terça-feira, junho 29, 2010

É certo ser errado...

Desde pequeno me ensinaram
A ser um menino correto
Meus pais e avós me educaram
Os caminhos do errado e do certo

Mas hoje, vejo o inverso
O certo é sempre punido
Independente do critério
O errado, sempre aplaudido

Na escola, me tiram da sala
Consegui o que eu queria
Comportados ficam na aula
Eu, de boa, na diretoria

Até agüento uma bronquinha
Em casa, ouço um pouco mais
Sempre ouvi que não convinha
Desagradar meus pobres pais

Esse exemplo é só o primeiro
De infinitas incoerências
Que eu, como brasileiro
Arco com as consequências

Para quem comete um crime
Para quem procria a rodo
Criam-se leis para o regime
Que prejudica o resto todo

Quem erra tem benefício
Quem trabalha, se dá mal
Quem se esgota em sacrifício
É quem paga o pato na real

É proibido daqui e dali
Não pode sob pena, reclusão
Não roubei, não matei, não bati
Para mim sobrou punição

Quem trampa e todo dia dá duro
Paga imposto no arroz e de renda
E o destino da verba, obscuro
Não se discute, pagamos a prenda

Criminosos descansam ao sol
Têm quartinho, campo e bola
Escolhi não entrar nesse rol
Sendo assim, a lei me esfola

Nas cobranças financeiras
Socialmente, sou bem cobrado
Para não cometer besteiras
Para não cometer pecado

A sociedade diz que é sacanagem,
O governo sustenta o vagabundo
Leis dão mais poder à pilantragem
O que é certo? Eu me confundo
Sou condenado: de ficha limpa
A um ser imundo...

segunda-feira, junho 28, 2010

Sentimento estranho

Diferente o que senti
Abri a gaveta, azul vesti
Poderia ser amarelo
Ou outra cor da bandeira
Seleção Brasileira
Um sentimento novo
Novo não, de novo
Decidi me juntar ao povo
E torcer pelo Brasil
Confesso, ia na contramão
Por falta de identificação
Pela fraca representação
Real da nação
Pela criticada convocação
Ou até pela escalação

Primo pela coerência
O técnico também
Criticam a sapiência
Capacidade, inteligência
Sempre ficará aquém
Sempre haverá alguém
Pra falar mal, pra falar bem
E não sei de onde vem
Esse sentimento contrário
De torcer pro adversário
Soberanos nesse quesito
E mais ainda, acredito
Seremos mais pra frente
Sendo, mais ainda, coerente
Nacionalista que assumo ser
Como posso torcer
Pro meu país perder?

Desde o tetra, não torcia
Em 98, como eu ria
No penta, nada sentia
2006, que alegria

Resolvi então mudar
Até o Dunga vou apoiar
Engraçado a gente cornetar
O cara ganhou tudo
E ainda vai deixar mudo
Assim como o anão
Muitos faladores de plantão
Pois o Mestre não foi Dengoso
Tantos ficaram Zangados
Deixou o treino misterioso
Nada Feliz, os revoltados
Que perderam a Soneca
Dormiram preocupados
Faltou o Atchim, agora sim
Todos estão citados

Não pretendo me equivocar
Cometer ufanismo imbecil
Em ídolos, vou me inspirar
Nem sempre são do Brasil
Por eles, vamos vibrar
Sentimento maior, doentio
Nosso amor pode representar
A saudade de quando partiu
Pela porta poderá sempre entrar
Foi um símbolo e não fugiu

Clube, time, agremiação
É muito maior a paixão
É a nossa seleção, opção
Razão, amor, emoção

Temos craques noutro país
Alemães e japoneses
Nos co-irmãos, na raiz
Alguns viraram portugueses

Só lamento a debandada
Rumo aos sonhos de criança
Bola leve ou pesada
Faz o gol da esperança
Faz defesas, pedalada
Da torcida, confiança

Será que ainda veremos
Uma Seleção do Brasil?
E não Seleção Brasileira
Craques por quem torcemos
Cada um, com sua bandeira
Aí sim, ostentaremos
No nosso peito, cada estrela

Como o tempo passa...

Esta noite sonhei
Com um dia no passado
E, confesso, acordei
Um tanto emocionado
Daquela tarde, lembrei
Vi o quanto fui errado
Um amor, desprezei
Erro tolo, equivocado

Mas, os anos passaram
Quatro, exatamente
As lembranças voltaram
De um dia tão presente
Os jogos continuaram
A vida seguiu em frente
Confrontos se retomaram
Como a vida é recorrente

Passou, voou, não apagou
Passado nem sempre esquece
Tudo o que o peito carregou
Refletimos o que acontece
Um sentimento que rolou
No coração não padece
Fisicamente, se acabou
Na lembrança, não perece

O passado, revivemos
Conseguimos lembrar
Do prazer que tivemos
Hoje é só lamentar
Um amor, concebemos
Não pode continuar
Um período sofremos
Mas não vou me enganar

Esse erro foi só meu
Sim, assumo, sem temor
Quanto tempo já se deu
Que perdi o seu calor
Pois senti-me no apogeu
Quando tive seu amor
Restou memórias: você e eu
Arrependido, relembro a dor

quinta-feira, junho 24, 2010

Amarelo

Amarelo é ouro
É sol, luz do tesouro
Quando se abre o baú
É a cor que reflete
Ilumina o sorriso
Surpreso do pirata
Ou daquele que descobre
O que tanto procurava
O que vasculha,
O que desbrava

A cor não é só dourada
Pode se fosca, apagada
Mesmo assim, destacada
Viva, incendiada
Também é muito utilizada
Para representar o país,
O calor, nosso fervor
De alegria, de festeiros
Amarelo representa brasileiros
Não só pela seleção
Mas pelo clima tropical
De nossas praias, calorão
Desse país do carnaval

Amarelo é o apagão
Não o branco da memória
É pipocar na missão
É falhar na ação
É temer situação
É não ter reação
É amarelar, omissão

Amarelar pode ser falhar
Acender ou clarear
Parece contrariar
Conforme a forma que usar

Vai do seu critério
Ou o tom do amarelo
Cabe a nós, aproveitar
O amarelo que escolheu
Qual amarelo sou eu?
Qual amarelo vou mostrar?

quarta-feira, junho 23, 2010

O samba vem de lá

O samba vem de lá
De onde a gente é mais “da gente”
Inspiração é mais latente
A poesia é inerente
E o improviso é tão fluente
Só o coração quem compreende

O samba vem de lá
De onde a noite intermitente
Relata o dia de batente
Qualquer problema que enfrente
Ou o amor que está ausente
Dor de saudade tão presente

O samba vem de lá
De onde o som é popular
De lá o canto a ecoar
Desde a tristeza a festejar

O samba vem de lá
E quero aqui representar
Que nosso som vem se expressar
O amor ao samba declarar

Do samba
Que reflete a sociedade
Que transmite a felicidade
Turbilhão de viver na cidade
A lamúria sem choro que invade
Sentimento, lamento, vontade

quarta-feira, junho 16, 2010

Pra frente, Brasil

Enquanto as viaturas forem mais equipadas
Reforçadas, renovadas
Que as ambulâncias ultrapassadas
O Brasil não vai pra frente

Enquanto crianças imploram um pão
Gastamos com fogo, míssel, missão
Somos um pólo de corrupção
Essa porra não vai pra frente

Enquanto a escola for toda fudida
Uma empresa for tão protegida
Sua rua depredada, destruída
Essa bosta não vai pra frente

Enquanto sucessos forem descartáveis
Forem as gostosas insuportáveis
Músicas podres, intragáveis
Essa merda não vai pra frente

Enquanto a lei proteger bandidos da sociedade
E não o contrário, que é a realidade
Forem beneficiados pela maldade
Isso aqui (nem fodendo) vai pra frente

Enquanto paramos tudo por futebol e novela
Participamos e vemos lixo na tela
Pra única merda que você tem (a vida),
você se esconde, fecha a janela

Jamais essa porra toda vai pra frente
Enquanto livros forem coisas mais que antiquadas
Enquanto nossas mentes forem sujas privadas
Enquanto continuarmos a estampar risadas
Que cacete! Não dá pra imaginar que essa terra vá pra frente

Enquanto imperar preconceito de raça ou caráter sexual
Enquanto raciocinarmos o mesmo ou menos que um animal
Enquanto crimes se justificam com problema mental
Vão todos tomar no cú, o Brasil não vai pra frente

Sou desinformado, fiquei sabendo de um tal auxílio presidiário
Alienado que sou, esses filhos da puta ganham mais que o mínimo-salário
E somos nós que pagamos, em outros filhos da puta votamos,
Somos mesmo um bando de otários

E acreditamos que esse país, com tudo isso, ainda vai pra frente
Mas, está melhorando, vamos crer nisso, sou paciente
Vamos lá (só em época de Copa mesmo), vestir verde e amarelo,
Vamos mostrar (só em época de Copa do Mundo mesmo)
que tenho orgulho em ser brasileiro, que torço pelo Brasil
Não deve ser a toa que nossa nacionalidade rima com puteiro
E o país, com puta que pariu

sábado, junho 12, 2010

Namorados

Namorados
Ficantes
Casados
Amantes
Relações interessantes
Um tanto intrigantes
Diferentes de antes
Relações inconstantes
Parceiros variantes
Paixões por instantes
Por corpos excitantes
Cios incessantes

Namorados
Relação rara
Apaixonados
Não só a tara
Envolvimentos mudaram,
Melhor, desestabilizaram
Só os que se apaixonaram
Juntos continuaram
O futuro, idealizaram
Uma família, imaginaram
Não desistiram, conservaram
Bons conceitos, assimilaram

Namorados
Uma união
Amados
No coração
Namoro é reflexo de amar
Não é um simples gostar
É se envolver, se entregar
É de prazer, se acabar
É na tristeza, consolar
Nos problemas, ajudar
Alegrias compartilhar
É parecido com casar

Namorados

Em anel
São casados
Sem papel
Um no outro, acreditamos
E um minuto que passamos
Uma história, eternizamos
Mês a mês presenteamos
As chatices que aturamos
Os prazeres que gozamos
Às vezes que choramos
Porque, acima de tudo,
Nós amamos e nos amamos

quinta-feira, junho 10, 2010

Maduro Futuro

Voz grave e macia
Um tanto madura,
Porém o tempo
Pareceu não passar
A firmeza ainda perdura
Força em cada palavra
Sobriedade no tom
Imagens foram lembradas
Ai que saudade do vô
Ah, como isso é bom

Lembrei de algumas passagens
Momentos ficaram guardados
Em dias, anos passados
Naquela noite, relembrados
Revividos, rememorados
Ao ouvir uma canção
Os parabéns tradicional
Entoar daquele senhor
Meu tio, meu tio-avô
E teve outros parabéns
Diferente do conhecido
Que por nós foi admirado
Por todos foi ouvido
E, de coração, muito aplaudido

Como me deu certa inveja
De toda aquela maturidade
Trocaria fácil pela minha idade
Admiro a experiência
Adquirida pela vivência
Não tem estudo, não há ciência
Que explique, que transmita
Uma idade tão bonita
Reconheço a estranheza
Em preferir a velhice
Ao invés da juventude
Mas a vida traz beleza
Como se o amanhã previsse
Sobra sabedoria na atitude

E com tudo isso
O corpo também acusa
Aponta a ação natural
O efeito do tempo cruel
Dores são algo normal
As marcas, levamos pro céu
Cada marca, uma história
Cada passo, uma lembrança
Cada dia, uma glória
Quando volta a ser criança

Brinca sem tanto pudor
Tem malícia, mas disfarça
Finge que não tem
Por vezes, até acreditamos
Pois disfarça tão bem

Sabe brincar com limite
Sabe não extrapolar
Sabe ser maduro, experiente
Sensível, de admirar

Anos que se passam voando
E memórias se acumulando
E eu, tolo, fico pensando
E eu? Duro até quando?
Essa era teve qualidade
De vida, de épocas louváveis
Outras condenáveis
Mas, dessas se leva o lado bom
A sobrevivência a regimes
Péssimos, tristes ou sublimes
Que, ao resistir, aprendeu
E por mais que sofreu
Conseguiu... Viveu

Ah, como eu queria
Ter visto tantos marcos
Na história desse mundo
Ou só do meu país
Tanto faz
Teria um passado feliz
Por ser um berço, uma raiz
Um ser bastante inspirador
De alguns jovens por aí
Que vezes, ouço repetir
No meu futuro que há de vir
Quero lembrar o vovô
Quero ser como o senhor!

terça-feira, junho 08, 2010

Sub

Subsolo, submerso
Um mar de lixo
Todo lixo que geramos
E como cães, enterramos
Escondemos e continuamos
A produzir mais lixo
Será que só produzir?
Ou até ingerir?
Só que não para por aí

Por conseqüência, aterramos
O futuro deste atual presente
Somos moleque inconsequente
Que não olha pra frente
E com essa atitude
Esse lixo de atitude
Reflito sobre os resíduos
Sobre nossa produção
E sob nossa produção
Fica a sobra da produção

Toneladas nos caminhões
Espalhadas em galões,
Sacolas, garrafões
Quanto desperdício...
Mas é um sacrifício,
Uma tortura, um suplício
Economizar é difícil
Porém, precisamos
O ar que respiramos
Respiramos naquela...
Poluição, cigarro, fumaça
Inspiramos por tabela

A mídia apela
Pede preservação
Campanhas de reciclagem
E ao mesmo tempo,
Poucos segundos, diria
Deixa que escorra pela pia
Toda essa hipocrisia
Desconstrói a teoria
Com o apelo mais forte
Compre, adquira, consuma
Use, descarte
Compre de novo, use, descarte
Produtos lixo,
Frágeis, nada duráveis
Que garante a renovação
O investimento na produção

Contraditório tudo isso
Compre, gaste, use mais
e gere menos lixo
Ao ver o lixo aterrado
Fiquei sufocado
Pelo ar, pelo mau-cheiro
Pelo gás que inspirei
E acredite, me inspirei
Em pensamentos, voei
Aos redores, pensei
Em quem respira aquele ar
Como deve ser?
Deve a boca amargar,
A saliva secar
e sentir o gosto
Da terra, da poeira
E como sonhar sob o pó
E como viver sobre o lixo?
E como ver lixo sobre você?
Apoiando a montanha
De casas, pessoas, famílias
De lixo, de barro, tudo no sub
Sub-terra, sub-casas, sub-vidas
Sub-ar, sub-vivência
Sobre futuro e sonhos
Todos aterrados
Sobre nossa consciência
E estamos parados
Sub-sapiência

terça-feira, junho 01, 2010

Gol da África

Gol, esse é o grito que mais queremos ouvir
Na primeira copa do continente africano
Queremos amigos e parentes reunir
Pra trazermos mais um caneco esse ano

Chaves, grupos, favoritos, classificação
Gols, defesas, esquemas, marcação
Amigos, churrasco, cerveja, vibração
Patriotismo exercido pela Seleção

Vestimos a camisa, a armadura guerreira
Torcemos por craques com a bola no pé
Honramos o país e balançamos bandeira
Vamos rumo ao hexa, agradecendo Pelé

58, 62 e 70
94 foi o tetra, 2002 veio o penta
Na torcida, milhões, uns cento e noventa
O Brasil mete medo em todos que enfrenta

Somos os maiores vencedores, os campeões
A Itália tem quatro, a Alemanha com três
E colecionamos algumas decepções
Nosso maior temor é com aquele francês

Palpites na convocação e no time titular
Não queremos só vitória, queremos golear
Não queremos 1 a 0, um show queremos dar
A estrela do hexa já está pronta pra bordar

Craques campeoníssimos, nossa esperança
No gol, na defesa, no meio e na frente
Tem alguns que vão sob a desconfiança
Tem alguns que a torcida não consente

África do Sul, México, Uruguai e França
Na primeira fase, a anfitriã já dança?
Resta a torcida, com total desconfiança
Que baita azar, desequilíbrio na balança

O título fica na América ou vai pra Europa?
Além de nós, tem a Fúria e os Hermanos
Seria sensacional, histórico pra Copa
Se a taça ficasse com os africanos

O que resta ao mundo é torcer
Pelo fim das guerras, pra paz vencer
Que o passado triste possa esquecer
Pro continente prosperar e aí crescer