quarta-feira, novembro 10, 2021

Sofrência No Ar

A voz que cantava a sofrência
Agora, sim, no silêncio, entristece
Uma dor em sequência
Nada simples como suas canções
E multidões
Que viram sua trajetória
Cantaram seus refrões
Que o amor era a história
Na maioria, sofrida
Por traições,
Por despedida
 
Quem diria que um sonho comporia
O mais triste verso que você fez parte
Cachoeira de lágrimas, como sua arte
E você parte, hoje conta mais um dia
 
Sua música tinha identidade
A sua e de um monte de gente
Milhões em sua casa na live
Sua voz feminina e potente
Trouxe a quem ama suas verdades
Trouxe a quem sofre, um colo quente
Um aconchego, cumplicidade
Daquele amor que se arrepende
 
Sabiam de cor suas letras e melodia
E justamente no ar onde ecoavam
Desse mesmo ar, cada acorde caía
Chegou a notícia e todos pensavam
E esse filho que há pouco tempo nascia?
E essa mãe que ontem comemoravam
Era aniversário da Mãe de Marília
Mal sabia que em um dia se separavam
 
Não adianta maquiagem à prova d’água
Era uma cachoeira,
Caratinga, cidade mineira
Marília levou uma nação inteira
A chorar, não pelo amor mal resolvido
Mas, pela dor derradeira
De não ter dado nem tempo
Da gente ter se despedido
Tão nova, tão popular
Parecia ter um jeito divertido
Respeitada por várias tribos
Que ousava interpretar
Cantou uns pagodes, uns raps
Cantou de tudo, foi divertido
Não é por que do ar se foi
Que você não vai ficar
Nos bares, nos violões, 
nas rádios, NO AR!
 

Menções aos outros quatro falecidos neste acidente:
Henrique Ribeiro, Abicieli Silveira, Geraldo Martins e Tarciso Viana