sexta-feira, setembro 01, 2017

Importunação ao Pescoço

Porra! Caralho!
Não são apenas interjeições
Elas têm ligação
Não são apenas palavrões
Nesta situação

Porra do caralho!
Parece grosseiro meu linguajar
Esporraram na moça no coletivo
Chegou pro juiz avaliar
Não houve constrangimento ofensivo

Vai se foder, seu filho da puta
E quando isso acontecer, que te esporrem
No pescoço, na cara, na boca pra se calar
Enquanto na moça, as gotas escorrem
Com qual cabeça mesmo é pra pensar?

Juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto
Quero este nome no poema registrado
José foi um Zé no tom mais negativo
De gênio, o Eugênio tem vacilado
De Amaral, daria boa rima neste ocorrido

Segundo ele não foi estupro ato tão escroto (do escroto do escroto)
E se fosse sua mãe, sua filha, o que acharia?
Houve até esse absurdo no debate
Seriam mais duas mulheres que a esta situação exporia
Elas não mereceriam abuso tão covarde

Nem elas, nem nenhuma outra, sem consentimento
Já ouvi relatos de quem foi roubado
Não se pode ir ou voltar dormindo
Você pode até ser esporrado
Sem tempo do pau ficar de novo armado
O estuprador já está saindo

Ah, não configura estupro, seu juiz
“Importunação ofensiva ao pudor”, definiu
Ofensiva ao pudor, não à moça violentada
Cobrador, inteligente o modo que agiu
Chamou a polícia e aguardou a chegada

Foi conduzido, protegido sem ser agredido
Teve o respaldo da condução policial
E ainda foi salvo de um linchamento
Que, nesse caso, seria reação natural
Da excitação do povo, não aquela do seu... Amaral
Achou normal, não foi violento
Não houve conjunção carnal
Entre aspas: “Não houve constrangimento”

Afinal, pra Justiça nossa cara é alvo banal
Pra ejacular a todo momento
Lembro de Raimundos, Esporrei na Manivela
Mas, a Justiça, se ao nível dela nivela,
Pro que ela faz...
Julga esse ato até pouco nojento.

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