sexta-feira, outubro 27, 2017

Ódio x Amor

Com o ódio tão presente
Com o ódio instalado
Tem gente que odeia a gente
Sem motivo declarado


É como um óleo fervente
Por vingança, preparado
Queima quem é diferente
Só por isso é odiado


A gente precisa sim, é de mais amor
A gente precisa sim, pedir por favor
A gente precisa ter sim, mais compaixão
A gente precisa respeitar sim, a opinião


E quem duvidar que o amor é que pode mudar tudo isso
Faça então a reflexão no seu momento mais pessoal
Quem ganhou algo de bom sendo expansivamente destrutivo
Quem conquistou algo de bom só fortalecendo o mal


Amor quando a gente põe em canção ou declama em poesia
Não pode ser da boca pra fora nem somente aos mais chegados
Amor é algo que contempla uma tal de cidadania
Amor é rosto à mostra no baile dos mascarados


Ame igual o romantismo de um inspirado compositor
Ame igual amava como amava um pescador
Ame, por amar, para o ódio não se impor
Ame, ame, ame, seja amor, seja qual for


Seja pra cantar, pra dizer, pra ir na praça e declamar
Faça por onde, não deixar o amor silenciado
O ódio não cansa de se espalhar, de berrar, de gritar

Ele existia, com agonia, por covardia era calado

Agora, tão ostentado em qualquer lugar
Tal qual a peste, é facilmente proliferado
Você, quando está só você, já parou pra pensar
Se joga ódio no ar e busca ao fim ser amado?

sexta-feira, outubro 20, 2017

Dia da... Mas, sem poesia

Bem hoje, Dia da Poesia, vou desabafar aqui, sem rima, simplesmente pra tirar do meu peito esse incômodo que quase me sufoca. Hoje, me tira o sono. Por consequência, a paz. Paz? Que porra é essa de paz?!

Paz encontro na solidão, tão rara. Há quem possa entender o desejo de estar só, pois ninguém seria o suficiente pra mim; no entanto, vejo do lado oposto do prisma. Meu objetivo é não ser um estorvo, com minhas lamúrias (declaradas ou não), com minhas inseguranças.
Por vezes, escrevo pois vem inspiração. Por vezes, desabafo. Por vezes, a inspiração abafo. Por vezes, inspiro o desabafo. E não o expiro.
A esta hora da madrugada que escrevo, com sono perambulante, busco apenas passar pro papel a agonia de se sentir sem estar acordado e, ao mesmo tempo, sem sono. Como pode isso? É não procurar a renovação de energia pois não se sabe qual sua finalidade quando reposta.
Não se descansa pois não há motivo pra cansar e isso vira um ciclo.
Dizem: é o ciclo da vida.

Dizem que há uma para ser vivida, que há tanta vida lá fora... desculpe, mas não há nem aqui dentro...

Até pra ter coragem de ... enfim, deixa...

Até pra escrever, falta...

quinta-feira, outubro 19, 2017

Covarde alcance

Não deixe ao meu alcance
Nada que me permita invadir
Nada que a pele avance
A ponto de o sangue cair

Nem uma ponta de lança
Nem um tambor pra munir
Se viva, a alma remansa
Na ânsia de se destruir

E viva, sem vivas e interjeições
Ela cumpre sua missão
Sem ousar fazer questões
Relega a emoção

Aceitou as frustrações
De um sorriso abriu mão
Projeta encarnações
Em troca dessa sem razão

Sem razão, ação, reações
Ligeira e fria pulsação
Roleta Russa em condições
Uma só! Libertação



segunda-feira, outubro 09, 2017

Nordeste libertado

No Sul, há um movimento separatista
Coisa essa que já vi aqui de paulista
Mas, sou mais o Bráulio Bessa, cordelista

Nordestino, orgulhoso de seu lugar
Poetizar sobre a questão de separar
Queriam do Nordeste se libertar

Tudo começou pós eleição pra presidente
Em que o Nordeste teve peso influente
Teve um povo que ficou revoltado
Indignado por ter sido no voto derrotado

E o debate por isso foi alçado
Pensar num Brasil, com o Nordeste separado
Será que isso ocorrerá um dia

Bráulio Bessa, o poeta citado
Perguntou e explanou em versos como seria
O Nordeste sim que se livraria
Desse povo todo cult e arrojado

O que eu queria mesmo é que me fosse perguntado
Qual posição tomaria
Eu nem por um segundo dúvidas teria
Se aqui por São Paulo continuaria
Ou minhas malas arrumaria

Nem precisaria ficar tão preocupado
Com o que pela frente encontraria
Eu aprendo o dialeto complicado

Se o Brasil fosse "libertado"
Eu já escolhi pra qual lado eu iria
Por onde o visto é carimbado?
Posso entrar pela Bahia?

sexta-feira, outubro 06, 2017

Desisti

Eu desisti
Não vou mais debater
Resistir
Vou calar
Sucumbi
Aceitar que caí

Sem forças, me rendi
Nada a dizer
Palavras perdi
Não vou procurar
Tanto que pedi
Pra escutar, não consegui

Sigo cumprindo apenas a função determinada
Com total apatia a tudo que me circunda
O tempo vai deixando a olheira marcada
E a dor mais frequente em coluna corcunda

E hoje meu impulso está transformado em nada
Abaixo do nível, imerso corpo se afunda
A respiração rende-se, sem garra, afogada
A água que invade, a ideia inunda

Afoga-se, parte, sem dor perturbada
A ideia se foi, não mais se aprofunda
No fundo, no fundo, não será nem lembrada
Nem boiando em qualquer praia imunda

Para essa passagem de vida findada
Quando o corpo encontrar, sempre tem um que assunta
Será que essa história seria mudada, continuada
Ou sequer pensarão em fazer a pergunta?

quinta-feira, outubro 05, 2017

Calam-me

Escrevo
Desbravo
Esquivo
Escravo

Agito
Reajo
O crivo
Um cravo

Cravam-me
Calam-me
Resvalo
Escapo

Travam-me
Barram-me
Reparo
Disparo

Gasto a letra na caneta ou digito
Tinta preta que não pinta, só escrito
Fico à margem desse ultraje infinito
A chantagem engrenagem onde habito

Não recluso, esse abuso eu relato
Não recuso, só acuso ou delato
Bolso cheio, só recreio em retrato
Vou no meio do recheio ou combato?

Sua posição, sua ação definirá
É aliado ou do outro lado, que lado está
Será o passado ultrapassado que voltará
Um novo Estado que deu errado retomará

Velho regime de novo imprime quem vai mandar
Não se redime e vem mais crime pra nos lembrar
Você nem finge, se não te atinge, o polegar
Que ele assassine a gente, assine pra nos calar
Tirar-nos a voz, devolver vosso ar