segunda-feira, dezembro 30, 2019

Coquetel de Natal

Abre a porta, escancara
Do armário, dos fundos
E põe a cara no mundo
Encara, vai fundo
Embala no assunto
Que só nele se fala
E vamos pensar junto

Jesus Cristo, o personagem
Idolatrado, inatacável
Gay? Parece improvável
Na filmagem, viável
Uma revolta selvagem
Um ódio inflamável
Terrorismo em mensagem

Não se captou a profundidade
De tamanha covardia
Ato em conformidade
Pra punir a heresia
Era Noite de Natal quando a bomba explodia
Era um coquetel nada elegante
Pra quem se diz representante
De José e de Maria
E do personagem mais importante
Que logo logo nasceria

O país a se revoltar
Por humor, irreverência
Pela fé, satirizar
Não posso exigir coerência
Se revoltar por ver ofensa
À imagem do senhor
Só que aplaudem torturador
Botaram um na presidência
Com apoio do pastor

Jesus já foi diversas vezes retratado
Quando sai do estilão dos europeus
Galegão dos olhos azuis,
Não faltam críticas a quem retratou Jesus
Por vezes, negro interpretado
Também foi alvejado
Assim como aquele da cruz
Tanto tempo já passado
Que se ele é de fato a luz
Contra a luz, fica ofuscado

Qualquer perfil diferenciado
Deveria ser aceito
Isso sim seria respeito
Se ele nos fez a imagem dos seus
Não importa a imagem de Deus
Como homossexual, negro, mulher
O mesmo Cristo torturado
Continua apedrejado
Se cada um vê como quer

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