Ao mesmo tempo que tudo parece revirado
Que
tudo está voltando ao passado
E
isso muito me desanima
Vejo
que ganha espaço a rima
Quem
está na classe que domina
Surta
se eleva nossa autoestima
Ocupando
espaços, posições
Chegando
algo da periferia
Pra
quem sempre a preteria
Nas
mais diversas situações
Na
TV, por exemplo, só porcaria
Mas,
hoje tem até filosofia
Tem
debates de opiniões
E
as novas gerações
Da
comunicação veloz e vazia
Não
entendem as lições
Saem
dando sentenças e visões
Cuja
causa sequer conhecia
Bate
o martelo, está julgado
Com
tanto julgamento atravessado
Não
dá tempo de reflexão
Então,
mesmo com tanta informação
Com
o controle na mão,
Você
ter opção
Parecemos
zumbis teleguiados
Por
celulares controlados
Nas
redes sociais, professores se destacam
Karnal,
Clóvis, Pondé, Cortella disparam
Os
views em cada guia ou janela
Não
tanto quanto à telenovela
Nem
aqueles hits padrões
Mas,
colocam no foco da tela
Raciocínio,
argumentações
Não
imunes, são atacados
Por
juízes supremos da rede
Pois
se sentiram contrariados
Pra
eles, define-se tudo em dois lados
O
deles e os errados
Entre
nós, uma parede.
Intransponível
muro
Tal
qual o sonho americano
Criamos
um no convívio humano
Já
que eu nada aturo
Quero
aqui ficar seguro
Aqui
nem me misturo
E
com tanta barreira
Tem
quem anda de bigorna e marreta
Pra
quebrar trincheira
Cruzar
fronteira
Com
sangue na veia
Contar
essas treta
Com
microfone e caneta
Tinta
no papel, preferencialmente preta
Tem
cara bom demais na versada
Está
mais que em alta na parada
A
galera nova está ligada
Mas,
de que adianta só ouvir
Decorar
e repetir
Sem
pensar e entender nada?
Tem
que sacar a jogada
A
rima bem casada
Do
Braulio Bessa em seu cordel
Fabio
Brazza, improvisa com moral
No
samba, fez escola, o Martinho da Vila Isabel
No
rap, Racionais, verso preciso sem igual
Trilha sonora do gueto, honroso papel
Voltando a tal da batucada
Voltando a tal da batucada
O
Xande que foi revelação
Toca
e versa com pegada
E
tem os feras da nova geração
Emicida
monstruoso nas batalhas
Trucida
uns sem mostrar falhas
Tem
o Projota que agita multidão
Sabe
usar as palavras normais
Sem
versos formais, nada banais
E
com rimas leais
Então,
tendo filosofia
Rap,
samba e poesia
É,
no mínimo, contraditório
Nosso
retorno notório
Ao
que já superamos um dia
Em
tempos não tão lá atrás
Sem
sair de casa, a atitude voraz
Desafiar
o mundo, pregar ideais
Isso
me apraz
Eu
vou fundo, no meu sofá imundo
Guerrear
pra defender minha paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário