quinta-feira, maio 21, 2020

Canções e Versos de Amor


O Compositor
O poeta
O escritor
O contador

Eles são as marginais de uma metrópole
As vias de caminhões pesados
E de motos velozes
Eles são a fiação da energia
Que recarrega seus Androids e Ipods
Que mantêm sua geladeira fria
Da lata, o primeiro gole
O combustível que move

Uma palavra bem colocada
Um acorde bem arpejado
Faz o cupido acertar a flechada
Traduz a dor de um amor acabado

Eu assumo que ainda reluto
Falar de romantismo, de casais
Considero-me um ignorante absoluto
Nesse tema, incapaz
As palavras de mim, parecem falsas
Não soam reais

E as canções?
Essa é minha música, aquela é a nossa...
Enquanto percorre a extensão do seu rádio de frequência modulada
Um mundo de notas
Num segundo são cantadas
Timbres, tons
Pelo locutor
Anunciadas, desanunciadas,
Dedicadas

Tem horas, parece que está falando da gente
Popular, então, muito da gente,
Quem escreve, canta, toca, dança, é da gente

A sua vida amorosa pode chorar de saudade, de tristeza
Pode se identificar
Pode se espelhar na beleza
E a lágrima molhar
Seja uma moda sertaneja
Uma lua de mel em Veneza
Um violão e aquela canção pra todo mundo cantar
A mim agrada mais um banjo oco, seco, sem muito ressoar
Um surdo ou só um repique de mão
Mais um pandeiro pra percussão,
Mesmo no fundo vazio de um bar.

Uma Medalha e um Porta-Retrato

Perto do Dia das Mães, ano passado
Te dei uma medalha e um porta-retrato
Ainda está na sua estante
Mas, não está o mais importante
O significado

Aquela manhã de domingo
Eu levantei cedinho e corri 10K
Pra que, no final,
Eu pudesse fazer um vídeo e te mandar
Pra que você pudesse se orgulhar

Se estivesse aqui, de corpo presente
Certamente me desmentiria
Que nada disso precisava
Pra ter orgulho do seu mais velho
O seu mais velho sabe que você se orgulhava

Mãe, te peço desculpas se não me encaixava
Se minha chatice sempre interrogativa,
Questionadora, tanto importunava
Sim, sei disso, tenho consciência,
Só não sei se consigo e quero mudar

Você me ensinou que palavra não se dobrava
E o combinado precisava pagar
Recentemente, minha outra mãe foi te ver
A sua... e nunca mais voltou

Uma coisa eu posso dizer
Você dá o que aprendeu receber
Mãe e vó, entre nós, amor nunca faltou.

quarta-feira, maio 20, 2020

Novo Caderno

Não é por acaso que começo esse poema
Na 1ª folha de um novo caderno
Justo esse, justo hoje
De quinta pra sexta, madrugada
E justo nessa 1ª página pautada
Externo

Um conflito interno
Que quase me interna
Não foi preciso
A angústia que me consterna
Travou minha perna

Já depois do meio fio
Na rua, na beirada
Pouco passei da calçada
Via movimentada

E nada do transporte chegar
Pra me levar ao céu
Ou inferno
Nem sei onde ia parar

E parei

Quando lembrei do meu filho em casa
Chorei e retomei a caminhada
2019, era dezembro
Mal sabia o que me esperava
A saudade de mãe doía, machucava
E quando relembro
Sinto como se tivesse sobrado só eu

Não deu 10 meses
Mais um pouco de mim morreu
Quando o câncer venceu
Minha mãe deixou seu jeito alegre e extrovertido

Com minha vó, a despedida se avisava
E nada mais deu pra fazer
Só agradecer por tudo o que ensinara
Ensinara, no pretérito mais que perfeito
Mais que perfeitas elas foram
E com elas aprendi o melhor que posso ser
Até um cara boa gente
Mas, diferente do que cada uma esperava
Não é só metáfora, não
O caderno que usava, terminei
Este, onde crio estes versos
Começaram sem introdução
Mas, o que eu quero começar, eu sei

Como dizia Nelson Gonçalves
Não quero a tristeza cantando
“Aqui me tens de regresso”
Quero chegar no meu auge
Pra que eu me salve
Eu estava me entregando
Querer viver já é um puta sucesso

Que as próximas linhas tragam
Novas linhas de pensamento
Linhas de coletivos, de conduções
Ao conhecimento, ao reconhecimento
Às vezes afagam, às vezes esmagam
As nossas convicções
O nosso sentimento.

terça-feira, maio 19, 2020

Filho, deixa eu te contar...


Filho, no passado houve uma pandemia
Que matou gente no mundo inteiro
Teve um vírus que ninguém sabia
Como controlar, não tinha vacina pra aplicar
E a gente entrou em desespero

Todo mundo se ajudava
Mas, aqui no Brasil, a gente tinha um presidente
Que quanto mais o número de mortes aumentava
Mais ele ficava indiferente
Ou melhor, ele achava até graça e zombava dos pacientes

Mas, pai, como assim? Não teve votação pra escolher?
Teve, filho, mas, não sei como explicar, como te dizer...
As pessoas o escolheram pra colocar no poder
Mas, pai, você tá me dizendo que ele enganou todo mundo pra se eleger?
Bem, filho, não é que ele enganou
Ele sempre se mostrou que tinha esse jeitão
Mas, então
Pai, as pessoas o escolheram por quê?

Pois é, eu acho que isso eu posso te responder
Elas se identificaram com esse jeito de ser
Você tá me dizendo que as pessoas são más nesse nível
Pois é filho, por mais que pareça incrível
É a realidade
Se bem que pra falar a verdade, deixa eu te explicar melhor o que aconteceu
Nessa época esse cara que negava a pandemia
Mesmo com o tanto de gente que morreu
Mesmo com a dor das famílias que alguma dessas pessoas perdeu
Ele disputava com um partido que tinha ficado na presidência
O PT, liderado por um outro cara que era por muitos amado, mas por mais gente ainda odiado
Por quê?
Sabe aquele moço do jornal que a gente vê
Então, no passado, eles sempre amenizavam quando tinham que falar de um partido
Mas, quando era com o PT, o negócio era pesado
Não que não foi merecido, lá tinha um monte de bandido
Que muito dinheiro já tinha roubado
Mas, era bem definido
Que conforme o lado, era socado ou então acolhido

Mas, pai, deixa eu entender melhor o negócio da pandemia
Chegou um vírus e contaminou todo mundo?
Não, filho, foi se espalhando, no comércio, na rua, no transporte coletivo
Só que os médicos, enfermeiros, todos os órgãos que tinham poder decisivo
Explicaram que precisaria parar o movimento e só sair quem fosse médico pra dar atendimento
Quem fosse vender alimento, medicamento,
Quem entrega comida de moto, de bicicleta
Ensinaram, tardiamente, que a máscara era uma ação correta
Pra evitar o proliferamento

Mas, filho, o mundo sofreu com isso
A gente sofreu ainda mais por negar o risco
E nosso risco subia, subia
Mas, uma hora acabou e eu nem lembro bem como foi
Não lembro quantos morreram no final
Mas, uma coisa eu lembro
De todos os políticos que tivemos
Por mais corruptos que foram
E olha que a corrupção sempre foi geral, institucional
De proporção imoral
Não sei se pela pandemia aprendemos
Não acredito que as pessoas mudaram
Mas, esse, ficou num livro a parte
É bom que relembremos
Pra não fazer de novo igual
O nome desse ser nem é bom que falemos
Mas é algo que parece com boçal.

segunda-feira, maio 18, 2020

Onde quer ir?


Boa noite, começa o jornal
Fim da pandemia,
tudo liberado para voltar ao normal
Qual a primeira coisa que faria?
Quem primeiro abraçaria?
Para quem primeiro ligaria e combinaria um café?
Um chopp, sem aquele papo de “vamos marcar um dia”
E esse dia nunca chegava
Vamos ligar, marcar
e, na hora mesmo sair
Ouvir canções que gostava
Brindar, celebrar, se divertir

Só espero que tenhamos aprendido
Que relógios de pulso nos tiram a pulsação
Que esse tempo que ficou lá esquecido
A bateria pode até ter arriado
Ele no pulso ficava bonito
Do tempo te dava noção
Mas, fala se agora não é bem esquisito
Deixar ponteiros que giram
Serem os responsáveis por sua direção

Que os abraços sejam mais fortes, mais longos e apertados
Que os encontros, ao contrário, sejam mais folgados de horário
Que sua liberdade faça sentido
Onde quer ir? Onde apenas ia sem querer?
Quem você nem tinha percebido
Que a quarentena fez sentir
Fez você não esquecer

Reveja seu amor, sua mãe, pai,
Reveja-se no espelho
Faça a barba, as unhas, corte o cabelo
E, simplesmente, livremente vai!

domingo, maio 17, 2020

Não foi sonho


Sonhei que estava todo mundo em casa
Num tormento de uma pandemia
Quem dependia do que no dia ganhava
Estava com a geladeira vazia

As panelas frias, sem gás no fogão
Sem grana pra padaria, faltava até pão
E quando acordei desse sonho insano
Fui ler o jornal e vi que não sonhei
Tudo aconteceu
E a gente conheceu o ser humano

Quem ignorou e permaneceu
Como se nenhuma morte o abalasse
Quem contribuiu e engrandeceu
Pra que a comida não faltasse

Ao amigo que o sustento perdeu
Ao desconhecido de outra classe
11 mil, salvar a economia venceu
Como seria se a gente acordasse?

sábado, maio 16, 2020

Fogo à Parte

Ela, livre, querendo amar
Ele, amando outra mulher
Os dois se curtem na cama
Ele a devora em seus lábios
Até sentir ela contrair e relaxar

O breu no quarto
Ela exige, ele não quer
Ele quer vê-la em chamas
Num fogo que os dois acharam a temperatura
E ela chega lá em fartura
Em gritos de fazer inveja
Aos quartos vizinhos

A ele, ela parecia sincera
Em seu prazer declarado
Não para, de novo, vem vindo
Eles se travam nas pernas
Até ficarem largados, suados

Depois que o coração acelera
Deita-se em seu peito, que estava ao lado
Acende um cigarro
Minutos de silêncio
Tem início uma conversa
Enquanto o quarto se preenche
Com as músicas do rádio

Ela esperava a segunda edição
De prazer, putaquepariu, que tesão
Ele ousou tentar,
em vão

Ela foi ao céu muitas vezes, ele não
Ah, aquela canção, justo aquela
Fez pesar como se fosse traição
Fez repensar a condição

De um prazer que não se preza a chegar
Parecia uma vingança consciente
Da mente que, de repente, fez-se apresentar
Aquela música fez lembrá-lo de quem ama

Ela continuava ali, disposta
Exposta, mesmo à pouca luz
Esperava uma proposta
Demais capítulos, edições, continuações
Só que para evitar frustrações

Ela decidiu: paramos, não posso continuar
Certamente, vou me machucar
Ele consentiu, afinal
sua cabeça também estava em outro lugar

Logo após, se vestiram
Mais um pouco conversaram
Mais umas canções, ouviram
Valeu o tempo que se curtiram
Pagaram, saíram

Que ela encontre o amor
E que ele, bom... ele eu não sei
Ninguém precisa saber
As duas estradas vão seguir
Em vias paralelas
Canções continuarão tocando e eles ouvindo
Chorando ou rindo

Lamentando não verem o sol nascendo
Ou caindo pelo alcance da janela
Horizonte, destino não se enxerga

Vive-se, abastece-se de prazer e arte
Às vezes, só o corpo se entrega
Às vezes, a alma se apega
Esses dois podem e vão amar
À parte.

sexta-feira, maio 15, 2020

Traição

Só se fala em traição
Que a tentação provoca
E quando se cai nela
Pensando bem aqui
O melhor verbo pra combinar com tentação
É cair!

Muito mais comum de ouvir
Que seu antagonista: resistir
Em quantas tentações caíste?
No campo da conquista
Você é do que insiste?
E depois, descarte, despiste?

Porque o corpo contraria
E ignora o sentimento
O desejo que angustia
Queima por dentro
Um prazer de momento, avalia
Com quem quer começar o dia
E ouvir o boa noite sonolento?

quinta-feira, maio 14, 2020

Na Paixão e no Tesão

Cantores nas introduções
"Vamos falar de amor"
Ouvem-se melodias: teclas e violões
Repetitivos refrões
De um compositor

E quem nunca amou
Quem não sente saudade
Quem se decepcionou
Quem por paixão chorou
E ficou só na vontade

Os caminhos são conhecidos
Da nossa realidade
Peraí, realidade?
O que tem de realidade em apaixonar-se?
O olhar se... dilata
O chão parece que fica macio... cio...
A gente perde o fio da meada

E agora, por mais que eu dei pra falar disso,
Que nunca foi meu tema
Eu posso dizer
Eu falo só de passado, de anos
Talvez deles, mais que uma dezena
Mas, eu lembro de quando
Alguma vez eu olhava, desejava, pensava
E nada acontecia
Eu até me inspirava e escrevia
Sobre o desejo que aflorava
e logo arrefecia

Minha poesia foi ficando fria
Vazia de visões distorcidas
De amores, paixões, casais que se entreolham
No cruzamento de um trem
De prazeres que se forjam
Pensando no outro alguém
Senão o prazer não vem

Casais que se descobrem
Insaciáveis em dois corpos
Precisam terceiros, quartos, quintos, sextos
Todos em quartos distintos
Ou às vezes no mesmo

Prazer, paixão, ambos estão no olhar
Do ato do gozo que faz revirar
Na paixão, é o mundo que se põe a girar
A vista começa a embaçar
E a gente ainda nem saiu do lugar

Seja pernoite ou meia hora
O que importa é o compromisso
Esquece quem está fora
O compromisso do prazer combinado
Esse sim é proibido e liberado, tudo ao mesmo tempo

Pela pureza julgado
Os corpos jogados, acabados, extasiados, lambuzados
Com ou sem envolvimento
Eles se envolvem, se atritam
Dissolvem-se e gritam
Em ação, só fodem, se xingam
"Te amos" também podem, só não mintam

Com "te amo" não se brinca
Com desejo, orgasmo e cama
Pode ser pura diversão
A mais perfeita trinca
Melhor ainda quem se ama
Sem terceira relação

quarta-feira, maio 13, 2020

Meu Paladar

Uma voz marcada por acentos regionais
Que eu já imaginei em impuras condições
Que eu nunca poderei dizer, confessar jamais
Você nunca poderá saber
O quão bem sua presença traz
Quase a relevar minhas convicções

Farei esse poema o mais curto que puder
Diferente do brilho do sol em teus fios
Nem imagino se um dia você souber
Os meus profanos desejos
Em descobri-la como prazer em mulher
Tem horas que duvido se não passa de delírio

Na real, eu acho que te inventei,
Em detalhes, desenhei a forma corporal
Na oralidade te declamei, seu orgasmo derramei
Meu paladar saboreando seu corpo,
Feminino, escultural, uma obra linda ao natural
E, de repente, satisfeito, acordei
Só um sonho, um encontro, nem um pouco formal

terça-feira, maio 12, 2020

A Não-Paixão

Agora dei pra falar de sentimento
Minhas linhas sempre foram duras
Como as notícias ou o que vi nas ruas
Que eu olhava e a inspiração chegava
Isso é só um exemplo

Agora, olhando mais pra dentro
Não posso dizer que já me entendo
Certamente, estou me reconhecendo

Sim, eu saí do automático
Buscando aprender o funcionamento
Por que no passado, amei tanto
E após um triste encerramento,
Triste pra mim, exclusivamente

Eu não consigo chorar lembrando
Eu não consigo chorar nem quando
Duvido se é pra sempre

“Que o pra sempre, sempre acaba”

E por falar em músicas românticas
Ou de fim ou de saudade
Nada, nenhuma, nem um pouco me abala
Sinto até inveja, sabe?

De quem ouve uma música de amor
E chora, seja qual motivo for
Pela lembrança do cheiro da flor
Pelo tempo que deteriora

Os acordes tocam alto
As vozes o procuram
Às vezes, se destoam
Se ajeitam, se desculpam
As canções então se afinam
Os versos se combinam
Ao fim, rimam?
Talvez, não é certeza
O que é certo é que tanto tempo só vivendo
Parece que eu esqueci, perdi um vocabulário
Paixão é uma
Parece que fui esquecendo
Significados se perdendo

Se tudo isso,
Se o amor fosse um livro
O que teria no glossário?

Paixão, como eu falei, teria que ter
Ligações no horário mais alternativo
Parece que o tempo roda ao contrário na ânsia de rever
Aquele comportamento primário
Adolescente, incendiário

Em que tudo é pra vida
O grande amor da juventude
No mais perfeito cenário
Nessa idade, a intensidade convicta
Num tempo nada sedentário

Ilude, agora me fala
Você pode nunca mais se iludir
Mas, nunca mais se apaixona

Sinto, como se um dia, escolhi
Você nem precisa me ouvir
A não-paixão não decepciona
Isso eu posso te garantir
Mas, olha, tenho percebido que não vale a pena
Se apaixonar-se é um problema
Muito pior, o vazio de nada sentir

segunda-feira, maio 11, 2020

A Luz do Amor que é Cega


Eu nunca fui de falar de amor nos meus versos
Ultimamente, tenho usado minhas linhas
Até pra refletir, debater comigo
Se queremos nos sentir completos
Ou buscamos só reflexos
A luz é quem dá o sentido

De quem vem em sua direção
Se vem com nitidez e perfeita
Ou só silhueta
Ou a luz ilumina a partida
O adeus, a despedida
Fica a reflexão
A decepção
A ilusão repetida

Parece refrão de sucesso
Todo mundo canta e se emociona igual
E parece que a gente não aprende
Que o coração, é na invasão o acesso
O batimento debilita o racional

E com isso, a luz que define se é partida ou chegada
Deixa a gente cego
Será que aquela frase conhecida
Que o amor é cego pode ser repensada?
Há sempre aquela pessoa convencida
Que diz: à paixão não me entrego, me nego
Pego e não me apego
Essa, quando se vê apaixonada
É a mais, digamos assim, perdida, pra não falar palavrão

Pois, a cegueira na visão
É por essa luz encontrada
Numa trilha que estava e nem sabia
Numa contínua escuridão
Nem breu nem luz em demasia

“É preciso amaaaar”
Sabendo que tem amanhã
A mente precisa estar sã
Senão o que de melhor aconteceria
Pode apostar, o pior traria
A estrada apagada, de repente iluminada
Confunde a mão da via

Pode amar, até deve eu diria
Mas amar é saber olhar
Um simples farol não pode ofuscar
Enquanto guia
Sem rota ensaiada
Numa BR perigosa
Infinitos retões
Velocidade aumenta
Tempo diminui
Falo de retas e curvas sinuosas?
Estou falando de paixões
Antes de envolver corações
Deleitam-se em colchões
Os corpos, acalenta
O prazer flui
E fui ou ela foi
E fim.

domingo, maio 10, 2020

Virgínia

Tempo não te faltou
Pra nos ensinar
E agora que o tempo acabou
Não deixemos o tempo levar

As memórias do seu sorriso
De sua gargalhada
O tempo ideal é impreciso
Deus quem define a data

2020, 20 de abril
Mais uma manhã dolorosa
Sempre de manhã
Com mãe, soube de manhã
Que a noite não chegaria

Nunca uma manhã chuvosa
Deixaram a chuva pros nossos olhos
Contrariando a manhã que nascia
Despedimos com flores vistosas

Você, vó, foi nossa flor, foi o jardim inteiro
De sabedoria, de amor, primeiramente, à vida
Nessas ocasiões, vemos o quanto é costumeiro
Mesmo uma floricultura, sempre colorida
Ser muito mais procurada, quando é pra despedida

Dê mais flores nos vasos, por favor
Pois, assim estão vivas
Na terra, podem florescer
Precisam de sol e calor
Como as minhas manhãs tão sofridas
Nutridas de chuva ou do regador
Presentes em vida que possam viver
Meus avós e minha mãe, 3 almas unidas
Pelo menos nos meus sonhos, prometem vir me ver?
Protejam o Artur, pra evitar minha partida
Antes da gente se encontrar,
Esperem-no, pelo menos, crescer.


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Publico este poema no Dia das Mães,20 dias após a despedida de minha 'vózinha'.

sábado, maio 09, 2020

Azar no Jogo, o Amor é um Jogo

Azar no jogo, sorte no amor
Fiquei pensando nessa frase
Não sou exímio jogador
Em qualquer modalidade

Bom, pra falar a verdade
Nem de jogo eu gosto
Tira a Dama de Copas na sorte
Em ambos corações não aposto
A dama manilha, o rei é mais forte
A mentira é o gol desse esporte
Caiu na blefada eu não mostro
Foi o tempo que me ensinou o macete no corte

Sinto como se tivesse escolhido
Deixar o amor no “a gente pcisa marcá”
E sabe aquele “claro, vamos” que nunca vai chegar?
E não cola nem desculpa de “tinha esquecido”

Nunca fiz questão de estar amando
De sentir aquele nervoso de paixão
Eu sei que isso não é da gente calculando
Planejando, dá uns ‘estralo’ na visão
Palpitação e os cambau
O que eu quero dizer
É que nem lembro se já fiz questão de ter
Aquele amor, com musiquinha do casal
Sabe... acho que só nesse caso
Quis ser jogador profissional

A sorte não me acompanhou
Mas, deveria
Não me fez parcerias
Nas cartas ou no gol
Na caçapa cairia
A tacada é calculada
A jogada é fria
Diferente do amor

Eu escrevo poesia,
Mas, esse tema
Eu temo
E é um tipo de temor
Como uma precaução

Como se fosse possível prever
Mas, eu, se pudesse escolher
Não teria indecisão, e você?
Um amor de valor, o valor do sifrão
Qual pode mais te prender?
E o mais intrigante: sem qual preferia viver?

sexta-feira, maio 08, 2020

Fortalecidos Por Quê?

Vamos sair fortalecidos
Dessa pandemia
O que vier depois, será pequeno
Aprendemos a ser mais unidos
Em meio à agonia
E com isso, crescemos
Será mesmo?

Fortalecidos?
Sairemos em frangalhos
Alguns subnutridos
Muitos sem trabalho
O momento é decisivo
O isolamento necessário
Primeiro tento ficar vivo
Depois penso proletário

Eu, como jornalista, reflito
Meu verso noticiário
Quase sempre opinativo
É limitado ao temporário
O caos não é contemplativo
Faz mais sentido
Literal ou literário

Escrevo inspirado em jornal
Poesia do factual?
Estão na rede social
Os bolos de aniversário
Ninguém em volta
E assim será por um tempo
Sei lá quanto
Mas, pensei quando vi aquele bolinho
Em tudo o que diminuiu
O bolo, a festa, as reuniões
Os encontros, o preço da gasolina, do etanol
Em geral, do combustível
Nem tudo que pensávamos
era tão imprescindível

Enquanto se aguarda vacina
Se fotografa o por do sol
E aquele alaranjado incrível
No status do Whats ficou mais visível

Menores os bolos
Guardadas as roupas de sair
Pijamas na moda
Fome o dia todo
O sono parece fugir
Tá tudo, tudo mesmo, bem foda
Nem gosto de dizer que tá foda
Que foda é bom, tá uma merda
Dizia um amigo meu
Aprendi com ele essa forma
De dizer que tá ruim à beça
Foda não é a palavra certa
Mas vale dizer que FODEU!

Fodeu muito
Comecei falando que sairíamos fortalecidos
Todo mundo pensando que o pessoal está aproveitando
Pra fazer cursos, ler livros
O tal ócio criativo
Parece uma obrigação
Você só ter como objetivo
Seu ser profissional
Você pode ter seu ócio pra vida
Fazer nada, não ficar se cobrando, pensando

Peguei essa ideia com o Emicida
Em vez de criativo, o recreativo
Leia o livro se você quiser de fato
Só relaxa um pouco, vive o dia
Olha pro relógio se tiver vontade
Faz o curso na sua velocidade
E a hora que ele marca
Agora, tanto faz se atrasa,
se é a prova d’água
Não temos nenhuma garantia

Os casacos ficarão ainda mais
com cheiro de guardados
As etiquetas, ainda mais escondidas
As grifes ostentadas
Por pijamas preteridas

Sairemos mais duros de grana
Sabendo que precisamos de menos
Menos coisas, menos roupas, menos marcas
Mas, sairemos marcados
E marcaremos de nos ver
E nossa marca será a principal

Quem você quer realmente ser?
Essa marca vai te descrever
Esquece a Ralph, seja inteiro
Sem GAPs na personalidade
Nada Supreme o bastante pra te vender
Não deixe que e’lacoste’, que ela custe sua verdade

Feliz quem teve o bolo
Ao lado, um refrigerante
E compreendeu que o importante
Tem que agora estar distante
Pra preservar do contágio
Tenho muita fé que a diante
Será bem mais contagiante
O nosso reencontro
Tenha bolo ou não
Tenha samba, esse eu faço questão
Tenha álcool gel, água e sabão
Tenha abraço e aperto de mão
Teremos aprendido
Que ser forte não é a razão
E sim a consequência
De termos entendido
Que nossa homo sapiência
Andava em caminho perdido
Tipo trilho esquecido
Que não leva a nenhuma estação