terça-feira, junho 02, 2020

De Joelhos





Geralmente cabeças ficam acima do joelho
Nesse caso, ficou bem embaixo
Ao ponto de nenhum apelo
Parar o esculacho

“Eu não posso respirar”
Vendo a cena, não sei quem pode
Não pôde o George Floyd
E o João Pedro, onde está?

Aqui, foi João Pedro, Ágata e outras várias
80 tiros num carro
Justificativas primárias
Aos corpos, um escarro
Um escárnio

Derek Chauvin matou ajoelhado
Não adiantou súplica
De joelho, Deus, também é pecado?
Ao lado da viatura, uma morte acústica

Só a voz sem amplificar
Depois virou mídia e correu mundo
Sem mãos ao alto
Não era um assalto
Era um asfalto,
Uma cabeça e um joelho
O joelho de um branco
A cabeça de um preto

Tudo isso a cores
Em mortes de guerra, usamos vermelho
Que cor se usa pra asfixia por joelho?
Uma farda? Por lá, o traje é preto.
Luto?

Não sei se os Estados
Estão realmente Unidos
Mas, as ruas denunciam, se revoltam
No Brasil, é frescura racismo
Fascistas aqui, policiais escoltam
Nas redes, mimimi ou coitadismo
Não me omito: #VidasNegrasImportam

O racista no jornal virou supremacista branco
Vamos chamar só de racista que todo mundo entende?
Infelizmente
Melhor seria se ninguém tivesse ideia do que estou falando

Mas, tem.
Ninguém pode pisar-te ao ponto
De abaixar seu olhar
Pra que um joelho ou uma sola
Fique acima do seu pensar

Sim, o asfalto esfola
A nota preta dá desconto
A pele preta, o encontro
Do preconceito e uma pistola

No dicionário, alvo é branco
Pra polícia, é preto
Não só em Mineápolis, Minesota

E notícia de última hora

Teve choque pra abordagem
Não é só pré, é conceito
Os racistas estão de passagem
Passando... e passando
É preciso parar
Ruas, avenidas, é preciso falar
Racistas estão se armando,
Amando ver isso multiplicar
Se nesse estado de ódio ficam unidos
Já sabemos o que, pra quem e que cor vai dar

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