segunda-feira, agosto 05, 2013

Mudança (2ª parte)

Se você sobreviveu à primeira etapa da viagem, que é ensacar tudo, carregar o caminhão e se equilibrar sobre ele e sob os móveis, parabéns. Uma parte da missão cumprida. Tenho certeza absoluta que alguma coisinha estragou. Seja aquele parafusinho de madeira da estante ou a perda de alguns preguinhos e parafusos. Com certeza, daqueles mais esdrúxulos e complicados de encontrar a chave adequada ou de parafusar mesmo para remontar aquele guarda roupas que desmontou. Mas, esses estraguinhos são normais. Mas, estragados mesmo ficamos nós após um dia de mudança. É inevitável erguer uma máquina de lavar sem correr aquela água que fica escondida, sabe Deus onde, na sua roupa. E geralmente, na frente da calça, parecendo que você está mijado. E mais clichê e desagradável que isso, é aquele sorrisinho de alguém que participa da missão mudança e fala qualquer brincadeirinha como: 'não aguentou segurar?', 'fez nas calças?'. Por favor, né?! Mala isso!

Enfim, depois de transportada a mudança, aquele 'tanto' de caixa, aquele 'tanto de coisa', hora de descarregar. Sabe aquele vidro ou aquele espelho que falei? Chegou inteiro. Cuidado. Nessa hora derradeira, você fica tranquilo porque aguentou a viagem e relaxa.

Um grito! "- Olha o vidro (espelho)! Vai cair! E de repente, aquele som desagradável dos estilhaços. E junto, a lamentação mais clichê impossível. "Nossa, aguentou a viagem e foi quebrar logo aqui, já chegando." Se você é o dono do espelho, dá vontade de matar, não dá? Mas, geralmente nessa hora quem te ajuda nas mudanças são seus amigos, você releva, mas fica uma pontinha de rancor. Não negue. Logo passa, mas, na hora... E outra coisa, quer saber se seus amigos gostam de você de verdade? Chamem-nos para ajudar numa mudança. Aí sim, você verá. Porque, desculpem-me os profissionais do ramo, mas ô trabalhinho de corno que é (como dizem) puxar mudança. Cansa pra cacete e ai se quebrar um copo. Já fode todo o trabalho bem feito no resto. Parabéns a quem atua no ramo mesmo e segura a bronca de ser ... ... bem, como chama o profissional que faz mudança? Carregador? Acho que o cara tem que ter um algo mais pelo cuidado necessário à função. Boa pergunta: como chama o profissional que só faz mudança? Assim como eu não sei o nome da fita grossa marrom de embalar caixa, segue mais este dilema.

Mudança descarregando. Depois do estilhaço seja de um copo ou do raio que for, agora é hora de organizar as coisas na nova casa. A esperança de um novo lar, de tudo novo fortalece, mas, na hora da ida, nosso cacareco filter é nível 1. Quando chega na nova casa, passamos para o hard premium. Mas, mesmo assim, ainda passa aquela bugiganga que tem um valor sentimental. Veio da bisa, para a vó, a mãe, e hoje, você ostenta uma linda galinha pra por em cima da geladeira ou qualquer tranqueirinha similar, mas, vai, passa, ok. Afinal, sentimentos não se explicam, mesmo que por uma caneca velha de uma oktoberfest de 92. Sei lá se teve esse ano, mas, veio a ideia da caneca. Vistas grossas à nossa inspeção doméstica, passadas as 'traia toda', é hora de reconstruir a casa. Reconstruir não. Remontar, igual casinha de boneca. 

Está aí um problema. Casa de bonecas, geralmente, quem brinca são meninas, ou seja, quem vai montar a disposição das coisas na sua casa? Você, bonitão, que acha que é o homem da casa? Não. Não será você quem comanda. Você nessa hora vira o carregador braçal mais poderoso que existe. Aguentar uma mudança de móveis em casa já é tenso. Demais. Eis que sua companheira sugere: '- coloque o sofá nesse canto. Empurra aí.' E se você é dos mais antiguinhos como este que vos escreve, a TV é daquelas pesadonas. Daquele jeito. E ergue e volta. '- Não ficou bom ali. Leva lá.' É nessas horas que vem a pergunta na mente (e fica só lá mesmo): Onde eu fui amarrar meu burro?

Lembrando um comercial de biscoito que 'tal marca vende mais porque é fresquinho. Ou é fresquinho porque vende mais?' A pergunta não é onde você foi amarrar seu burro, e sim, uma afirmativa: Você foi amarrado porque é burro e considere também que até o burro precisa de controle. Sendo assim, você foi o burro amarrado. Te amarraram. Mas, burrices à parte (nem tanto) já que mudança gera trabalho igual pr'um burro de cargas. 

Mas, depois terminamos esse papo. Continua..

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