Não sou daqueles que falam de amores
Não sou romântico, sou sentimental
Não escrevo sobre paixão; e sim, questão social
Não me inspira um cartão; e sim, o que sai no jornal
Não me encanto com ilusão, sou pé no chão, a real
Eu treino o fundamento pra não ser bla bla banal
Com tudo isso, eu não sou cinza, sou das coresNos muros, nas ruas, nos gestos, nas flores
Meus novos versos ainda um dia serão senhores
E mais ainda, pra fugir de ser igual
Trago referências, compositores
Sambistas, rappers, escritores
E insiro, entre as vírgulas, meu lado emocional
Eles prontos não vão pra casa de penhores
Eles mudos não provocam os sabores
Nem amargos, nem doces, nem apurados no sal
Eles não saem tais quais favores
Ah, até que saem, mas, só no racional
É tipo notícia só de rumores
É um B.O. sem prova cabal
Eu até que já fiz versos pra falar de casal
Tradicional, extra conjugal, homo, bi, heterossexual
Já falei das formas de amor, talvez todas
Falei de separações, de prateadas e douradas bodas
Mas, não é que hoje a inspiração me levou
Pra rota quase nunca habitual
Nem saquei qual start despertou
Nem sei porque começou
Ou melhor, porque comecei
Talvez, no inconsciente até sei
Mas, é tão fora do normal, do meu natural
Bom, seja qual for a onda que me puxou
O jeito agora é embarca-laCoração duro no amor
Até permito e vou que vou
Mas nessas vibe eu vou sem mala
Pra voltar logo desse assuntoDe poucas linhas, sem conforto
Hoje nem mais eu me pergunto
Porque tomei o rumo torto
De não pousar meu coração
Pra ser feliz em algum porto
Pra alguns, eu estou morto
Por não deixar o amor ser soltoEu o aprisiono entubado
No caninho da caneta
Ele fica represado
É a véspera da letraE sempre sendo véspera
Sempre espera
Só espera
Quando escreve, o verso erra
E, nesse caso, ele se apaga
Aí já era
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