sábado, dezembro 26, 2009

Amarelo, laranja e vermelho

Amarelo é o tom que se pinta o sol
É a camisa da seleção de futebol
É a cor que representa o verão
É a cor mais quente desta estação
O amarelo na escala de cores
Se opõe ao roxo que é marca das dores
E como cor sempre ganha destaque
E quando aparece nos causa um baque
A cor amarela em nada é discreta
E de poucos, é a cor predileta
O amarelo nunca fica apagado
A cor do fogo, do iluminado
E com tonalidades ocorre mistura
E nunca resulta em outra cor pura
Não é tão amena quanto à brancura
Transmite a paz, reflete a candura
A cor é viva, nunca escura
O amarelo tem energia que esbanja
Se transforma em verde, em laranja

Laranja é o amanhecer
Vem antes do sol nascer
Vem antes do despertar
Só verá quem madrugar
Hoje vi o céu alaranjado
E raios de luz pra todo lado
Furando frestas no algodão
Nuvens brancas davam o tom
Pedacinhos quase amarelos
Outros bem alaranjados
Conforme espaços permitiam
Os raios serem vazados
Feixes laranja no céu cinza
Tal qual aquarela, água e tinta
O laranja também é um resultado
Vermelho, amarelo, alaranjado
Cor quente tal qual amarelo
Há quem ache um tom mais belo
Mas cor preferida dá discussão
Há quem prefira cor quente
Há quem prefira cor fria
E há quem vá pela estação

Tanto faz a preferência
Há quem estude como ciência
É a Cromoterapia
Cor boa pra isso e aquilo
Cor que inspira alegria
Cor que passa e recebe energia
Cor que esquenta, tom que esfria
Cor que contagia
Amarelo, laranja e vermelho

Vermelho é força, é raça
Cor do sangue que corre
Do coração que compassa
E do corte que escorre
O fluido da pulsação
Combustível da emoção
O vermelho é a paixão
É a raiva, a explosão
Pinta a rosa mais linda
Flor é sempre benvinda
Perfuma, enfeita, seduz
Pode ser sombria e conter luz
É a minha favorita
A que acho mais bonita
Do amarelo é diferente
Mas também está presente
No rol de cores quentes
O amarelo como havia dito
Não passa despercebido
Chega e causa impacto
O vermelho tem tal poder
Mas mesmo forte pode ser
Elegante, chique, sensual
A cor do prazer carnal
Ou pode ser apenas cor banal
É tanta cor no carnaval
Mas lá está ela, sem igual
O Vermelho,
Mas siga meu conselho
Aprecie com moderação
Ele pode causar sensações
Sentimentos, emoções
Que podem influenciar
Sua forma de pensar
E de agir sob o efeito
E há quem discuta
Seu poder de combinação
Vermelho é a cor da luta
Vermelho é a força bruta
Vermelho é o coração

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Trenó ou barco?

Vida aquática
A cada dia essa problemática,
Osasquense já tem prática
A população fica estática
Frente às imagens
Que nada se assemelham às miragens
De um oásis no deserto
Não passa nem perto
É água, mais água, sem fim
E coitado de mim,
Que não sei nadar
Glub, glub... vou me afogar
Será que alguém vem me salvar?
Será que vão me alcançar?
A tempo de me resgatar
Tomara...
Pegue a corda,
Peguei, me puxa, não para
Uh, que sufoco!
Essa foi por pouco,
Pode ser que na próxima
Eu não tenha a mesma sorte
De achar alguém tão forte
A ponto de me puxar
E depois ter mais gana
Para mais pessoas ajudar

Vi tanta lama, tanto barro
Há até quem tire sarro
De toda essa tristeza
Ver boiando tanto carro
Levado na correnteza
Falo de águas pluviais
Que arrebentam piscinões
Destroem construções
E centros comerciais
E será que alguém é capaz
De assumir tanta imprudência?
Será que pesa na consciência?
Falha ou erro na ciência
Baseado em fatos reais
Acredite, não é trama
Nem filme, isso é fato
O trenó vai virar barco
A rena vai virar remo
Papai Noel de pé de pato

Cenário: Osasco
Ator principal: cidadão
Prefeitura: fiasco
Sugiro uma promoção
Para aulas de natação
Ou de remo com vassoura
Enquanto a barragem não estoura
Aprenda bem a modalidade
E participe do festival
Natação no Natal
Ao invés de maratona e corrida
O nado é pela vida
E pela sobrevida
Sofrida, bem sofrida
E mesmo a comunidade unida
Às vezes é vencida
Por uma política bandida
Que lamenta e na foto sorri
Representa e tenta iludir
Está sob controle, está tudo bem
Está sob a água que leva o que tem
E o que não tem também

O terno sequinho e passado
Luzes num povo apagado
Que só é lembrado
Quando está tudo encharcado
Se alguém é assassinado
E de forma brutal,
Chacina geral
Senão é normal
E não importa se é Natal
Só ouço Osasco ser comentado
De forma superficial
Na região de Osasco...
Que asco!
Já somos quase um milhão,
De anfíbios osasquenses
Que lembremos dos presentes
Na próxima eleição
Lembre-se da promessa
Que aquele piscinão
Seria a solução
Mentira, ficção
Cedeu à pressão


Prefeito, dá um jeito
No que a chuva destruiu
O que vida construiu
E com a água se esvaiu
Boiou, sumiu, partiu
Nosso mundo caiu
Nossa vida caiu
Nada pudemos fazer
Para os bens assegurar
O que nos restou foi rezar
A Deus pedir, implorar
Para a chuva cessar,
Para a água escoar,
E o nível baixar

Foi triste, imperdoável
Atitude condenável
Estrutura mais que instável
Desabou barraco e barranco
Foi tudo num tranco
Prejuízo incalculável
Não falo de cifras,
Falo de honra, moralidade
Dignidade, civilidade
Isso é se o engenheiro
Conhece o verbete
Pensa além de dinheiro
E da força no gabinete

Nem dá pra intitular
Muito mais que trilogia
E haja filosofia
Haja covardia
Piada, ironia
Com o sonho ou fantasia
De viver tranqüilo
Sem medo da chuva
Quem sabe um dia...

quarta-feira, dezembro 16, 2009

N A T A L

Já chegou o Natal
Comprar, comprar, comprar
Fingir, fingir, fingir
A festa da hipocrisia
Compramos, damos, agradamos
Nos enganamos
E até adotamos
Uma criança e ajudamos
E a ela entregamos
Brinquedinhos e alguns panos
Da culpa nos livramos
As dívidas pagamos
Quanta falsidade
Abraçamos sem vontade
Enganamos de verdade
Pois trapaceamos
Forjamos, ludibriamos
Nós mesmos e a esmo
O peso na consciência fica de lado
Em segundo plano, despreocupado
Natal, comprar
Associação inevitável
Não parece muito louvável
No consumismo focar
Só nisso pensar
E assumo: não quero me destacar
Não pude escapar

Então, rumos às compras
Rumo à romaria
Não esqueçam a palavra que já usei
HIPOCRISIA
Reconheço que é gostoso
Estampar um sorriso no rosto
De alguém que temos apreço
Respeito, consideração
Não quero, nem mereço
Qualquer compensação
Em lembranças, em presentes
Ser valorizado é sempre bom,
Faz bem ao ego, à nossa estima
Nos leva pra cima
E continuamente,
o passo é pra frente
Mas não é condizente
Com o motivo do Natal
Com o espírito natalino
Ou o fato que represente
O nascimento do menino
Que ainda pequenino, bem pequenino
Recebeu reis magos
Essências, ouro e afagos
E trouxe a quem crê
A luz que não se vê
A luz que se sente
De forma onipresente

Entretanto, é o que menos importa
Nessa data que já bate à porta
No significado que ela comporta
Contugo, há quem não liga
Quem nem comemora
Há quem não siga
Quem não marca hora
Varia com a religião
Que proíbe comemoração
Proíbe não,
Simplesmente não aceita
E define como seita
Quem se prepara, se ajeita
Para a noite, para a ceia
Para essa reunião
Independente da definição
Se foi nessa data ou não
Julgo válida a celebração
Em prol da união
Que é tão rara, tão escassa
A oportunidade passa
E a família não se abraça
É um festejo milenar
Para a perpetuação do lar
Há quem não queira participar
O bom é a economia
Inclusive de hipocrisia
Que é tanta, que esbanja alegria
Num sorriso amarelado
Nada escancarado
Com mente e alma abertas
O negócio é buscar ofertas
Opção mais certa?
Nem sempre a gente acerta
O peito só abre fresta
Em época de festa,
Vive fechado
Não fica entregue, acelerado
Pra abraçar o irmão do lado
E desejar um feliz...
...
Tudo...
Tudo mesmo, de coração
Essa sensação
Não tem data pra ser
É apenas um pretexto
Aproveitamos o contexto
Pra fazer acontecer
Comprar, comprar, comprar
Deixa pra lá
No próximo ano, vou tentar
Mas saiba que essa poesia
E um presente que eu vá te dar
Ou o que possa ganhar
A paz, quero te desejar
Não à paz de Osama
Desculpe, confundi, Obama
E do Prêmio Nobel
Desejo a paz de quem ama
Desejo a paz do céu
Creia no santo ou Cristo que for
Creia no seu criador
Creia em você
Com luta, com ajuda, com fé
Seja quem você é
Se mostre num abraço apertado
Forte como aperto de mão
Afinados na voz, na canção
E essa é a real razão
De eu dedicar esse poema
Na data do nascimento
Ou a todo e qualquer momento
Com afeto, sentimento
Minha sincera gratidão
A você, meu irmão

terça-feira, dezembro 15, 2009

À LUA OU SUA SEMELHANTE IMAGEM.

30/08/2005

Hoje acordei e saí, como um dia normal, mas fiz algo que fugiu do habitual, ao reparar o céu, o que vi?

- O sol?
- Não, a lua! Isso mesmo, ela ainda brindava a todos com seu brilho de rainha da noite e suas pupilas, as estrelas, a protegia de olhares maus ou invejosos. Permanecia lá, com todo seu charme minguante e enquanto isso, ela acompanhava-me, passo a passo que eu dava pelas ruas que eu passava e segui... rumo ao meu dia. Mais um dia que o astro rei começava abrasar. Calor e luz ele produz.
Além de iluminar mentes pensantes, a luz clareia idéias, deixa-me mais racional. Esqueço de ver a vida com ilusões. E apesar do calor, sinto-me frio e, gélidos os que ao meu redor se encontram. Acima de tudo, insensíveis até que a luz abaixa e aí sim, o cair do sol e o surgir da lua possibilita minha visão de algo que há pouco não notei.

A MINHA IMAGINAÇÃO!

Imagino o mistério.

Misterioso é cada sentimento, obscuro é cada paladar. Sabores e olores...da noite! Perfumes e gostos sonhados. Sonhos que tenho à noite. Além de dormir em sua companhia, podemos acordar com ela, a fiel companheira. Senti-la e gozá-la como se fosse a última acredito ser a melhor opção, pois cada dia temos um brilho, a lua também. Como há noites claras e escuras, a imagem da rainha pode ter um reflexo variando a cada instante movido pelo sentimento... de viver... no dia, razão... na noite, emoção... inspirada pelo encanto de cada lua...
Hoje vi uma imagem tão bela, será que foi culpa dela de eu ter visto o teu semblante? E fantasiei tudo isso...

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Amor de novela

Um casal de novela
me emocionou
Chorei um instante

Lembrei muito dela
Me abandonou
Eu sofro bastante

Romance na tela
Me apaixonei
Um mundo irreal

Imagem congela
Eu não aguentei
Mudei de canal

Era tanta paixão,
pouco antes bem perto e agora distante
Nosso amor, virou livro
eu leio e releio nem guardo na estante

Sem dizer o motivo
você decretou pôs um ponto final
Virão outras novelas,
outros personagens sem amor igual


Procuro um enredo com clima de amor
Procuro uma história pra eu ser ator
Procuro um amor num mundo real
Não seja novela que tem um final

domingo, dezembro 13, 2009

Ela cai no pagode

De pandeiro na mão
Fiquei sem reação
Quando ela chegou

De vestido ou de saia
Um tomara que caia
Calça jeans que abalou

Miudinho ou enredo
No partido rasgado
Ela quebra sem medo
Samba aqui do meu lado

Ela cai no pagode
Com o seu rebolado
Ela dá um sacode
Seu ataque é pesado

É na pele escura
Que está seu poder
A mais forte mistura
Só olhar, dá pra ver

Quero ver seu gingado
O suingue maneiro
Ninguém fica parado
Com o som do pandeiro

Sombras do Ideal

Esta noite me furtou o sono
E o sono me furta o dia
O sono não me trouxe sonhos
Ao despertar o sol não brilha

Não ilumina meu caminho sombrio
Não pinta cores quentes
Não aquece um mundo frio
Não nos torna mais contentes

Saio em busca de meus ideais
Sigo rumos sem ordená-los
Alcanço metas e quero mais
Ter forças para conquistá-los.

Conquistas vitais e amorosas
Constroem castelos para residirmos
Afogamo-nos num denso mar de rosas
Deixando a vida pra não mais sentirmos

Nem o sol, nem a lua, nem calor, nem sabor
Vida cinzenta, sem querer viver
Sobrevive ao mundo tomado de dor
Coração machuca-se sem saber por quê.

Ele sofre, apanha e é ferido de forma brutal
Causada por anseios inatingíveis
Meu sonho libertino não se faz real
Fantasiosos; se tornam impossíveis.

Inalcançável realização de ter apenas uma vez
Teu abraço, teu perfume grudado em mim
Julgo-a a mais bela, finges que não vês
O meu carinho sem começo, meio e fim.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Paz?!

Você sabe o que é o bem e o que é o mal? Nos desenhos animados, eu sabia. Lá, se combatia o mal e o mocinho sempre vencia. Que graça, não é?

Hoje me deparei com a notícia que Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Comecei a rir, entretanto a ira tomou conta, fique muito revoltado. Em seu discurso, o presidente da maior potência mundial, disse que “alguns instrumentos de guerra precisam ser utilizados para se alcançar a paz. É preciso combater o mal”.

Vamos ver se entendi, segundo Obama e os estadunidenses em sua maioria (pois o elegeram, provavelmente por concordar com seus ideais) definiram que o Iraque, o seu quase xará, Osama, são o mal. E eles são o bem. Então, para se alcançar um estado de paz, exterminamos o inimigo. Pacífico isso, hein?!

Será que o exército “inimigo” pensa da mesma forma? Será que, para eles, o bem são os EUA e eles são os vilões? Essa brincadeira de bem e mal é muito legal na ficção. Mas, estamos falando de mundo real.

Será que o mundo vai acabar mesmo em 2012? Tomara, não estou entendendo mais nada. Acho que temos que explodir tudo e começar de novo. Temos que dar um ‘boot’ no PC, dar um ‘reset’, porque ocorreu um erro não tratado. Ou foi um surto, uma epidemia de vírus.

Não sou advogado de Osama, nem de Obama, mas isso é muito maluco. Não dá para entender. Pelo menos, minha inocente ou despreparada cabecinha não consegue compreender. Facções de torcidas entoam coros similares aos de Obama e são taxadas marginais, bandidas. E são mesmo. Com Barack não pode ser diferente. Mas é. Até prêmio recebeu.

Pessoas e sociedades são diferentes, umas das outras. Fazer o que?

Poderíamos sugerir que acabemos com todos que nos incomodam, todos que nos estorvam e atrapalham nossa caminhada. Seria tão mais fácil... O estranho é que do lado de cá, ou seja, o lado Ocidental, nossa cultura é predominantemente cristã e, em muitos lugares e situações, nos orgulhamos por isso. No entanto, qual é o primeiro mandamento mesmo? E o quinto? Você lembra, irmão?

DICA OU RECOMENDAÇÃO: PARA ALÉM DO BEM E DO MAL - NIETZSCHE

Compor um samba

Palavras me faltam à boca
A voz sairia até rouca
Pra falar sobre o samba

Os versos compostos por mim
Secariam canetas ao fim
Pra fazer um bom samba

No esplendor de uma vida
A cultura escondida
Declama exaltação

Sem transpor, sem medida
Poesia é sentida
Por qualquer coração

Quando ouço a canção
Dedilhar violão
No surdo a pulsação
Cavaquinho chorão

Um pandeiro de couro
Um canção ou um choro
As pastoras no coro
Samba, um rico tesouro

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Chuva

Ontem, ao acordar, pensei: “Vou escrever algo sobre essa chuva, torrencial, forte, intensa, logo pela manhã”. Depois pensei, deixa pra lá, assunto banal. Mas não foi.
Quase tudo parou. Muita gente parou. Só o nosso prefeito (e não é o fato de ser X ou Y, independente de quem fosse, o discurso seria o mesmo) para dizer que estava satisfeito com as obras em outro ponto da cidade que não estava tão afetado com o caos que se instaurou na capital. Parecia uma propaganda de um automóvel que eles mudam de assunto quando entram no veículo. Isso é zombar de quem sofria há horas dentro dos carros, ônibus, trens, entre outras formas de transporte; todas precárias.

Reconheço que o papel de um governante (e reforço, seja X ou Y) é acalmar a população e não se alarmar com situações complexas e complicadas. O trânsito em São Paulo é um caos; ponto. As chuvas complicam ainda mais essa situação; isso é fato. Mas, como eu digo, por mais que São Pedro tenha “forçado a amizade” ontem, a culpa não é só dele. Aquele papo chato de que a culpa é também só da população que joga lixo no chão e nos bueiros não dá mais. Dá para alguém reconhecer que é o vidro de casa que está sujo e não a roupa do vizinho de frente?

Não é muito a minha atirar nesse ramo político e crítico crônico, contudo, hoje, se fez fundamental, inicialmente, na minha função jornalística primária que é, além de relatar, expor visões sobre assuntos em pauta. Quando pensei em escrever sobre a chuva, confesso que pensei num formato mais poético, mais bonito. Mas depois de seis mortes, deslizamentos e mais deslizamentos, alagamentos por todos os lados, inundações mil, não deu muito certo pensar no cair da chuva como algo visto de uma sacada de varanda com o amor da vida ao lado; ou com o sol e um arco íris colorindo o pano de fundo das gotas que caíam para banhar o mar e molhar a flor.

Desculpem-me os amigos que, frequentemente, visitam meu blog (que é de poesias), mas hoje tive que ser um pouco mais ácido, assim como foi o dia de quem ficou por aí sob ou sobre as águas.

Meu Astral

Fujo de deixar meu astral
Se equiparar, tornar igual
À manhã que hoje nasceu
O sol nem apareceu

Foram nuvens pra todo lado
Enfim, um dia nublado
Mas o sol não se escondeu
E mesmo opaco, aqueceu

Entre a chuva, se fez calor
Gota a gota molhou a flor
Foi assim que aconteceu
Mais um dia amanheceu

Alaranjado estava o céu
Lembrando a cor do puro mel
Que a primavera ofereceu
Em um verão que se escondeu

Nuvens e mais nuvens a passar
Com frestas de luz a escapar
Fez sombra sob o sol, não pude ver
Um dia de verão prevalecer

Não quero igualar o meu astral
A um dia tão escuro, tão normal
Não quero desse frio me proteger
Eu quero só calor, verão para viver

terça-feira, dezembro 08, 2009

Novo

Por que temos fascínio pelo novo? Um novo sonho, um novo presente, um novo brinquedo... E por que não, um novo amor?

Nossa, quando dei por conta, já havia escrito a palavra amor. Como já tive restrições em usar esse termo... Acho que acostumei, ou quem sabe, perdi o medo de utilizá-lo.

Enfim, voltando ao novo. Um tanto contraditório, não é? Nem tanto. Como já dizia a canção: “Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, ta tudo assim, tão diferente”; ou a outra: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”. Ambas não são o maior hit do momento. Já passaram... mas ainda caem bem nos tempos atuais.

Na música, o novo fascina. Os Titãs também já relataram, de forma impecável, esse “amor” pela novidade. A nova idade ou, simplesmente, o mais moderninho atrai a atenção mesmo. Seja o novo modelo de algum vestido da estação, seja a nova camisa do time de coração. Um detalhe traz toda a modificação. E como muda...

A água que corre no rio a cada instante é diferente. Um balanço a mais, um balanço a menos faz toda a diferença, muda a aparência. Mas relaxe, esse fascínio não é doença. Pelo menos, essa é minha crença.

Enfim o novo... Há pouca gente que dispensa e pensa que o novo não compensa, no entanto, repensa e pode-se mudar a conclusão e analisar a situação. Tem coisa de montão que não é questão de opinião, é reflexão, discussão, é definição, seja a certa ou não.

Às vezes é errando que se aprende e se compreende que inovação nem sempre é solução. Muitos métodos antiquados, ou melhor, não tão novinhos ou só mais antigos, ou para rimar, mas experimentados podem ser, hoje em dia aplicados e serem a resposta suficiente para qualquer problema que enfrente e independente do lado que venha, por trás ou pela frente, deve-se ser coerente, no passado, futuro ou presente, para que, de forma consciente, tenhamos a atitude inteligente para sermos o máximo eficiente e resolver o que queremos ser, o que queremos ter e distinguir querer de poder.

Devemos também perceber, entender e escolher qual horizonte seguir pro futuro não sucumbir às velhas formas, às velhas normas. Eu sei que hoje, o amanhã já é ontem e que o mundo não para um segundo de evoluir (ou regredir?!), pelo menos na questão tecnológica e, parece que se esquece a lógica e a questão histórica e genealógica.

Se não fosse o passado, o presente não seria como é, e pode crer, tenha fé que é fato, que passo a passo, ato a ato, o dia voa como um jato, foguete ou avião, mas não haveria condição de se chegar à Lua, se não olhamos nem pro outro lado da rua. Enxergamos qualquer um dos planetas, pela lente da luneta vemos longe, muito longe e esquecemos que ao nosso lado, no nosso lar, no nosso passado, nos antepassados, é que o nosso futuro se esconde. Só precisamos achar onde...

À Flor Azul

Um azul no tom
Um suave som
Do vento que passa

Uma flor no chão
Percebo então
Toda sua graça

Entre outras cores
E vários olores
O meu coração
Ressoa a canção

Que fala de flores
Não cita as dores
Relata os amores
Dos compositores

Transpira paixão
num samba canção
Com seu violão
Solando ilusão.

Prefiro a Solidão

Acho que compreendi
Meu destino é a solidão
Achei alguém, mas resisti
A entregar meu coração

Depois de tanto que sofri
Procurando uma paixão
Pude optar e desisti
Ser sozinho é a razão

Com a solidão já me feri
Amar alguém é a solução
Para podermos dividir
Toda alegria e emoção

O abandono preferi
A criar outra ilusão
Já era, acabou, parti
Vou me achar na escuridão

Sorrir, ainda não aprendi
Vou por fim à relação
Desculpe, se te iludi
Sinto fria a pulsação

Meu coração não bate por ti
E nem impõe aceleração
Nem sei por que eu te escolhi
Fui racional, não emoção

A dor no peito também senti
E foi linda a declaração
Quis resistir, não consegui
Errei o “X” na opção

Vou ser feliz longe daqui
Quando tiver a percepção
E vou viver como vivi
Sem um amor, sem união

domingo, dezembro 06, 2009

Oito do nove

Gênero: Pagode

Seis minutos já se foram
E o dia feliz, agora é ontem
Os oito anos que se passaram
Que se descontem

Os oito correram
E em oito do nove
Um beijo, outro beijo
E ninguém descobre
Tesão que nos queima
È um fogo que sobe
Paixão tão ardente
Que bate e envolve


É paixão, é fogo, é chama
Ter você na minha cama
Amor, vou te fazer feliz
Eu sei você vai querer bis

Ao Prazer

Acordei, que desejo incessante de te encontrar
Que vontade mais louca de te agarrar
Mas que sonho mais quente,
Que a cama da gente, um fogo ardente fazia pegar

E eu sonhei com alguém que eu nunca pude imaginar
Mas a noite foi boa, chego a me excitar
Com o seu corpo lindo a me provocar

É um desejo
mais que profano que tenho ao te olhar
Não quero um beijo
Quero uma noite contigo e ao prazer te levar


A luxúria é o pecado que eu mais quero cometer
Amanhã, eu nem sei se eu quero de novo te ver
Se eu a vir, pode ser que a gente volte a se entregar
Ao prazer, e ter mais uma noite pra gente gozar

quinta-feira, dezembro 03, 2009

O samba é religião

Não podia deixar de homenagear o samba (com o perdão do atraso) em seu dia, 02 de dezembro, Dia do Samba.



João Nogueira, Noel Rosa e Cartola. Acho que não poderia começar minha homenagem de outra forma, tal como as orações que iniciamos por Pai Nosso, Ave Maria, entre outras quaisquer.
Certo dia, me disseram que religião é onde nos sentimos bem. Ou seja, o samba é minha religião. E, com certeza, não é só isso. Ele é minha família, meus amigos, meus amores, e por que não, alguns desafetos? Enfim, é minha vida. Cada momento feliz que guardo na lembrança, tem samba na história. Apresentações em palcos, casas de shows, festas e claro, botecos dos mais fuleiros. E são nesses que guardo as melhores recordações.

Samba é meu assunto, é meu tema, é meu poema, é meu pensamento, é meu instrumento, é meu banjo, é meu cavaquinho, é não estar sozinho. Não consigo esboçar minha vida sem meus irmãos. Não só os de sangue, mas os de samba. Como imaginar não ter conhecido o Alemão e o Negão? Pela forma que os chamei, dispensa descrição. Já enchemos uma mãozinha e mais um pouco com anos de samba, de parcerias e claro, de irmandade.

Tantas cordas quebradas, amarradas ou até desafinadas. Foram tantas... que mesmo fora do tom, com som dissonante da seqüência ainda procuramos entender a ciência do samba. E nunca a entenderemos em formato pleno.

Se não fosse o samba, não tocaria, não sairia, com nada me identificaria, ou seja, nada seria. Não vivo do samba, mas vivo de samba. Meu coração, como sempre digo, não bate, batuca, faz a marcação. E ele já deve estar até acostumado com essa síncopa, com essa alteração entre peso e convenção.

Se não fosse o samba, meus amigos seriam outros, meu gosto seria outro, meu mundo seria outro. Nem sou sambista de escola, de quadra, de botequins, da noitada. Sou um sambista por amor, pela poesia, pela levada, que é única. Não temos nada parecido.
O samba é minha mãe, meu pai, minha espiritualidade, minha alegria, é o que me faz sorrir e respirar melhor, me torna pleno em prazer, independente da tristeza. Gostar de samba não é para qualquer um, tem que ter esse dom para se sentir a tristeza sem ser triste, é lidar com o amor na felicidade ou na dor, é zombar da dureza da vida de um trabalhador, é protestar contra qualquer preconceito, principalmente o de cor.

“Ser sambista é ver com os olhos do coração”, é a “nossa expressão mais popular. Quem faz samba, faz a história de um lugar”. Sempre vou dizer que “prefiro o meu pagode, pulsando forte, bem lá no fundo do quintal”, que o samba “é eterno porque é raiz”, que “não precisa se estar nem feliz, nem aflito, nem se refugiar em lugar mais bonito, em busca da inspiração”. O samba é tudo isso e muito mais, tem o ritmo dos carnavais, tem nostalgia, alegria, melancolia, tudo na mesma poesia.

“Há quem gosta e finge que não gosta e samba pelas costas pra não dar o braço a torcer”, há quem participe, quem constrói essa história e há os que o amam. Esses, por sua vez, perpetuam os antepassados, as grandes canções e seu amor por essa música que é tão nossa e vem sendo tão maltratada. Mas, sem dúvida superaremos isso e ninguém manchará essa história tão bonita que envolve o samba, sua origem, sua formação, suas mudanças ao longo do tempo e, assim como no início julgo fundamental encerrarmos com uma espécie de amém. “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar”.

Sem identidade

Enfim despertei
Nem sei onde estou
Será que eu mudei?
Ou tudo mudou?

Não ouço mais samba
Batido na mão
Já não mais se dança
Com tanta emoção

Não tem botequim
que tem batucada
Não tem cavaquinho
com a molecada

Não é popular
Nem é brasileira
Não toca no bar
Não honra a bandeira

Não dá mais pra ser assim
Nosso som original
Em terra tupiniquim
E de clima tropical
Nosso samba ter um fim
Ter silêncio no quintal
Só se ouvir o tamborim
quando chega o carnaval

Lembranças

Não guardamos mais lembranças
O que importa é o presente
As memórias de criança
Hoje em dia são ausentes

Palavras são sem valor
Pra sorrir, não temos tempo
De a família ter mais calor
E se unir no contratempo

Pensamos somente em nós
Em juntarmos nossa riqueza
Somos nosso próprio algoz
Nos fingimos de fortaleza

Mas somos areia e não cimento
Precisamos da água e do ar
Para banhar e dar movimento
Para assim nos completar

Somos frágeis no coração
E repletos de esperança
Vulneráveis na emoção
Resultado das lembranças

Repeteco do passado
Revivamos, refaçamos
Mas lembre-se, cuidado
Da vida que levamos

O hoje será memória
Não deixe o hoje passar
Sem ser um capítulo na história
Para amanhã você se lembrar

terça-feira, dezembro 01, 2009

Indecisão

Por quê?
Por que eu sofro assim?
Será que é o fim?
Será que acabou?

Por quê?
Não sei o que pensar
Você sem me falar
O que nos separou

Não sei
Se fiz algo de errado
Estou apaixonado
Não quero te perder

Não sei
Se foi só ilusão
Mas choro a indecisão
Não sei o que fazer

Tentar te esquecer
Talvez a solução
Para o meu coração
Que tanto ama você

Só quero entender
Por que foi se afastar
Eu posso esperar
O tempo resolver

Se houver uma opção
Quero continuar
Poder te abraçar
Beijar-te com paixão

Não quero me iludir
Você já me avisou
Não quer um novo amor
E eu a persistir

Já pensei em apagar
Você da minha mente
Mas sempre está presente
Do sonho ao despertar

Saber ter paciência
Quem dera eu pudesse
Saber o que acontece
Explicar a tua ausência

segunda-feira, novembro 30, 2009

Continua a humanidade (?!)

Nos anos 2000, os primeiros 10 anos estão terminando. A família está se acabando. Não quero ser antiquado, mas olhe por esse lado. Há muitos filhos largados, abandonados, menosprezados ou até deixados em um dos lados dos rios e lagos. Lagos ou latas. De lixo. Século XXI, não quero ser mais um a cooperar com a loucura. Maluquice pura. Egoísmo demais. Um filho a mais. Símbolo de paz? Isso ficou pra trás. Sobra muito choro e um “Aqui jaz”.

Não me parece tão normal reforçar esse sistema que não é nada legal. Mas não tem problema. O maior dilema é datar a cena. A pergunta é quando e não por que. Por quê? Por que é claro, vivemos pra deixar. Deixar o que? Para quem? Mas relaxa, tudo bem. Deus vai nos ajudar. O governo também. Tem bolsa e auxílio tudo, mas afirmo e não mudo que tudo o que é dado não é valorizado, não vem do suado trabalho pesado, vem doado, como esmola pra pesar na sacola do supermercado.

Hoje está legal pra viver? Você que tem que dizer. Se vir um amigo sofrer, o que vai fazer? Socorrer? Pense pra valer antes de responder. Em meio a crimes banais, passionais, rivais, brutais, fiscais, morais, você quer mais? Quer ver um filho teu revoltado, indignado, ou não vê-lo fugir da luta, como canta o hino? Quer uma personalidade bruta, vil ou um pateta imbecil?

Não é só educação. É conscientização. É superlotação. É sua emoção e a desse coração que mal iniciou a respiração, mas tem pulsação, emoção, tensão, razão e por que não mais um boneco da televisão, os Comand(ad)os em Ação? Ação comandada sem ser questionada, indagada, interpelada por quem não sabe nada, nem que veio ao mundo e porque o colocaram num canto imundo. Não falo do lixo da rua, mas da cidade inteira. Rios vias, ar. Pessoas, dinheiro, lar.
Tudo parece uma lixeira, isso sem falar na enorme sujeira que nos cerca, independe para onde você olhar. Não dá para relutar! É ruim aceitar e não é brincadeira.

Por falar em brincadeira marionete, vê se para de jogar confete em quem te apunhala a canivete.
O corte é cada vez mais fundo e não é como cirurgia, que tem direito à anestesia, ou como um parto cesária para dar à luz outra vida, outra alegria, a quem tanto essa criança esperava. O furo da faca fere firme, frio, forte, fundo, fixa, puxa e abre da barriga até o peito e parece que não tem jeito.

É a norma. Entendamos que norma e normal tenham origem na mesma palavra, no entanto, tudo o que é norma é normal? Por quê? Coincidentemente também rima com igual. Isso é bom ou mau? Por mais que a métrica poética não favoreça, prefiro as rimas anormal, ideal ou até diferente, mesmo que não mereça nomeação condizente.

Hoje, pra resumir a história, guardo o passado, a glória, a memória, a honra e a vitória, só não quero redigir mais enredo. O futuro dá medo. Todos sabem, não é segredo, que os problemas vêm mais cedo e cada um à sua forma. Eu tento fugir da norma, mas me ronda e põe limites pra caminhar, mas outro caminho vou trilhar, vou desviar. Como a expectativa é de amargar, não vou participar desse rito milenar e fazer a humanidade (?!) continuar... se destruindo como está.

Laços de Amizade

Um amigo, um irmão
Mais que sangue,união
Laços sinceros

Desde o pranto à bonança
Desespero, esperança
Parceiros eternos

Amizade que é dita da boca pra fora
Se faz numa hora
Mas não se demora
Partiu, foi embora

Amizade do peito, que é verdadeira
Se torna a primeira
E real companheira
Da vida inteira

domingo, novembro 29, 2009

Primavera Renovada

Ah, como é bela a primavera
As flores que no outono morrem
Renascem para outra era
No outono, no inverno e até no verão
perfumam campos em cada estação
Que exalam outra nova sensação
De sentir o olor das rosas,
das tulipas, orquídeas ou violetas,
refletindo o sol em nossas vidas
O frio asfalto serão ruas floridas
Mais uma primavera que se inicia
Para transformar o cinza em cor
Apagar as palavras incorretas
E reescrevê-las com esplendor
Com simplicidade rumando metas
Passo a passo sobre as barreiras
Sem limites nem fronteiras
Viva a vida a sorrir
Um sorriso abrindo portas
As portas de um novo lar
Que começam a desabrochar
Sobre os espinhos nos encantar
Com alguns galhos a desviar
O percurso de onde quer chegar
Na beleza da flor
No espinho da dor
No cair de uma tarde
Sob o sol que muito arde
Sem refresco ao calor
A natureza agradece
Mais uma primavera que acontece
Mais alguém que se engrandece
Com mais uma
Flor e espinho
Que com muito carinho
Se faz outra vez
Diferente das outras
Diferente de todas
Exala o suave cheiro de paz
Que a sua presença traz
E viva mais uma primavera
Com o charme e beleza da última
Porém renovada
Pois ninguém nem mais nada
Pode roubar de você
A felicidade que deve viver

Paiê

Pai, o meu herói foi você
Pai, o espelho do que eu quero ser
Pai, imagem perfeita do amor
Pai, muito mais que pai, meu avô

Pai, eu sinto sua falta entre nós
Pai, do beijo, do abraço e da voz
Pai, eu sigo os conselhos que deu
Pai, pra mim você nunca morreu

Paiê, paiê, assim que eu chamava você
Paiê, paiê, você que me ensinou viver
Paiê, paiê, papai, vovô
De chefe da família
A nosso protetor

sexta-feira, novembro 27, 2009

Por quê?

Por quê?
Temos que tomar tantas decisões?
Muitas vezes nem temos condições
Mas precisamos tomá-las

Por quê?
A pressão nos exige posições
Quase sempre afetam corações
E não podemos adiá-las

Por quê?
Rotulamos e queremos nomeações
Necessitamos de definições
E não podemos mudá-las

Por quê?
A vida nos coloca em situações
Que temos dezenas de opções
Onde o intuito é acertá-las

Por quê?
Mesmo ouvindo opiniões
Envolvemos-nos em confusões
E é difícil consertá-las

Por quê?
Impomos-nos obrigações
Afetamos-nos com pressões
Não conseguimos relutá-las

Por quê?
Sempre enfrentamos furacões
E tantas e tantas razões
Temos que escutá-las

Por quê?
Somos um poço de indecisões
Infinito universo de questões
E as respostas, temos que dá-las

Por quê?
O viver nos dá duas visões
Seguir razão ou emoções?
E não dá para juntá-las

Por quê?
Vivemos intensas reflexões
Com duas mãos ou direções
E temos que caminhá-las

Por quê?
Rimamos, compomos canções
Sobre amores e ilusões
Na vontade de relatá-las

Por quê?
Sofremos tantas alterações
Somos eternas repetições
Não podemos apagá-las

Por quê?
Cada uma de nossas ações
Do futuro são construções
Que vamos estruturá-las

Por quê?
Causam-nos muitas aflições
Todas essas indecisões
Mas temos que encará-las...

Noutro Altar

Foi mais que um sorriso
Foi sorriso no olhar
Que implantou o feitiço
Tal qual o luar

Que ao entardecer
Começa a nos brindar
Ao ver o sol descer
E a lua levantar

Doce, linda e meiga
Capaz de superar
Ultrapassar a fronteira
E o laço desatar

Abandonar aquele anel
Outro caminho trilhar
Esquecer o dia do véu
E subir noutro altar

Com olhos que sorriem
Ao te ver passar
Pulsações que aceleram
Se fico a te fitar

Charme, beleza e encanto
Paixão para sonhar
Quem sabe noutro canto
Iremos nos encontrar?

Palavras Ocultadas

Vivemos sem viver
Sorrimos sem porquê
Sofremos sem cair
Apanhamos sem bater
Sem bater por não poder
Se não podemos, quem pode?
Quem é o que tem!
E sobre o mal, sobre o bem,
se mantém sobre mim
e também sobre as palavras,
presas e caladas
que ecoam o meu fim.
A morte muda e rouca
que entre nós flutua louca.
Aos gritos, desabafa
em qualquer folha escondida
ou não entendida,
em um recinto escuro
onde o mundo esconde a vida

quarta-feira, novembro 25, 2009

Como dizia Noel

Como dizia Noel
Sem essa de malandro
Malandro vai pro céu

Levar fama de vagal
Não dá cartaz algum
Ao contrário, pega mal

O tal rapaz folgado
Proposto por Noel
Já é ultrapassado

Que tal julgar esperto
Aquele que trabalha
Que corre pelo certo

E ainda canta o samba
Letrado e versador
Desafia o velho bamba

Domina a sua poesia
Improvisa com firmeza
Na tristeza e na alegria


Doze horas de labuta
Mais doze com a batucada
E assim se segue a luta
É assim nessa levada

Eu chego lá

Ainda sou jovem,
Estou na casa dos vinte
Mas a idade há de chegar
E o tempo não há de parar
Eu sei que o tempo não para,
Mas precisa voar?

Ser velhinho deve ser bom
A história que leio, eles viram
E viram de perto
Mas, pode estar certo
Que a tudo assistiram

Queria ter visto o Pelé
E também o Mané
Tocando bola no gramado
Ver samba redondo
Até sincopado,
Não esse samba quadrado
Samba bom que a juventude,
só vê no passado

Vinil, fita e vitrola
E de capotão era a bola

Ai que saudade
De um tempo que nem vi
Mas ouvi, ouvi, ouvi...
E queria estar lá
Pra ver gênios da bola
Ouvir Noel e Cartola
Ai que saudade
De algo que não vivi

Mas temo o futuro
Está todo mundo duro
Desde garotão
Imagina nos sessentão
Vai depender de pensão?
Que situação...
Mal paga o feijão
Bife? Esquece isso, é ilusão
Olha a vantagem
não paga a condução
Porém, tome cuidado:
Se segure no busão
Mas vortano ao qui é bão...

Queria ter meus sessenta
Ou quem sabe, até setenta?
Ouvir Noel na Nacional
S E N - S A - C I O - N A L
Muitos bons sambistas
E claro, alguns futebolistas
Já mudaram lá pro céu
E hoje eu passo mal
Com esses pernas-de-pau
E com o maldito do creu
Paciência, é a evolução
Peraí... evolução?!
Pelo menos é isso que pensa a minha tola geração

terça-feira, novembro 24, 2009

Receita do bom samba

(Essa poesia fiz há muito tempo e quero um dia musicá-la; se alguém que visitar, quiser colaborar nessa parceria, agradeço. Certamente, se não é a preferida, é uma das que mais gosto)


Se todos sambas coubessem
Os versos na boca de um partideiro
Se os cavacos chorassem
Se todos surdos marcassem
As firmes semínimas daquele pandeiro

Se os poetas versassem
Ao som da viola e seus lindos bordões
Se todas vozes cantassem
Se os repiques cortassem
No contratempo das convenções

O tamborim ritmava o samba daquela escola
O menino se encantava com os belos versos do mestre Cartola
A mocinha que chegou diz que não fica de fora
Quer mais Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola

Tem espelho e Seu Nogueira
Com que roupa de Noel
Sou Cacique Sou Mangueira
Dois malandros lá no céu

Tem Reinaldo e o rei Guineto
Ouça o Zeca e o Aragão
O Candeia e o Aniceto
A Carvalho e a Brandão

Se essa festa existir
Canta canta com Martinho
Quero estar pra conferir
É verdade Pagodinho.

Elas, as mulheres...

Mulheres
O que devemos dizer?
Que tanto queremos saber?
Delas

Mulheres
Quem mais dá a luz ao viver?
Quem suportaria esse poder?
Se não fossem elas

As mulheres,
Nos acalmam ao nos ver sofrer
Que nós amamos sem saber por quê...
Elas...

São sempre assim as mulheres,
Sempre mostram o caminho
Sempre vêm com um carinho
São Elas...

As mulheres,
Que como num conto de fada
Transforma em tudo o nada,
As cinderelas

Mulheres,
Cheias de beleza e encanto
Mesmo alegres, o pranto...
Rolam delas

Das mulheres,
Que choram para nos ver sorrir
Nos fazem o prazer sentir
São elas, as belas

As belas mulheres,
Que enchem o mundo de cor
Mostram no beijo o sabor
Da vida ao lado delas
Essas mulheres,
Que são sensíveis fortalezas,
Têm as mais raras belezas
Sempre elas

As damas mulheres,
que com sensibilidade e paixão
Trazem à vida, a emoção
Para nós e para elas.

Parabéns às mulheres,
Que são a fonte da vida e do amor
Pintam o mundo com a beleza da flor
Das flores belas como elas.

As flores das Mulheres,
Margaridas, Violetas, Tulipas ou Rosas,
Carregam no olor, poções misteriosas,
Que só elas,

As mulheres,
Podem ter essa mágica fascinante,
Que transformam em apenas um instante,
Nosso mundo, cada dia mais,
dependente delas.

As modernas mulheres,
Que correm, lutam, buscam o ideal
Têm até um dia Internacional
Só para elas!

Parabéns às mulheres
08 de março e todos os dias.
Dias de amor e muitas alegrias,
Graças a elas!

As mulheres!Parabéns!

Queria ser gostosão

Queria ser gostosão. Gostosão: aumentativo de gostoso, no gênero masculino. Segundo o Aurélio, gostoso é um adjetivo que significa 1. que tem bom gosto ou sabor; 2. que dá prazer, satisfação, agradável; e já aponta como Gíria Brasileira também se referindo à pessoa muito atraente, sensual. Feitas as devidas definições, começo a me questionar: o que tem que se fazer para ficar gostoso é gostoso? Muita coisa não.

Prefiro, mesmo com uns quilinhos a mais, e juro que são poucos, fazer meu dia ser mais gostoso, sem privações. Controle, sim; loucura, não.

Ser gostoso também é ser agradável, dar prazer. Que me desculpem a maioria, mas prefiro tentar ser gostosão nesse sentido. Ser uma boa companhia, ter assunto e, mesmo não sendo a novela, os reality shows e as músicas da onda, ser cavalheiro, ser amigo, ser parceiro.
Mas, para ser gostosão, o primeiro passo é malhar, malhar e malhar; suar, suar e suar; e, sem dúvida, se definir. Posição política? Opinião? Classe social? Preferências culturais? Não, não e não. Somente músculos. Peito, ombro, costas, bíceps e tríceps. Para os gostosões, perna se der tempo. Ah, ia me esquecendo do tanquinho no abdômen. Essa é a fórmula e o estereótipo do gostosão. Não precisa mais nada. Só isso. Não importa a que custo.

Esse mesmo gostosão de preferência nacional poupa seu rico dinheirinho e diz que é “mó” caro pagar R$40 ou R$50 em um livro. No entanto, esse mesmo saradão não hesita em investir o dobro em suas formas perfeitas. Academia? Não somente. Suplementos, complementos entre outros “entos” “colaboradores” para se alcançar o estágio gostosão.

A idade chega e não é só para mim. Ou você será um velhinho gostosão e sarado? Ser fofinho ou não ser malhado (ou gostosão, como queiram) não é nenhum crime ou pecado. Atentado de verdade é contabilizar calorias daquele doce que nos enche os olhos e a boca de água. Poderíamos contar tantas outras coisas: quantas roupas doamos esse ano? Quantos abraços demos nesse mês? Ah, sei lá, tem tanta coisa...

Viver de maneira gostosa é gozar momentos que, invejem-nos gostosões e gostosonas, vocês não podem, como nos ver deliciar um super mega gostoso pote de sorvete, com calda e tudo. E nem anotamos quantas calorias ingerimos na nossa tabelinha de bolso. E para irritá-los mais ainda, senhores gostosões, fazemos isso sem culpa. De verdade. Não sabem como isso é gostoso.

Não incentivo o descuidado com a saúde, mas obsessão também é doença. Sabemos que exercícios são importantes e todo aquele papo de controlar o colesterol e tudo o mais. Mas comer algo que nos dá prazer também está entre os significados de gostoso. Todavia, os gostosões não pensam assim.

Correr, caminhar, pedalar e até malhar pela saúde é necessário, mas deixo um conselho: Leiam sempre as outras definições do dicionário: você pode descobrir outras definições e, por que não se enquadrar em uma delas, gostosão?!

Ser professor é um dom

Que dom é esse? 
Transmitir conhecimento 
Ter o dom do ensinamento 
Tem que ter algo mais 
E ser muito capaz 
De ensinar verbetes 
E pregar a paz 

Tem que ser um mestre, 
Doutor em sabedoria 
Não falo de graduação 
Burocracia de faculdade 
E sim, da dificuldade 
Que enfrenta no dia a dia 
 Desde cedo, bem cedo 
Já toca o sinal 
Mais um dia letivo 
Mas nenhum dia é igual 
Nem dá pra ser! 
Começa pela chamada 
- Ana. 
- Presente. 
- Bruno. 
- Presente. 
- Camila. 
- Presente. 
- Daniel. 
- Faltou prô! 
Viu? Já é diferente... 
O Daniel é excelente, 
É raro ele faltar 
- Mas, prô, ele tá doente! 
Tudo bem, feita a chamada, vamos em frente 

Bom dia turminha, vamos começar a lição 
- Prô, eu não trouxe meu lápis, não. 
A professora prontamente responde: 
- Vamos ajeitar a situação 
Alguém tem um lápis pra emprestar? 
Os que têm, começam a se agitar 
Pegam e correm pra levar 
Ê vontade de ajudar 
Parece pouco, mas são essas atitudes que fazem compensar 
Já que o salário é de amargar 
Se a grana é curta, tem que dobrar 
Ou até triplicar, pra casa sustentar 
Mas, chega de rima em ar 
Cansei, melhor mudar 
Mas é melhor pensar 
Para não fugir do tema 
E não ter mais problema 
Nem de menos, nem de mais 
Nem multiplicá-los 
O que podemos fazer é dividir 
Para então solucionar 
Fácil assim, como qualquer operação 

Ô Joãozinho, presta atenção! 
Tem sempre aquele mais levado 
Que apronta e deixa todo mundo de cabelo arrepiado 
Professor de verdade já está acostumado 
Com bilhete, bagunça, convocação, 
pais chatos ou legais e infelizmente 
Falta de reconhecimento 
E baixa remuneração 

Se seu teste de vocação 
Te indicou como profissão 
Atuar na Educação 
Paciência, use a inspiração 
Do sorriso de uma criança 
Que ainda traz nos olhos 
Aquele brilho de esperança 
E acredita na verdade 
Que depois da tempestade 
Há de surgir a bonança 

E na sua ausência 
Sente saudade 
Em você tem segurança 
E tudo o que mostra é novidade 
Você é o símbolo de honestidade 
Uma fortaleza que inspira confiança 

Engraçado, não deve ser à toa 
Que o substantivo professor 
Rima com amor 
Rima com calor 
Rima também com dor 
Nesse caso, precisa ser protetor, acolhedor... 
Tudo isso é o professor... 

Ensinar é levar realidade 
Contar a história e estórias 
É conhecer a cidade 
Denunciar crueldade 
Buscar no aluno a vontade 
É lutar contra a maldade 
É entrar no jogo 
Fazer parte da brincadeira 
É voltar à infância 
A idade é besteira 

É possuir um talento 
É fantasiar, se disfarçar 
Independente do momento 
Precisa viajar, voar 
De barquinho ou avião 
Pode ser de papelão 
É ter imaginação 

É saber seu papel 
Político e social 
É mostrar o caminho 
Do bem e do mal 
Cuidado com o mal. 
Mau com “U”, oposto de bom? 
Ou mal com “L” oposto de bem? 
Tem que saber isso também 

E não para por aí 
Tem que saber dos relevos geográficos 
E milhares de cálculos matemáticos 
Tem que dominar toda a gramática 
E as mudanças na regra ortográfica 
Tem tanta coisa que não cabe nem na geometria 

Mas esse é o seu dia, 
Hoje é descanso, 
Repouso, entre aspas, 
Tem fichas e mais fichas 
Diários, provas e lições de casa 
Amanhã, já volta ao normal 

Na real... 
Todo dia tem trabalho 
Bate o sinal 
Olá pessoal 
Vamos ao cabeçalho...

Casal

Surge uma troca de olhares
Um sorriso na seqüência
E formam-se os pares
Sem fórmula ou ciência

Depois daquele estalo
Do desejo que floresce
O amor, para alcançá-lo
Não precisa nem de prece

Basta a inspiração
A recíproca no beijo
Basta ter a devoção
O carinho e o respeito

Ouvem-se as declarações
Palavras em poesia
Planos e pirações
Mas alguns são utopia

É preciso sonhar
Imaginar o futuro
Ser criança sem deixar
De também ser bem maduro

Frente ao mar dá pra se ver
Num castelo com a princesa
Pra tudo isso acontecer
É preciso ter certeza

Que cada passo dado
Rumo à felicidade
Será recompensado
Com um amor de verdade

Amar certamente faz bem
Nos motiva, nos fascina
Esquecemos o porém
Valentia nos domina

Dragões, guerreiros, guardiões
Nada é mais barreira
Quando dois corações
Se unem na fronteira

Cruzam continentes e oceanos
Em minutos, num segundo
E mais lindos, são os planos
Formaremos nosso mundo

Onde tudo é fantasia
O real virou história
Cada ano vira um dia
O presente é só de glória

Parece fácil amar
Só nos traz bons sentimentos
Fica fácil apagar
Todos os maus momentos

Mas amor, preste atenção
Não quero a desilusão
Sim, um casal, a união
Mas tenhamos pé no chão
Pra entregar o coração

Revolta

Reclamam que sou revoltado,
Até me excluem das coisas por isso
Agora, entenda meu lado...
Como querem que eu não fique irado?
Mal tenho pra comer
O que tenho divido com os ratos e baratas
que comem as migalhas
do resto que eu arrumo pra mastigar
É só pra ficar em pé mesmo
Nem sei pra quê, mas essa é a ordem
Não sei o que é sentar à mesa para almoçar
Jantar nem se fala
Só na novela vejo a família reunida
Com a mesa farta de comida
Não importa a refeição
Em casa nem mesa tem
Nem precisa também
Mal tem o que por sobre ela
Talvez a TV pra ver a novela
Tem lá uma panela velha e uma tigela
A fome é só uma das coisas que me flagela
Tanta coisa me fere o corpo e a mente
Penso que sou um doente
De uma epidemia incurável
Sou pobre
Ou melhor, para alguns, um miserável
Tenho a alma nobre
Quero estudar, aprender, mas passo por tanta treta
Vejo tanta mutreta, tanto picareta com uma poderosa caneta
Posando com sorriso
Uma risada com cinismo estampado
Mas garoto, por que você é tão revoltado?
Minha professora me olha com nojo, com desdém
Coitadinho, futuro Febem
Proponho um desafio
Sobreviva meio dia onde eu moro
Só doze horas, nada mais
Passo fome, passo medo, passo frio
Eu seguro a onda e não choro
Quer tentar?
Usar só roupa doada,
Viver só de sobra, de resto
Sempre ouço que eu não presto
Que não tenho jeito
Depois exigem respeito?
Se não sirvo pra nada,
Se sou caso perdido,
Se sou peste ou porcaria,
Não reclame minha rebeldia
Tenho vontade de bater
Chutar, agredir, espancar
Descontar tudo o que eu apanho
Tapa e soco que eu ganho
Ainda julgam ato estranho
Eu me revoltar
Moleque violento!
Mas, acredite, não sou mau
Sou fruto do meio
Tem horas que perco o freio
É até normal
Querem que eu seja feliz
Que estude, que seja bom aluno
Que eu tenha educação
Que não fale palavrão,
Querem um monte de coisas boas pra mim
Mas ninguém faz por onde
Não me mostram: é assim!
A felicidade só se esconde
Não me ensinam o caminho
Só me tratam como espinho
Sobrevivo sozinho
Mostram a África na TV
Só miséria pra se ver
Não preciso cruzar o oceano
Pra ver desgraça e a fome
Ela todo dia me consome
Querem me ver cheirosinho,
De banhinho tomado,
com material arrumado
Prestando atenção na aula
Mas me tratam pior que um bicho
Sou jogado em uma jaula
Com mais um monte de animais
É o que dizem meus professores,
Inclusive meus pais,
Se eu não acreditar neles,
vou acreditar em quem mais?

O barato é loco

O barato é loco
E o processo é lento
A frase do momento
Pra dizer que a fase
é de muito tormento
Em outra época
Se dizia: sujou, fechou o tempo
Mas a questão não é a expressão, o termo utilizado
é a tensão que está em todo lado

Muros que caíram
Ou foram derrubados
Outros que fugiram,
Tantos que partiram
Muitos que sumiram,
Pois foram censurados
Nem todos conseguiram
Resistir lá no passado
Têm os que oprimiram...
Os que redigiram, fatos omitiram
Têm aqueles que permitiram
E claro, os que proibiram
Nesse processo, milhares sucumbiram e desistiram
Mas há os que insistiram...

Sobreviveram e guerrearam
Desafios enfrentaram
Inimigos arrumaram
Mataram, mataram e mataram
Em nome da paz universal
Esse é o pensamento
Siga o entendimento
Para acabar com o mal
É só eliminar o oponente
Não se aceita conviver com essa gente
Raciocínio conveniente
Do outro lado, o ponto de vista é coerente
Então se matem
Até restar um sobrevivente
E deste, retomar o conceito de sociedade
Unilateral,
Todo mundo pensando igual
Quem pensar diferente
Terá que bater de frente
E voltamos à questão latente
Para definir o bem e o mal



Matamos em prol da paz,
em prol da crença
em prol de tudo
que julgamos doença
não importa o conteúdo
A que Deus eu saúdo
E nem o que você pensa

Realmente, o barato ta loco
E não é pouco, não
Esquecemos a união,
A palavra consideração
Já sumiu do dicionário
O vizinho não é irmão
Apenas adversário
Pra tudo é competição
Não queremos perder o páreo
Em um mesmo dia
Vemos miséria
E gasto à revelia
Às vezes, na mesma via
E passamos sem perceber
Sem notar outra vida
Abandonada, perdida
Sem ter direitos
Sem ser ouvida

Seja por terra ou por santo
Matamos e matamos tanto
Infringimos mandamentos,
Sem ressentimentos
Principalmente o primeiro
Que nos pede o respeito
Ao próximo como a si
Um dia, vamos evoluir
Os outros, eu nem comento,
Se o básico é infringido
O mundo está perdido
Cada dia mais destruído
Na questão da ecologia
Da alimentação e moradia
Da família que existia
Onde a paz prevalecia
Hoje resta a agonia
E a pressão nos angustia
Desde a era monarquia
Até hoje, hierarquia
Mas há de chegar o dia
Que a fé não matará
Que a cor não matará
Que a terra não matará
Aleluia, axé, amém, saravá.

Ser negro ou não ser?

Ouça o poema na voz de Diego Machado

Sou Negrão
Já cantou Rappin Hood
Negro de atitude
Que versa qualquer tema
Que escancara o problema
E levanta o dilema
Ser negro ou não ser?
Eis a questão
É reconhecer
A miscigenação
E retomar o passado
Hoje é tudo misturado
Não tem nada acertado
Tem moreno de olho puxado
Olho claro e pele escura
Somos fruto da mistura
O triste é que ainda perdura
O preconceito
De tudo quanto é jeito
Isso não é defeito
Ao contrário, é perfeito
Cada um tem seu trejeito
Temos a cara do mundo
Traços e sotaques mil
Somos a cara do Brasil

Não há quem vá dizer
Que nada tem a ver
Com negro e escravidão
Com Isabel e Abolição
Com a conscientização
Com Zumbi e revolução
Desde a era Zumbi
Muito mudou por aqui
Mas há quem fica a insistir
Que o preconceito deixou de existir
Isso é fingir
O racismo nos cerca direto
E o que digo é papo reto
Quando você tem mais medo?
Quando fica mais esperto?
Se está um negro
ou um branco por perto?
E aquele passar de dedos no braço?
Pejorativo descompasso
De um ser humano racional
Com preconceito racial
Que critica e fala mal
De racismo e coisa e tal,
mas, no fundo, pensa
e pior, age igual
Tantos negros foram reis
Michael Jackson e Pelé
Do pop e do Olé
Juntamente com Mané
Mas nem tenho a pretensão
De fazer a extensão
Daquela composição
Intitulada Sou negrão
Pois beira à perfeição
Não é só observação
Relata com opinião
Tem atitude
Tem negritude
À la Rappin Hood

Não é só em novembro
Mas em setembro, dezembro
Mês a mês
Que devemos nos lembrar
Que não foi só o português
Que veio nos colonizar
Vieram tantos outros “ês”
Que ajudaram a misturar
Basta reconhecer
Que não existe raça pura
Crer nisso é loucura
Ainda mais no Brasil
Onde tudo se fundiu
E mesmo assim
O preconceito persistiu
Mas o negro resistiu
Lutou não conseguiu
Mesmo com toda a bravura
Ir além da assinatura
Da Abolição da Escravatura