Recentemente percebo mudanças
Uma intempestiva intolerância
Reagimos na ignorância
Em fatos de pouca importância
Perdemos o controle de situações
Em meras e pífias ocasiões
Cada vez mais, afloradas emoções
Enervam-nos a ponto de explosões
Nosso limite está mais restrito
Por nada, me estresso, me irrito
Depois de tudo, paro e reflito
Que extrapolei, admito
Tal qual uma química reação
Nosso poço de solitária lotação
Na cidade que já foi a solução
Hoje, iminente risco ao coração
Ataque, derrame, disritmia
Precisamos sobreviver o dia a dia
Num inferno onde impera hipocrisia
Mortes banais à revelia
Ignorância leva ao fato violento
Armados pra qualquer contratempo
O vier e bater, eu enfrento
Mato e bato sem ressentimento
Um fato qualquer faz reagir
Ofendo, agrido, até ferir
Da guerra, não vou fugir
Sou forte, se me atingir
Também rotulo-me intolerante
Preparado a qualquer instante
Um arsenal auto-falante
Palavras, metralhadora possante
Precisamos discutir a violência
Muitas vezes é a penitência
Por ações de inconveniência
É a devolutiva, a resistência
Talvez esse desabafo vá resolver
Toda ira que eu possa trazer
E fui obrigado a conter
Em poesia, prefiro dizer
Sei que só há de piorar, encurtar
Nossa gota a se derramar
Mas, a vida não dá pra voltar
E a fórmula da paz criar
Revolta, intolerância, violência, resultado
De cada cidadão iludido, indignado
Crimes impunes, e o governante safado
Dão-nos a sensação que está tudo liberado
A raiva e o ódio estão mais aparentes
Na rua, em bares, com nossos parentes
Sistemas mais nervosos e até doentes
Mas ainda sorrimos, mesmo sem dentes.
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