domingo, fevereiro 05, 2012

Perdendo a Visão

Ando perdendo a visão
Nada de caso clínico
Ando olhando outros passos
Sem destino? Talvez...

Até aí nada demais
Mas, a cada passo, fica pra trás
O olhar pro lado, global
Não tenho enxergado
O então dito normal

Sob vales e rios
Que enfeitam manhãs de cor
E na tarde, são sombras ao calor
Escondo-me atrás de tudo
Menos da palavra

Da visão sonolenta
Que a dose a mais, incomoda
Quase atormenta
Mas assim como eu,
a poesia se aguenta

E não saiu de mim
A dose de Zulu, sem refresco
A marmita também requentando
O relógio da 8 horas marcando
Cronometrando o alívio do tempo que passa
E a vida por mim também passa

E como ando perdendo a visão,
Não reconheço Maria e João
A moça da banca, o moço do pão
Não tem sentido fazer poesia
Por mais que valham as belezas
Das paisagens, de um belo dia
Num quadro, uma ilustração

Minha rima, tem outra meta
Outra métrica
De baixo pra cima
Soco no queixo, sem delongas,
esquerda direta

Essa revolta me contamina
Induz provoca, alucina
Inquieta
Não há mais ou menos poesia
Nada de listá-las
Por qualquer critério
Ordinal, ordinário, vão

Assim como conceitos poéticos
Dos letrados escritores
Minha poesia ora dá socos
Ora dá flores
Ora carinhos, ora espinhos, ora razão
Sem os limites patéticos
De limitar caminhos à minha expressão

Devasto versos sem licença
Mas ando perdendo a visão
Enxergo apenas o chão
Tento em termos, mostrar o cheiro da terra
Ando alheio ao suor e ao calo da mão

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