segunda-feira, abril 12, 2010

O que é pior?

Sinceramente, fico sempre em dúvida e um tanto receoso em estabelecer comparações entre algo ser pior que outra coisa; ou melhor, quem sabe. Essa incerteza é resultado de fatos que nos enchem de indignação e de raiva pela impossibilidade de ações que possam reverter o que nos incomoda.

Em um país cada vez mais violento e cada vez mais vulnerável a revides ambientais à nossa falta de cuidados, ao nosso ataque descontrolado ao nosso próprio futuro e ao nosso próprio bem, os problemas não são poucos e, para um futuro próximo, não aparenta qualquer ameaça de atitudes para solução dos mesmos. Este é o Brasil.

Crimes cada vez mais brutais nos indignam por algumas horas. Passadas estas, esquecemos; e outro tal qual, semana que vem, não nos causa qualquer efeito. O que é pior que a pedofilia? O que é pior que a impunidade? O que é pior que o crescente e desenfreado consumo de drogas por todas as classes sociais? O que é pior que dar direito a voto para presidiários? O que é pior que mortes de torcedores indo ou vindo dos estádios? O que é pior que maus tratos a idosos? O que pode ser pior que maus tratos a crianças? E o que pode ser pior que políticos como os nossos?

Revoltante é assistir a discursos políticos. Aos berros, proclamam suas benfeitorias, suas críticas e ofensas aos adversários e convencem os cidadãos de sua falsa intenção em fazer algo em prol de seus eleitores. A máxima que qualquer generalização é burra, nesse caso, não aplico. Políticos me dão nojo, mais que qualquer animal, por mais asqueroso que seja. Idem a esses profetas, são esses pastores de rebanho, que tocam o gado para a rota que querem. Geralmente ao seu favor, independente de qual seja esse lado.

Ódio e revolta estão cada vez mais constantes em nossa vida; junto também, alienação. Parece contraditório, mas não. Somos sim um bando de alienados. Assistimos ao jornal e depois, qualquer outra trama ou bobagem e esquecemos tudo. Até nossos jornais nos batem, batem, espancam, dão um soprinho e, depois, voltam a nos violentar com mais sangue, pancadas e tiros aos borbotões. E o pior, recebemos cada crime, cada violência, cada notícia da forma que nos é conveniente saber. Analisamos o fato em si, fora de um contexto.

Em 2009, não me lembro o mês, ouvi a seguinte notícia: Menino de 16 anos mata menino de 3 anos e o coloca escondido na casinha do cachorro. Brutal. Assassino. Sem coração. Crápula. Nojento. Bandido. Maldito. Vamos à conjuntura do fato: esse rapaz de 16 teve o pai morto pela mãe, que cometeu o crime em prol de um novo relacionamento... com uma mulher. Esta nova companheira repetiu a dose, matou a mãe do garoto. O que é pior? Culpemos o garoto pelo crime? Claro. Porém, qual a visão que esse jovem teve e terá em sua vida? Mais um preso ou não mais, é a solução de um poço de desgraças e de uma impensada procriação.

O que é pior, hein?

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