sexta-feira, dezembro 10, 2010

Matar vale uma nota

Foi por acaso, talvez até coincidência, que só achei uma caneta preta (esta que uso para escrever neste caderno agora). Mas, o pior é que até faz sentido. É um risco preto de luto nestas páginas. Poderia escrever em azul, vermelho ou até nesta cor (provavelmente em preto para quem lê por qualquer meio eletrônico também), só que o azul poderia parecer que está tudo realmente azul, tudo bem. E não está. De vermelho, talvez. Violência, sangue.
Enfim, trégua ao assunto da cor da caneta... A vida, além deste tubo escritor, também está preta. Roupa preta. Velas pretas. Dor. Lamento. Luto.
Tudo é motivo. Trânsito, rixas, notas, amor. Amor?! Não. De forma alguma. Amor, não. E notas... de falecimento. Notas tristes, assim como as vermelhas que se tiram na escola. Se as vermelhas são negativas e as azuis, positiva, o que seriam as pretas? Poderia ser a nota da vida, da realidade, inclusive da escuridão que não se vê a um palmo do rosto, o futuro da educação, que deveria ser a primeira atividade do dia, deveria ser o nosso cabeçalho da vida. Não é. “Repete de ano” direto. Nem beira a recuperação. Não será resolvida com uma prova nas férias. E até as provas por aqui... deixa quieto, melhor nem alongar esse papo.
Provas são fraudes criadas para enumerar outra fraude: seu nível, definir quem você é, quantificar seu conhecimento e classificar sua qualidade. E os resultados ou notas, para dizer se você é notável perante os outros. Traduzindo: se você será notável ou o contrário, em tom de ameaça, de ser um despercebido, um Zé Ninguém mesmo. E nessa sequência de fraudes, criamos metas e vale tudo nesta luta. Até matar. E matar vale uma nota.
Pena mesmo que as vermelhas e pretas têm superado as azuis. Nas mais diversas avaliações. Nas escolas, as vermelhas cada vez mais vermelhas, andam escurecendo e formando as cascas nas feridas, cada vez mais comuns; e daqui, do vermelho-sangue para o preto-luto, não vai um bimestre.

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