terça-feira, novembro 24, 2009

Ser negro ou não ser?

Ouça o poema na voz de Diego Machado

Sou Negrão
Já cantou Rappin Hood
Negro de atitude
Que versa qualquer tema
Que escancara o problema
E levanta o dilema
Ser negro ou não ser?
Eis a questão
É reconhecer
A miscigenação
E retomar o passado
Hoje é tudo misturado
Não tem nada acertado
Tem moreno de olho puxado
Olho claro e pele escura
Somos fruto da mistura
O triste é que ainda perdura
O preconceito
De tudo quanto é jeito
Isso não é defeito
Ao contrário, é perfeito
Cada um tem seu trejeito
Temos a cara do mundo
Traços e sotaques mil
Somos a cara do Brasil

Não há quem vá dizer
Que nada tem a ver
Com negro e escravidão
Com Isabel e Abolição
Com a conscientização
Com Zumbi e revolução
Desde a era Zumbi
Muito mudou por aqui
Mas há quem fica a insistir
Que o preconceito deixou de existir
Isso é fingir
O racismo nos cerca direto
E o que digo é papo reto
Quando você tem mais medo?
Quando fica mais esperto?
Se está um negro
ou um branco por perto?
E aquele passar de dedos no braço?
Pejorativo descompasso
De um ser humano racional
Com preconceito racial
Que critica e fala mal
De racismo e coisa e tal,
mas, no fundo, pensa
e pior, age igual
Tantos negros foram reis
Michael Jackson e Pelé
Do pop e do Olé
Juntamente com Mané
Mas nem tenho a pretensão
De fazer a extensão
Daquela composição
Intitulada Sou negrão
Pois beira à perfeição
Não é só observação
Relata com opinião
Tem atitude
Tem negritude
À la Rappin Hood

Não é só em novembro
Mas em setembro, dezembro
Mês a mês
Que devemos nos lembrar
Que não foi só o português
Que veio nos colonizar
Vieram tantos outros “ês”
Que ajudaram a misturar
Basta reconhecer
Que não existe raça pura
Crer nisso é loucura
Ainda mais no Brasil
Onde tudo se fundiu
E mesmo assim
O preconceito persistiu
Mas o negro resistiu
Lutou não conseguiu
Mesmo com toda a bravura
Ir além da assinatura
Da Abolição da Escravatura

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