Cantores nas introduções
"Vamos falar de amor"
Ouvem-se melodias: teclas e violões
Repetitivos refrões
De um compositor
E quem nunca amou
Quem não sente saudade
Quem se decepcionou
Quem por paixão chorou
E ficou só na vontade
Os caminhos são conhecidos
Da nossa realidade
Peraí, realidade?
O que tem de realidade em apaixonar-se?
O olhar se... dilata
O chão parece que fica macio... cio...
A gente perde o fio da meada
E agora, por mais que eu dei pra falar disso,
Que nunca foi meu tema
Eu posso dizer
Eu falo só de passado, de anos
Talvez deles, mais que uma dezena
Mas, eu lembro de quando
Alguma vez eu olhava, desejava, pensava
E nada acontecia
Eu até me inspirava e escrevia
Sobre o desejo que aflorava
e logo arrefecia
Minha poesia foi ficando fria
Vazia de visões distorcidas
De amores, paixões, casais que se entreolham
No cruzamento de um trem
De prazeres que se forjam
Pensando no outro alguém
Senão o prazer não vem
Casais que se descobrem
Insaciáveis em dois corpos
Precisam terceiros, quartos, quintos, sextos
Todos em quartos distintos
Ou às vezes no mesmo
Prazer, paixão, ambos estão no olhar
Do ato do gozo que faz revirar
Na paixão, é o mundo que se põe a girar
A vista começa a embaçar
E a gente ainda nem saiu do lugar
Seja pernoite ou meia hora
O que importa é o compromisso
Esquece quem está fora
O compromisso do prazer combinado
Esse sim é proibido e liberado, tudo ao mesmo tempo
Pela pureza julgado
Os corpos jogados, acabados, extasiados, lambuzados
Com ou sem envolvimento
Eles se envolvem, se atritam
Dissolvem-se e gritam
Em ação, só fodem, se xingam
"Te amos" também podem, só não mintam
Com "te amo" não se brinca
Com desejo, orgasmo e cama
Pode ser pura diversão
A mais perfeita trinca
Melhor ainda quem se ama
Sem terceira relação
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