terça-feira, janeiro 26, 2016

Paulista: avenida cruzamento da vida

Tem gente na rua, sim senhor
Tem música também, sim senhor
Tinha tanta atração
Interpretada e humana
E tudo sem confusão
Tinha show, muita dança
Tinha rock, tinha samba
Um trio a la Gonzagão
Reggae, blues e axé
Tinha casal sem homem
Tinha casal sem mulher
Tinha bicicleta, skate, patinete
Tinha uns motorizados criativos
Uns dançavam na chuva
Outros sem buscar motivos
Por lá, se vendia muita coisa
Guarda-chuva, arte e livros
Tinha sotaques e idiomas
Vizinhos e distantes
Se cruzavam paredes brancas
Outras repletas de diplomas
Nenhuma se fez mais pujante
A mão de volta e de ida
São grandes o bastante
Para a intersecção da vida
Em pedra crua ou diamante
Dessa São Paulo aniversariante
Dessa Paulista tão pulsante
Que há pouco tempo, não muito antes
Oscilava só no vermelho
Ou amarelo piscante
Pro ciclista, pro caminhante
Hoje, pode olhar confiante
Imaginar adiante
Relatar relutante
Como nossos avós no Tietê
- Neto, sabe a Paulista? Eu passeava no meio da rua
Aquele papo saudosista
Ele vai perguntar: e os carros na pista?
A pista, meu neto, tinha dia pra diversão
Ele verá fotos com desconfiança
Vai falar que eu tô de zoação
Mas o que eu vi hoje
Não dá pra enumerar, descrever, detalhar
Eram galáxias numa avenida
Intensa, cinza, pesada
Sem gasolina queimada
Terra da garoa, chuva pesada
Tinha suor de pedalada
E a pé, vida corrida.