quinta-feira, novembro 18, 2010

Homo...

... com qualquer teminação (fobia, sexual, sexualidade, sexualismo...)

Acabei de ler sobre a carta assinada pelo reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, chanceler do Mackenzie, em que diz que “pregar contra a prática da homossexualidade não é homofobia” e sobre os protestos de alunos e de associações como a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Tem algo muito estranho...

Por que essas associações e esses alunos ficaram revoltados? Eles querem o quê? Que a igreja apóie? Ou será que se esqueceram que o Mackenzie é uma instituição presbiteriana? Jamais veremos a igreja católica e suas organizações apoiarem práticas como esta tal qual o incentivo ao uso de preservativos. Vai contra os princípios básicos...

Li um comentário sobre a repercussão desse caso e destaco uma pergunta feita por uma estudante: Eles não aceitam este tipo de posicionamento (inclusive religioso) de ser contra a homossexualidade, de incentivar o contrário, por preceitos bíblicos, familiares ou de qualquer proveniência, mas, eles têm o direito de protestar contra atitudes que não estão de acordo com a verdade deles (inclusive contra os ideais cristãos)?

Héteros e homossexuais (de todas as denominações) podem viver em harmonia, sim. A igreja tem seu direito de posicionar-se mediante qualquer situação como organização social e que tem uma representatividade significativa principalmente em um país como o nosso. As associações (refiro-me não somente a este caso) podem ter seu posicionamento também. Cada um tem o seu lado de observar a sua realidade. Ser contra algo não é ter fobia a algo.

Só não queiram obrigar a igreja a aceitar a homossexualidade, porque aí sim, perderia toda a credibilidade enquanto instituição milenar que é. E, reforço minha crítica a protestos neste caso. Homofobia é incentivar a violência contra homossexuais e, certamente, a igreja não o fez nessa carta. E mais: o Mackenzie é, sempre foi, e acredito que sempre será uma universidade ligada à Igreja Presbiteriana. Pedir que eles mudem sua filosofia é como pedir para que deixem de lado a visão cristã. Se você está em um ambiente religioso, você tem que se adequar a ele, e não ele a você. Exigir a concordância do Mackenzie para com esta lei, é como mudar-se para o lado do Aeroporto e reclamar do barulho dos aviões.

Reflita...

7 comentários:

  1. "Eles querem o quê? Que a igreja apóie?"

    Não. E se você ler a redação do PLC 122 vai perceber que ele também não exige isso.
    O que queremos é que cessem as manifestações públicas de discriminação ou seu incentivo, religiosas ou não. Basicamente, o PLC 122 vem dizer como e porque serão punidas determinadas atitudes, complementando o que já prevê a constituição de 88. Isso já foi feito para crimes de discriminação da mulher e de discriminação racial. Mas quanto à orientação sexual, ainda não.

    "mas, eles têm o direito de protestar contra atitudes que não estão de acordo com a verdade deles (inclusive contra os ideais cristãos)?"

    Sim. Isso se chama "autonomia universitária". Um direito que já foi conquistado nas entidades públicas depois de muito enfrentamento com a milícia. E que, por princípios de laicidade da educação, devem ser conquistados também pela rede privada. O Mackenzie também forma professores, meu amigo. E carimba seus diplomas.

    O verdadeiro problema aqui é apoiar-se em passagens bíblicas ao falar em nome de uma universidade. E os professores formados sob esse princípio estarão dando aulas na rede pública também (que deve ser laica).

    "Homofobia é incentivar a violência contra homossexuais"

    Não. Homofobia é bem mais que isso. Homofobia vai desde a aversão até o tratar com diferença. E vetar um projeto que planeja a igualdade social é incentivar que se trate com diferença. Eu recomendo a leitura do PLC 122 e das leis complementares que regularizaram a criminalização da discriminação da mulher e das raças, para entender melhor do que se trata a discussão. Que é bem diferente do que a igreja tem tentado mostrar.

    "Se você está em um ambiente religioso, você tem que se adequar a ele"

    Mas se você está num ambiente acadêmico, deve haver espaço para o questioamento e para a transformação, sobretudo quando este espaço forma professores e cientistas, e não apenas padres ou pastores.

    "Exigir a concordância do Mackenzie para com esta lei, é como mudar-se para o lado do Aeroporto e reclamar do barulho dos aviões."

    Se pensarmos sempre da ótica de que "os incomodados que se mudem", não há razão para vivermos em democracia. Reflita...

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  2. Primeira coisa, você corta um trecho do texto, interpreta da forma que convém e acha que pode avaliar desta forma?

    Disse que homossexuais, heterossexuais e todas as possibilidades sexuais podem e devem conviver em harmonia, no entanto, a definição de homofobia, em alguns dicionários trata sobre a violência, aversão ou nojo a homossexuais. Ser contra algo não é querer agredir e atacar algo. Simplesmente não há concordância. Instituições adquirem credibilidade confiança com o tempo e com uma linha de coerência (?!) que carregam durante anos.

    A igreja não pode ser a favor da lei mesmo. Eu não sou cristão, nem homossexual, nem estudante do Mackenzie, nem homofóbico. A opinião que expus em http://temalgoestranho.blogspot.com se limitou a dizer que ambos podem ter suas visões, não haver concordância e conviver em perfeita harmonia.

    Quanto ao que você definiu “os incomodados que se mudem”, não foi isso que eu escrevi, e sim que, em qualquer ambiente, temos normas e padrões de uma instituição, seja ela católica, umbandista, homossexual, heterossexual, enfim, qualquer uma. E, pedir que a Igreja, uma instituição mais que milenar, se modernize e aceite questões que vão de encontro ao que pregam há tanto tempo é pedir que eles rasguem o que sustentaram até hoje.

    DIEGO MACHADO

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  3. • "Primeira coisa, você corta um trecho do texto, interpreta da forma que convém e acha que pode avaliar desta forma?"

    Não, eu falava do trecho todo. Apenas destaquei alguns pontos onde, após eles, eu colocaria aqueles comentários.

    • "Ser contra algo não é querer agredir e atacar algo"

    Neste ponto, concordamos. Mas a questão não é ser contra a homossexualidade. A questão é manifestar-se contra um projeto de lei que prevê igualdade para uma população que hoje é tratada com diferença. Ou seja, é ser a favor do tratamento diferenciado. E isso caracteriza homofobia.

    • "Quanto ao que você definiu “os incomodados que se mudem”, não foi isso que eu escrevi"

    Mas é o espírito do que você disse. O fato de algo ser milenar e instituído não significa que seja bom ou esteja certo. Muito menos que não possa ser questionado. Se não pudemos questionar algo apenas porque estava ali antes, isso é, sim, a lógica de "os incomodados que se mudem".

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  4. Discordo de vc, mas respeito sua opinião. O que fique bem claro, que em nenhum momento expus a minha opinião sobre o PLC 122. Eis, o que penso: Sou totalmente a favor dele, só que aceito que pessoas e organizações podem discordar da lei (ou do projeto de), assim como diversas outras leis. Isso sim, é democracia.

    Não é porque eu concordo com o PLC e seja a favor que seja assinado e se torne lei que todos têm que concordar e achar fantástico. Assim como as associações envolvidas no caso podem se pronunciar contra a carta do chanceler do Mackenzie, ele pode dar sua opinião também.

    Como vê, o intuito é debater mesmo, sempre em alto nível, mas, pelo que entendi, você achou que eu era contra o PLC, e não sou. Sou a favor de que todos possam ter suas visões sobre um fato e que, não somente uma, tenha que ser aceita por todos, porque é lei ou pelos mais infinitos motivos.

    DIEGO MACHADO

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  5. Acho que no fundo estamos nos entendendo sim =]

    Não é que eu acredite que as pessoas não possam ter opiniões. É óbvio que elas podem e devem manifestar. Nos meus comentários eu me referia à postura do chanceler, não à sua, pois como você mesmo disse, nunca se declarou contra o PLC 122.

    O que me incomoda nessa história é que a mídia tem tratado isso como "uma questão de opinião" e não como "uma questão de justiça". Democracia não é ouvir a opinião das pessoas e aceitar o que diz a maioria. É ouvir todas as opiniões para a partir delas tirar uma conclusão que seja mais justa para todos. Mesmo na democracia, as pessoas podem estar erradas, e algumas opiniões podem valer mais ou menos que outras.

    Eu e você temos cada um um blog, e é natural manifestarmos aqui nossas opiniões. Mas estamos falando cada um em próprio nome. Se o Mackenzie mesmo retirou o texto do ar, é sinal de que eles reconheceram que não é correto o chanceler falar em nome da instituição daquela forma. A igreja mantém a universidade, mas não pode falar por ela. Assim como o fato de pais sustentarem filhos não os dá o direito de direcionar suas visões de mundo.

    De certa forma, os mais reacionários ou os mais libertários estão se manifestando. As coisas que eu digo apenas servem para deixar claro de que lado eu estou e por quais razões. E acho importante dizer porque quando mais novo eu já estive do outro lado, e as coisas que eu vi, ouvi e li é que me fizeram escolher o lado em que estou hoje.

    Mas o papo está bom. Não te julgo por um texto e no fundo nem estou falando tanto de suas opiniões, mas da situação geral. É pra isso que servem esses espaços, e fico feliz quando ocorrem esses diálogos. É neles que crescemos. Voltarei aqui mais vezes e com certeza encontrarei algo em que concordamos hehehe.

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  6. Nos até concordamos, menos na sua definição de democracia, mas, tudo bem. Quando puder, venha dar opiniões em meu blog e, certamente, responderei.

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  7. Fato é que não existem motivos pra discordar do PLC 122, a igreja já atrasou diversos processos de desenvolvimento social e agora está atrasando mais um. Ninguém está pedindo para a igreja queimar suas bíblias, mudá-las ou omitir seus trechos, aliás, o PLC 122 não demanda quase NADA da igreja. Eles discordam por quê? Porque querem manter a "castidade"? Porque acham uma "aberração"? E o mundo heterossexual é totalmente "puro" não é mesmo?

    Não existem motivos grandes o suficiente pra permitir que centenas de homossexuais morram por ano devido a homofobia, que 3 jovens cometam suícidio POR DIA achando que nunca serão aceitos na sociedade do jeito que são, que várias pessoas tenham dificuldade ao arranjar emprego, mesmo capacitado, por sua condição sexual, etc. Sei que algumas dessas coisas não dependem apenas da igreja, porém ela atrasa as coisas e assim prejudica várias pessoas.

    A Igreja deveria ser mais humana, mas respeito a posição dela no assunto, só não respeito a falta de tolerância com o ser humano e não apenas nessa questão. Vivemos num "estado laico", que de laico só tem o nome.

    Sou gay sim, já fui vítima de homofobia e só eu e outros homossexuais sabemos pelo que passei. Não somos vítimas, somos pessoas como quaisquer outras, não queremos converter ninguém, não precisamos nem do respeito de ninguém, só queremos respeito não em relação a nós, mas respeito à nossa liberdade que é (ou deveria ser) igual a de qualquer um.

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