A cabeça de um depressivo (em tratamento, quando escrevi; em alta, quando postei)
A gente nem consegue pedir
E, se conseguisse, talvez nem saberia dizer
Um bom lenitivo, escrever
Margens e páginas percorrer
Depois do comprimido
Enquanto os miligramas agem
Meus versos reagem
Não se comprimem por dosagem
E escrevem, escrevem, escrevem,
Diversas vezes se perdem
No caminho, a mensagem
Os papéis envelhecem
Os estros se esquecem
Foi perdida a viagem
Não, a poesia é desfrutar da passagem
Às vezes, não passa,
Vai um tempo
Com farol travado, vermelho
O verde nem ameaça
O amarelo no centro
Desordena o aparelho
Na cabeça de um depressivo
Destrava o gatilho de repente
Acredite, nem sempre é claro o motivo
Nem tudo que dói é na gente
Na cara, não toma a frente
Por dentro, um ódio agressivo
Invasivo também cabe à definição
Acolhimento é outra parada, parceiro
Ouvidos que consultam o coração primeiro
Terão sempre predileção
Já que leu ou ouviu esse apelo inteiro
Pensa um pouco nisso e obrigado da atenção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário