escravo
Trabalho pra pagar o governo
E pra seu governo, trabalho bastante
Pra sustentar o governante e às vezes, sua amante
Sigamos a diante; por mais que não adiante,
Insisto em ser relutante

Quase cinco meses inteiros, oito ou mais horas/dia
Pagando em prestações e, mesmo assim,
Sem escapar do imposto do imposto
Aquele de renda, renda que entra e sai
Direto pro cofre, pro tesouro nacional
E ai de mim, se não cobrir com esse custo
Serei cercado a qualquer custo
Quer ou não, concordando ou não se isso é justo
E justo nesse mês, maio, no finalzinho
É que lembro que há uns 10 dias, para ser preciso, 2 a mais
Há doze dias, se celebrou o dia daquela assinatura
122 anos atrás, a princesa assinou e os escravos libertou
Abolição da escravatura, daquela vida dura
De chibatadas e de exploração pura
Mas, será? As chibatadas viraram impostos
O trabalho foi registrado e aquele salarinho pra pagar moradia
Comida, saúde e o patrão
Mudou de receptor, mudou de mão
Agora cai direto na conta, na cueca, na mala, na meia
Disfarçado com gravata, sem deixar de ser ladrão
E, não mais como antigamente, em caráter de prisão
Esse chefe escolhemos; chamamos isso de eleição

quinta-feira, maio 27, 2010

Família

Complicado falar de família
Mais complicado ainda é a própria família
Convivência, desavenças e também confiança
Quando nascemos, trouxemos esperança
Dependemos dela a nossa sobrevivência
Sob o afago do lar e da segurança

Família tem seus entreveros
Brigas, tretas até feias
Mas o sangue que corre nas veias
Os diferenciam de terceiros

Pai, vô, primo, madrinha, cumpadre, irmão
Mãe, vó, cunhada, genro e o triste sogrão
Nora, sogra, tanta gente dividida até em grau
Tem os infiltrados; tem gente a dar com pau

Família conhece os defeitos e aponta manias
Também, são tantos boa noite e tantos bons dias
Dias, tardes, madrugadas de cumplicidade
Que protege e atende a toda necessidade
Um ciclo unido ninguém invade
E, na mínima distância, se transforma em saudade
Construção, teto e muros de privacidade

Apoia, aconselha, esbraveja no erro
Mas o grito qual seja não vaza paredes
Não pula o muro para a casa vizinha
Pra não criar buchicho de qualquer picuinha
Sabe aquele burburinho, aquela fofoquinha?
“Sabe quem ta grávida? Aquela mocinha...”
“Sabe o rapaz do 79? Eu ouvi que é bichinha”

No entanto, nada como ter alguém pra contar
Quando houver problema pra solucionar
Quando tiver histórias pra compartilhar
Quando quiser um ombro pra desabafar

Irmãos. Graças a Deus, tenho os meus
Sou até meio desnaturado, reconheço
Tenho dois que nem conheço
Mas, tenho mais do que mereço
Gêmeos de papai e gêmeos de mamãe
Quatro em duas levas e tem mais quatro por aí
Perdidos, espalhados pelo mundo
Ouvi dizer que desses dois que não conheci
Tem um rapaz e uma moça, não sei a fundo
Nem sei o nome, pode ser qualquer Raimundo
Carlos, Paulo, Felipe, Rafael, Edmundo
Sei lá, o da menina então, nem se fala
São mais irmãos que poltronas na sala

Porém, se o assunto é proximidade
Tenho dois, que te confesso a verdade
Não podia escolher melhor raridade
São parceiros, meus brothers, irmandade
Nesta semana, atingiram a maioridade
Além dos parabéns, puros e simplórios
Quero neste poema, deixar registros notórios
De um sentimento que envolve esse laço
Que não cabe em palavras, talvez num abraço
Que nossa história se estreite a cada passo
Reforce tudo o que podemos fazer
Sendo irmãos e companheiros até morrer,
Não importa a ordem que eu venha a dizer
Meus parabéns a Cauê e Luan
Ou parabéns a Luan e Cauê

quarta-feira, maio 26, 2010

Invicto

“Graças a Deus, todos os que eu votei, sempre ganharam. Nisso, sempre dei sorte”. Juro que ouvi isso há alguns dias. E, mais ou menos, uns 10 dias depois, veio à lembrança esta fala. Em seguida, surgiu a seguinte pergunta: “Eles ganharam”. E você? Ganhou também? Pelas condições que apresenta, parece que não.

Sou pé quente na eleição. Sempre depositei meu voto no campeão, ou melhor, no eleito. E, sei lá, sinto-me mais no direito, já que o ajudei a elegê-lo. Mas, como cidadão ocupado que sou, já fiz minha parte. Votei. Agora, cabe a ele cumprir o que prometeu e o motivo pelo qual mereceu meu voto. Tem aqueles que chegam a ser devotos. Independente da corrupção, no próximo pleito, não tem jeito, vota no mesmo cidadão.

Tem uns que vêm aqui em ano de eleição, pedem votos, dão uma ajeitada aqui, outra ali, mostram-se interessados e que estão olhando para esses lados também. Conseguem a confiança de um vizinho ou outro que, no dia certo, se lembram da visitinha e com sua carteirinha, aquela eleitoral, saem às ruas em procissão e exercem sua conquista democrática de escolher o governante. E, secos pela lei, após o voto, é festa.

Dia de eleição parece dia de comemoração. E é. A “festa da democracia”! Será que, dessa vez, vou acertar quem vai ganhar? Esse é o intuito do meu voto. Ganhar. Vencer junto com o candidato escolhido. Vencermos juntos: ele, eu e o povo. Não voto em derrotado! Depois da apuração, vamos tomar uma para comemorar. Agora pode!

Daqui dois anos tem mais eleições, mais visitinhas e mesmo com todas as dificuldades do dia a dia... ah, isso não importa. Dou sorte, voto em quem ganha.

terça-feira, maio 25, 2010

Idiota

Sou um idiota
Ainda me emociono
Com sorrisos e imagens
Com palavras e mensagens
Com meras homenagens
Com canções e paisagens

Sou um perfeito idiota
Porque ainda acredito
Que a violência cessará
Que miséria não haverá
Que a fome acabará
Que o humano evoluirá

Sou um completo idiota
Porque ainda insisto
Em acreditar na educação
Em sonhar e ter ilusão
Em ludibriar minha razão
Em votar pro bem da nação
Bobagem. Voto em vão
Só pela obrigação...

Sou um grande idiota
Pois ainda me iludo
Em tornar mais real
Um futuro ideal
O extermínio do mal
E a paz mundial

Sou mesmo um idiota
Porque ainda choro
Mesmo que por dentro
Por assistir a uma criança ler
Por ajudar alguém a aprender
Por ver absurdos e me conter
Por não ter nada a fazer

Sou um idiota de verdade
Porque ainda idealizo
Uma escola adequada pro desenvolvimento
Uma família com moradia e alimento
Uma realidade pacífica sem sofrimento
Um planeta onde o respeito esteja a contento

Sou realmente um idiota
Eu ainda boto fé
Que às injustiças, reagiremos
Que amanhã não aceitaremos
Que com promessas, nos enganemos
Que felizes, um dia, seremos
Torçamos e oremos,
Se não mais tivermos, morremos.

segunda-feira, maio 24, 2010

Ser Mulher

Ser mulher é acordar
E primeiro se preocupar
Como está sua aparência

Cedinho logo se arrumar
Um bom café preparar
Com amor e paciência

É tentar não se atrasar
Com pressa disparar
Trabalhar com eficiência

Quando pensa em voltar
Na escola vai passar
Está cumprida a sequência

Preparada pra guerrear
A bolsa vai arrumar
A mais pronta assistência

Maquiagem pra embelezar
Espelhinho pra se olhar
Beleza com excelência

Uns remedinhos pra sarar
Tudo consegue ajeitar
É questão de sobrevivência

Sabe de tudo para confortar
Sabe a vida administrar
Com maestria e experiência

Ser mulher é ter coração
Agir mais pela emoção
Não importa o que houver

Consegue preterir a razão
A favor, em prol da união
Venha a desventura que vier

É chorar por desilusão
É se entregar a sua paixão
Pôr todo o amor que puder

É ter o poder da gestação
Ser mãe, a consagração
Faz o bem onde estiver

Prepara toda a refeição
A mestre cuca do fogão
Improvisa o que tiver

És a maior inspiração
Pra poesia e canção
Além do esforço que fizer

Desde a costela de Adão
Foi a maior premiação
É tudo que o homem quer

Amor, carinho, proteção
De nós, receba a gratidão
À perfeição do Ser Mulher

quinta-feira, maio 20, 2010

Contido, perdido

As lágrimas, segurei
Por dentro, chorei
Mix de ira com revolta
Dor, indignação
O que vejo à minha volta
Machuca meu coração

Tenho que prender, conter
E não mais sofrer
Quando ouvir um relato
A notícia de um fato
Violento, brutal, criminoso
Contra quem for
Será que é falta de amor
Ou de uma fé no religioso?
O motivo, desconheço
Sei que chego a chorar
Só por imaginar
Como seguir a vida
Fugir de bala perdida
Fugir de pessoa perdida
Fugir de uma história perdida
Fugir de um futuro perdido
Fugir desse mundo perdido
Fugir do meu eu perdido
Fugir do amanhã perdido
Fugir de um minuto perdido
Fugir de uma hora perdida
Fugir da minha vida
Sei lá o que é vida
Tenho que me esconder
Pra não ser alvejado
Por isso, estou indignado
Puto, revoltado
Com crimes ao meu lado
Sou inimigo ou aliado?
Estou cercado
Passou um tiro do meu lado
É melhor sair vazado
Ou serei o resultado
Mais um contabilizado
Morto, assassinado
Tem horas que reflito:
Será que sou eu o errado?

Hoje estava até sorrindo
Também por futilidade
Quando ouvi a verdade
Fiquei refletindo
Repensando, discutindo
Com meu dia conflitante
E nesse exato instante
Vi o quanto é discrepante
A dura realidade
Que dia a dia vai seguindo
Em frequência mais constante

E cada gota que arquivo
Na gaveta da amargura
É um processo, o motivo
Pelo qual beiro à loucura
Cadeia de gotas salgadas
Além do sal, são amargas
Ácidas, venenosas
Procuro remédio ou cura
Vacinas intra-venosas
Que ponham fim à secura
Às dores que o olho atura
Com receitas medicinais
Olhos não veem mais
A dureza de fatos reais
Preferem visões duvidosas
Ilusões mentirosas
Para não se abaterem
Não sofrerem
Não sentirem
O medo e a dor do vizinho,
Do seu próximo ou parente
Ou da próxima vítima
Do próximo peito ferido
Do próximo choro contido
Do próximo eu perdido

segunda-feira, maio 17, 2010

Virada, cultura, show e o que quiser

Milhões de pessoas na rua. Avenida São João lotada, em pleno domingo. Lentidão, na velocidade de um passo. E é isso mesmo, a pé. Não era nenhum protesto, passeata ou coisa do tipo. Era a Virada Cultural.

Esses milhões estavam em bandos, excursões, grupos, tribos casais ou até... sozinhos (?!). Em cada palco, uma arte. Algumas delas, reconheço, sou ignorante no assunto, mas a Virada é isso mesmo, cultura pros mais diversos gostos. Também tinha tanta coisa!

Quando soube da Virada, não hesitei. Recorria à programação do site, destaquei minhas preferências e fui me juntar a esses milhões. A minha, foi bem eclética, garanto. Programação em mãos, roupa leve e tênis confortável para aguentar as caminhadas de um palco para outro e assim cumprir o cronograma de acordo com as atrações que escolhi. Deu tudo certo, como planejei. Vi tudo o que eu queria. Pena que algumas eram no mesmo horário e em palcos diferentes. Pena mesmo.

Diversidade de estilos, acessórios das roupas, tribos, características físicas, nacionalidades, cores, opções sexuais e de gostos artísticos, claro. Todos num mesmo espaço, curtindo a mesma música, o mesmo som, o mesmo ambiente. Curtindo a Virada Cultural.

A principal conclusão que cheguei foi que, apesar de sermos a cidade com maior diversidade cultural e artística, ainda somos carentes nesse quesito, visto que em um evento como este, milhões de pessoas foram ao encontro de tudo isso, só que de forma gratuita. Não somos uma população desinteressada; sem condições, talvez. No entanto, não pode haver prova maior que cultura e arte está no nosso sangue, só falta ser mais acessível.

Foi indescritível o prazer que senti em caminhar no meio da rua em uma das maiores e mais importantes e movimentadas avenidas dessa grande metrópole. São Paulo mostra ao mundo nesse evento que tem, não só durante a Virada, um rosto, um sotaque, um Estado, um país em cada esquina.

Parabéns, São Paulo e Obrigado pela Virada Cultural. Até a próxima.

sexta-feira, maio 14, 2010

Saímos e concluímos que...

Passo a passo saímos
Em grupos nos unimos
Subgrupos dividimos
Pelas ruas prosseguimos

Rotas e rumos definimos
Estreitos becos exibimos
Luzes, câmera e sorrimos
Nada novo e persistimos

Os monitores, seguimos
Alunos, meninas e meninos
E assim nos conduzimos
E a cada passo refletimos

As dificuldades que sentimos
As histórias que repetimos
As questões que discutimos
E os problemas, redigimos

Descemos escadas, invadimos
Muito equilíbrio e não caímos
Depois de tudo só concluímos
Que soluções não atingimos

Entrevistamos, arguímos
Aos nossos próximos, pedimos
Ideais e motivação induzimos
Incentivamos e construímos

Valoramos o que produzimos
Mas é triste quando decidimos
Que está tudo errado e não agimos
Mas também não consentimos

Com tudo o que nós vimos
Nossos corações contraímos
Mesmo assim, nos ferimos
Somos fortes e resistimos

“Dinheiro e saúde”, exigimos
Em voz e eco, nós ouvimos
A educação, preterimos
Será que com isso suprimos?

Junto a isso, coincidimos
A estrangeiros, traduzimos
Explicar, não conseguimos
Como vivem irmãos e primos

Fé e Deus, são os arrimos
O provedor do que ingerimos
Junto às promessas, digerimos
Ainda votamos, nos iludimos

Sei que beleza, nós possuímos
Em músicas, reproduzimos
O mundo, nós aplaudimos
E nas telonas, nos assistimos

Com muito orgulho, exibimos
Não cabe em filme, resumimos
“O dia em que reagimos”
Ou “Percebemos que existimos”

Se for terror, por vezes, rimos
Gargalhadas, nos divertimos
Com Brinquedos Assassinos
Porém, se for suspense, dormimos

quinta-feira, maio 06, 2010

Futebol e razão: impossível missão

"Hoje tem jogo, tem futebol", já cantou o Grupo Fundo de Quintal. Tantos outros já interpretaram o tema também, com tamanha propriedade. Tem músicas pros zagueiro, pros goleiros, pros craques, enfim, até pro juiz. E nem é xingando o cara...

No país do futebol, não onde ele nasceu, mas onde ele melhor se desenvolveu, todo torcedor é um estrategista de primeira. Tinha que tirar o fulano, porque ele, no encaixe deste time, não desenvolve uma função tática adequada; tem garra, mas, precisa melhorar o lado defensivo e tal... Bla bla bla, bla bla bla... Amante de futebol manja muito, sempre mais que o técnico, principalmente o da Seleção, independente de quem seja.

Ninguém gosta de futebol. Ou ama ou odeia. Acho difícil acreditar que qualquer torcedor que tenha seu clube de coração aceite, indiferente, derrotas, vexames e títulos. É vergonha ou festa geral! Dizem que o amor é cego; e eu completo: cego, surdo e tonto!

Não parece muito inteligente, nem normal, um cidadão que sai para assistir a qualquer coisa, por pior que ela seja, que este pague caro para ter em troca conforto e respeito nenhum. É, no mínimo, burríssima essa ideia. Mas, como diz outra canção: É o amor...

Muitas vezes defendi meu amor pelo esporte bretão com a alegação que um homem, no decorrer de toda a sua vida, só não troca de time. Mudanças acontecem no campo amoroso, profissional, financeiro, de moradia, de todas as partes; mas, de time, jamais. O que nos entristece, muitas vezes, é o risco iminente com uma inocente e despretensiosa ida a um estádio de futebol.

Já parou pra pensar que, em pleno domingo ou em plena quarta-feira, mesmo tarde da noite, deixamos nossas famílias e, tal como guerreiros, nos dirigimos ao nosso campo de batalha e nos julgamos importantes naquele exército que formamos ao redor do campo e acreditamos empurrar o time para as vitórias. Doce ilusão... O pior: nosso lado racional sabe disso. No entanto, amor não se escolhe! Agimos irracionalmente em prol de... sei lá o quê

Criamos ídolos, símbolos de superação, exemplos para nossas vidas. Simplesmente pelo cara defender nosso time. Loucura, contudo, futebol é isso. Copa então, é a hora do mundo parar. Nações se unem, a guerra dá uma trégua, pelo menos, durante os 90 minutos. Que poder tem a bola!

Apaixonados pelas peladas, esquecemos a data do niver de mamãe; a escalação de todos os tempos ou de idos títulos, nunca. Datas, lances, jogadores e detalhes, em hipótese alguma. Quando chega o Mundial então, vestimos amarelo. Saímos às ruas, com walk ou discmans, ipods, acompanhando tudo, pensando nas chaves, nos placares e chutando os resultados e próximos desafios que, claro, venceremos; somos os penta, os melhores, os imbatíveis, somos o Brasil sil sil! Tabelinha no bolso, anotamos, jogo a jogo, quanto foi e, por toda a áurea que vivemos nesse mês, somos os maiores entendidos e interessados no assunto.

Escalamos, convocamos, xingamos, choramos, rezamos, abraçamos e vibramos. Muito! Muito mesmo! Há quem discuta e discuta com entusiasmo, com a bandeira do clube ao lado da cadeira ou com o escudo na camisa ou na pele ou até com imparcialidade. Ãhn? Imparcialidade? Mentira deslavada. Não dá e, para nós, sempre os comentaristas estão a favor do inimigo, nunca são imparciais. E o pior: todos pensam assim.

Com nossa extensa experiência (de torcedores), somos revolucionários e inventamos esquemas e formas para sermos imbatíveis. Cada um tem a sua e todos estamos certos. Futebol é isso!

quarta-feira, maio 05, 2010

Ontem, 04 de abril de 2010, 73 anos sem Noel Rosa

Eu, com apenas 25, sinto saudades. Um poeta que de Tipo Zero não tinha nada. Era um Bom Elemento, mas não Devo Esquecer que se intitulou Rapaz Folgado. Mentir não era muito seu hábito. Quanto às acusações, o título de Malandro Medroso também não lhe cabe.

Um poeta como Noel não deixou dúvida, nem É Preciso Discutir, resta-nos apenas deixar Cordiais Saudações ao malandro. Malandro não! “Malandro é palavra derrotista, que só serve pra tirar todo o valor de um sambista”. Apesar de sua tenra idade compôs algumas Ingênuas canções, mais de cem. Um A.B.Surdo para a idade! Você, por exemplo conhece alguma destas?

Pena, pena mesmo ter-nos deixado tão cedo. O Silêncio de um minuto serve como homenagem, mas Agora, quase tudo que se faça, mesmo tantos anos depois não será suficiente para suprir a falta de Noel para o Brasil e, claro, pra música brasileira. Ensinou aos poetas desde o A.E.I.O.U., e Nunca... Jamais o esqueceremos. Se a sorte me ajudar, Estamos Esperando, Pela Décima Vez, novos Palpites. E só surge Palpite Infeliz e João Ninguém. Precisa-se de uma Estátua da Paciência para procurarmos e, raras vezes encontrarmos por aí sambas como o dele e Conversas de Botequim. Ando cismado...

O maior castigo que te dou, ou melhor, que ele nos deu, foi ter partido e será que foi ele que organizou a Festa no Céu? De Qualquer Maneira, Deus Sabe o Que Faz. Não digas que sou do contra, tenho até Positivismo, mesmo sendo esta evolução (?!) do samba O X do Problema, sua Filosofia e seu Feitiço são uma Vitória para todos que amam a poesia, a música, o país e o samba.

No filme Noel, o Poeta da Vila, seu pai lhe diz que faz um verso a cada vez que tosse. A tuberculose foi cruel e levou Noel ainda novinho, muito novo, com apenas dois anos a mais que tenho hoje. E nos deixou tanto, encantou o Coração de toda uma época; e de uma época 70 e tantos anos depois. Não tem tradução o que sinto quando ouço um violão, cada acorde e palavra de suas canções.

Envio essas mal traçadas linhas, Para o Bem de Todos Nós, para que reforcemos suas lembranças e hoje poder apenas decidirmos Com Que Roupa iremos à Esquina da Vida e com Feitio de Oração cantarmos Noel e cada verso de seus sambas.

Desculpe-me o atraso para nascer, mas mesmo assim, Prazer em conhecê-lo e Até Amanhã, seja lá quando for.

terça-feira, maio 04, 2010

Até quando?

Até quando?
Vou ficar justificando
Desculpas inventando
Pra não ficar pensando

Até quando?
Continuo subestimando
Vou ficar me enganando
Falsidades criando

Até quando?
A vida vou levando
Com impunidades machucando
E a ira vai guardando

Até quando?
Não fico olhando
À espreita, disfarçando
O vidro fechando

Até quando?
Vão ficar perguntando
Direi que está mudando
Fico só esperando

Até quando?
Vou ver tudo passando
O calendário virando
E o relógio andando

Até quando?
Vou ficar cronometrando
Segundos vou contando
Mas a vida está voando
Relógio fica disparando
Correndo, atropelando
O que está nos cercando

Até quando?
Ficam questionando
O poder do comando
No poder, vão transformando

Até quando?
Vou ficar optando
Bandidos em bando
E lei nos obrigando
Mantenho-me votando
Meu poder executando
E depois me envergonhando

Até quando?
Ficam homenageando
Os discursos empolando
Aos pobres, doando
E a mim, enganando

Até quando?
Verei miséria onde ando
Sonho com povo sonhando
E a fome acabando

Até quando?
Vai ficar imaginando
Que está se informando
Que pro mundo está ligando

Até quando?
Palavrões fico gritando
Se tem jogo rolando
E depois fico julgando

Até quando?
Regras vão modificando
Conforme vou desejando
Conforme vou concordando

Até quando?
Vou ficar adequando
Respostas elucubrando
E viver me conformando?

Até quando?
Uma criança vem indagando
Por que estou estudando
Se o sucesso é rebolando

Até quando?
A TV ficará mostrando
A seu favor vai opinando
E a notícia direcionando

Até quando?
Meu coração vai suportando
Explosões vou segurando
Vou ficar me revoltando

Até quando?
Vou ficar idealizando
Se estamos aceitando
A vida que estão nos dando

E vamos sorrindo, vamos cantando
Até quando?

segunda-feira, maio 03, 2010

Tô nem aqui

Jornais (em qualquer mídia), informes, livros, revistas e tudo o mais. Nos tempos atuais, fica muito fácil saber de tudo. Política, tecnologia, celebridades e claro, muito futebol. Lembrando que falta pouco pra começar a Copa do Mundo, pouco mais de um mês. Legal! Como sempre, somos os favoritos. Vai, Brasil!

Voltando ao lance de se informar. Os informativos diários são excelentes narradores de nossa história, nossa vida e nossa realidade. Parece até um seriado que acompanhamos, com ansiedade, cada capítulo. Pena que, ultimamente, só temos duas opções: suspense ou terror. Mas, comédias e romances às vezes aparecem para dar uma aliviada nos pesados e tensos episódios jornalísticos.

Boa noite! Acabou o jornal, agora vamos reunir a família para assistir à novela. Beleza! O mais novo, já com sono, começa a ensaiar o primeiro cochilo. Os outros dois, os primeiros bocejos. De quarta, depois da novela tem um futebolzinho pra dar uma relaxada e, nos outros dias, vamos rir um pouco para termos boas lembranças do dia e bons sonhos. Benhêêê, trancou a porta? Pôs o lixo na rua? Beijo de boa noite, (smack!) e até amanhã.

Bom dia, amor! Acorda as crianças! Criançada, se arruma pra escola rapidinho. Vou dar uma sapeada no jornal. Mais um dia começa, os fatos começam a acontecer. Trânsito, pequenas colisões, mais um motoqueiro acidentado na marginal, dia de sol com probabilidade de chuva no final da tarde. Faróis fechados. Malabarismo de limões ou bolinhas de tênis, independe o horário. Trocado aqui, trocado ali. Mendicância, abusos, crimes violentos e fome. Chegando ao trabalho, rola aquele stress habitual, mas vai... Passa o dia. Ou melhor, meio dia. Hora do almoço. Pra quem tem, né?
- Hora de almoço?
- Não!
- Almoço mesmo.

Satisfeito, a volta ao trabalho já começa na contagem regressiva para o final do expediente.
- Seus filhos ainda estão na escola? Será? Esqueceu deles? É por que não os ama?
- Não; os amo mais que tudo. Não os esqueci. Já estão em casa com a Cida, que cuida deles.

É perigoso vacilar com pessoas que não são de tanta confiança assim. Babás que não gostam de crianças. Professores idem. Mas são poucos, dentre muitos; contudo, tem alguns. Vai que dá o azar... Tem até pais que maltratam... Cuidado também com os loucos, doentes, estupradores e pedófilos por aí. Cuidado mesmo!

Passam as horas de trabalho no período da tarde. Seis horas. Final do expediente. Happy Hour? Talvez. De vez em quando. Mais um dia chegando ao fim. Ao retornar pra casa, feche bem os vidros do carro e não relaxe nos faróis. É perigoso.

Já em casa, olhe bem ao guardar o carro e preste atenção ao movimento na rua. Querida, cheguei! A frase da era dos dinossauros (Família Dinossauro) é praxe na chegada. Beijo de oi. Cansaço e, nada melhor que um banho enquanto sai a janta.

De banho tomado, jantar à mesa, comida para todos e com variedade, jantemos. Criançada, pra sala! Deixa a mamãe arrumar aqui. Deixa eu ver o jornal: desgraça (assassinatos), desgraça (acidentes no trânsito), desgraça (discursos políticos), alguma coisa de razoável pra boa. Intervalo. Desgraça (crimes absurdos que indignam a população, envolvendo crianças ou idosos), desgraça (atentados ao nosso bolso), desgraça (leis que nos prejudicarão ou qualquer outra ignorância social, seja ela bruta ou não). Intervalo. Mais algumas desgraças (guerras e mortes em série por acidentes de proporções gigantescas como, por exemplo, relacionados a fenômenos naturais); e, para encerrar, alguma notícia leve e geralmente, positiva. Boa noite!

Benhêêê, vai começar a novela. Depois, o humor ou o futebol e, no final de semana, vamos sair um pouquinho pra relaxar.

Como posso ficar alheio a esta estagnação e não me indignar com tudo o que ocorre a minha volta e, se vejo, finjo não ver? Se não vejo, é porque não quero... Não consigo ignorar tudo isso! Infelizmente. Mas, vai melhorar...

- Benhêêê, cadê o controle remoto da TV?

sexta-feira, abril 30, 2010

Queria...

Alienação:
Indiferença às questões
Políticas ou sociais
Uma das definições
Do dicionário Houaiss

Infelizmente não fico alheio
Nem tenho a pretensão
Pois estou bem lá no meio
De uma alienada população

Não sou de todo antenado
Visões críticas não faltam
Tento ao máximo ficar ligado
Muitas vezes, os nervos saltam

Afeto-me com absurdos
Banalidades corriqueiras
E quando guardo, fico mudo
Morro aos poucos, pelas beiras

Crimes ao longe me consomem
Vão lentamente me destruindo
Esperanças dia a dia morrem
Com tudo o que acabo ouvindo

Queria ouvidos indiferentes
Ou conseguir umas respostas
Ter mais atos incoerentes
E pros problemas dar as costas

Ser mais crente nas pessoas
Em espíritos ou divindades
Botar fé nas coisas boas
E desprezar adversidades

Queria crer que Deus existe
Que tudo vai se resolver
Mas a cabeça só persiste
Participar e me envolver

E por isso, sofrer...

sexta-feira, abril 23, 2010

A questão é quando...

Sempre ouço por aí
Tal coisa é pecado
Isso e aquilo é errado
Sou sempre julgado
Vivo réu e culpado
Mas por Deus, perdoado

Mas nem tudo é assim
Tem atos imperdoáveis
Terríveis, condenáveis
Proibições sustentáveis
Por dogmas inabaláveis
Regras bem questionáveis...

Leis só para proibir
Ações humanas racionais
Chamam de crimes brutais
O aborto, entre muitos mais
Causam polêmicas sociais
Indignam os tradicionais

Revoltam um povo fértil
De ideias e de gestações
Sempre as prevenções
Foram melhores soluções
Para nossas frustrações
Resolvem mais que correções

Claro, quando se pode corrigir
Nem sempre é fato viável
Por isso, sou favorável
A prevenir o desagradável
Pra que não seja degradável
Em um futuro indesejável

Temo mais o que está por vir
Drogas, armas, tiros e morte
Precisamos é muita sorte
Pra que o aborto vivo e forte
Não nos mate, não nos corte
Prefira a paz, a vida suporte

Amanhã triste, infeliz
Para três será uma tortura
Enfrentar outra vida dura
Divisão de tempo e mistura
Enquanto a miséria perdura
Reproduzimos na loucura

Maluquice de fazer rir
Cadê meu direito arbitrário
De cessar um passo contrário
A não procriar proletário
Num sistema de cota e horário
Nasce mais um... Funcionário

segunda-feira, abril 19, 2010

Trabalhar...

Terrível mesmo é acordar
Chega a me angustiar
Abrir os olhos e pensar:
Tenho que trabalhar!
Há quem vá argumentar
Pior seria procurar
Posso até concordar
Mas, é de amargar
Sem prazer, se ajeitar,
Banho e café tomar
E, de casa, pilotar
Até onde vou dedicar
Muitas horas vão passar
Minha vida vou gastar,
Meu dia, desperdiçar
Produção pífia de desprezar
E quando o dia acabar
Volto para o lar
Cansado, me preparo pra deitar
E descansar
Quando o mês acabar
Um salário vou ganhar
Mas, tenho que controlar
Não dá pra esbanjar
As contas vou pagar
E o que sobrar...
Sobrar?
Pare de ironizar!
Não dá pra guardar
Ao contrário, tem que usar
Pra se sustentar
Só isso, nem dá pra planejar
Investir, aplicar
Dinheiro, melhor nem falar
Gostaria de melhorar
Ter prazer, me motivar
E, todo dia ao despertar
No espelho vou parar,
Roupa e cabelo arrumar,
E, mesmo cedo, me aprumar,
Sorrisos estampar
E ver a vida andar
Não como um fardo a pesar
De outra forma analisar
Quero sim, trabalhar
Não sou de vagar
Sem ter metas pra alcançar
Só quero ao elaborar
Qualquer plano que idealizar
O caminho a rumar
Mas, hoje, sem ter medo de errar
Foi muito duro levantar
Enquanto eu não mudar
Tenho que aguentar
E resistir sem chorar
O peito chega a apertar
Mas, sou duro de tombar
Vou resistir, me estruturar
E esse dia vou lembrar
De um passado pra apagar
E quando eu sair e voar
Quero satisfeito me esticar
Para enfim relaxar
Do cansaço nem quero escapar
Mas quero me orgulhar
Que meu dia a labutar
Não foi inútil, de dispensar
E sim, ter coisas para mostrar
Fiz isso e aquilo sem me estressar
Sei que percalços vão me cercar
Obstáculos atrapalhar
Independente, vou enxergar
Mais cores onde eu olhar
Felicidade há de chegar
Quando o sol no quarto entrar
E com prazer eu levantar
Para me entregar...
Para trabalhar...

quarta-feira, abril 14, 2010

Fórmula poética

A mim foi proposto um desafio
Explicar meu gosto por poesia
Como escrevo e me inspiro
Como cada ideia surgia

Só aí que me atentei
Tentei chegar à conclusão
Tem horas que eu nem sei
Às vezes, vem da sensação

Tudo que me causa efeito
Em palavras, é o desabafo
E cada verso alivia o peito
À angústia ponho fim, acabo

Temas, fatos, sonhos, loucura
Viagens físicas, imaginárias
Tudo em minha mente conjura
Para fluírem, sem rotas contrárias

Principal mote para escrever
É olhar a fundo a vida da gente
Cada detalhe e seu redor perceber
Frustrações, prazer ou meio ambiente

É desenvolver um simples relato
De amor, solidão ou revolta
É captar no momento exato
E expor o que está a sua volta

É rimar (ou não) acontecimentos
Observar o cenário das cenas
Românticos ou até violentos
Rimas quentes, até obscenas

Improvisações se formam poemas
Canções são poemas na memória
O poeta é um transmissor apenas
Um redator conhecedor de histórias

Essa é a forma que serve pra mim
Tentar destrinchar com primazia
E a poesia não pode ter fim
Pois amanhã começa outro dia...

terça-feira, abril 13, 2010

Habitat natural do sonho

Era uma vez, um país onde todos têm bom humor, todas as pessoas sorriem o dia todo pela felicidade da vida por lá. Fartura é o que não falta. De tudo, se tem muito. Água à vontade, diversão sem limites, atrações que convidam gente do mundo inteiro para nos conhecer. E o clima então, perfeito!

Este país não é só um dos maiores, é também um dos que mais tem esperança e confiança que, mesmo tudo estando muito bom, ainda há de melhorar. Nessa terra sonhada e vista como um dos mais queridos e promissores pólos mundiais, os representantes são pessoas boas, falam bem e representam, de forma fiel, a sociedade.

A ânsia por alcançar a perfeição é tão grande que, quando o povo de lá tem o poder de escolher seu representante, seu rei, todos, sem exceção vão ao local que constrói o futuro da nação (a escola) e exercem, com plena consciência sua força e sua garantia legal de escolher sua majestade. Nossas crianças têm seus probleminhas, mas a educação está preparada para resolvê-los. Escolas realmente capazes de preparar e fazer a manutenção de toda a estrutura que já temos e, futuramente, seremos mais eficientes e eficazes ainda.

Cumprida sua missão, retorna ao seu digno lar com sua grande família e acompanha o que acontece no mundo em notícias bem claras, concisas, imparciais e realmente boas e de seu interesse. Sonhar não custa nada... ah, ia me esquecendo, por falar em custo, lá os impostos são corretamente aplicados em seus devidos desígnios. E nada se esvai, garante o rei e sua escolhida corte. Como honestidade e respeito aos seus súditos são suas principais virtudes, não há por que desconfiarmos.

Espiritualmente, somos incomparáveis. Cada um com sua seita, sua religião e todas com seu Deus, sem preconceitos e condenações de qualquer parte. Livres por lei e por todos os critérios a se avaliar, conscientes de cada ato, com respeito também às diferenças étnicas, de opção sexual ou outra qualquer. Esperançosos, religiosamente cultos, politicamente coerentes e informados, perfeitamente éticos, moralistas com razão e tradicionais por excelência. Uma sociedade excelente

Você já ouviu falar de algum país que seja tão perfeito? Gostaria de viver lá? Você sabe como se chama esse país? Brasil... sil... silllllll!!!

Somos felizes, somos a terra da alegria, a terra da esperança, o país do futuro, nosso rei é “o cara”. Os anteriores e os próximos foram e serão também. Estamos no foco do mundo. Todos amam o Brasil, somos os bem humorados, rimos de tudo; afinal, tudo é tão bom por aqui. Recentemente temos sofrido com catástrofes ambientais, mas, com toda nossa união e poder, faremos os reparos e esqueceremos até de procurar os responsáveis... Somos felizes... Punição? Deixe que Deus a dê da melhor forma. O julgamento também.

Pensemos que em um conto de fadas, com reis, rainhas, príncipes, princesas, castelos, sobra-nos apenas duas opções de papel: o mais ralé dos plebeus ou outro, que combina até mais com nossa cara. Repleto de cores na vestimenta, alegrando toda uma corte, motivo pelo qual os nobres riem o tempo todo, herdaremos o papel de bobo da corte. O que acham?

Toda essa lenda só será confirmada se sobrevivermos à fartura: de câmeras que nos seguem, de mentiras que aceitamos, de impunidades que colecionamos, de crimes que assistimos, de punições que aplicamos, de condenações que demos, de julgamentos que fizemos, de ações que não tivemos, das vezes que nos julgamos informado, das vezes que acreditamos num amanhã melhor, dos dias que resistimos a tudo isso e à água, que ainda não chegou ao topo da minha torre para me matar. Enquanto isso, assisto, de cima, a meu país crescer, mesmo que seja boiando, assim como nossa vida e nossa consciência.

segunda-feira, abril 12, 2010

O que é pior?

Sinceramente, fico sempre em dúvida e um tanto receoso em estabelecer comparações entre algo ser pior que outra coisa; ou melhor, quem sabe. Essa incerteza é resultado de fatos que nos enchem de indignação e de raiva pela impossibilidade de ações que possam reverter o que nos incomoda.

Em um país cada vez mais violento e cada vez mais vulnerável a revides ambientais à nossa falta de cuidados, ao nosso ataque descontrolado ao nosso próprio futuro e ao nosso próprio bem, os problemas não são poucos e, para um futuro próximo, não aparenta qualquer ameaça de atitudes para solução dos mesmos. Este é o Brasil.

Crimes cada vez mais brutais nos indignam por algumas horas. Passadas estas, esquecemos; e outro tal qual, semana que vem, não nos causa qualquer efeito. O que é pior que a pedofilia? O que é pior que a impunidade? O que é pior que o crescente e desenfreado consumo de drogas por todas as classes sociais? O que é pior que dar direito a voto para presidiários? O que é pior que mortes de torcedores indo ou vindo dos estádios? O que é pior que maus tratos a idosos? O que pode ser pior que maus tratos a crianças? E o que pode ser pior que políticos como os nossos?

Revoltante é assistir a discursos políticos. Aos berros, proclamam suas benfeitorias, suas críticas e ofensas aos adversários e convencem os cidadãos de sua falsa intenção em fazer algo em prol de seus eleitores. A máxima que qualquer generalização é burra, nesse caso, não aplico. Políticos me dão nojo, mais que qualquer animal, por mais asqueroso que seja. Idem a esses profetas, são esses pastores de rebanho, que tocam o gado para a rota que querem. Geralmente ao seu favor, independente de qual seja esse lado.

Ódio e revolta estão cada vez mais constantes em nossa vida; junto também, alienação. Parece contraditório, mas não. Somos sim um bando de alienados. Assistimos ao jornal e depois, qualquer outra trama ou bobagem e esquecemos tudo. Até nossos jornais nos batem, batem, espancam, dão um soprinho e, depois, voltam a nos violentar com mais sangue, pancadas e tiros aos borbotões. E o pior, recebemos cada crime, cada violência, cada notícia da forma que nos é conveniente saber. Analisamos o fato em si, fora de um contexto.

Em 2009, não me lembro o mês, ouvi a seguinte notícia: Menino de 16 anos mata menino de 3 anos e o coloca escondido na casinha do cachorro. Brutal. Assassino. Sem coração. Crápula. Nojento. Bandido. Maldito. Vamos à conjuntura do fato: esse rapaz de 16 teve o pai morto pela mãe, que cometeu o crime em prol de um novo relacionamento... com uma mulher. Esta nova companheira repetiu a dose, matou a mãe do garoto. O que é pior? Culpemos o garoto pelo crime? Claro. Porém, qual a visão que esse jovem teve e terá em sua vida? Mais um preso ou não mais, é a solução de um poço de desgraças e de uma impensada procriação.

O que é pior, hein?

sexta-feira, abril 09, 2010

Intolerância, violência, ignorância...

Recentemente percebo mudanças
Uma intempestiva intolerância
Reagimos na ignorância
Em fatos de pouca importância

Perdemos o controle de situações
Em meras e pífias ocasiões
Cada vez mais, afloradas emoções
Enervam-nos a ponto de explosões

Nosso limite está mais restrito
Por nada, me estresso, me irrito
Depois de tudo, paro e reflito
Que extrapolei, admito

Tal qual uma química reação
Nosso poço de solitária lotação
Na cidade que já foi a solução
Hoje, iminente risco ao coração

Ataque, derrame, disritmia
Precisamos sobreviver o dia a dia
Num inferno onde impera hipocrisia
Mortes banais à revelia

Ignorância leva ao fato violento
Armados pra qualquer contratempo
O vier e bater, eu enfrento
Mato e bato sem ressentimento

Um fato qualquer faz reagir
Ofendo, agrido, até ferir
Da guerra, não vou fugir
Sou forte, se me atingir

Também rotulo-me intolerante
Preparado a qualquer instante
Um arsenal auto-falante
Palavras, metralhadora possante

Precisamos discutir a violência
Muitas vezes é a penitência
Por ações de inconveniência
É a devolutiva, a resistência


Talvez esse desabafo vá resolver
Toda ira que eu possa trazer
E fui obrigado a conter
Em poesia, prefiro dizer

Sei que só há de piorar, encurtar
Nossa gota a se derramar
Mas, a vida não dá pra voltar
E a fórmula da paz criar

Revolta, intolerância, violência, resultado
De cada cidadão iludido, indignado
Crimes impunes, e o governante safado
Dão-nos a sensação que está tudo liberado

A raiva e o ódio estão mais aparentes
Na rua, em bares, com nossos parentes
Sistemas mais nervosos e até doentes
Mas ainda sorrimos, mesmo sem dentes.

segunda-feira, março 29, 2010

Ter Tempo

Hoje tive tempo de ver o sol
Mas, às vezes, não dá tempo
ou o tempo não colabora,
porque fecha o tempo
e o sol vai embora.
O tempo é a hora,
que às vezes demora a passar;
em outras, parece voar.
Às vezes, nos perdemos no tempo;
outras, perdemos tempo
Tem horas que nem dá tempo
de fazer essa reflexão
Pra falar bem a verdade,
quase nunca dá tempo
Mas, para certas coisas,
arrumamos tempo,
não porque o multiplicamos,
mas porque o administramos
e controlamos nosso tempo e nossos planos
Priorizamos.
Às vezes, erramos na prioridade
Quando percebemos,
lamentamos os minutos que perdemos

Não consegui terminar esse texto no mesmo dia que comecei. A partir desse parágrafo escrevi em outro dia. Por quê? Simples, não deu tempo.

Um seriado de TV me fez refletir sobre o tempo. Como é viver o dia inteiro e tudo o que fazemos em função do tempo? Até nossa diversão é cronometrada, tal como uma competição olímpica, quando milésimos de segundos fazem a diferença.

Separamos horas ou quartos delas para nosso lazer
e consideramos esse tempo gasto à toa, em vão
Discordo da denominação,
julgar que tempo de diversão
não é tempo útil
e chamar de tempo em vão
Prefiro chamar de tempo de realização
Ou melhor, tempo de vida;
e não hora perdida, como dizem.

Esse é o tempo ganho, vivido
Tempo com trabalho é tempo vendido.
E baratinho, baratinho...
Tempo, minutos, hora,
pra ontem, pra já, para agora
Tudo é assim,
parece que a corrida contra o tempo não tem fim
Mas tem sim, quando o tempo acabar pra mim...