segunda-feira, novembro 30, 2009

Continua a humanidade (?!)

Nos anos 2000, os primeiros 10 anos estão terminando. A família está se acabando. Não quero ser antiquado, mas olhe por esse lado. Há muitos filhos largados, abandonados, menosprezados ou até deixados em um dos lados dos rios e lagos. Lagos ou latas. De lixo. Século XXI, não quero ser mais um a cooperar com a loucura. Maluquice pura. Egoísmo demais. Um filho a mais. Símbolo de paz? Isso ficou pra trás. Sobra muito choro e um “Aqui jaz”.

Não me parece tão normal reforçar esse sistema que não é nada legal. Mas não tem problema. O maior dilema é datar a cena. A pergunta é quando e não por que. Por quê? Por que é claro, vivemos pra deixar. Deixar o que? Para quem? Mas relaxa, tudo bem. Deus vai nos ajudar. O governo também. Tem bolsa e auxílio tudo, mas afirmo e não mudo que tudo o que é dado não é valorizado, não vem do suado trabalho pesado, vem doado, como esmola pra pesar na sacola do supermercado.

Hoje está legal pra viver? Você que tem que dizer. Se vir um amigo sofrer, o que vai fazer? Socorrer? Pense pra valer antes de responder. Em meio a crimes banais, passionais, rivais, brutais, fiscais, morais, você quer mais? Quer ver um filho teu revoltado, indignado, ou não vê-lo fugir da luta, como canta o hino? Quer uma personalidade bruta, vil ou um pateta imbecil?

Não é só educação. É conscientização. É superlotação. É sua emoção e a desse coração que mal iniciou a respiração, mas tem pulsação, emoção, tensão, razão e por que não mais um boneco da televisão, os Comand(ad)os em Ação? Ação comandada sem ser questionada, indagada, interpelada por quem não sabe nada, nem que veio ao mundo e porque o colocaram num canto imundo. Não falo do lixo da rua, mas da cidade inteira. Rios vias, ar. Pessoas, dinheiro, lar.
Tudo parece uma lixeira, isso sem falar na enorme sujeira que nos cerca, independe para onde você olhar. Não dá para relutar! É ruim aceitar e não é brincadeira.

Por falar em brincadeira marionete, vê se para de jogar confete em quem te apunhala a canivete.
O corte é cada vez mais fundo e não é como cirurgia, que tem direito à anestesia, ou como um parto cesária para dar à luz outra vida, outra alegria, a quem tanto essa criança esperava. O furo da faca fere firme, frio, forte, fundo, fixa, puxa e abre da barriga até o peito e parece que não tem jeito.

É a norma. Entendamos que norma e normal tenham origem na mesma palavra, no entanto, tudo o que é norma é normal? Por quê? Coincidentemente também rima com igual. Isso é bom ou mau? Por mais que a métrica poética não favoreça, prefiro as rimas anormal, ideal ou até diferente, mesmo que não mereça nomeação condizente.

Hoje, pra resumir a história, guardo o passado, a glória, a memória, a honra e a vitória, só não quero redigir mais enredo. O futuro dá medo. Todos sabem, não é segredo, que os problemas vêm mais cedo e cada um à sua forma. Eu tento fugir da norma, mas me ronda e põe limites pra caminhar, mas outro caminho vou trilhar, vou desviar. Como a expectativa é de amargar, não vou participar desse rito milenar e fazer a humanidade (?!) continuar... se destruindo como está.

Laços de Amizade

Um amigo, um irmão
Mais que sangue,união
Laços sinceros

Desde o pranto à bonança
Desespero, esperança
Parceiros eternos

Amizade que é dita da boca pra fora
Se faz numa hora
Mas não se demora
Partiu, foi embora

Amizade do peito, que é verdadeira
Se torna a primeira
E real companheira
Da vida inteira

domingo, novembro 29, 2009

Primavera Renovada

Ah, como é bela a primavera
As flores que no outono morrem
Renascem para outra era
No outono, no inverno e até no verão
perfumam campos em cada estação
Que exalam outra nova sensação
De sentir o olor das rosas,
das tulipas, orquídeas ou violetas,
refletindo o sol em nossas vidas
O frio asfalto serão ruas floridas
Mais uma primavera que se inicia
Para transformar o cinza em cor
Apagar as palavras incorretas
E reescrevê-las com esplendor
Com simplicidade rumando metas
Passo a passo sobre as barreiras
Sem limites nem fronteiras
Viva a vida a sorrir
Um sorriso abrindo portas
As portas de um novo lar
Que começam a desabrochar
Sobre os espinhos nos encantar
Com alguns galhos a desviar
O percurso de onde quer chegar
Na beleza da flor
No espinho da dor
No cair de uma tarde
Sob o sol que muito arde
Sem refresco ao calor
A natureza agradece
Mais uma primavera que acontece
Mais alguém que se engrandece
Com mais uma
Flor e espinho
Que com muito carinho
Se faz outra vez
Diferente das outras
Diferente de todas
Exala o suave cheiro de paz
Que a sua presença traz
E viva mais uma primavera
Com o charme e beleza da última
Porém renovada
Pois ninguém nem mais nada
Pode roubar de você
A felicidade que deve viver

Paiê

Pai, o meu herói foi você
Pai, o espelho do que eu quero ser
Pai, imagem perfeita do amor
Pai, muito mais que pai, meu avô

Pai, eu sinto sua falta entre nós
Pai, do beijo, do abraço e da voz
Pai, eu sigo os conselhos que deu
Pai, pra mim você nunca morreu

Paiê, paiê, assim que eu chamava você
Paiê, paiê, você que me ensinou viver
Paiê, paiê, papai, vovô
De chefe da família
A nosso protetor

sexta-feira, novembro 27, 2009

Por quê?

Por quê?
Temos que tomar tantas decisões?
Muitas vezes nem temos condições
Mas precisamos tomá-las

Por quê?
A pressão nos exige posições
Quase sempre afetam corações
E não podemos adiá-las

Por quê?
Rotulamos e queremos nomeações
Necessitamos de definições
E não podemos mudá-las

Por quê?
A vida nos coloca em situações
Que temos dezenas de opções
Onde o intuito é acertá-las

Por quê?
Mesmo ouvindo opiniões
Envolvemos-nos em confusões
E é difícil consertá-las

Por quê?
Impomos-nos obrigações
Afetamos-nos com pressões
Não conseguimos relutá-las

Por quê?
Sempre enfrentamos furacões
E tantas e tantas razões
Temos que escutá-las

Por quê?
Somos um poço de indecisões
Infinito universo de questões
E as respostas, temos que dá-las

Por quê?
O viver nos dá duas visões
Seguir razão ou emoções?
E não dá para juntá-las

Por quê?
Vivemos intensas reflexões
Com duas mãos ou direções
E temos que caminhá-las

Por quê?
Rimamos, compomos canções
Sobre amores e ilusões
Na vontade de relatá-las

Por quê?
Sofremos tantas alterações
Somos eternas repetições
Não podemos apagá-las

Por quê?
Cada uma de nossas ações
Do futuro são construções
Que vamos estruturá-las

Por quê?
Causam-nos muitas aflições
Todas essas indecisões
Mas temos que encará-las...

Noutro Altar

Foi mais que um sorriso
Foi sorriso no olhar
Que implantou o feitiço
Tal qual o luar

Que ao entardecer
Começa a nos brindar
Ao ver o sol descer
E a lua levantar

Doce, linda e meiga
Capaz de superar
Ultrapassar a fronteira
E o laço desatar

Abandonar aquele anel
Outro caminho trilhar
Esquecer o dia do véu
E subir noutro altar

Com olhos que sorriem
Ao te ver passar
Pulsações que aceleram
Se fico a te fitar

Charme, beleza e encanto
Paixão para sonhar
Quem sabe noutro canto
Iremos nos encontrar?

Palavras Ocultadas

Vivemos sem viver
Sorrimos sem porquê
Sofremos sem cair
Apanhamos sem bater
Sem bater por não poder
Se não podemos, quem pode?
Quem é o que tem!
E sobre o mal, sobre o bem,
se mantém sobre mim
e também sobre as palavras,
presas e caladas
que ecoam o meu fim.
A morte muda e rouca
que entre nós flutua louca.
Aos gritos, desabafa
em qualquer folha escondida
ou não entendida,
em um recinto escuro
onde o mundo esconde a vida

quarta-feira, novembro 25, 2009

Como dizia Noel

Como dizia Noel
Sem essa de malandro
Malandro vai pro céu

Levar fama de vagal
Não dá cartaz algum
Ao contrário, pega mal

O tal rapaz folgado
Proposto por Noel
Já é ultrapassado

Que tal julgar esperto
Aquele que trabalha
Que corre pelo certo

E ainda canta o samba
Letrado e versador
Desafia o velho bamba

Domina a sua poesia
Improvisa com firmeza
Na tristeza e na alegria


Doze horas de labuta
Mais doze com a batucada
E assim se segue a luta
É assim nessa levada

Eu chego lá

Ainda sou jovem,
Estou na casa dos vinte
Mas a idade há de chegar
E o tempo não há de parar
Eu sei que o tempo não para,
Mas precisa voar?

Ser velhinho deve ser bom
A história que leio, eles viram
E viram de perto
Mas, pode estar certo
Que a tudo assistiram

Queria ter visto o Pelé
E também o Mané
Tocando bola no gramado
Ver samba redondo
Até sincopado,
Não esse samba quadrado
Samba bom que a juventude,
só vê no passado

Vinil, fita e vitrola
E de capotão era a bola

Ai que saudade
De um tempo que nem vi
Mas ouvi, ouvi, ouvi...
E queria estar lá
Pra ver gênios da bola
Ouvir Noel e Cartola
Ai que saudade
De algo que não vivi

Mas temo o futuro
Está todo mundo duro
Desde garotão
Imagina nos sessentão
Vai depender de pensão?
Que situação...
Mal paga o feijão
Bife? Esquece isso, é ilusão
Olha a vantagem
não paga a condução
Porém, tome cuidado:
Se segure no busão
Mas vortano ao qui é bão...

Queria ter meus sessenta
Ou quem sabe, até setenta?
Ouvir Noel na Nacional
S E N - S A - C I O - N A L
Muitos bons sambistas
E claro, alguns futebolistas
Já mudaram lá pro céu
E hoje eu passo mal
Com esses pernas-de-pau
E com o maldito do creu
Paciência, é a evolução
Peraí... evolução?!
Pelo menos é isso que pensa a minha tola geração

terça-feira, novembro 24, 2009

Receita do bom samba

(Essa poesia fiz há muito tempo e quero um dia musicá-la; se alguém que visitar, quiser colaborar nessa parceria, agradeço. Certamente, se não é a preferida, é uma das que mais gosto)


Se todos sambas coubessem
Os versos na boca de um partideiro
Se os cavacos chorassem
Se todos surdos marcassem
As firmes semínimas daquele pandeiro

Se os poetas versassem
Ao som da viola e seus lindos bordões
Se todas vozes cantassem
Se os repiques cortassem
No contratempo das convenções

O tamborim ritmava o samba daquela escola
O menino se encantava com os belos versos do mestre Cartola
A mocinha que chegou diz que não fica de fora
Quer mais Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola

Tem espelho e Seu Nogueira
Com que roupa de Noel
Sou Cacique Sou Mangueira
Dois malandros lá no céu

Tem Reinaldo e o rei Guineto
Ouça o Zeca e o Aragão
O Candeia e o Aniceto
A Carvalho e a Brandão

Se essa festa existir
Canta canta com Martinho
Quero estar pra conferir
É verdade Pagodinho.

Elas, as mulheres...

Mulheres
O que devemos dizer?
Que tanto queremos saber?
Delas

Mulheres
Quem mais dá a luz ao viver?
Quem suportaria esse poder?
Se não fossem elas

As mulheres,
Nos acalmam ao nos ver sofrer
Que nós amamos sem saber por quê...
Elas...

São sempre assim as mulheres,
Sempre mostram o caminho
Sempre vêm com um carinho
São Elas...

As mulheres,
Que como num conto de fada
Transforma em tudo o nada,
As cinderelas

Mulheres,
Cheias de beleza e encanto
Mesmo alegres, o pranto...
Rolam delas

Das mulheres,
Que choram para nos ver sorrir
Nos fazem o prazer sentir
São elas, as belas

As belas mulheres,
Que enchem o mundo de cor
Mostram no beijo o sabor
Da vida ao lado delas
Essas mulheres,
Que são sensíveis fortalezas,
Têm as mais raras belezas
Sempre elas

As damas mulheres,
que com sensibilidade e paixão
Trazem à vida, a emoção
Para nós e para elas.

Parabéns às mulheres,
Que são a fonte da vida e do amor
Pintam o mundo com a beleza da flor
Das flores belas como elas.

As flores das Mulheres,
Margaridas, Violetas, Tulipas ou Rosas,
Carregam no olor, poções misteriosas,
Que só elas,

As mulheres,
Podem ter essa mágica fascinante,
Que transformam em apenas um instante,
Nosso mundo, cada dia mais,
dependente delas.

As modernas mulheres,
Que correm, lutam, buscam o ideal
Têm até um dia Internacional
Só para elas!

Parabéns às mulheres
08 de março e todos os dias.
Dias de amor e muitas alegrias,
Graças a elas!

As mulheres!Parabéns!

Queria ser gostosão

Queria ser gostosão. Gostosão: aumentativo de gostoso, no gênero masculino. Segundo o Aurélio, gostoso é um adjetivo que significa 1. que tem bom gosto ou sabor; 2. que dá prazer, satisfação, agradável; e já aponta como Gíria Brasileira também se referindo à pessoa muito atraente, sensual. Feitas as devidas definições, começo a me questionar: o que tem que se fazer para ficar gostoso é gostoso? Muita coisa não.

Prefiro, mesmo com uns quilinhos a mais, e juro que são poucos, fazer meu dia ser mais gostoso, sem privações. Controle, sim; loucura, não.

Ser gostoso também é ser agradável, dar prazer. Que me desculpem a maioria, mas prefiro tentar ser gostosão nesse sentido. Ser uma boa companhia, ter assunto e, mesmo não sendo a novela, os reality shows e as músicas da onda, ser cavalheiro, ser amigo, ser parceiro.
Mas, para ser gostosão, o primeiro passo é malhar, malhar e malhar; suar, suar e suar; e, sem dúvida, se definir. Posição política? Opinião? Classe social? Preferências culturais? Não, não e não. Somente músculos. Peito, ombro, costas, bíceps e tríceps. Para os gostosões, perna se der tempo. Ah, ia me esquecendo do tanquinho no abdômen. Essa é a fórmula e o estereótipo do gostosão. Não precisa mais nada. Só isso. Não importa a que custo.

Esse mesmo gostosão de preferência nacional poupa seu rico dinheirinho e diz que é “mó” caro pagar R$40 ou R$50 em um livro. No entanto, esse mesmo saradão não hesita em investir o dobro em suas formas perfeitas. Academia? Não somente. Suplementos, complementos entre outros “entos” “colaboradores” para se alcançar o estágio gostosão.

A idade chega e não é só para mim. Ou você será um velhinho gostosão e sarado? Ser fofinho ou não ser malhado (ou gostosão, como queiram) não é nenhum crime ou pecado. Atentado de verdade é contabilizar calorias daquele doce que nos enche os olhos e a boca de água. Poderíamos contar tantas outras coisas: quantas roupas doamos esse ano? Quantos abraços demos nesse mês? Ah, sei lá, tem tanta coisa...

Viver de maneira gostosa é gozar momentos que, invejem-nos gostosões e gostosonas, vocês não podem, como nos ver deliciar um super mega gostoso pote de sorvete, com calda e tudo. E nem anotamos quantas calorias ingerimos na nossa tabelinha de bolso. E para irritá-los mais ainda, senhores gostosões, fazemos isso sem culpa. De verdade. Não sabem como isso é gostoso.

Não incentivo o descuidado com a saúde, mas obsessão também é doença. Sabemos que exercícios são importantes e todo aquele papo de controlar o colesterol e tudo o mais. Mas comer algo que nos dá prazer também está entre os significados de gostoso. Todavia, os gostosões não pensam assim.

Correr, caminhar, pedalar e até malhar pela saúde é necessário, mas deixo um conselho: Leiam sempre as outras definições do dicionário: você pode descobrir outras definições e, por que não se enquadrar em uma delas, gostosão?!

Ser professor é um dom

Que dom é esse? 
Transmitir conhecimento 
Ter o dom do ensinamento 
Tem que ter algo mais 
E ser muito capaz 
De ensinar verbetes 
E pregar a paz 

Tem que ser um mestre, 
Doutor em sabedoria 
Não falo de graduação 
Burocracia de faculdade 
E sim, da dificuldade 
Que enfrenta no dia a dia 
 Desde cedo, bem cedo 
Já toca o sinal 
Mais um dia letivo 
Mas nenhum dia é igual 
Nem dá pra ser! 
Começa pela chamada 
- Ana. 
- Presente. 
- Bruno. 
- Presente. 
- Camila. 
- Presente. 
- Daniel. 
- Faltou prô! 
Viu? Já é diferente... 
O Daniel é excelente, 
É raro ele faltar 
- Mas, prô, ele tá doente! 
Tudo bem, feita a chamada, vamos em frente 

Bom dia turminha, vamos começar a lição 
- Prô, eu não trouxe meu lápis, não. 
A professora prontamente responde: 
- Vamos ajeitar a situação 
Alguém tem um lápis pra emprestar? 
Os que têm, começam a se agitar 
Pegam e correm pra levar 
Ê vontade de ajudar 
Parece pouco, mas são essas atitudes que fazem compensar 
Já que o salário é de amargar 
Se a grana é curta, tem que dobrar 
Ou até triplicar, pra casa sustentar 
Mas, chega de rima em ar 
Cansei, melhor mudar 
Mas é melhor pensar 
Para não fugir do tema 
E não ter mais problema 
Nem de menos, nem de mais 
Nem multiplicá-los 
O que podemos fazer é dividir 
Para então solucionar 
Fácil assim, como qualquer operação 

Ô Joãozinho, presta atenção! 
Tem sempre aquele mais levado 
Que apronta e deixa todo mundo de cabelo arrepiado 
Professor de verdade já está acostumado 
Com bilhete, bagunça, convocação, 
pais chatos ou legais e infelizmente 
Falta de reconhecimento 
E baixa remuneração 

Se seu teste de vocação 
Te indicou como profissão 
Atuar na Educação 
Paciência, use a inspiração 
Do sorriso de uma criança 
Que ainda traz nos olhos 
Aquele brilho de esperança 
E acredita na verdade 
Que depois da tempestade 
Há de surgir a bonança 

E na sua ausência 
Sente saudade 
Em você tem segurança 
E tudo o que mostra é novidade 
Você é o símbolo de honestidade 
Uma fortaleza que inspira confiança 

Engraçado, não deve ser à toa 
Que o substantivo professor 
Rima com amor 
Rima com calor 
Rima também com dor 
Nesse caso, precisa ser protetor, acolhedor... 
Tudo isso é o professor... 

Ensinar é levar realidade 
Contar a história e estórias 
É conhecer a cidade 
Denunciar crueldade 
Buscar no aluno a vontade 
É lutar contra a maldade 
É entrar no jogo 
Fazer parte da brincadeira 
É voltar à infância 
A idade é besteira 

É possuir um talento 
É fantasiar, se disfarçar 
Independente do momento 
Precisa viajar, voar 
De barquinho ou avião 
Pode ser de papelão 
É ter imaginação 

É saber seu papel 
Político e social 
É mostrar o caminho 
Do bem e do mal 
Cuidado com o mal. 
Mau com “U”, oposto de bom? 
Ou mal com “L” oposto de bem? 
Tem que saber isso também 

E não para por aí 
Tem que saber dos relevos geográficos 
E milhares de cálculos matemáticos 
Tem que dominar toda a gramática 
E as mudanças na regra ortográfica 
Tem tanta coisa que não cabe nem na geometria 

Mas esse é o seu dia, 
Hoje é descanso, 
Repouso, entre aspas, 
Tem fichas e mais fichas 
Diários, provas e lições de casa 
Amanhã, já volta ao normal 

Na real... 
Todo dia tem trabalho 
Bate o sinal 
Olá pessoal 
Vamos ao cabeçalho...

Casal

Surge uma troca de olhares
Um sorriso na seqüência
E formam-se os pares
Sem fórmula ou ciência

Depois daquele estalo
Do desejo que floresce
O amor, para alcançá-lo
Não precisa nem de prece

Basta a inspiração
A recíproca no beijo
Basta ter a devoção
O carinho e o respeito

Ouvem-se as declarações
Palavras em poesia
Planos e pirações
Mas alguns são utopia

É preciso sonhar
Imaginar o futuro
Ser criança sem deixar
De também ser bem maduro

Frente ao mar dá pra se ver
Num castelo com a princesa
Pra tudo isso acontecer
É preciso ter certeza

Que cada passo dado
Rumo à felicidade
Será recompensado
Com um amor de verdade

Amar certamente faz bem
Nos motiva, nos fascina
Esquecemos o porém
Valentia nos domina

Dragões, guerreiros, guardiões
Nada é mais barreira
Quando dois corações
Se unem na fronteira

Cruzam continentes e oceanos
Em minutos, num segundo
E mais lindos, são os planos
Formaremos nosso mundo

Onde tudo é fantasia
O real virou história
Cada ano vira um dia
O presente é só de glória

Parece fácil amar
Só nos traz bons sentimentos
Fica fácil apagar
Todos os maus momentos

Mas amor, preste atenção
Não quero a desilusão
Sim, um casal, a união
Mas tenhamos pé no chão
Pra entregar o coração

Revolta

Reclamam que sou revoltado,
Até me excluem das coisas por isso
Agora, entenda meu lado...
Como querem que eu não fique irado?
Mal tenho pra comer
O que tenho divido com os ratos e baratas
que comem as migalhas
do resto que eu arrumo pra mastigar
É só pra ficar em pé mesmo
Nem sei pra quê, mas essa é a ordem
Não sei o que é sentar à mesa para almoçar
Jantar nem se fala
Só na novela vejo a família reunida
Com a mesa farta de comida
Não importa a refeição
Em casa nem mesa tem
Nem precisa também
Mal tem o que por sobre ela
Talvez a TV pra ver a novela
Tem lá uma panela velha e uma tigela
A fome é só uma das coisas que me flagela
Tanta coisa me fere o corpo e a mente
Penso que sou um doente
De uma epidemia incurável
Sou pobre
Ou melhor, para alguns, um miserável
Tenho a alma nobre
Quero estudar, aprender, mas passo por tanta treta
Vejo tanta mutreta, tanto picareta com uma poderosa caneta
Posando com sorriso
Uma risada com cinismo estampado
Mas garoto, por que você é tão revoltado?
Minha professora me olha com nojo, com desdém
Coitadinho, futuro Febem
Proponho um desafio
Sobreviva meio dia onde eu moro
Só doze horas, nada mais
Passo fome, passo medo, passo frio
Eu seguro a onda e não choro
Quer tentar?
Usar só roupa doada,
Viver só de sobra, de resto
Sempre ouço que eu não presto
Que não tenho jeito
Depois exigem respeito?
Se não sirvo pra nada,
Se sou caso perdido,
Se sou peste ou porcaria,
Não reclame minha rebeldia
Tenho vontade de bater
Chutar, agredir, espancar
Descontar tudo o que eu apanho
Tapa e soco que eu ganho
Ainda julgam ato estranho
Eu me revoltar
Moleque violento!
Mas, acredite, não sou mau
Sou fruto do meio
Tem horas que perco o freio
É até normal
Querem que eu seja feliz
Que estude, que seja bom aluno
Que eu tenha educação
Que não fale palavrão,
Querem um monte de coisas boas pra mim
Mas ninguém faz por onde
Não me mostram: é assim!
A felicidade só se esconde
Não me ensinam o caminho
Só me tratam como espinho
Sobrevivo sozinho
Mostram a África na TV
Só miséria pra se ver
Não preciso cruzar o oceano
Pra ver desgraça e a fome
Ela todo dia me consome
Querem me ver cheirosinho,
De banhinho tomado,
com material arrumado
Prestando atenção na aula
Mas me tratam pior que um bicho
Sou jogado em uma jaula
Com mais um monte de animais
É o que dizem meus professores,
Inclusive meus pais,
Se eu não acreditar neles,
vou acreditar em quem mais?

O barato é loco

O barato é loco
E o processo é lento
A frase do momento
Pra dizer que a fase
é de muito tormento
Em outra época
Se dizia: sujou, fechou o tempo
Mas a questão não é a expressão, o termo utilizado
é a tensão que está em todo lado

Muros que caíram
Ou foram derrubados
Outros que fugiram,
Tantos que partiram
Muitos que sumiram,
Pois foram censurados
Nem todos conseguiram
Resistir lá no passado
Têm os que oprimiram...
Os que redigiram, fatos omitiram
Têm aqueles que permitiram
E claro, os que proibiram
Nesse processo, milhares sucumbiram e desistiram
Mas há os que insistiram...

Sobreviveram e guerrearam
Desafios enfrentaram
Inimigos arrumaram
Mataram, mataram e mataram
Em nome da paz universal
Esse é o pensamento
Siga o entendimento
Para acabar com o mal
É só eliminar o oponente
Não se aceita conviver com essa gente
Raciocínio conveniente
Do outro lado, o ponto de vista é coerente
Então se matem
Até restar um sobrevivente
E deste, retomar o conceito de sociedade
Unilateral,
Todo mundo pensando igual
Quem pensar diferente
Terá que bater de frente
E voltamos à questão latente
Para definir o bem e o mal



Matamos em prol da paz,
em prol da crença
em prol de tudo
que julgamos doença
não importa o conteúdo
A que Deus eu saúdo
E nem o que você pensa

Realmente, o barato ta loco
E não é pouco, não
Esquecemos a união,
A palavra consideração
Já sumiu do dicionário
O vizinho não é irmão
Apenas adversário
Pra tudo é competição
Não queremos perder o páreo
Em um mesmo dia
Vemos miséria
E gasto à revelia
Às vezes, na mesma via
E passamos sem perceber
Sem notar outra vida
Abandonada, perdida
Sem ter direitos
Sem ser ouvida

Seja por terra ou por santo
Matamos e matamos tanto
Infringimos mandamentos,
Sem ressentimentos
Principalmente o primeiro
Que nos pede o respeito
Ao próximo como a si
Um dia, vamos evoluir
Os outros, eu nem comento,
Se o básico é infringido
O mundo está perdido
Cada dia mais destruído
Na questão da ecologia
Da alimentação e moradia
Da família que existia
Onde a paz prevalecia
Hoje resta a agonia
E a pressão nos angustia
Desde a era monarquia
Até hoje, hierarquia
Mas há de chegar o dia
Que a fé não matará
Que a cor não matará
Que a terra não matará
Aleluia, axé, amém, saravá.

Ser negro ou não ser?

Ouça o poema na voz de Diego Machado

Sou Negrão
Já cantou Rappin Hood
Negro de atitude
Que versa qualquer tema
Que escancara o problema
E levanta o dilema
Ser negro ou não ser?
Eis a questão
É reconhecer
A miscigenação
E retomar o passado
Hoje é tudo misturado
Não tem nada acertado
Tem moreno de olho puxado
Olho claro e pele escura
Somos fruto da mistura
O triste é que ainda perdura
O preconceito
De tudo quanto é jeito
Isso não é defeito
Ao contrário, é perfeito
Cada um tem seu trejeito
Temos a cara do mundo
Traços e sotaques mil
Somos a cara do Brasil

Não há quem vá dizer
Que nada tem a ver
Com negro e escravidão
Com Isabel e Abolição
Com a conscientização
Com Zumbi e revolução
Desde a era Zumbi
Muito mudou por aqui
Mas há quem fica a insistir
Que o preconceito deixou de existir
Isso é fingir
O racismo nos cerca direto
E o que digo é papo reto
Quando você tem mais medo?
Quando fica mais esperto?
Se está um negro
ou um branco por perto?
E aquele passar de dedos no braço?
Pejorativo descompasso
De um ser humano racional
Com preconceito racial
Que critica e fala mal
De racismo e coisa e tal,
mas, no fundo, pensa
e pior, age igual
Tantos negros foram reis
Michael Jackson e Pelé
Do pop e do Olé
Juntamente com Mané
Mas nem tenho a pretensão
De fazer a extensão
Daquela composição
Intitulada Sou negrão
Pois beira à perfeição
Não é só observação
Relata com opinião
Tem atitude
Tem negritude
À la Rappin Hood

Não é só em novembro
Mas em setembro, dezembro
Mês a mês
Que devemos nos lembrar
Que não foi só o português
Que veio nos colonizar
Vieram tantos outros “ês”
Que ajudaram a misturar
Basta reconhecer
Que não existe raça pura
Crer nisso é loucura
Ainda mais no Brasil
Onde tudo se fundiu
E mesmo assim
O preconceito persistiu
Mas o negro resistiu
Lutou não conseguiu
Mesmo com toda a bravura
Ir além da assinatura
Da Abolição da Escravatura