sexta-feira, maio 08, 2015
Sorriso da manhã
Ônibus lotado.
Temperatura já quente pela lotação.
Fora faz frio.
Devido ao calor, ja tirei o casaco e o carrego desconfortável no braço,
pelo aperto, pela bolsa que trago também
e pela mão esquerda que abre o livro que leio
(Jugo Suave - Ricardo Ap. Dias)
Sigo ali no canto com a musculatura doendo pela inércia.
Uma moça branca em minha frente tenta abrir a janela do meu lado.
Percebo o esforço e com certa facilidade, pego o puxador e de forma bruta escancaro a janela. Mostrei firmeza nesse simples gesto.
A moça que não me chamaria atenção no dia a dia, virou-se a mim, sem nenhuma palavra e sorriu como se dissesse obrigado.
Que sorriso simpático. Se ela sorriu só por eu ter aberto a janela, imagina se conversássemos...
a propósito, se nos falássemos mais, talvez fôssemos uma sociedade mais feliz
(in)Consciência
Conversando esses dias com um jovem aspirante a filósofo, discutimos superficialmente o existencialismo.
E em pressupostos, ele colocou o morador de rua como alguém que foi excluído da sociedade, espirrado mesmo.
Propus refletirmos sobre a chance de aquela realidade ser opção. Sempre haverá uma plena consciência em meio a um mundo paralelo.
Para ir a este lugar, não são aviões nem carros que nos levam.
E na luz da ideia e do sol, amanhecia. E a moradora de rua pergunta ao grupo: hoje e feriado?
O outro responde: É. Dia do Trabalho.
Ela: nem sabia.
Essa foi minha ida pela manhã. Na volta, a moça magra tal qual usuária passeava com um cão na coleira e reclamou do vizinho de calçada sobre qualquer agressão contra outro pobre cachorrinho que circulava sem coleira.
Ela passou o dia do trabalho olhando o movimento, sem nem saber que dia era.
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