segunda-feira, novembro 05, 2012

ENEM / Redação / Professores / Educação / Descaso público

Fim de semana de ENEM é sempre essa série de informações numéricas, estatísticas e curiosidades. Daqui a alguns dias, surgem as pérolas. Alunos que se atrasaram para a prova. Aqueles que ainda se perderam no horário de verão, enfim, cada uma... Curioso que para alguns shows e eventos, são raros os atrasos, não é? Já tem gente dormindo no Morumbi pro show da Lady Gaga... e na faixa etária de um jovem que presta o ENEM ao término do Ensino Médio.

Mas, quero criticar aqui as discussões em torno da redação. Como debate, quase todos, quando bem argumentados, são válidos. Muitos alunos saíram xingando, pois esperavam falar do mensalão, corrupção, entre outros temas mais "na moda".

Há certo tempo, quando eu ainda trabalhava no município de Osasco, professoras que prestaram determinada prova (se me lembro bem, para um concurso do Estado) também foram contra o tema relacionado aos motoboys. Imaginaram que seria algo voltado para a Inclusão de alunos com deficiência ou algo similar. Tanto neste caso, como no ENEM deste ano, sairiam quase a totalidade das redações bem chatas, repetitivas e repletas de clichês dos mais vagos possíveis e coroadas com as frases feitas e de efeitos. Desta vez, o ENEM abordou o movimento migratório para o Brasil no século XXI. Se fosse mensalão ou eleições, só se diferenciariam pelas posições políticas (se é que muitos conseguiriam fundamentar as redações).

O problema vai além desta ou daquela redação específica. Peço desculpas aos que cumprem, além da função social de ser um professor, e vão além das cartilhas e conteúdos programáticos. Mas até estes hão de concordar comigo que, uma grande maioria, escolheu ser professor por ser um dos cursos mais baratos nas universidades e pior, os que optaram por este trabalho por ter férias duas vezes ao ano ou qualquer outra "vantagem" sem sentido. Ser professor é um dom que escolhe poucos.

Como podemos criticar alunos irem mal na redação se muitos professores atingem os mesmos pífios resultados. Que não se comece um rancor dos 'teachers' à minha postagem. É apenas uma constatação. Pouquíssimos se atualizam. Justificam essa não-atualização com o não-reconhecimento e baixa remuneração. Façamos o advogado do diabo... Será que a desvalorização é o resultado ou a causa da não-atualização?

Professores, pensem nisso. E ensinem seus alunos a pensar também. Não apenas decorar, não apenas memorizar datas e fatos. Só fui descobrir isso e ter essa percepção na faculdade. E ainda tive a oportunidade do ensino particular. Que fique claro, não estou justificando o desleixo e descaso público com este setor que deveria, em um país que tenha a pretensão de um dia ser sério, ser prioridade máxima. Educação, segurança, saúde, tanta coisa que 'tá' uma zona... Quem sabe agora, com o episódio do mensalão, não começamos a punir quem rouba a sociedade na caneta e no gabinete?

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