quinta-feira, maio 06, 2010

Futebol e razão: impossível missão

"Hoje tem jogo, tem futebol", já cantou o Grupo Fundo de Quintal. Tantos outros já interpretaram o tema também, com tamanha propriedade. Tem músicas pros zagueiro, pros goleiros, pros craques, enfim, até pro juiz. E nem é xingando o cara...

No país do futebol, não onde ele nasceu, mas onde ele melhor se desenvolveu, todo torcedor é um estrategista de primeira. Tinha que tirar o fulano, porque ele, no encaixe deste time, não desenvolve uma função tática adequada; tem garra, mas, precisa melhorar o lado defensivo e tal... Bla bla bla, bla bla bla... Amante de futebol manja muito, sempre mais que o técnico, principalmente o da Seleção, independente de quem seja.

Ninguém gosta de futebol. Ou ama ou odeia. Acho difícil acreditar que qualquer torcedor que tenha seu clube de coração aceite, indiferente, derrotas, vexames e títulos. É vergonha ou festa geral! Dizem que o amor é cego; e eu completo: cego, surdo e tonto!

Não parece muito inteligente, nem normal, um cidadão que sai para assistir a qualquer coisa, por pior que ela seja, que este pague caro para ter em troca conforto e respeito nenhum. É, no mínimo, burríssima essa ideia. Mas, como diz outra canção: É o amor...

Muitas vezes defendi meu amor pelo esporte bretão com a alegação que um homem, no decorrer de toda a sua vida, só não troca de time. Mudanças acontecem no campo amoroso, profissional, financeiro, de moradia, de todas as partes; mas, de time, jamais. O que nos entristece, muitas vezes, é o risco iminente com uma inocente e despretensiosa ida a um estádio de futebol.

Já parou pra pensar que, em pleno domingo ou em plena quarta-feira, mesmo tarde da noite, deixamos nossas famílias e, tal como guerreiros, nos dirigimos ao nosso campo de batalha e nos julgamos importantes naquele exército que formamos ao redor do campo e acreditamos empurrar o time para as vitórias. Doce ilusão... O pior: nosso lado racional sabe disso. No entanto, amor não se escolhe! Agimos irracionalmente em prol de... sei lá o quê

Criamos ídolos, símbolos de superação, exemplos para nossas vidas. Simplesmente pelo cara defender nosso time. Loucura, contudo, futebol é isso. Copa então, é a hora do mundo parar. Nações se unem, a guerra dá uma trégua, pelo menos, durante os 90 minutos. Que poder tem a bola!

Apaixonados pelas peladas, esquecemos a data do niver de mamãe; a escalação de todos os tempos ou de idos títulos, nunca. Datas, lances, jogadores e detalhes, em hipótese alguma. Quando chega o Mundial então, vestimos amarelo. Saímos às ruas, com walk ou discmans, ipods, acompanhando tudo, pensando nas chaves, nos placares e chutando os resultados e próximos desafios que, claro, venceremos; somos os penta, os melhores, os imbatíveis, somos o Brasil sil sil! Tabelinha no bolso, anotamos, jogo a jogo, quanto foi e, por toda a áurea que vivemos nesse mês, somos os maiores entendidos e interessados no assunto.

Escalamos, convocamos, xingamos, choramos, rezamos, abraçamos e vibramos. Muito! Muito mesmo! Há quem discuta e discuta com entusiasmo, com a bandeira do clube ao lado da cadeira ou com o escudo na camisa ou na pele ou até com imparcialidade. Ãhn? Imparcialidade? Mentira deslavada. Não dá e, para nós, sempre os comentaristas estão a favor do inimigo, nunca são imparciais. E o pior: todos pensam assim.

Com nossa extensa experiência (de torcedores), somos revolucionários e inventamos esquemas e formas para sermos imbatíveis. Cada um tem a sua e todos estamos certos. Futebol é isso!

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