segunda-feira, dezembro 30, 2019

Coquetel de Natal

Abre a porta, escancara
Do armário, dos fundos
E põe a cara no mundo
Encara, vai fundo
Embala no assunto
Que só nele se fala
E vamos pensar junto

Jesus Cristo, o personagem
Idolatrado, inatacável
Gay? Parece improvável
Na filmagem, viável
Uma revolta selvagem
Um ódio inflamável
Terrorismo em mensagem

Não se captou a profundidade
De tamanha covardia
Ato em conformidade
Pra punir a heresia
Era Noite de Natal quando a bomba explodia
Era um coquetel nada elegante
Pra quem se diz representante
De José e de Maria
E do personagem mais importante
Que logo logo nasceria

O país a se revoltar
Por humor, irreverência
Pela fé, satirizar
Não posso exigir coerência
Se revoltar por ver ofensa
À imagem do senhor
Só que aplaudem torturador
Botaram um na presidência
Com apoio do pastor

Jesus já foi diversas vezes retratado
Quando sai do estilão dos europeus
Galegão dos olhos azuis,
Não faltam críticas a quem retratou Jesus
Por vezes, negro interpretado
Também foi alvejado
Assim como aquele da cruz
Tanto tempo já passado
Que se ele é de fato a luz
Contra a luz, fica ofuscado

Qualquer perfil diferenciado
Deveria ser aceito
Isso sim seria respeito
Se ele nos fez a imagem dos seus
Não importa a imagem de Deus
Como homossexual, negro, mulher
O mesmo Cristo torturado
Continua apedrejado
Se cada um vê como quer

quinta-feira, dezembro 12, 2019

Paraisópolis = 17 - 9




Paraisópolis, quanta ironia
Cidade Paraíso
Que nome mais impreciso
Pro cenário da agonia

Lá, como em qualquer outro lugar
Se mata, se morre, se sobrevive
Nem precisa dos 'Steve', de detetive
Lá se julga, lá se apaga, dão o nome de limpar

Sim, eles que ficam do muro pra dentro
Não conseguem conceber
Que ali, Morumbi, ao redor possa ter
Nem digo gente, seres sem rendimento

Pulando da mansão pra favela
É tudo numeral
O baile da 17
Morreram 9
Do lado policial, prenderam 6
A idade dos mortos: 14 a 23
38 PMs na ação
5 mil na confusão
Saldo: medo, alguns corpos feridos
Encurralados, pisoteados, resumidos
A sangue, sem vida, no chão

Na Paraisópolis, o paraíso passou longe
Pra quem não é do bonde
O pancadão é um inferno
Só que a droga lá vendida
Também é consumida e escondida
Em alinhados bolsos de terno

"Lá tinha o quê? Só droga e putaria
A polícia tinha que agir, como faria?"
De verdade, verdade mesmo, eu só queria
Que houvesse a mesma valentia
O mesmo riso de ironia
Quando o baile é na periferia
E nos pico de patrão e diretoria

Que a cor não fosse fator
Que o breu pudesse se impor
Ao contrário, mesmo no escuro
No paraíso do senhor
Ele é alvo sem um muro
Afinal, o muro é pra deixar seguro
Quem tem o jardim com flor

Cerca elétrica, choque, armas, cassetete
"O que estava num baile funk, com 14, esse pivete?"
O Estado não mudará a forma de policiamento
"É isso aí" - aquela galera repete
É o que eu chamo de discurso de alinhamento
Talvez pro moleque, o único divertimento
O último... o baile da 17

Mais uma vez, mortes e 17 na mesma frase.

sexta-feira, novembro 22, 2019

Supremo Pensamento

Vai sair, não vai sair, vai sair, não vai sair
Saiu.
A lágrima de dor, presa nos olhos, caiu
O sorriso de contentamento se abriu

Há quem vai julgar se chorei ou sorri
Comemorei ou me enraiveci
Há quem vá condenar, menosprezar o que senti
Posso até ser rotulado por esse ou aquele ali

Mas, aquele ali
Meus passos, não viu
Não sabe por onde andei,
Nem o quanto chorei

E, mesmo assim, a mim dirigiu
Seu julgamento, que eu poderia chamar de vazio
Julgamentos... sempre agudos, dedo em riste
O que pra uns é tudo, pra outros, nem existe

O juiz, de toga e martelo, pode batê-lo, abatê-lo
Diante da justiça hilária
Em nome de Deus, em nome da pátria

Mas, não há Supremo que possa prender pensamento
Ele surge e aos poucos se espalha
Atinge um sentimento

Que nenhum aprisionamento
Tenha força que o valha para detê-lo
Muito menos contê-lo em seu nascimento

Em missão adversária, há um exército sangrento
E minha forma literária, por vezes, simplória, precária
Vai de encontro ao violento

Não com golpe preparado
Ou pr’um confronto armado
Mão livre, verso livre
Só a rima de argumento

quinta-feira, novembro 21, 2019

Envenenados de Barueri

Envenenados de Barueri
Foi do lado, aqui
Tô em Osasco e quando vi
Indignado, me corroí

O caso ainda é investigado
Não há culpado definido, já julgado
O que me deixa revoltado
É que parece planejado
(Ainda não confirmado)

Mas, consegue entender o grau
4 mortos e mais 4 no hospital
Uma bebida com poder letal
A quem faz coberta de jornal

Nem dá pra chamar de crueldade
Precisaria nome pior, mais vil
Pra quem a cama é o chão da cidade
Não esperava em oferta sutil
Uma dose de mortalidade

Último gole que sentiu
Em tantos outros porres, se levantou quando caiu
A rua é fria, não sente saudade
O humano sem piedade, sem humanidade, conseguiu
Parabéns, vocês são a cara desse novo Brasil

terça-feira, novembro 12, 2019

Fotos a mais

Fotos banais
Em dias normais
Sorrisos leais
Às condições reais?

Ou será que por trás
Tem algo mais?
Tem dores, tem ais
Que nas redes sociais
A chuva de likes
Esconde nossos temporais

terça-feira, novembro 05, 2019

Ninguém liga pra poesia


Na real, na real mesmo, nem sei porque eu escrevo poesia. E olha que, na minha memória, eu já até escrevi uma sobre esse tema, mas, agora, é prosa. É pra trocar essa ideia com você que me lê, com você que me ouve.


Pra que escrever poesia? Na real, na real mesmo, ninguém liga. É exótico, é bonitinho, quando você viaja, até compra alguns exemplares da literatura de cordel, naqueles livretinhos. E acha caro pagar 2 ou 3 reais porque a qualidade do papel isso, o material pra fazer, aquilo, e por aí vai.


Na real mesmo, sabe quem liga pra poesia? Você que veio ao sarau, você que, propositalmente parou em algum texto meu ou de qualquer outro escritor por aí. Sabe quem mais gosta de poesia? Um músico ou outro...


Sim, tem músico que não gosta de poesia, e pior, nem entende que o que ele interpreta é poesia. Às vezes e não é raro, não tem a menor ideia do que está cantando. Hoje onde se vê poesia e versinhos rimados? Em comerciais, propagandas, mas, ninguém nem percebe. Sabe onde mais tem poesia? Em alguns programas e desenhos infantis que rimam e rimam e rimam sem parar. E se você é um ou uma que gosta, ganha a fita e pode até se perder no conteúdo só pra viajar na construção das rimas. Sou desses.


Eu sou da rima, da poesia e pra piorar o pacote de coisas que ninguém liga, sou ainda do samba. Ah, mas você vai me dizer: o samba é popular, muita gente gosta. Sim, o pessoal gosta da festa, do carnaval, dos pagodjé (obrigado Thiaguinho, não poderia nos oferecer termo mais sonoro e adequado pra distinguir samba, pagode e esse som descendente do que um dia foi nosso som original).


O samba é ou era pra ser poesia, história (o samba enredo, mesmo comercializado, ainda cumpre esse papel). A poesia do samba fica só pros termos: Jorge Aragão, o poeta do samba. Fulano de tal é “um dos poetas do samba”, como cantou Zeca Pagodinho, em 1992, no disco que leva exatamente esse nome.


O samba, em sua essência de poesia, sabe quem liga? Alguns poucos poetas, muitos especialistas na poesia talvez não conheçam o mundo do samba internamente. Então, é assim: o músico nem sempre gosta de poesia. O poeta nem gosta de samba e, às vezes, nem o próprio poeta gosta de poesia. Como assim?


Se possível, você ouve as músicas dos seus amigos? Você lê o que a galera do seu quarteirão, do seu bairro, da sua cidade escreve?


Por muita gente não gostar de verdade de poesia, o espaço fica reduzido ao formato microfone aberto, batalhas disso, batalhas daquilo, saraus e slams. O próprio slam é um contraponto: o formato de confronto, duelo de textos traz a seguinte reflexão: escrever para desabafar, pra contar o que sinto ou para lacrar no rolê? E falo isso sem demérito algum, ok? A galera que conheço de slams são ultra mega power escritores. Mas, o intuito pode se modificar. A palavra pode ser outra para arrancar um pow pow pow com suas rimas. E de forma racional, pensado exclusivamente pra isso.


Quando assisti ao filme-documentário ‘Slam: A Voz de Levante’, entendi a origem: o dono do bar que rolava o microfone aberto para poesias percebeu que havia uma debandada de público nessa hora e, como todo mundo gosta de uma treta, que tal confrontar poesias? Hoje, sucesso com o formato, slammers alçaram voos lindos e histórias inspiradoras. Poesia, por si só, ninguém liga. Se não houver confronto, duelo... Duelar versos, ideias, sentimentos... já não bastam os confrontos internos que nos fazem escrever poesias?


E a gente segue escrevendo, mesmo que ninguém ligue.

quinta-feira, outubro 31, 2019

Hoje Nem Sempre É Presente

Nem o encontro do rio com a praia tem graça
Não que a paisagem não tenha encanto
Tem lá sua beleza, seu quê de santo
Mas, parece que não há nada que eu faça
Eu me encontrar, eu enxergar
Nem a canção da menina que vem e que passa
Tem harmonia com a linha da onda que traça
E a natureza espaça onda por onda no mar

Nem o céu azul, azulzinho
Nem o pássaro ao sol, à beira
Nem o som da mais alta cachoeira
Faz eu não me sentir sozinho
Nem o silêncio, a mim, confortante,
Consegue me mostrar um caminho
E sem qualquer sentido, não defino
O que esperar do horizonte adiante?

Nem mar, nem praia, nem som, nem silêncio,
Nem rio, nem pássaros, nem nada aqui dentro
Nem flor, nem cheiros, nenhum sentimento

Nem eu estou onde estou realmente
Pode ser que eu esteja, um dia, pra frente
Sem você, como chamar meu hoje de presente?

sexta-feira, outubro 25, 2019

'Me' Deixa Chorar

Setembro, 11, 2019
Data que a história marcou
E não há o que volte
Os ataques, os prédios, as mortes
E o concreto se desmanchou

Mas, a coincidência da data
Foi mesmo um acaso
Com que componho esta ata
Minha poesia relata
A dor que toma espaço

Desabei também, mas no final do mês
Não de setembro, de junho, mês 6
Minha estrutura desabou
O horizonte desbarrancou
Fez cinzas da rigidez

E de lá pra cá
A tristeza imperou
A alegria do rosto, tirou
O rosto pro beijo, acabou
O resto de luz, apagou
O resto de fé, se rezou
O resto do resto, o que sou

Chorar é tão corriqueiro
Que o motivo, se me perguntar
Eu vou te pedir um tempo
Organizar as ideias primeiro
Pra então enumerar

Como olhar lá na frente
Se acha que o 'lá na frente' não haverá
Como ouvir "tenha força"
Se às vezes faltam até pra chorar

E, na boa, me deixa chorar
Me deixa desaguar,
Me deixa desabar
Esfarelar como cimento implodido
Pra dentro, caindo

Calculado
M i l i m e t r i c a m e n t e
O que eu ando sentindo?
Desespero, dor, desesperança
Sem cálculo estimado

De milímetros e centímetros,
coração não entende
De profundezas, talvez
E de céu
Num primeiro beijo ou no adeus,
Certamente.

quinta-feira, outubro 24, 2019

Visto na Primavera

Estamos na primavera
Recém iniciada
E a cena mais observada
É da alma que desespera
A lágrima que não dá trégua
Faz trilha pela calçada
Sonora, salgada

Deixa o sal e o chão molhado
O sol faz questão de apagar
Não há rastros ao voltar
Há primavera em todo lado
E o que eu mais tenho enxergado
Gente, flor não dá pra se imitar
Ela brota e desabrocha
E as pessoas, a chorar

Tenho visto, do motorista ao caminhante
Olhos de emoção derramada
Quase sempre, via de quebrada
Sem VIP de very importante
O que é de fato relevante
É desistir da caminhada
É ter a vida abreviada

A dor não é seletiva
Por isso é repetitivo
Um alguém caminhar perdido
Com a mente pensativa

Pense na palavra partida
Ela vai do início ao fim com sentido
A palavra, não o ‘estar vivo’
E a primavera dá seu colorido
No ponto de partida
Ou na partida com ponto
.
Definitivo

terça-feira, maio 14, 2019

Beth foi essa Voz


O samba perdeu sua voz de lamento
Compôs Paulo Cesar Pinheiro
Beth Carvalho foi essa voz
Das coisas da gente, cantava por nós
Cantava a vida do brasileiro
e apontava o algoz

Beth não se americanizou
Era Brasil inteiramente
Saco de Feijão, Corda no Pescoço, quando cantou
Ela ali denunciou
O que se vive diariamente

E ela, com sua humildade
Que tive a oportunidade
De conhecer e entrevistar
Dizia que o samba se perdeu no tempo
que pagode não era novidade
Ela havia empregado o termo
Pôs na capa pra mostrar,
a certa forma de usar

A mulher Beth Carvalho, sambista
Foi madrinha de nomes, grupos e da história
Se o samba vive ou viveu sua glória
Foi essa mulher nesse meio machista
Que abriu cada porta
Gravou disco só do samba paulista
Sem rixa, com seu sotaque carioca

Beth nos deixou Sem Defesa com sua partida
A madrinha que pelas Andanças empunhava um cavaquinho
E Nelson no peito
Levava Cartola e a Mangueira pra avenida
Isso, Beth, fique tranquila, não será desfeito
Seu legado foi perfeito
Obrigado por sua vida

segunda-feira, abril 29, 2019

Camuflado ou Rosa?

Um carro branco
Com pessoas negras
Outro, camuflado
Traje esverdeado

Deu-se o comando
Aponta! Certeza
É esse o alvo
Fuzil liberado

Fu-zi-la-men-to
Bem separadinho pra ficar claro

Evaldo, morreu; Luciano, morreu
Esposa, amiga e filho, escaparam
Evaldo e Luciano, certa vez, declararam
Que a região era segura, a tal Vila Militar

O que cada um esqueceu
Que assim como na farda, camuflada
Tem cor que é difícil enxergar
Ou, pensando bem,
é até mais fácil de acertar

O caso virou nacional
O músico, ali mesmo se despediu
Dia 7 de abril, dia do jornalista.
Na cidade e no Estado do Rio,
O que a mídia cobriu
Era cena que já estava prevista
E a população consentiu.

Nessa fase pós-Temer golpista
Essa foi a promessa
Nisso, pelo menos nisso, ninguém mentiu
Foi avisado
E, mesmo assim, o pessoal ficou abismado
Puta que o pariu, viu?!

E eu nem contei o número de disparos efetuados

Jornais deram capa preta e sangrenta
Exatamente, preta e sangrenta
Vou repetir, preta e sangrenta
Essas duas palavras juntas não parecem distantes
Soam como complemento
Estamos acostumados o bastante
Pra não estranhar como destoante elemento

Preta e sangrenta. Tiros? 3 a mais que 80
Que acertaram
E quantos atiraram?
Eram 9 na ação

Mataram o que mexia com canção
E outro que juntava do chão
Papelão e lata
E jogaram na lata na televisão

Comoção foi geral, quase geral
Pelas redes sociais
No Brasil, hoje, a comunicação oficial
Tratou como incidente
O Exército não matou ninguém,
disse o presidente
5 dias depois, 5 dias, minha gente

Luciano, catador, tentou salvar Evaldo
Os outros ocupantes correram procurando respaldo
No saldo, a morte brutal
E o show do pai, Davi não verá
O que Davi viu, não se apagará
No futuro, não cobre dever cívico e moral
Não é essa imagem que ele trará
O que ele pode trazer a Evaldo Rosa
Fu-zi-la-do pelas Forças Armadas do Brasil
É somente a rosa e a dor que sentiu
Seja 2 de novembro, Finados,
ou então, sem feriado,
7 de abril.

segunda-feira, abril 01, 2019

Março é delas

Março,
Mês da Mulher
Pela vida delas
Pela luta de todas elas
Exaltadas em março
Fecha em abril

Logo, dia 1º
Da Mentira
E as frases que inspira
No passado mês de março
Eu me uni, fui à luta
Em março, eu marcho
Nesse marco por elas

Eu, macho, depois desmarco,
Remarco, demarco
O meu espaço e a área dela
Abril?
Ela nem sabe o que a espera

sexta-feira, março 29, 2019

POSTAGEM URGENTE!

Recentemente, usei uma das redes que percebo maior interação com o que posto, o Facebook, para perguntar: “Quais redes sociais vocês usam e por que escolheu essas?”


Antes de publicar esta pergunta, eu a fiz para mim mesmo. As respostas foram um tanto reveladoras. No perfil pessoal do Instagram, por exemplo, repensei o porquê de mantê-lo. Sou locutor e não será lá que arrumarei novos Jobs de locução. Há caminhos bem mais profissionais para essa demanda. Não sou um especialista em microfones, cabeamento e aparelhagem, logo, tenho pouco a acrescentar aos meus seguidores. Escrevo meus poemas. O insta também não é o melhor canal para vídeos e textos. Logo, não haveria porque usar este espaço com essa proposta e ainda mais com um nome (@) que não tem nada a ver com o tema. Gosto de pedalar, correr, mas, por puro prazer próprio, sem me aprofundar em tecnologias de roupas esportivas ou peças e acessórios para bikes. Dessa forma, não sou nem busco ser referência nesse tema. Dessa forma, repensei e entendi que era uma rede que apenas me consumia tempo e pouco tinha a me acrescentar profissionalmente. E antes da contra-pergunta:  não, eu não quero usar para exposição pessoal. Em nada me evolui.


E entre as respostas que obtive, houve quem optasse em algumas para postar, mas, pouco interagia. Em outras, mais para interagir e pouco posta. Houve também quem tenha bem definida uma ordem de prioridade e quem filtrou quais redes usa para cada fim. Essa disciplina não é tarefa fácil.

O Twitter, de longe, é minha rede favorita pela praticidade e informação que adquiro através dela. No entanto, reconheço que, nela, sou muito mais um receptor de conteúdo que alguém ‘interessante’ de ser seguido. No Facebook, que, recentemente dei uma boa afastada das minhas preferências, percebo que é uma das mais eficazes em interação de pessoas que realmente fazem parte do meu convívio. Nesse caso, ando repensando a dedicação de mais tempo ao bom e velho Face.
Para meu trabalho com os eventos, o Instagram - conta empresa já parece ser o mais interessante. O visual dos eventos impacta de forma mais positiva e os conteúdos que escolho apresentar são mais adaptados ao que é atrativo ao insta. Reavaliar se o seu conteúdo é visual e bonito ajuda muito a entender se esta rede social é a mais adequada para você.

Quando vamos para o LinkedIn, outro tabu para muita gente, inclusive pra mim (assumo), reveja seus contatos e os conteúdos que pretende publicar. Em sua carreira, você pode ter passado por diversas áreas e, certamente, nem todos os seus colegas de profissão vão se interessar por conteúdos que não se enquadrem em seu rol de atividades. No entanto, reavalie se esta é uma rede social interessante para você e se a resposta for sim, coloque na balança o tempo geral que dedica a redes sociais e calcule essa proporção referente ao LinkedIn. Você pode encontrar aí aquele ‘ladrão’. Sabe quando há um desvio ou um furo num cano e dizemos que a água está escapando pelo ladrão? Nesse caso, é o tempo que falta e você justifica com outras atribuições.

Em conclusão, elaborei este texto pela insatisfação pessoal com o consumo do meu tempo com as redes e quando fiz a reflexão sobre as razões aplicadas, estratégias e objetivos, descobri olhares ainda inéditos pra mim. Fazer esta revisão interna do porquê usamos redes sociais e por que escolhemos uma ou outra é, no mínimo, esclarecedor.

Seria muito legal saber se você já tomou essa iniciativa antes, quais resultados ou respostas obteve e quais foram os passos dados para mudar. E lembre-se de duas coisas:


  1. Ninguém está nem aí pro que você posta da sua vida.
  2. Não entregue sua felicidade ao número de curtidas ou à atenção que conseguiu atrair na timeline das pessoas.

quinta-feira, março 28, 2019

O Ponto Final

Sempre o ponto final
É. Não é. Foi ele. Não foi.
O moleque armado que invade a escola
É esse ponto. Letal. Mortal.
E ele pôs vários pontos
Reticências não. Pontos finais
Que encerram a oração
Subordinada à oração

Ora-se pra pedir ou até por gratidão
E a cada oração, ponto final, amém
O ponto é quem lotou a Febem
O ponto é a pausa, respiração
O ponto é a decisão, a explicação
Que se dá pra julgar alguém à sua visão

Orações a tantos pontos perdidos
Em orações esquecidos
Pontos que se perderam
Frases que não construíram
Houve quem perdeu o ponto
Chegaram a um ponto que se destruíram
E sequer refletiram
Apenas não pontuaram
Sendo eles, os próprios pontos
Mas, ponto que é ponto mesmo
Carrega em seu passado, uma série de vírgulas.

sexta-feira, março 01, 2019

Mal Começou o Ano

Jornal do dia anterior
Sinto-me atrasado
Num ano que mal começou
Mal começou e começou mal
Reporto em versos a dor
Um pesadelo contínuo acordado
Destroçado num lamaçal

E a lama que desabrigou
Fez Brumadinho, um canal
Pôs Brumadinho no canal
Nos canais
Nos banais fatos; às vezes, normais
Normal mesmo é o relato
Do Zé no anonimato

Que, na real, na real mesmo
Ele vale o que Vale o contrato
Contratos... promissores...
Jogadores?
Nem são deles que trato

Prometiam adequadas instalações
Administram agora indenizações
Contêiner nas construções
Nem todas as permissões
Nem venha com condições
Milhões para medalhões e figurões

Vermelho é cor quente
O preto é cor luto
O branco do escudo
É a paz tão ausente
Em um Rio absurdo

Depois, Boechat se vai
O helicóptero no ar, cai
A rádio do ar, sai

E, por aí, só se ouve: pai, pai, pai
Papai precisa cuidar do garoto
Dos garotos: do municipal ao federal
Do modesto custeio eleitoral

Lustra-móveis num pano
DesMOROna a cara-de-pau
E o foro, um privilégio insano
Até então, benefício imoral
Não, não estava nos planos
Mal começou o ano
Já gastar com Queiroz e explicar laranjal

quarta-feira, fevereiro 27, 2019

Poesia em Papel e Gavetas

Tenho deixado pra amanhã
Decorar o que escrevo
E o que eu escrevo
É sobre hoje

Um hoje que é hoje há tanto tempo
Eu escrevo sobre o Brasil
Sobre Osasco, sobre sentimento
Eu escrevo sobre o frio, o fuzil
E um Estado violento

O que eu escrevo está em papel
E memórias online, digitais
Sobre o que vi nos jornais
Sobre o que eu li no cordel

Slam, sarau, e a poesia segue no ar
Pronta pra ser encontrada bruta; e lapidada,
Às vezes, curta e enxuta, às vezes, encharcada
Salgada de lágrimas, que fazem borrão da caneta
Por vezes, azul; raramente, vermelha; por vezes, preta

O papel manchado e a mancha do passado
Que me fez sentar e escrever de veneta
Mas, escrever pra que, se não decoro pra dizer?
Pra publicar? Onde? Pra quê que alguém vai ler?

Quando ouvir este, que eu tenha decorado
Que eu tenha declamado
Pois, pra quê poesia?
Se rimar é por si, rebeldia
É transcrever gritaria

Na gaveta, trancado
É só mais um verso, disperso, calado.

terça-feira, fevereiro 26, 2019

Fala de Mim

Eu tenho tanto pra te falar
Eu tenho tanto pra te dizer
Só que às vezes, prefiro calar
E em outras, escrever

Eu preciso me comunicar
Eu preciso me expressar
Nem sempre foi assim
Teve vez que eu queria gritar
O que iriam pensar de mim?

Ah, se eu nem me preocupasse
Se eu nem ligasse
Que alguém me julgasse
Falem bem ou falem mal, falem de mim

Não, não mesmo!
Já pus muito na frente o silêncio
Pra não entrar no rol do ruim
É uma necessidade vital, saca?

Penso muito, tenho altas viagens
Minha opinião não emplaca
Eu calculo a dosagem
Da hora de estampa-la na placa
Da hora de guardá-la em bagagem

Hoje, sou MC
Nem de rap, nem de funk
Preparo e faço cerimônias por aí
De bodas, casório e debutante
Bem diferente de antes
Que, diante de outros estudantes
Recolhia-me insignificante
Gordo, baleia, elefante

Tá aí, coisa que nunca aceitei
Sentia, sofria, calei
Guardei no quarto solitário
Onde tanto me esquivei

Entrei, tranquei, horas e dias, passei
Desabafei, foi necessário
Muitas, muitas vezes, pensei
Eu e a vida, eu e a morte, belo páreo
Seja qual for sua dor, sua chaga
A ferida que traga
Você vai superar, eu sei

segunda-feira, fevereiro 25, 2019

Novo Passo pra Trás

Dois mil e dezenove,
O ano então começou
Dia 1 do 1 chegou
A esperança que se renove
Nesse discurso que cansou

Parem, por favor, de fingir
Só a virada de calendário
A contagem de 3, 2, 1, no horário
Não diz que o mundo vai evoluir
Muito, muuuito pelo contrário

Nós buscamos no passado, o futuro
Pelo aprendizado, pela história?
Antes fosse, mas, pela opressão da escória
Que se impôs, deixando claro que o escuro
Tomou seu lugar no pódio da glória

E nem precisou ser goleador
Ou ouvir: “esses negros cantam demais”
Ele só mostrou que seu muro desfaz
Como um sopro na casa de Heitor
E nem somos lobos correndo atrás

Foi madeira pra tudo que é lado
Madeira, matéria-prima de construção
Os tocos que alicerçam no chão
Mesmo num morro dependurado
Foi nosso passo pra impulsão

E o passo que já foi dado
Não recua NEM FO-DEN-DO!
Pode ser até o Coiso dizendo
O futuro é inesperado?
Não acho, mas, o meu passo
Pelo menos, desse não me arrependo

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Torcida e efeito

Chegamos ao governo Bolsonaro
O mito como foi designado
Tem muito pouco ou quase nada
A se orgulhar por ser “culpado”

Antes de eu ser apedrejado
Entenda o que escrevi
Ele pode ter vendido bem o perfil
O que eu realmente não entendi
É quando e onde foi qualificado
Pra governar (como diz a música) a porra do Brasil

E mais: estamos sob a gestão (ou indigestão) de Jair
Isso não significa que vou secar, agourar,
Nem tampouco, consentir
Que Ustra seja brilhante ou livro de cabeceira
Você consente ou leva na brincadeira?
Eu lembrarei se algo assim te atingir

Não desejo nada, nem o mal, nem o bem
Estou só de butuca, a olhar o que vem
Torcer? Não é futebol que a bola pega um vento
Caprichosamente, vai na trave
Rebate e vai fora, ou mata e vai dentro

Guardo a torcida pro futebol
Que o goleiro adversário sobe pra tirar a bola
Na cara bate o sol, meu nove se aproveita
E a torcida comemora
Ou num chute que desvia e pega efeito
O goleiro já saía, a bola entra e não tem jeito
Isso cabe torcida
Todo mundo lado a lado, gente unida, camisa igual
Sentimentos movidos por um ideal
Gritar ‘é campeão no final’

Não vou ficar de boa
Com quem acha de boa ser fã de torturador
Ser opressor por essência e com consciência
Nós, rivais, eles chamam de defensor de ladrão
Do cara que está na prisão
Não, você não entendeu sua condição

Quer arma e munição?
Sentirá no peito, a perfuração
Um pouco acima da facada do #EleNão

O Meme do Morgan


Chegou aquele dia
Que a galera pega o meme do Morgan e posta
Que é a favor da Consciência Humana
Consciência Negra é racismo reverso
Ô meu Deus, só uma coisa te peço
Dai-me sabedoria pra aguentar essa bosta
Na porra da bandeira, além de ordem, está escrito progresso

Até pokémon evolui e você nesse argumento
Ultrapassado é pouco, chegado
O racismo é enraizado
E não sai pelo esquecimento

Aliás, eu tenho uma sugestão
Se você acha que parando de falar de negritude
Vai acabar o racismo e mudar atitude
Comece por você, guarde seu meme lá
Imprime, enrola bem enroladinho

E se você já é bem resolvido
com a sua Consciência dos Seres Humanos
Saiba que criticar o 20 de novembro
Não passa de passar um pano
Ao preconceito violento
E a cor da paz ainda é o branco?


(texto feito em 20.11.2018) demorei pra publicar, mas, vale deixar aqui para leitura e views