sexta-feira, novembro 20, 2020

Preço da Promoção

Tem no mercado com a letra "S"

Sabonete, suco, sal, sangue

Tem no mercado com a letra "R"

Repolho, ralador, racismo, refrigerante


Já é um item comum, nem precisa procurar na prateleira

Está pelos corredores, no produto que corre a esteira

A carne mais barata também é a mais sangrenta

Preparada no soco, ela esfria, não esquenta


João Alberto Silveira Freitas, 40 anos

É preciso deixar o nome registrado

Hoje é 20 de novembro

Pra alguns, aquele papo de consciência dos humanos

Deixa esse negócio de racismo de lado

Que ele será esquecido e apagado


Carrefour, que ideia de promoção

Um dia antes da Consciência Negra

Estão em tudo quanto é mídia

Tempo de televisão

Sem gastar um centavo

O preço por tamanha divulgação?

1 João. 

sexta-feira, novembro 13, 2020

Eis Você

 Ô cara de pau, 
Você ainda não entendeu
O que está acontecendo no Brasil
O tal gigante não acordou
Tá mais que dopado, se drogou
O ódio ebuliu

A cada absurdo daquele boçal
Que você, mesmo que anulou, elegeu
Tem destruído o pouco que se construiu
Tá aí o desmanche que você optou
Tem quem reconheceu que errou
Mas tem quem se orgulha do que conseguiu

Peçam que eu não seja radical
"Tem gente que, por protesto, escolheu"
Peraí, quer que eu releve quem quis bala e fuzil
Sendo que os alvos são os "meus"?

Não digo que confio no que acusa o Jornal
O nível de crueldade não surpreendeu
Era tudo previsto, sim, você contribuiu
Por favor, não venha dizer que se enganou
A Amazônia, o Pantanal, tudo incendiou
Seu voto no táoquei, tudo isso consentiu

Ele avisou que acabaria com ONG de cunho ambiental
E olhem, que surpresa, adivinha o que aconteceu
O tal posto Ipiranga brochou e o PIB não subiu
O dólar que ia cair na metade, já quase dobrou
Diz a plenos pulmões que com a corrupção acabou
E na conta da Michele, Queiroz pôs 89 mil

Vou rasgar o ECA, em nome da fé cristã e moral
Livros que tratavam de ditadura, esses, já recolheu
Vamos reensinar que a repressão nunca existiu
Foi demitido quem discordou
Na Saúde,  numa pandemia, trocou e de novo trocou
Quem não quis a Cloroquina que pro Trump pediu 

Como se não bastasse, essa doença mundial
Propagou mentiras, como as que o elegeu
A medicina desmereceu e a população confundiu
O genocídio do "E daí" de terra das covas, a mão sujou
Enganado quem pensa que as mãos lavou
Seu tanto faz, tudo isso permitiu

Moralidade, família tradicional, um laranjal
Milícia representada com seu voto, não o meu
Moro e sua justiça que logo desistiu
É aquilo que você no fundo, e nem tão fundo, sonhou
Brasil, mostra tua cara. Atendendo a pedidos, mostrou
Bolsonaro e sua corja é você no espelho mais vil

Só não tinha coragem de dizer
Achou quem falasse por você
Quis alguém que o refletisse no poder
A mim, dá nojo. A ti, a imagem do seu ser

quinta-feira, novembro 12, 2020

Sempre em Seu Abraço

Já te abracei
E nesses segundos
Cheguei a crer
Que o chão não era asfalto e cimento
Era tudo algodão e nada cinzento

A cidade nem era tão urbana
Tinha um quê de ingenuidade
Bem de interior
Era justa e humana
Tinha sua identidade

Mais linda, mais cor
E ainda no abraço
Quando seus cabelos em mim encostaram
Em meus ombros repousaram

Percebi que os movimentos que faziam
Em alguns sonhos me acordaram
Pude acarinhá-los quando dormiam
Sonhei que pude pausar o mundo

Se eu pudesse de fato
Sim, eu o faria
Somente quando de novo te encontrasse
Nesse instante que eu te abraçasse, eu pausaria

Nessa hora, eu pediria que o controle quebrasse
Por mim, ele só funcionaria
Se seus braços do meu desatasse 
Pra que eu rebobinasse, recomeçasse

Pra ter final feliz
Pra sempre, boa noite, 
Pra sempre, bom dia.

quarta-feira, novembro 11, 2020

Depois Que a Gente Vai

Depois que a gente vai
Ainda virão Natais
Revéillons, páscoas, feriados
Aniversários, não mais

Os nossos, não, só lembrados
Mas, sem as festas
Sem aqueles salgadinhos habituais
Sem bolos, adorava os gelados
aqueles no papel alumínio 
Todo embrulhado

Ou aquele que comia de manhã
Que pega na geladeira
Depois de ter a noite, numa prateleira fria repousado
Passaram... os parabéns com nosso nome no final
Não será mais cantado

Nem ouviremos mais: "muitos anos de vida"
Pois quando a vela da nossa vida apagou
O bolo se repartiu
Sempre terá um que se refastelou
Pegou um pedaço e outro e outro e repetiu

Quando nossa festa termina
Outras ocupam a agenda
A saudade do que a gente foi se destina
A uma lembrança 
A dor com o tempo assenta

Coloca no coração como um presente
Não aqueles com papel e laço 
O presente foi o passado
O convívio, o que aprendemos
O que trocamos, o último abraço

Depois que a gente vai
Ainda trocarão chocolates na Páscoa
Romantismo no Dia dos Namorados
Talvez se lembrarão no dia do seu aniversário 

A vida vai seguir e os presentes que gostava
Serão apenas rosas e vasos
Urnas e memórias cinzas
O fim no começo de novembro
Finados

Sinto

A gente não pode ser
de jeito algum
A gente não tem nada a ver
Talvez algum gosto em comum

Prefiro escrever que dizer
Pois não saberia falar
Você nunca, nunca iria me ver
Não seria capaz de enxergar

Quando meu olhar não encontra o seu
Cala algumas coisas que eu nem posso acreditar
Ele prefere assim, pois pra que falaria
Se não vê o desejo meu
Algo que em voz alta eu jamais ousaria
Será que em meu silêncio me ouviria?

Eu sinto você no ar, mesmo distante
Flutuo buscando encontrar seu perfume
A distância não é infinita, só o bastante
Pra olhar na janela tornar-se um costume

Vê-la na lua crescente, tê-la, uma esperança minguante
Sob o breu da lua nova, não se assume
Brilha como a fase cheia, excitante

E tanto que meu verso não resume
Não reúne condições de sua voz não inebriar
O som harmoniza no ouvido
Melodias e refrões que levam a te achar
Em mim, dão e fazem sentido
E eu sinto... 
Que jamais a sentirei