sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Meu/ Teu Espelho

Não gosto do que vejo
Meu rosto no espelho
O corpo traz um peso
O rosto também confirma
Que não desejo
 
O olhar tem certo desespero
Corre, visando dinheiro
Faz-se cego para vê-lo
Cego para além do vidro
No papel de espelho
 
A passada é ofegante
Contínua, frustrante
Repetitiva, agoniante
Silenciosa de boca
De alma gritante
 
Teu espelho te agrada o bastante?
Tua imagem, teu semblante
Tua dor sufocante
Tem que esperar
Falar nem sempre é relevante
 
No meu espelho, fico triste em dizer
A imagem que está me obriga ver
Uma versão que eu não queria ter
Uma estrada cansada, esgotada
Dos passos em vão, não do ser
 
Seja o teu ou o meu espelho, amissão é proteger
Da trinca, do azar que a maldição pode abater
Espelhos refletem sonhos que deixamos se esconder
Você, no teu espelho, tua alma te lembra
Reflexo é o que se perde, o que que morreu
E reflexão é o que ousou sobreviver

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