terça-feira, janeiro 13, 2015

Já aviso


Já aviso

Minha poesia não é curta

Pois, curto não é meu pensamento

É profundo, vasto

Variado no sentimento

Por tristeza ou contentamento

E assim como aqueles avisos

O ministério disso e daquilo adverte

Minha poesia nem sempre agrada

Seu estado às vezes converte

Se feliz, embarcar, pode encontrar dor

Se a solidão te acompanhar, pode achar amor

Faço apenas o convite

Deixe-se embarcar

No balanço da marola

No sopro do ar

Minha poesia é assim

No caminho é que se descobre

Onde a gente pode chegar

Se é que chegar é o fim.

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Dias Tristes

Nos dias tristes
Nada tristes são as rimas
Elas vêm
Ricas, abundantes
Chorosas, contínuas
Para a poesia, é a essência
Alma e versos se atinam
É a escrita sem ciência
Onde beleza e dor combinam

domingo, janeiro 11, 2015

Tô aí


Não é de propósito, nem opcional, é o que sinto, contra minha vontade, contra meu poder de reação nos dias de baixa. É algo que vem de dentro pra fora, mas, algo como a sensação de um problema no meu funcionamento. Não é descaso ou qualquer outra situação de desprezo ou o clássico “to nem aí”. Tô aí, cá, lá, aqui, e, por vezes, queria simplesmente não estar, não ser, muito menos existir.

Luz que Repousa


Quando a luz apaga

E o travesseiro aguarda o repouso

Nem sempre ele vem

 

Um turbilhão não se acalma

E num golpe do sono

Apago também

 

Sem ter qualquer certeza

Que correu tudo bem

A alma voa indefesa

E a seca de uma enorme represa

Vira um louco porém

 

Minha loucura

Minha falta de paz

Nessa conjuntura

Fico mais incapaz

 

De acender a luz

E o interruptor

É o que me conduz

Não interrompe a dor

 

E o meu total desconforto

Quando a luz apaga

Me acende a questão

Será que estou morto

Ou terei mais um dia

E em qual condição

sábado, janeiro 10, 2015

Folha de agenda


Numa folha de agenda

Encontro barreiras

Não das horas e dias

Mas, das linhas frias

Finas e firmes

Que impõem limites

Por vezes bons

Pra fugir dos convites

A viagens em vão

Há quem contrarie

Com argumentos de liberdade

Mas a mais pura verdade

É que a inspiração

Te leva aonde queira

E por maior que seja a fronteira

Ela inexiste no abstrato

Neste mesmo que relato

Que as linhas se aproximam

Do metrô, de um caderno, da agenda

E antes que os versos comprimam

Faço apelo a que eles se exprimam

E que os limites jamais os oprimam

Se expressem, por vezes imprimam

No rodapé de cada folha

Reticências

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Acordamos


Lentamente, inconsciente, acordamos

Levantamos

Pra não atrasar

Paloma, Artur e eu

E nem bem sol nasceu

Ouvi: abraço no papai

E assim aconteceu

E assim a hora esvai

Não lentamente como acordamos

Parece que das seis às sete

Cada minuto compete
Pra ser mais veloz

E parece pular os segundos

E antes de partir pr’outros mundos

Despertos ou de sonhos

Por vezes profundos

Preciso acordar

Levantar

Pena que pra isso

Tive que largar aquele abraço

Dar outros passos

E ao fim do dia, recebê-lo de novo

Pra confortar-me o cansaço

E antes que a noite me desfaça

Te beijo te abraço

E é uma pena que a hora passa

É o único lamento que faço

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Resiste ao tempo

Será que o amor resiste ao tempo?
E também às circunstâncias
Em mim, é forte o sentimento
Resistente às distâncias

Em quilômetros e história
Pelo passado, pelas estradas
Não apenas na memória
Na certeza das vidas cruzadas

Não à toa, por coincidência
Nos encontramos e nos amamos
E que o mundo tenha influência
Pra acontecer o que esperamos

Mas não nos basta esperar
Precisamos manter nossa união
Sei que vamos superar
A presente condição

Você pode confiar
Vive aqui no coração
Não te esqueço um momento
Você e mais do que paixão
É meu amor, minha razão

Comentário sobre o ataque ao Charlie Hebdo

Absurda qualquer ação que fira o direito à liberdade de imprensa. Inescrupuloso o ataque à redação do Charlie Hebdo com a morte de importantíssimos cartunistas. Como jornalista, me senti na obrigação de comentar o ocorrido. Jamais vou defender e justificar qualquer violência, ainda mais contra "operários da minha classe". No entanto, no jornalismo, aprendi algo muito importante: ter responsabilidade. Muitas matérias, textos, conteúdos que produzimos poderia ser muito menos frio, caso o construíssemos (com base, em primeiro lugar) com criatividade, ironias, entre outros artifícios que cada mídia proporciona.

Porém, assim como temos o direito de nos expressarmos, temos o dever de mensurar as possíveis consequências. Não serei irresponsável, por exemplo de pegar uma câmera e me embrenhar nas mais quentes bocas do tráfico com a cara e com a coragem para mostrar o que acontece. Assim como nem a polícia o faz, mas deveria. Isso é omissão? Pode ser, mas, é responsabilidade. No caso do Brasil, não vivo em um país seguro que permita esta condição.

Responsabilidade é algo tão raro hoje. Algo que ficou para trás diante da necessidade de um grande furo de reportagem, de uma exclusiva, enfim... Como disse e reafirmo: absurdo e nojento o ataque à revista francesa, porém o fanatismo religioso não apresentou nesta ofensiva sua primeira forma de reação. Aliás, duvido muito que, no mundo, até hoje, algo tenha causado mais mortes que a fé. Contraditório isso, não acha? Adoro jornais bem humorados, criativos e com boas sacadas, porém, assim como no semanário francês, os jornalistas daqui também pensam (ou deveriam) nas prováveis retaliações a cada letra digitada, por mais engraçada que seja. A criatividade nunca deveria ser punida, mas é. A realidade é essa. Aí vai da responsabilidade de cada um se topa o embate ou não.

Mas, voltando ao Charlie Hebdo. Condenável o ato, que investiguem e punam os terroristas e que um dia tenhamos a liberdade não só de imprensa, mas, a liberdade de sairmos tranquilos, a liberdade de termos um mundo com capacidade de ser livre, ou seja, com educação, alimentos, moradia, lazer, cultura, saúde e, acima de tudo, responsabilidade.

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Voe, poesia

Que tal se inspirar?
Deixar o que puder sentir
Enfim te guiar

Que tal poder voar
Basta só se permitir
Vá pras nuvens flutuar

É lindo quando o vento sopra a favor
Só que esse movimento
sem o puro fundamento
Perde essência de compor

E não deve ser à toa
Que a rima assim floresça
Não importa aonde for

Se aprisioná-la lhe atordoa
Deixe então que ela aconteça
E voe igual pólen de flor