quinta-feira, junho 11, 2020

Não me peça Toalha

Precisou o mundo parar pra você perceber
Que não há empatia no mundo real
Só #SomosTodos no virtual
E ainda assim, não vai entender
Que um “E Daí” com tanta gente a sofrer
Não pode ser frase presidencial

É imoral, inescrupuloso, digno de nojo
Mas, não... é algo avisado, previsto
O abismo foi anunciado e tem registro
“Podia ter matado 30 mil”
E olha que ele falava de ditadura
O vírus gripezinha já machuca o Brasil
E quem foi lá, gritar, se aglomerar
Tinha como figura peculiar o Paulo Cintura

Saúde é o que interessa, dizia o bordão
Nada disso, é a economia, disse o Bozão
E com isso, não se economiza em caixão
Em vala, em descaso, em omissão
Enterram-se corpos, dados e informação

Isso já é ditadura,
Essa era a desculpa
Que na época dos generais, não havia roubalheira
Corrupção, falcatrua, sacanagem
Havia sim, em forma de opressão e tortura
A qualquer reportagem

Os hospitais, sem novidade, sem condições
O recurso nessa área é do Estado
Como está seu histórico de votações?
Aqui, São Paulo, está sempre o tucanato
Há algumas gerações

E o ônibus? Devido, a pandemia,
só pode todo mundo sentado
Isso devia ser todo dia, todo dia
Eu não deveria ficar espantado

E o que mais me agonia
É quem pede que eu releve quem votou 17
Ou até quem anulou naquele dia
Como disse Brecht, lavou as mãos na bacia de sangue
Não venha me pedir pra pegar a toalha
Pra ajudar a secar
Você, no fundo quer que eu também sangre
Eu disse que eu seria o alvo
Que os meus seriam o alvo
Você só dizia que eu exagerava
Sabe o Ninguém solta a mão de ninguém
Que você ironizava
Eu continuo com a mão grudada aos meus
E os meus, não levaram tudo aquilo na piada.

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