quinta-feira, janeiro 27, 2011

ia

Como é bom poder ver
Tantas coisas que não via
Que muitos não viam

E poder perceber
O que antes não percebia
Meus olhos não percebiam

Só não pude entender
Porque não entendia
Fatos simples, que não se entendiam

Ver uma estrela acender
Que eu não sei se acendia
Mortas ou apagadas, sei lá se acendiam

Vi criança branca conhecer
Criança negra que não conhecia
Preconceitos adultos? ... Isso, certamente, não conheciam

Vi que a vida posso viver
Encarando-a, vivo o que não vivia
E muitas estrelas, muitos dias não viviam

Deixar-se Amar

Amor não tem cara
Não define perfil
Chega e nem se repara
Intenso, porém sutil

Amar é muito complicado
Primeiro passo é assumir
O jeito e rosto apaixonado
Depois, deixar-se evoluir

Controlar a ansiedade
Novas maneiras e manias
Suportar a enorme saudade
A cada hora, se contam dias

Mas a volta é ato certo
O mundo insiste em girar
Quando novamente estiver perto
Não quero mais distanciar 

domingo, janeiro 23, 2011

Escassa Coragem

Decisões
Dizem que a vida é feita delas
Concordo. Agir ou chorar mazelas?

Opções
Temos infinitas, estas, aquelas
Mais invernos ou primaveras?

Realizações
Ação da opção para então conseguir
Senão não há. Fazer ou sucumbir

Reações
Possíveis, cômodas, pra não desistir
Insistir, persistir ou esperar o dia cair?

Missões
Metas e retas que visamos vencer
Resta a escassa coragem de viver

E fazer acontecer.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Voltar?

Encantador
Canto de paz
De gentilezas
De sorrisos fáceis

Jequi, calor
Do amor que faz
As fartas mesas
Intermináveis

Acolhedor
Local apraz
Faz sutilezas
Tão improváveis

Esse poema surgiu d’uma frase
De um mestre, trovador sem querer
Que na alegria cheia de um copo
Proclamou, ousou dizer

Que amava sua terra
E queria após morrer
Mesmo depois de uma era
Ter opção de renascer

E sendo assim, voltaria
Se pudesse, escolheria
No seu registro teria
Ou melhor, seria,
Ah, e como seria...
Bem diferente
Além de outro nome de gente
A cidade natal mudaria

Ser de novo araçuaiense?
Isso não gostaria
Outra localidade preferia
Tanto faz, indiferente

Não nasceria nessa terra quente
Não pisaria no chão fervente
Mas até conheceria
a pobreza que por aí se noticia

Pois teria o prazer de um forasteiro
E por esse canto tão brasileiro
Novamente se apaixonaria

E ao pisar nesse terreiro
Nesse índice em primeiro
Sua imagem construiria
A realidade constataria

E esse amor tão verdadeiro
Se expandiria e abrangeria
O Jequitinhonha inteiro

E pensar na agonia
De viver no estrangeiro
A saudade consumia

E sempre,
Sempre mesmo, prometia
Vou voltar pra cá um dia
Pra ser mais um ‘kaiauzêro’.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Distância do coração

O sal que escorreu no braço
Não foi o mar em movimento
Molhou palavras, borrou o traço
Simbolizara o sofrimento

Que a doçura da água não tem
Que um sorriso pode mostrar
Pois no sal desse mar tem alguém
Que a saudade procura encontrar

E findar de uma vez solidão
Distância infinita de chão
Superar a razão e emoção
Que lonjura de fato é a do coração

Branco-paz???

Branco é a cor da paz
E nos remete à tranqüilidade
Branca nuvem que o céu nos traz
Sua cor oposta, adversidade

Inversão cromática no sentido
Cabelos brancos, maturidade
Experiente, é corrompido
Quem sabe o novo tenha vontade?

Aqui, o congresso é um asilo
Câmara e Senado, a velha falsidade
Progresso? Impossível consegui-lo
Sem a coragem da novidade

Nesse covil preto e branco
Fios, ternos desigualdade
Intenções, um anseio franco
Ignorar a sociedade.

Por décadas, mandatos, uma vida
Crime é pensar em felicidade
Exceto a própria, que é garantida
Legisla em prol da social iniqüidade

Da goma do colarinho ao alvo fio
Empolada fala pedante, nojenta sagacidade
Sarcasmo é prêmio na eleição civil
No Brasil, que desconhece
Ou inventa honestidade