sábado, setembro 25, 2021

Quando Eu Escrevo

Quem dera eu tivesse o poder
De ser tudo o que eu escrevo
De ter vivido todas as cenas
Umas eu nem queria viver
Vivi algumas, apenas
 
Muitas vezes, é sobre dor
Algumas que vejo
Outras, a empatia me faz supor
E passar por elas, não desejo
As de amor,
Aí que eu não quero mesmo
 
Quando escrevo, eu posso olhar um casal na rua
Imaginar que são amigos, namorados
Posso criar um personagem que atua
Ou de fora, assiste calado
 
Posso ser narrador de um ato
Posso ser um terceiro
O amante,
o traído
Posso nem ser percebido
Como um mero figurante
 
Quando do papel e caneta me aposso
Se eu quiser, posso ser
O par da atriz principal da novela das nove
No meu texto eu posso
 
Posso amar, posso estar num romance
Que só um lado sofre
Posso escrever, escrever
E às vezes, o enredo não desenvolve
 
Tudo isso que eu posso, eu faço, eu verso
Quando eu escrevo, eu posso hoje
Do ontem ser o inverso
E do amanhã, ser o avesso do avesso
 
Vão se acabando as folhas
Até os cadernos
Mas, pra um poeta
O que nos pauta é o universo.

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