quarta-feira, junho 29, 2016

Dia cinza

















Não me alinho com dias cinzas
E pior que na minha essência
Não sou as mais vivas tintas
Tenho uma ‘pá’ de incoerência

Ao mesmo tempo que sou do dia
Sou músico, jornalista e de evento
Sei quando a luta se inicia
Sem hora pra encerramento

Sou um tanto triste por expressão
Pra alguns, soo como rabugento
Mal-encarado, humorado, tensão
Imagem leve, não represento

Mesmo com todo esse peso na cara
Sou leveza de sentimento
Sou samba que por mim, nunca para
Sou passos e pedalada, poesia em cimento

Se fosse pra me descrever, sou samba
“Nem Lá, Nem Cá” do Fundo de Quintal
Sou cabo-de-guerra, força tamanha
Sou cinzas, também sou carnaval

Não gosto desse cinza nublado
Cor que não é branca, nem preta
Assim como sou oposto do meu lado
Sou social, manto do time e bombeta.

Trabalho no linguajar rebuscado
Fora, sou da gíria e palavrão
Sei meu limite, o quão educado
Preciso ser pra ter meu quinhão

Sou calor, não neblina
Claridade, não da lua
Sou aço que se inclina
Chuva e sol na mesma rua

terça-feira, junho 21, 2016

"De-verdade"

Classifico todos ao meu redor
“De-verdade” ou não
Não defino se isso é melhor
Mas distingue a relação

Ser “de-verdade” seja no que for
É ser, não só estar no ato
É transcender um calor
Não é ser prosa, é poesia de fato

Não precisa ser “da arte”
Compor, cantar, escrever
Pode haver até combate
Se for “de-verdade”, pra valer

Tem cristãos que acho que são “de-verdade”
Músicos que não gosto, que são também
Essa definição, poucos têm capacidade
De entender o valor que isso tem

“De-verdade” é ser um pouco mais além
É respirar, vamos dizer assim, um romantismo
Ser “de-verdade” nem sempre é ser do bem
É ser o que aplica o idealismo

Pra mim, não precisa se identificar ser assim
O espírito bate, tem uma empatia natural
Pena que muitos vão se esvair no fim
Sem nunca entender o que é de verdade, ser real.

quarta-feira, junho 15, 2016

Amam sim

De novo, vou na contramão
De quem diz que hoje não se ama
De que os casais só querem cama
De que tudo é simples paixão

Não! As pessoas estão é carentes, isso sim
Amam muito. E de verdade
É que não gostam de si na realidade
Sabe aquele papo: gosto mais dele que de mim?

Pois é, depositada no outro a falta de amor
A falta de sentido na própria vida
Busca-se ser correspondida

E na ânsia de preencher o próprio vazio
Nosso sentido vira então idolatria
Fanatismo sem rumo, perdido, sem guia.

segunda-feira, junho 06, 2016

Homenagem a Mario Sérgio

















Quantos morros já subi
Pra samba aqui e ali
Tocar, ver o povo feliz
Quintal cultivando a raiz

Da raiz, a caneta vira nota
Vira som que a gente exporta
Cavaco pequeno, gigante voz
Mais um gol, vitória pra “nós”

Nós, nossa luta e resistência
Sem frasco pequeno. Tão grande essência
Ser samba, na veia e no sangue
Perder Mario Sérgio, não há o que estanque

O show continua, segue a aconselhar
Engrandece, sem menosprezar
Fazer toda uma roda batucar e cantar
Um prazer que poucos irão gozar

O samba cumpre a razão de lamento
Nossa história em partido tem sofrimento
Não é falsa alegria que passa com vento
É palma da mão, mas hoje é silêncio... silêncio...