quinta-feira, setembro 13, 2018

O Prazer

O prazer pode ser carnal
O mais comum e normal
Pode ser intelectual
O que ele não pode, tem que ser
NA-TU-RAL

A sua natureza pode ser beleza
Sutileza, doçura, gentileza
Num prato ou num ímpeto, na mesa
Tesão
Como fosse a última sensação, certeza

Prazeres genitais, na frente, atrás
Sexo, foda, coito, sem regras formais
Sem princípios morais
Em seu corpo, suas regras valem mais

Quer saber? Vão todos se foder
No sentido mais literal que pode haver
Seja o parceiro ou parceira que escolher
Faça de verdade, faça valer

Conheça-se, desbrave-se, avance os sinais
Não existem fórmulas, sequer manuais
A 2, a 3, swing, orgia, grupais
Há orgasmo no oposto, pro ato em casais
Há quem prefira os iguais.

quarta-feira, setembro 12, 2018

O Mau Dia do Artista

Vermelho, fecha o farol
Segundos que valem trocados
Era meio-dia, havia sol a pino
O sotaque sulamericano, colombiano
Peruano, chileno, uruguaio, argentino
Não sei definir

Sei dizer que era o mau dia do artista
Sua arte não correspondia
Aquele não parecia ser seu dia
Um trabalho burocrático qualquer
Aceitam-se externas questões pessoais
Trabalhos formais, horários normais

Não era um sábado ou domingo
Como nesse caso
Era o artista de rua gringo
Enfrentando descaso
Onde tem que ser impecável
Pras moedas receber no chapéu
Em um intervalo de sinal

Tentou uma, duas, atuar seu papel
Caracterizado em um simples visual
Aquele parecia, pro artista, um mau dia

Até a luz do sol pode ter sido o fator
Que o apagou ofuscando-lhe à vista
E sua arte, seu talento, sem se impor
Poderia até causar ferimento
Ao hermano malabarista
Farol verde, dispara o movimento
Acabou o tempo.
Dou 2 conto e...
Boa sorte, malabarista de facas

terça-feira, setembro 11, 2018

De Fato, Em Si

Por vezes, meu verso se prende
Não escancara o que sente
Motivos? Talvez haja e eu nem sei
O que sei, é que mesmo entrelinhas, contei

Cantei, desabafei, reportei, relatei
Mas, quando o assunto é coração
Assumo, não flui fácil a redação
Muitas vezes travei, intimamente guardei

Mas, meu sono nesse amanhecer
Foi tomado em plena alvorada
Enquanto não levantei pra escrever
As palavras e rimas estavam aqui
Sufocando, entaladas

Tem sido tão bom cada momento
Momentos esses que nunca esperava
Em paradigmas, me apegava
Que sobrepunham o sentimento

Não me permitia o que não era minha lei
O que escapava do meu mapa, friamente calculado
Como tenho sido calado...Tens dia a dia revelado
Um lado inexplorado, feliz que sequer imaginei

Se há padrões que estabeleci, esqueci, me perdi,
E me perco, é recorrente, basta olhar pra frente
Presente, meu presente, que assim que conheci
Descobri que posso ver mais do que defini, percebi

Que faz minha vida feliz, sem que ninguém represente
Atue, interprete,
Estejamos, de fato em si, pois senti e não omiti
Amor é união, não algo que compete.

segunda-feira, setembro 10, 2018

Sem Copa e Sem Casa

Passando de carro pela marginal
Sou avisado a olhar pro lado
Uma bandeirinha do Brasil no beiral
De um escombro improvisado
Eu trafegava a via expressa
E passei depressa pela cena
Que ficou impressa na retina
E trouxe o verso à tona

O verde-amarelo tremulava
Pensei se a pessoa que ali morava
Estava na torcida também
Pensando será que o hexa vem?

Não veio, tudo bem, mas estava lá
A bandeira a se agitar,
a balançar com o vento

E foi nesse momento
Que lembrei o que é grafado
Ordem e progresso, em meio ao estrelado
Assim como o céu do marginalizado
Acomodado num cômodo mal-acabado e sujo
Porém, seu único lar, seu bem e seu refúgio

Deixando claro o verso dos Racionais
Apropriado e adaptado
Pro torcedor à margem, diariamente atropelado
Linguajar no futebol muito usado
Quando um time é goleado

Nesse caso, não há sentido figurado
Só um sentido: desfigurado
Um rosto não identificado, não registrado
Mas, contabilizado nos institutos e censos
Que mostram o abismo imenso
Entre o que deveria fazer
E o que faz o Estado

E pros craques eliminados do Mundial
Foram até onde poderiam ter chegado
Agora, todos retornam à vida normal
Em países evoluídos, tudo muito desenvolvido
Com o Brasil comparado, quase igual
Só que não, nem a pau

Que a bandeira desse nosso povo aguerrido
Traga além da Copa, um motivo
De a gente se sentir representado
No caderno social
E a bandeira não só um decorativo sazonal
Pra que, na vida marginal, seja um sentimento vivo
Estampado, não coberto com jornal.