terça-feira, fevereiro 02, 2021

Meu Doce Brasil

Ah, meu Brasil

Esse país é uma doçura
O problema é a fatura
E aquela criatura

Aqui é terra de fartura
E de fratura
Na conta pública
Exposta, posta, reposta
Só a resposta que é impura
Ou puramente suja

Aqui, o leite condensado
Não é só ingrediente
De pudim e rapadura
Ele serve pra mostrar que o presidente
Nessa lata se lambuza

Ah, Moça, quanto você custa?
162 reais a lata,
sem pechincha, sem desculpa
Você pode me distribuir no Exército
Para todos os soldados
Pode me por em fervura
Pode me usar na receita
Pode me usar na suruba

Depois, um chicletinho pra relaxar
Liptus, mentol, pra dar frescor
Afinal, não tenho frescura
Atendo do Planalto à prefeitura
Da democracia à ditadura
Todos apreciam meu sabor

Docinho, saboroso, do início ao fim
Misturo com amendoim
Pagam R$5,45 por uma de mim
Paçoca, soca, soca, soca assim
E pode botar chantilly
É assim que o povo gosta
E juntinho, a gente ri

Ah, num ri não? Ri sim.
Coletiva: a lata de leite condensado
É pra vocês enfiarem na bunda
Aplausos, risos e gritos
Enumero as classes de filhos da puta

Ministros, inclusive o da Cultura
Agora, não é mais ministério
É secretaria, e é uma fria cada dia que dura

Os sertanejos, alguns tiveram a cara dura
De querer separar a postura
Não foi um encontro político
Então, vamos excluir o modo crítico nesse caso

Caso, o goleiro Bruno o convidasse
Pra um churrasco num sítio você iria
Pra bater uma bola seria

Se a Richtofen fosse sua fã
E te chamasse pr'um almocinho aleatório
Compareceria?

Não, Sorocaba, não acaba de foder o rolê
Que já ta mais que fodido
Falo dele porque veio se defender
Pois foi atacado, ofendido
Convenhamos, merecido

Não se senta à mesa da ditadura
E finge não sentir a agrura
O refluxo apura
Na boca, secura
O silêncio é o gesto que atura

Não se senta à mesa
De quem não tem defesa
De quem ironiza a morte
Da carne compartilham o corte

Não se senta à mesa e se cala
De quem prefere bala
E não se abala
Com mais de 220 mil perdas

Não se senta à mesa
E se serve da mesma bandeja
Não se compartilha da mesma bebida
Que molha as palavras de um genocida

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