Poesia é pra tirar o sono mesmo
De quem escreve, de quem ouve,
De quem fala, declama, canta
De quem vive a esmo
De quem se incomoda e se levanta
De quem só faz algo hoje
Amanhã ou ontem, num adianta
Este poema que hoje lês,
Fiz há sei lá quanto tempo
Passou 5 de julho, 2016
O bom da poesia é ser atemporal
Pode ter ano, dia, hora, mês
Mas não requer data formal
Sua principal razão, digamos assim, social
É ter força e sentido
Vetorial
E "sentido" no sentido mais literal
De sentir, da pele eriçar
De causar emoção, do corpo excitar
Por ira, doçura
Por versos que transbordam paixão,
tesão, bravura
Por rimas pra se revoltar
E o ato de pegar caneta e papel
É uma das formas de me rebelar
Inspirado na cultura de cordel
Sem a pretensão de ser um menestrel
Pois esses que são cantadores
Poetas, versadores, trovadores
Têm toda uma história de luta, de vitória
Que minha poesia tão solitária, tão urbana, tão simplória
Não levo na cabeça, na cachola, na memória
Nem no pandeiro, nem na viola
Eles sim, não escrevem só desabafo
É relato
Com sabedoria de academia
Pra alguns, bicho do mato
Antes eu fosse
Sou do asfalto, só do asfalto
Duma fervura escaldante
Da quentura angustiante
Dum café sem 'doce'.
Que voltando ao começo
Pago o preço
Flutuante que ela trouxe
Da poesia, o sonho perturbar
A cama parece que tem prego
Pontiagudo, perfurante,
um espinho
e chega a hora de acordar
De uma vez, num rompante
Café de roça, c'aquele cheirinho
Quer amargo, açúcar ou adoçante?
Adoce este poema ao seu paladar...
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