quarta-feira, novembro 19, 2014

Combinando...

Roxo, branco, preto e cinza. Jaqueta com tênis e calça com mochila. Na ideia de iniciar a leitura de um livro de poesias de Fernando Pessoa, abri-o, mesmo ainda em pé no ônibus.

Opa, surgiu um lugar pra sentar. Última fileira. Banco do meio. Ombros largos que tenho, dificilmente me acomodo bem neste lugar. E desta vez, não foi diferente. Segui a leitura, de corpo inclinado para frente. Ao distrair a atenção ao livro, percebi a moça que usava os trajes que citei na primeira linha deste texto.

Tinha um corpo de chamar atenção. Não de parar o trânsito, mas, de fazer inveja às mulheres e de muitos homens virarem o pescoço para seguí-la quando passa. A combinação das cores, percebi primeiro pelas estampas de preto, branco e cinza da calça e mochila. Formas geométricas formavam imagens dispersas, como que pixeladas. Será que ela reparou a combinação da calça com a mochila? Eu sim.

As unhas pintadas de branco complementavam. Parecia estar a caminho da academia, pelos trajes que usava. Segui minha leitura, intercalando a atenção com outros detalhes que fui percebendo. Cabelos longos, alaranjados, uma aliança de espessura média (talvez igual a minha), prateada, na mão direita. Dois brincos delicados e dourados em cada orelha.

O rosto? Vi de perfil. De ambos. Mas, de frente, não. Rosto cravejado de espinhas, parecia bonita. Nariz um pouco mais saliente (talvez deu essa impressão de perfil). E um sorriso... esse mesmo de lado, visto pela metade já bastou, era bonito, com certeza. Segui lendo... em frente a prefeitura, ela e a amiga que conversavam, desceram. A amiga, de jeans e blusa rosa, aparentava estar a caminho do trabalho. Ouví-la dizer RH (deve ser a ocupação da moça). As duas saíram e eu continuei em minha leitura. Ah, só mais um detalhe: a moça de rosa usava um elástico preto no cabelo e ostentava um rabo de cavalo de significativo balanço nos movimentos.

Por esses dias, reconheci (após uns 8 meses) a moça da mochila preta no ponto de ônibus. E reconheci pela mochila, confesso. Com minha curiosidade jornalística incessante, aproximei-me, sem pretensão alguma para perguntar se por acaso, ela esperava o Osasco Centro há muito tempo. "uns 10 minutos, respondeu". Repliquei grato a resposta e perguntei o nome, por pura curiosidade. Karen, foi a resposta que obtive. Sabe quando dizemos que fulano tem cara de tal nome? Pois é, até nisso ela combinou. Tinha 'cara' de Karen mesmo.

terça-feira, novembro 18, 2014

É que a menina quando faz 15 anos...

Essa frase do título foi o impulso para o texto que segue. Calçadão de Osasco. Rumo ao trabalho. Não lembro se pela manhã ou no retorno da hora do almoço. Enfim, isso é o que menos importa. Ao passar por uma lanchonete de salgados a R$1,50 e outros exemplos de comida barata e, relativamente, pelo preço, boa, deparei-me com uma mulher morena e uma criança. Dela, só saberia dizer que deve ter entre 30 e 40 anos e pouco menos de 1,70m. 

Percebi rapidamente quando passou (aram) por mim. E nesse 1 segundo que cruzamos, ouvi a frase: “é que a menina quando faz 15 anos...”; e eles se foram. Ah, esqueci de dizer que a rua da lanchonete é conhecida em Osasco como Rua das Noivas. O nome mesmo, não sei. Mas, é chamada de Rua das Noivas por ter trocentas lojas de locação e venda de trajes para casamento e festas de debutante. 

Voltando à frase da mãe (provavelmente era) ao filho, segui meu caminho e por mais esses dois dias de intervalo entre o ocorrido e o relato escrito, fiquei pensando como continuaria a conversa. Como a mãe explicaria ao menino o porquê ou detalhes de uma festa dessa? E mais: como ele entenderia? São tantas opções e versões... 

Trabalho há seis anos com festas como essa e fiquei formulando maneiras de explicar ao garoto. Em vão, para ambos. Eles já se foram e eu não encontrei nada didático para explicar isso a um rapazinho de seus 8 anos, mais ou menos.

(27/03/2014)