quinta-feira, dezembro 12, 2019
Paraisópolis = 17 - 9
Paraisópolis, quanta ironia
Cidade Paraíso
Que nome mais impreciso
Pro cenário da agonia
Lá, como em qualquer outro lugar
Se mata, se morre, se sobrevive
Nem precisa dos 'Steve', de detetive
Lá se julga, lá se apaga, dão o nome de limpar
Sim, eles que ficam do muro pra dentro
Não conseguem conceber
Que ali, Morumbi, ao redor possa ter
Nem digo gente, seres sem rendimento
Pulando da mansão pra favela
É tudo numeral
O baile da 17
Morreram 9
Do lado policial, prenderam 6
A idade dos mortos: 14 a 23
38 PMs na ação
5 mil na confusão
Saldo: medo, alguns corpos feridos
Encurralados, pisoteados, resumidos
A sangue, sem vida, no chão
Na Paraisópolis, o paraíso passou longe
Pra quem não é do bonde
O pancadão é um inferno
Só que a droga lá vendida
Também é consumida e escondida
Em alinhados bolsos de terno
"Lá tinha o quê? Só droga e putaria
A polícia tinha que agir, como faria?"
De verdade, verdade mesmo, eu só queria
Que houvesse a mesma valentia
O mesmo riso de ironia
Quando o baile é na periferia
E nos pico de patrão e diretoria
Que a cor não fosse fator
Que o breu pudesse se impor
Ao contrário, mesmo no escuro
No paraíso do senhor
Ele é alvo sem um muro
Afinal, o muro é pra deixar seguro
Quem tem o jardim com flor
Cerca elétrica, choque, armas, cassetete
"O que estava num baile funk, com 14, esse pivete?"
O Estado não mudará a forma de policiamento
"É isso aí" - aquela galera repete
É o que eu chamo de discurso de alinhamento
Talvez pro moleque, o único divertimento
O último... o baile da 17
Mais uma vez, mortes e 17 na mesma frase.
Lembretes:
#poesiasdodiego,
17,
baile da 17,
Críticas,
escritor osasco,
Mortes,
morumbi,
Paraisópolis,
Poemas,
Poesias,
poeta,
sociais
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário