sexta-feira, julho 08, 2016

Insônia poética

Poesia é pra tirar o sono mesmo
De quem escreve, de quem ouve,
De quem fala, declama, canta
De quem vive a esmo

De quem se incomoda e se levanta
De quem só faz algo hoje
Amanhã ou ontem, num adianta

Este poema que hoje lês,
Fiz há sei lá quanto tempo
Passou 5 de julho, 2016
O bom da poesia é ser atemporal
Pode ter ano, dia, hora, mês
Mas não requer data formal

Sua principal razão, digamos assim, social
É ter força e sentido
Vetorial
E "sentido" no sentido mais literal
De sentir, da pele eriçar
De causar emoção, do corpo excitar

Por ira, doçura
Por versos que transbordam paixão,
tesão, bravura

Por rimas pra se revoltar
E o ato de pegar caneta e papel
É uma das formas de me rebelar
Inspirado na cultura de cordel
Sem a pretensão de ser um menestrel

Pois esses que são cantadores
Poetas, versadores, trovadores
Têm toda uma história de luta, de vitória
Que minha poesia tão solitária, tão urbana, tão simplória
Não levo na cabeça, na cachola, na memória
Nem no pandeiro, nem na viola

Eles sim, não escrevem só desabafo
É relato
Com sabedoria de academia
Pra alguns, bicho do mato

Antes eu fosse
Sou do asfalto, só do asfalto
Duma fervura escaldante
Da quentura angustiante

Dum café sem 'doce'.
Que voltando ao começo
Pago o preço
Flutuante que ela trouxe

Da poesia, o sonho perturbar
A cama parece que tem prego
Pontiagudo, perfurante,
um espinho
e chega a hora de acordar
De uma vez, num rompante
Café de roça, c'aquele cheirinho
Quer amargo, açúcar ou adoçante?
Adoce este poema ao seu paladar...

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