segunda-feira, julho 24, 2017

O Preço do Gosto

Ah, mas, o dinheiro vale a pena...
E a grana que está ganhando?
Com esse tanto não vê problema
Vê lá se ele está reclamando

Grana é bom; e pior, necessário
Só ela, por si, pelo numerário
Que estampa a nota do cachê ou salário
Não completa meu valor, maior que monetário
Nem sendo funcionário, nem sendo empresário
Não prego o mundo ideal no imaginário
Mas, quero o sal do mar, não o motor do aquário

Conta chega, custo de tudo que é lado
Pago, porém, aquele dinheiro suado
Você escolhe! Você o move ou por ele é guiado?
Ele engrena seu sonho ou já está alugado?

Bate ponto, vende 1 conto
Tem seu ponto, dá desconto
Chega o rapa, eu desmonto
Se bem cedo me apronto
Estou pronto, pro encontro e pro confronto
Alugue, venda seu sonho, eu compro

Você quer sonhar? Sonhe tendo dinheiro
Quer trabalhar? Faça o que dá dinheiro
A grana é boa, vai recusar?
Ó o trouxa perdendo dinheiro
O que você quer fazer da vida? Ganhar dinheiro

Tem tantas coisas que o dinheiro não compra
Puta clichê babaca, coisa de cabeça fraca
Faz por onde que a grana te tromba
Com bolso cheio se destaca

Cada um corre pelo que acredita
Respeito, mas, no fundo, lamento
Por quem nem sabe do que estou falando

Não tem nem ideia por mais que reflita
Do que é fazer por sentimento
Ter o pelo do braço arrepiando

E a alma transcendendo, viajando
O coração, pressão padrão, não palpita
O motivo do que está fazendo
São apenas notas se somando
Não o 10 na prova de outro tempo
Notas e níqueis na conta do banco

Não consigo estabelecer proporção
Entre o valor que pinga e satisfação
O cachê tentador trazer frustração
Num outro voluntário, ó lá o otário
Ser puro tesão

Tesão, emoção, arrepio, pulsação
Nada paga boleto fatura e imposto
Dê seu preço pra cumprir a missão
Recebendo, não há desgosto
O numeral junto ao cifrão
Diz se há refluxo no gosto

quinta-feira, julho 20, 2017

Transcende

Aí do nada, surge, aparece...
E junta tudo de mais foda
O jeito, o cheiro, a forma, a pele
Em mim, a reação incomoda
Mistura-se ao foco e à moda
E o olhar que entorpece
Domina o jogo, põe na roda

Sabe aquele olhar invasor
Que se bate de frente intimida
Não ouse tentar se impor
É tipo beco sem saída
É sem liberdade concedida
O sol só resolverá se expor
Se os lábios juntos ganharem vida

E nesse ar, nesse gesto, pode ser noite ou dia
Você tem todas as estações e ações fenomenais
O vento, um beco, trança o enigma que sorria
Sinto de químicos temperos aos sabores naturais
A paisagem verde, o grafite urbano, no preto e branco dos jornais
É a ação que nem a confissão perdoaria
Mas, pra quê? Se já vai ao céu, vai querer o que mais?
Por você? Sim, tudo, todo pecado, profanação valeria
Transcenderia razões: espirituais e carnais.
A ordem (ou desordem) tanto faz