segunda-feira, abril 25, 2011

Futuro?

Algo me causa muita estranheza
O que parece óbvio, reina incerteza
O mais importante sofre descaso
E não se isola num fato, nada de acaso
A desculpa se esvai, digna do vaso
Corrupção, pilantragem, safadeza

Pensar num país e ter esperança
Começa por pensar na criança
Desprezamos desde o nascituro
E orando, vislumbramos futuro
Respiraremos o ar mais impuro
Pagaremos a mais cara fiança

Se bem que deveria ser impossível
Livrar-se de crime tão incabível
Destruir, poluir a água nascente
Assim como o rio, se polui a corrente
Que poderia matar sua sede à frente
Ato nada inteligente, quase auto-destrutível

Como se planejar uma nação potência
Se o futuro, hoje pede clemência
É humilhado e nivelado ao nada
O que se planeja para a criançada
É ser conivente a palhaço em bancada
E crer no protesto, na consciência

E do lixo, sagra-se heróico resgate
Não quero matar, que o tempo mate
Eis que surge surpreendente salvação
Já que sobreviveste a este mundo cão
Saiba, que nesta terra só se dá razão
Pra quem pouco busca o combate

Não falo de lutas com armas, guerrilhas
Falo de bandidos, que destroem famílias
Assassinos que não portam escopetas
Apenas ternos, cargos, poder e canetas
Sem índole, escondem falcatruas, mutretas
Assinam e acenam ao futuro, cruéis armadilhas

quarta-feira, abril 20, 2011

Cada dia mais, quero menos...

A cada dia que passa
Fico mais reflexivo
É claro o motivo

Ao se ver tanta desgraça
Nada feito que desfaça
A tristeza que ataca

Na escola, na rua, em casa
Se nem na escola se tem paz
Como é que faz?

Pra se criar a esperança
Pra educar uma criança
Se nem pra isso há segurança?

Como gostar do estudo
Não aprendo, nada entendo,
Mudo

Calo-me à ordem do medo
Da reprovação, do mundo, de tudo
Do temor que é tão presente

Que ocupa o futuro
E vale muito analisar
O que há de vir pela frente

Que a fé está para amparar
Em ocasiões até escorar
Um pobre infeliz doente

Que na vã esperança
Ainda é crente
Vê futuro a essa gente

Acredita vagamente
Ser um cara inteligente
Esperto e coerente

Outra viagem
Crê na sua vasta bagagem
Não vê a um palmo a sacanagem

Que suas escolhas impuseram
Na imensa ignorância, lhe couberam
Dar continuidade ao que disseram

Crie, procrie, recrie, copie
E viver a real sobrevida
Sem lamentações, “é a vida”

Perde a graça, se não é sofrida
Quem disse isso?
Quem acredita nisso?

Pense no sentido de viver
Se crês que sofrer é preciso,
Por favor, me ajude entender
Por que só se conhece o paraíso
Depois que o corpo morrer

Por que procriamos?
Colocar quem amamos
No inevitável sofrimento
Egoísta, esse sentimento

Pensar no seu bel-prazer
Sem sequer importar-se
Se outro alguém vai sofrer

Cada dia mais, quero menos
Apatia
Alienação
Conformismo
Tensão

Cada dia menos,
temos o que precisamos mais
Paz

Leitura
Cultura

Evolução
Educação

Tantas Tristezas

A tristeza hoje me consome
Na mais apetitosa fome
Que devora meu sentimento
Sem restar por um momento

O mais curto e sincero sorriso
Lágrimas e dor estão sempre comigo
E as trago apagadas, perdidas
Dentro de mim, omitidas

Tantas tristezas nas reações
Que explodem em vibrações
Conduzidas numa mão infinita
Há quem diga é bonita, é bonita, é bonita

Chego a duvidar da felicidade
Se todos de alguém têm saudade
Dividimos pelo controle e sabedoria
Há quem caia no choro e quem disfarça alegria

segunda-feira, abril 11, 2011

Muro...

Até certo tempo se ouvia
Quer se dar bem?
Quer ser alguém um dia?
Antes de mais nada, estude
Seja bom aluno
É para seu futuro
Mas, hoje fico em cima do muro
Inclusive o da escola
Não sei pra que lado eu pulo
Pra dentro ou pra fora
A dúvida não vem de agora
Num ambiente detestado
Fica bem mais complicado
Aprender ser educado
Como se educa com revolta
De alunos e professores
Que detestam estar lá?
Se o prazer maior do estudante
É o som do mais alto e irritante
Sinal que o liberta
Que deixa a porta aberta
Para que ele veja a rua
A vida de verdade, a sua
Sem contexto com a história
Pelo menos a que lê no livro
Que tem a matéria da prova
Lá ele aprende uma e vive outra
Sem nenhuma conexão
Do porquê da violência
Não ‘tá’ no livro de ciência
Não cai na avaliação
E como consequência, lhe falta percepção
Da adormecida explosão
Que se potencializa ao lado
Em um garoto maltratado
Dentro e fora do muro
Que chora em seu quarto escuro
Toda dor que agüentou calado
Hoje se chama bullying
Conhecia como zuado, aloprado
O termo pode mudar
Mas não a revolta capaz de gerar
Em um jovem que sofre esse mal
E há quem fale que isso é normal
Coisa de criança, bobagem
E na ignorância plena
Modo que nos adestraram
Não permite que pensemos
Isso, nos ensinaram
A não questionar
É assim e pronto
Não podemos observar
E sacar outras visões
O que difere das nossas permissões
É o estranho, o diferente
Podemos dizer até... o errado
Aprendemos assim

Atribuímos o ataque à escola
À religião do assassino
No nosso desconhecimento
E estranha autoridade julgadora
Desvendamos o envolvimento
Com homens-bomba terroristas
Suas atitudes são mal vistas
E foi por isso que explodiu
Quero dizer, atirou
E cruelmente matou
Doze inocentes
O tempo passou
E ele revidou
Descontou como vingança
Cada palavra que o feria
Tal qual as balas disparadas
Que calado, sofria
E houve quem não percebia
Ou nada fez para o futuro
E hoje, por dentro do muro
Outros choram com revolta
Uma dor que não tem volta,
Mas tem dois lados
Dentro e fora do muro...