Dois mil e dezessete
Setembro, acordei
Olho na manchete:
Permitida a cura gay
Não sei o que acontece
No tempo viajei
Pr’um tempo que precede
À época, não enfrentei
Um tempo que o cassetete
Era o senhor da lei
O soldado com seu cap
Marchava e se achava um rei
Momento que entristece
Cujo choro segurei
Com medo que regresse
Ainda não me adaptei
Que meu cérebro processe
Quem sabe aceitarei
Meu coração se compadece
Com o que sinto que verei
Ah, quem dera se eu pudesse...
Voltar no tempo? Já voltei!
Arte aqui se impede
Fala-se até de cura gay
Doença que se reverte
Nesse caminho, sofrerei
Em Brasília, tudo se pede
Se concedido, votarei
Contudo, o povo se perde
Num destino que vislumbrei
Aplaudiu, então merece
Não me compadecerei
Não será oração ou prece
Que eu acreditarei
Que o país laico progresse
Nem tampouco, marcharei
Pena que o povo esquece
Eu não apagarei
Pois nossa memória padece
E hoje me aproximei
De um passado que aborrece
Que pela frente viverei
Enquanto não me decepe
Pensarei
E meu verso não emudece
Escreverei
O retrocesso me adoece
Será dele que morrerei
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