quinta-feira, outubro 06, 2011

Música ou estilo?

Música e moda sempre caminharam juntas. Não me refiro somente ao visual dos artistas, mas aos estilos (entenda também gêneros musicais) que estão em alta ou em baixa para esta temporada. Concordo com o argumento que música boa não tem idade, mas é impossível negar que cada época tem sua música da moda. "Olha que não sou muito afeito a estes estilos do momento, mas... Vamos falar sobre". Essa relação de música e moda não para por aí. Além da moda e da música tem o tal "estilo de vida". Nem todos os gêneros musicais os têm, mas os que são facilmente identificados, de certa forma, se orgulham da tal distinção no convívio social. Distinção, não discriminação. De longe, se identificam adeptos de um gênero musical em determinados casos. O headbanger, por exemplo, chamado popular e erroneamente de metaleiro. Só um exemplo, tá?

Como dissemos, nem todos os ritmos têm suas bandeiras no dia-a-dia, mas hoje, por mais superficial que parece, algumas vezes até insana no meu conceito, algumas adorações se tornam prejudiciais à vida desses fãs no que se refere ao mundo real que muitas vezes se perde numa idolatria sem fundamento. Idolatria, ídolo, estas são outras palavras da moda. Hoje, brotam ídolos a cada semana. Ok, concordo com o argumento que a música está sucateada e a adoração - a idolatria - cada vez mais mutante, no sentido literal mesmo, de estranha e de pouco firme, com variações num curto espaço de tempo. Feita uma breve discussão sobre esse lance de estilo de vida e música, voltemos à relação música/moda.

Muito "up" ou "in" também, além dos estilos extravagantes na vestimenta, é criticar os tops do momento. Um é bicha, a outra é fresca, e por aí vai. Confesso ser um dos "vigilantes" e contrariar quase tudo que está no sucesso. Musicalmente, considero bem chato, mas, isso é questão de gosto musical, pura preferência. Apesar de estar nesse rol "do contra", por não gostar das músicas "mais pedidas", entendo que essa vulnerabilidade em se ter ídolos, em gostar de alguém, em amar um artista esta semana e na outra, nem lembrar dele, envolve muito mais que a relação do sucesso na mídia e o gosto musical. Conhecimento e objetivo são duas palavras que entram agora nesse debate. Música sempre foi e ainda é uma ferramenta de protesto, de expor uma arte, uma cultura. Com a fragilidade dos novos ícones da música e seus produtos criativos lançados a cada semana, o objetivo de aprender, de discutir, de conhecer por meio da música se perde no novo processo. Para muitos, a música tem outro objetivo: a distração, pura e simplesmente diversão. Não entenda como tradicionalismo ou saudosismo, mas o objetivo da música hoje não é causar reflexão em muitos casos. E essa ideia sim, foi abraçada por uma legião de jovens que querem se esbaldar e curtir novos sons, novas misturas, independente de seu objetivo; se foi feita somente para ter um som para se dançar ou quer apresentar algo além disso.

Partindo do público que aderiu a essa nova onda, subo as escadas e vamos ao palco, às luzes, aos efeitos, ao som que sai das caixas e faz a galera vibrar. Sem querer ser vago no discurso, mas chegamos agora ao ponto crítico: o público não quer música para refletir porque o artista não faz ou o artista não as cria, pois seu público não as quer? (Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?)

Partindo para o terceiro andamento da canção (quando tem), este conceito de música para ensinar, para expandir conhecimento fazia com que o público se identificasse com o artista, mesmo não sendo identificado nas ruas por uma vestimenta inconfundível. Esta ligação se dava no campo intelectual, o que agrupava fãs muito além da cor (ou das cores) de uma faixa, camisa ou qualquer outro acessório. Junto a isso, os que extrapolavam e seguiam à risca as atitudes do artista, inclusive fora dos palcos. Afinal, era esta atitude, este posicionamento que criava esse elo entre o fã e o músico. Tanto antes como hoje, há os que não têm a capacidade de separar até onde esse limite se torna algo legal para sua vida normal, longe dos palcos e das plateias de milhares de adoradores.

Nesse limiar de música, moda, idolatria, incluímos o verbo espelhar-se. Muitas atitudes que espelharam nossa juventude mostraram que nem sempre a inteligência poética tão compreendida pelo público e disseminada em hinos eternos da nossa música, fizeram jovens melhores nessa imagem espelhada do seu ídolo. Hoje, a tal atitude não é tão visível e proliferada pelos fãs de tudo do momento, mas certamente, uma imagem mais aceitável, nos novos preconceitos e, por mais vazia que esteja essa imagem, no que diz respeito ao "tudo mais leve" que se busca hoje, estão nos parâmetros. As novas idolatrias, os novos ídolos criam estereótipos bem diferentes em relação ao que se via até pouco tempo. Caveiras e sinais manuais deram lugar aos coraçõezinhos de mão.

Pergunte a alguns pais e mães, o que eles preferem para seus filhos. Alguns antigos espelhos de atitude ou rapazinhos que falam de amor, de família, de felicidade, sem causar polêmica. Não só os pais, mas até outros setores da sociedade preferem essa opção. Por mais que junto a este perfil, venha uma alienação, muitos optam pelos sinaizinhos de amor e pelas cores e amores eternos que duram pouco mais de um verão. E você, confesse qual foi o seu... Menudos, Dominó, todos já tiveram sua fase 'beliebers'. "Mudaram as estações..." As franjas, a cor da calça, e os idiomas... Só isso!

Um comentário:

  1. Hoje percebo as vezes que muitas pessoas se prendem ao estilo... tal tipo de música está tocando mais, é aí que devo seguir... Amanhã, a mídia não toca mais, então " meu estilo é outro". Concordo com vc, seja saudosismo ou não, hj ouvimos músicas que são um desrespeito aos nossos ouvidos. Letra? Passa longe. Música, muito distante. E assim vamos tolerando mtas aberrações por aí. Mas ainda bem que no meio de tudo isso ainda encontramos músicas que nos deixam uma mensagem boa, que nos fazem viajar com suas melodias e letras e não nos deixam desistir da música jamais...

    ResponderExcluir