quinta-feira, setembro 16, 2021

Senta

Pra não ficar de fora
Excluído do momento
Do repetitivo movimento
Que tudo manda sentar
Resolvi participar

Ligo o rádio, batidão
E senta, senta, senta
Nem é mais só o funk pesadão
Antes era o tal proibidão
Hoje, o sertanejo, que era só modão
Já troca o "Aôôô, peããão"
Pelo senta, senta, senta

Ó, tá tudo na boa!
Quem quer sentar, que sente,
que sinta a sentada, sente à vontade

Agora, eu também vou mandar sentar

- Mas, na poesia, Machado?
Sem música, sem compasso?

Sim, da forma que eu faço
Você não vai ficar parado
Aí nesse mesmo lugar

Senta
Senta do dedo na caneta
Senta o verbo no discurso
Senta a ideia, dá a letra
Levanta e se apropria do recurso

Senta,
Senta a mão na cara
Senta a bronca em quem merece
Senta a porrada, se preciso
Em quem senta e se atreve

A sentar no lugar
Pra gente ocupar
Senta, senta o braço
Senta o risco, passa o traço
Em quem senta em nosso espaço

Esses tentam nos calar
Dão uns tiros de 'ameaço'
Muitos outros pra matar
Sentam o dedo nos nossos
Depois, sobre o crime vão sentar
Engavetam folha e corpos
E a gente sentado a olhar

Depois de tanta sentada
Senta a bica
Manda pra longe
Quem acha que define aonde
A gente vai ou fica

Senta, dá aquela estudada
Que aí, "cê" levanta e anda
Não sobra só o senta e quica

Nenhum comentário:

Postar um comentário